Especialistas avaliam que, apesar de desgaste do capital político, estrago sobre a figura do ex-presidente ainda é relativamente baixo
Em meio a sucessivos escândalos envolvendo Jair Bolsonaro, a edição de VEJA desta semana mostra como aliados políticos do ex-presidente já recalculam o impacto que o desgaste na imagem do ex-presidente terá nas próximas eleições – e como correligionários da sua legenda, o PL, encontram-se em estado de alerta, em especial para os desdobramentos da delação do ex-ajudante de ordens da Presidência da República, o tenente-coronel Mauro César Cid.
Analistas dos principais institutos do pesquisa do país avaliam que, apesar do cenário de deterioração do capital político, verificado pelas últimas sondagens, o estrago sobre a figura de Bolsonaro tem sido abaixo do que se esperaria para alguém com tamanha exposição negativa. O que ainda é difícil de calcular, ponderam, é até que ponto esse desgaste poderá se acentuar — e o quanto isso deverá impactar as eleições que estão por vir. “É cedo e precipitado afirmar que Bolsonaro perdeu capital político. Acredito que, na verdade, o que ele perdeu foi capacidade de mobilização política, mas só as pesquisas futuras vão poder mostrar isso. Até porque são fenômenos diferentes e com consequências diferentes para o cenário eleitoral futuro”, diz Felipe Nunes, diretor da Quaest Consultoria e Pesquisa.
Um impacto disso pode ser sentido nas redes sociais, um dos pilares que sempre sustentaram o frenesi do eleitorado em torno do ex-presidente. “Os escândalos deixam a rede bolsonarista mais quieta, e elas são um braço importante do bolsonarismo pelo poder de engajamento que têm. Os grupos estão sem comando claro, mas isso não significa que não vão se aglutinar novamente”, diz a pesquisadora Cila Schulman, CEO do Instituto IDEIA.
Um dos motivos a sustentar Bolsonaro é que ele segue como o expoente máximo do sentimento contra o PT e o pensamento de esquerda no país. Escândalos como o desvio das joias sauditas e o possível envolvimento com os atos de 8 de janeiro podem impactar parte do eleitorado, mas, entre os bolsonaristas fiéis, a falta de uma prova cabal que incrimine o ex-presidente abre margem para toda sorte de justificativas. Boa parte desse público, inclusive, sente-se representada pelos ataques sistemáticos contra as instituições. “Nas maiores capitais, o sentimento antipetista e a pauta de costumes acabam sendo mais fortes do que as próprias questões de gestão municipal. Os candidatos precisam considerar essa influência sobre o eleitorado”, afirma Cila Schulman.
“Existe um desgaste, mas Bolsonaro ainda consegue manter os votos duros. O que mais o tem prejudicado é o crescimento da esquerda no meio digital e a exposição na imprensa: a presença negativa do nome dele na mídia tem prejudicado a imagem.
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Maquiavel - Blog em VEJA
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