Se
por um instante você deixar de ver os acontecimentos do dia 8 de janeiro
como são narrados, para analisá-los como registrados pelos próprios
olhos, notará enorme diferença.
Segundo as
instituições, durante um par de horas, a nação periclitou frente ao
abismo de uma ditadura fascista. No horizonte imediato, haveria fogo e
ranger de dentes porque ali, a olhos vistos, transcorria o “pan
demônio”, ou seja, a reunião de todos os demônios, do terrorismo ao
golpismo. [destaque: em um país presidido por um presidente ex-presidiário - o EX é que foi descondenado, NÃO FOI inocentado = põe demônio no país.] Felizmente, lhe dizem, a emergência foi debelada com os
golpistas presos em ação fulminante e integrada dos bastiões da
democracia, do estado de direito e das liberdades públicas.
Mil e
quinhentas pessoas se envolveram na tal “intentona fascista”.
Era uma
ensolarada tarde de domingo.
Sem banda, carro de som ou megafone, saíram
do acampamento junto ao QG e marcharam em direção à Praça dos Três
Poderes. Os homens, pela idade média, se militares, estariam quase todos
na reserva; as mulheres eram intrépidas e ameaçadoras vovós e tias do
Zap. Levavam cadeiras de praia, bandeiras, faixas.
Enquanto a República
vivia momentos tão decisivos, cantaram hinos, tiraram selfies,
perambularam pela vastidão do despovoado local.
Era uma praça sem
garrafinhas de água e sem pipocas.
Apenas um inesperado vendedor de
algodão doce veio do nada com sua colorida mercadoria para adoçar o
"golpe".
Em que pese
tudo que se diz sobre os riscos de uma população armada, nenhuma
pistolinha sequer foi vista e, menos ainda, ouvida.
Cerca de 10% dos
golpistas partiram para uma arremetida final contra a desguarnecida e
vazia Bastilha brasiliense.
Enquanto os demais, desde fora, gritavam
“Não quebra! Não quebra!”, eles atacaram as vidraças republicanas e
foram adiante, golpeando móveis e bens do patrimônio nacional.
Dois dos
três prédios invadidos já tinham sido objeto de tais crimes em outras
ocasiões.[todas as invasões pretéritas realizadas por hordas esquerdistas, com destaque para a da Câmara comandada por um tal de Bruno MARANHÃO (já falecido) ... coincidência do nome com o estado mais pobre do Brasil e que foi governado de 2015 a 2022 pelo atual ministro da Justiça.]
Enfim, pouco
depois, um punhado de policiais militares do Distrito Federal surgiu e
colocou todos a marchar de volta para a frente do QG onde, na manhã
seguinte, embarcariam na segunda ratoeira de sua malsucedida
"intentona".
A imensa
maioria dos que foram à Praça dos Três Poderes era movida por temor.
Temiam o braço pesado de um Estado que se agigantava assustadoramente
sobre a nação.
Acabaram comprovando nas suas vidas as razões do temor
que sentiam.
Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org,
colunista de dezenas de jornais e sites no país.. Autor de Crônicas
contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A
Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia
Rio-Grandense de Letras.
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