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segunda-feira, 18 de setembro de 2023
Lula fantasia sobre liderança global
Edgar C. Otálvora Especial para DefesaNet
Mais de 30 correspondentes da mídia estrangeira baseados em
Brasília foram convidados pelo Palácio do Planalto para um café da manhã
com Lula da Silva, no dia 02AGO2023, na sede do governo.
Para mostrar a
importância e significado do convite, à direita de Lula, na cabeceira
da mesa, estavam os dois chanceleres do governo: o chanceler chefe do
Itamaraty, Embaixador Mauro Vieira, e o verdadeiro chefe da diplomacia
brasileira e operador de relações paralelas, a diplomacia presidencial,
Embaixador Celso Amorim, oficialmente denominado como Assessor-chefe da
Assessoria Especial do presidente Lula.
Desde o primeiro dia de seu
governo, Lula vem tentando obter um retumbante triunfo internacional. A
imprensa oficial seguida pela grande mídia brasileira gosta de se
referir a Lula como um “líder mundial”, mas cada uma de suas ações ao longo de oito meses foram fracassos óbvios.
Lula geralmente recebe ampla cobertura da imprensa global, que
reflete simpatia, às vezes cúmplicidade, ele tem amigos em cargos
governamentais em todo o mundo, do Vaticano ao Kremlin, e a rede da
esquerda global serve como plataforma de propaganda para ele. O objetivo
da chamada à imprensa no dia 02AGO23 foi informar sobre os preparativos
de um evento do qual Lula esperava grandes retornos políticos
internacionais: ele o chama de “Cúpula da Amazônia”.
Seu
antecessor o presidente Jair Bolsonaro ganhou péssima imagem
internacional, entre outras questões, pelo desmatamento da Amazônia e
por seu apoio ao agronegócio.[destaque-se que em 2023, o desmatamento ultrapassou com folga índices de 2022!!!] Lula, assim como o colombiano Gustavo
Petro, busca conquistar louros internacionais com sua “defesa” da
Amazônia, garantindo que irá deter o ritmo de desmatamento. Além de
defender a Amazônia, Lula pretende se tornar o campeão mundial na luta
contra a fome e a desigualdade. [só que até agora NADA DE CONCRETO surgiu - continuam tudo na base das pretensões e promessas;] Foi assim que deu a conhecer ao Papa
Francisco, proclamou-o na cimeira União Europeia – CELAC, 17-18 de julho
de 2023, Bruxelas, e comentou aos correspondentes estrangeiros
convidados para o café da manhã.
*****
Em
2008, foi criada a União das Nações Sul-Americanas (UNASUL)
e o Brasil, presidido por Lula da Silva, perdeu para Hugo Chávez o
projeto há muito idealizado pela diplomacia brasileira para formalizar a
liderança do Brasil.
A chegada de Lula para seu terceiro governo, em 01JAN2023, encontrou a
UNASUL paralisada, sem sede, sem orçamento, sem secretário-geral e
muitos de seus ex-integrantes separados, inclusive o próprio Brasil.
O
objetivo da reunião de 30MAI2023 foi declarar a reativação da UNASUL e,
se possível, abrir negociações para nomear um novo Secretário-Geral.
O
documento elaborado para assinatura dos atuais líderes, a pedido do
Brasil, teria o bombástico nome de “Consenso de Brasília”.
Segundo o texto, os líderes “decidiram estabelecer um grupo de contato,
chefiado pelos Chanceleres, para avaliar as experiências dos mecanismos
de integração sul-americanos e a preparação de um roteiro para a
integração da América do Sul, a ser submetido à consideração dos Chefes
de Estado”, ou seja, Lula fracassou em sua tentativa de reanimar a
UNASUL e seus colegas apenas concordaram em fazer uma espécie de projeto
escolar sobre a integração sul-americana.
*****
Na véspera, 29MAI2023, Nicolás Maduro havia desembarcado em Brasília
para uma visita oficial bilateral antes da reunião do dia seguinte.
