J. R. Guzzo
Como a principal autoridade do País se joga nessa promoção aberta da hostilidade ‘de classes’?
Desde que assumiu a Presidência da República, segundo um levantamento de O Estado de S. Paulo, Lula já fez oito declarações jogando pobres contra ricos.
Deve ser algum tipo de recorde; nesse ritmo, vai chegar a perto de 400
gritos de guerra até o fim do seu mandato. É demagogia do tipo mais
abjeto.
É uma prova cabal de que a sua campanha foi uma mentira do
começo ao fim, com a farsa de que ele iria “devolver a paz” ao Brasil.
É
irresponsável – como a principal autoridade do País se joga nessa
promoção aberta da hostilidade “de classes” entre os brasileiros?
Mas é
isso, exatamente, o que Lula sempre
foi: um explorador profissional dos “pobres”. Nunca fez nada de
relevante, modificador ou duradouro para eles. Ao contrário: o que lhe
interessa é manter o Brasil o mais longe possível de qualquer
desenvolvimento real, pois só sobrevive politicamente com o suprimento
permanente de pobres que sempre rende a base de sua votação.
O problema,
desta vez, é que a sua demagogia vem acompanhada de ações concretas
para agredir o coração da economia do País.
O
governo, que em mais de um mês conseguiu o prodígio de não anunciar uma
única medida construtiva para os interesses reais do cidadão, nem uma
que seja, decidiu cortar uma dezena de linhas de crédito do BNDES para
o agronegócio – área que rendeu US$ 160 bilhões, num total de US$ 335
bilhões, para as exportações do Brasil no ano passado, e se tornou
absolutamente vital para a economia brasileira. Cortaram de tudo:
crédito para a safra, aquisição de óvulos, tratores, redução do carbono,
armazéns, irrigação, cooperativas – e até a sagrada “agricultura
familiar”, que Lula acha a solução para todos os problemas rurais do
País. “O Brasil não pode ser só a fazenda do mundo”, disse o novo
presidente do BNDES. É um despropósito.
Qualquer país ficaria feliz se
tivesse a situação do Brasil no abastecimento mundial de alimentos; o
governo Lula acha ruim. O que eles querem, então, que o Brasil seja?
Querem coisa muito pior que uma fazenda.
Em vez de colocar o dinheiro do BNDES no incentivo à um setor-chave da economia brasileira, o governo quer emprestar dinheiro para Argentina, que está com inflação de 100% ao ano e não paga ninguém, Cuba, Venezuela e outras estrelas da finança latino-americana.
Cuba e Venezuela, aliás, já deram o calote no
Brasil; não poderiam receber um centavo a mais do que já receberam e não
pagaram.
Mas a culpa do calote foi “do Bolsonaro”, diz Lula; o Brasil
rompeu relações com os dois, eles ficaram chateados e resolveram não
pagar. Agora ele vai consertar o erro. É a sua política a favor dos
“pobres” e contra “os ricos”.
J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S.Paulo
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