Moraes e Mendonça batem boca ao julgar réu do 8 de janeiro: ‘tenha dó!”
Os ministros André Mendonça e Alexandre de Moraes, durante julgamento de Aécio Lúcio Costa Pereira, réu do 8 de janeiro, no plenário do Supremo Tribunal Federal (TV Justiça/Reprodução)
Os dois ministros do STF divergiram sobre a condenação por tentativa de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito
Os ministros Alexandre de Moraes e André Mendonça bateram boca há pouco no plenário do STF durante o julgamento de Aécio Lúcio Costa Pereira, o primeiro réu a ser julgado pelos ataques às sedes dos Três Poderes no dia 8 de janeiro.
Houve então a seguinte troca de declarações entre Mendonça e Moraes:
Moraes (interrompendo): “Ministro André, se me permite, já que vossa Excelência entrou nesse caso, as investigações demonstram claramente por que houve essa facilidade: cinco coronéis comandantes da PF estão presos, exatamente porque desde o final das eleições se comunicavam como ‘zap’ dizendo exatamente que iriam preparar uma forma de, havendo manifestação, a Polícia Militar não reagir. Então, claramente a Polícia Militar, que é, eu também fui ministro da Justiça e sabemos nós dois que o ministro da Justiça não pode utilizar a Força Nacional se não houver autorização do Governo do Distrito Federal, porque isso fere o princípio federativo…”
Mendonça: “Não em relação aos prédios federais…”
Moraes: “Mas não em relação à Praça dos Três Poderes…”
Mendonça: “Mas em relação às edificações federais ele pode e deve conter…”
Moraes: “É um absurdo… com todo respeito, vossa Excelência querer falar que a culpa do 8 de janeiro foi do ministro da Justiça…”
Mendonça: “Não, vossa Excelência é que está dizendo isso…”
Moraes: “… é um absurdo, quando cinco comandantes estão presos…”
Mendonça: “muito embora, eu queria e o Brasil quer ver esses vídeos do Ministério da Justiça.”
Moraes: “Quando o ex-ministro da Justiça [Anderson Torres], que sucedeu
Mendonça: “Eu não sou advogado de ninguém aqui, ministro Alexandre…”
Moraes: “… fugiu e jogou o celular dele no lixo, e foi preso…”
Mendonça: “Eu não sou advogado de ninguém, nem de A nem de B”
Moraes: “… e agora vossa Excelência vem, no plenário do Supremo Tribunal Federal, que foi destruído, para dizer que houve uma conspiração do governo contra o próprio governo? Tenha dó!”
Mendonça: “Não coloque palavras na minha boca…”
Moraes: “Tenha dó!”
Mendonça: “Não coloque palavras na minha boca. Não coloque palavras na minha boca. Tenha dó, vossa Excelência”
Minutos depois do bate-boca inflamado, os dois, que se sentam lado a lado, pediram desculpas pelos excessos.
Radar - Coluna Revista VEJA
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