Desta forma, Lula reabriu as portas dos salões diplomáticos
sul-americanos a Maduro que, apesar da natureza ilegítima do seu
governo, agora se sentava entre os líderes eleitos do subcontinente. O
fracasso da oposição venezuelana em destituir a ditadura chavista,
apesar do grande apoio internacional, que a causa democrática
venezuelana conseguiu agregar em 2019, ficou agora evidente pela
presença de Maduro em Brasília. Um mês depois, Lula continuou a
justificar a sua defesa da ditadura venezuelana.
Durante entrevista coletiva conjunta com Maduro no Palácio do
Planalto, Lula se posicionou a favor da ditadura chavista e descreveu os
“problemas da democracia na Venezuela” como uma simples “narrativa” e elogiou Maduro: “a
narrativa que eles construíram em relação a Venezuela sobre
autoritarismo, antidemocracia, você tem que desconstruir essa narrativa
mostrando a sua própria narrativa para que as pessoas mudem de ideia”
(…) “é preciso derrotar essa narrativa”. Ele também atacou as sanções
que a UE e os EUA mantêm contra os principais líderes chavistas e as
empresas estatais venezuelanas: “é incrível e inexplicável que uma nação esteja sujeita a 900 sanções ilegais porque outro país não gosta dela”.
Para Lula, as sanções são uma simples questão de simpatia e boas
maneiras entre os governos.
No dia seguinte, com todos os líderes
sul-americanos reunidos, Lula teve que ouvir as reivindicações dos
líderes do Uruguai, Paraguai e Equador a respeito de sua cúpula
antecipada com Maduro e sua descrição da grave e duradoura crise na
Venezuela como um “narrativa”. No dia 29JUN2023, entrevistado na Rádio
Gaúcha, Lula garantiu que “o conceito de democracia é relativo”, quando
questionado por que lhe foi tão difícil descrever o governo Maduro como
uma ditadura.
No dia 04JUL2023 Lula fez uma nova cena sobre a Venezuela. Naquele
dia, foi realizada em Puerto Iguazú a cúpula presidencial do MERCOSUL e
países associados, na qual o Brasil receberia a presidência rotativa
semestral da Argentina.
O MERCOSUL vive uma crise profunda, não tem
conseguido avançar no acordo de livre comércio com a União Europeia, o
Uruguai exige liberdade para negociar acordos bilaterais, especialmente
com a China, os esquemas protecionistas permanecem entre os parceiros, a
Argentina vive um nova crise econômica e Lula se recusa a fornecer
recursos financeiros para Alberto Fernández financiar a crise fiscal.
Mas a diplomacia paralela do governo brasileiro deixou claro aos seus
parceiros que Lula estava preocupado com outra questão: procurar a
reintegração de Maduro como membro do mecanismo. A adesão da Venezuela
ao Mercosul foi suspensa em 05AGO2017, quando os líderes dos países
fundadores do mecanismo verificaram “a ruptura da ordem democrática da
República Bolivariana da Venezuela” violando o Protocolo de Ushuaia
sobre Compromisso Democrático no MERCOSUL.
Durante a reunião em Iguaçu
no dia 04JUL23, os presidentes do Paraguai e do Uruguai, Mario Abdo Benítez e Luis Lacalle Pou,
fizeram referências diretas em seus discursos aos recentes
acontecimentos na Venezuela. Benítez e Lacalle denunciaram a
desqualificação de María Corina Machado que a impediria
de concorrer nas votações que a ditadura hipoteticamente convocará nos
próximos meses.
Lula afirmou desconhecer “os detalhes” dos problemas dos
candidatos na Venezuela, mas expressou implicitamente seu desejo de ver
Maduro sentar-se à mesa do Mercosul: “Acho que entre nós deveríamos tentar não deixar ninguém de fora“,
alegando que o Mercosul não o faça, deve manter o regime venezuelano
isolado.
A crise do Mercosul continua, as exigências ambientais
europeias, especialmente do governo francês, aumentaram como condição
para avançar no acordo com os Mercosulianos.
Lula fracassa na sua
tentativa de desbloquear o acordo com a UE e não avança no seu desejo de
suspender a sanção do Mercosul à ditadura venezuelana.
Enquanto isso, na Venezuela há um grupo de militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), braço armado do Lulismo, recebendo instrução política.
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