Alexandre Garcia
Há
22 dias estão na frente dos quartéis, principalmente diante do
Quartel-General do Exército, manifestantes inconformados com a maneira
como ministros do Supremo vêm tratando a Constituição e a eleição.
Começou em 2015,
quando no julgamento de Dilma,
conduzido pelo presidente do Supremo,
fingiu-se desconhecer parte do
artigo 52, que mandava que a condenada ficasse inelegível. Mas Dilma
virou candidata ao Senado por Minas Gerais.
Depois veio o “inquérito do
fim do mundo”, como chamou o ministro Marco Aurélio,
em que a vítima é que começou a ação, sem Ministério Público, nomeou um
relator sem sorteio, e o relator virou delegado, promotor, juiz e
vítima, ao mesmo tempo.
Manifestantes
diante do QG do Exército em Brasília: “Forças Armadas, salvem o Brasil”
é um dos bordões mais usados nos atos em frente aos quartéis.| Foto: Joédson Alves/EFEQuando veio a pandemia,
passaram por cima de direitos pétreos da Constituição. A livre expressão
do pensamento, a liberdade de opinião, ficaram à mercê do arbítrio; a censura
foi instituída por um único juiz.
O Congresso foi atropelado até com
prisão de parlamentar, que, pela Constituição, é inviolável por
quaisquer palavras. Enquanto isso, o Supremo, tal como no julgamento de
Dilma, inventou um entendimento de territorialidade que anulou processos
em que o réu,
condenado, já cumpria pena. Depois de solto, ainda ficou excluído do
impedimento da Lei da Ficha Limpa e se tornou candidato – palavra que
quer dizer “cândido”, limpo.
A Constituição exige do serviço
público publicidade – isso é um pleonasmo. Com o hermetismo das apurações
digitais, e para evitar repetição das dúvidas da reeleição de Dilma, o
Congresso aprovou o comprovante impresso do voto digital. Dilma vetou, e os
deputados derrubaram o veto com 368 votos; os senadores, com 50 votos. Mas
esses 418 parlamentares foram derrotados por oito ministros do Supremo. [Sendo que nenhum deles NUNCA receberam um voto para representar o povo.]Se
tivessem respeitado a decisão dos representantes do povo, seria fácil esclarecer
as suspeitas de hoje. Essas suspeitas foram a gota que faltava para levar o
povo às ruas. Tiveram força para acordar qualquer passividade remanescente na
cidadania deitada em berço esplêndido.
As pessoas descobriram a prática do
poder que emana do povo, consagrado no primeiro artigo da Constituição e base
da democracia.[e o povo não vai sair das ruas, especialmente que estão nas manifestações nas cidades, sob a proteção das Forças Armadas, em área em que o supremo arbítrio não ousa violar e nem suas polícias entram.
Se percebe, por parte do ministro Moraes, que vão tentar postergar uma decisão sobre a impugnação das urnas - o ministro determinou que em 24 horas fossem juntadas informações sobre o primeiro turno, que não foi questionado pelo PL.
A ideia é o PL não conseguir juntar o que o supremo ministro mandou e o pedido original ser negado sumariamente.
Temos o pensamento que o ministro se arquivar a petição estará incendiando as ruas e provocando outras forças. Nossa opinião é de que ele vai procurar um meio termo e esperar outra oportunidade. NÃO VAI ENFRENTAR AS MULTIDÕES - não tem força para tanto.]
O presidente está calado, porque é parte interessada na eleição em julgamento pela população. O vice-presidente, senador eleito general Hamilton Mourão,
tuitou que há um “estado de exceção” por “ações inconstitucionais e
ilegítimas” do Supremo. O desembargador Sebastião Coelho, ex-corregedor
do Tribunal de Justiça do DF, diz que “o Estado Democrático de Direito
está rompido, porque o Supremo viola a Constituição”. [o ministro Mo0raes tem conhecimento que rompido o 'estado democrático de direito' seu poder acaba.]
Segundo o
desembargador, Moraes já estaria sujeito a prisão em flagrante.
Ele
calcula que mais de 80% dos juízes de primeira e segunda instância “não
estão de acordo com o que está fazendo o STF”.
Quase metade das OABs
estaduais estão exigindo uma posição da OAB
nacional, tão calada quanto o Senado, onde a maioria finge estar em
outro mundo. Moraes, ao bloquear contas de pessoas físicas e jurídicas
do agro, provocou ainda mais reação, porque a lei diz que não é crime a
manifestação crítica contra os poderes constitucionais. [a propósito, ponto destacado na Nota Oficial Conjunta dos comandantes de Marinha, Exército e Aeronáutica.]
Seria com atos
antidemocráticos que se protege a democracia?
Em tempo:
Exército coloca a localização do QG em Brasília e marca como aberto 24 horas por dia.
Algo está acontecendo...
Conteúdo editado por: Marcio Antonio Campos
Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
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