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terça-feira, 12 de setembro de 2023

Lavagem cerebral na sala de aula - Branca Nunes

Revista Oeste

Em vez de português, matemática ou ciências, escolas passaram a concentrar-se em assuntos como ideologia de gênero, LGBT, reforma agrária e outras causas defendidas por professores de esquerda


Foto: Montagem Revista Oeste/Shutterstock

Uma mulher com a barriga de fora, calça preta, top azul-claro e o rosto oculto por uma cabeça de cavalo de pelúcia surge no palco improvisado. Ela envolve com as mãos as grades do portão antes de pular nos ombros de um homem sem camisa que está agachado no chão. E então começa a cavalgá-lo
Em seguida, pula, dança, salta de um lado para o outro, agacha-se, levanta, rebola e se aproxima do público como se fosse efetivamente um animal e quisesse cheirá-lo. 
De repente, entram em cena três homens fantasiados de bailarina, com collants coloridos e saias de tule preto. 
Eles sacodem o corpo e executam passos de dança desajeitados. 
Tudo tem a marca da improvisação e do desleixo. A plateia, formada majoritariamente por crianças, muitas aparentando 5 anos de idade, grita, ri e requebra. O picadeiro é uma escola municipal do Rio de Janeiro.

A trilha sonora consegue piorar a cena esdrúxula:
o funk Cavalo no Cio, cuja letra é reproduzida abaixo:

“Olha os cavalo (sic) voltando
Olha os cavalo (sic) no cio, ó
Vem mulher, vem galopando, que o cavalo tá chamando
Olha os cavalo (sic) voltando
Olha os cavalo (sic) no cio, ó
Cavalo taradão
Vem mulher, vem galopando, que o cavalo tá gostando
Vem mulher, vem galopando, que o cavalo tá gostando
Cavalo ficou danado, galopa de frente, galopa de lado
Cavalo ficou danado, galopa de frente, galopa de lado
Ela vai pra frente, ela toma, ela toma
Ela vai pra trás, ela toma, ela toma
Ela vai pra frente, ela toma, ela toma
Ela vai pra trás, ela toma, ela toma
Galopa, galopa, galopa, galopa, depois senta e rebola
Olha os cavalo (sic) no cio
Galopa, galopa, galopa, galopa, depois senta e rebola
Olha os cavalo (sic) no cio
Vem de quatro pro negão que o cavalo tá doidão”

(Detalhe: essa versão, cantada na escola, é ligeiramente mais suave que a letra original)


🚨AGORA: Apresentação de "Cavalo Tarado" para crianças dentro de uma escola municipal na Cidade de Deus leva prefeitura do Rio a abrir sindicância. pic.twitter.com/WXY5ljXyTrpublicidade
— DIRETO DO MIOLO (@diretodomiolo) August 29, 2023

O vídeo da apresentação denominada “Cavalo Tarado” viralizou nas redes sociais na última semana e pousou em veículos da imprensa. A repercussão negativa induziu o prefeito Eduardo Paes a declarar-se “indignado”. A Secretaria Municipal de Cultura garantiu que “repudiou veementemente o teor da apresentação do grupo”, contemplada com R$ 50 mil num edital de 2022 para ser encenada nas escolas municipais. Segundo a secretaria, o projeto foi selecionado por uma “comissão independente, ligada à sociedade civil”. Foram afastados os diretores de quatro colégios em que a companhia Suave se apresentou.

“Entre os 3 e os 8 anos, a criança forma sua personalidade”, observa a advogada Ana Paula Pur, especializada em direito educacional. “As músicas que a criança escuta nessa fase da vida, os filmes a que assiste, os livros que lê ou ouve estabelecem as bases que ela levará para a vida inteira. Portanto, escutar uma música de péssima qualidade, como um funk, não pode ser encarado como ‘só uma musiquinha que a criança nem tem idade para compreender direito a letra’. Você está forjando um ser humano.”

Uma providencial conjugação de acasos fez com que o vídeo fosse filmado por alguém, caísse nas redes e se transformasse em assunto nacional. Mas essa é apenas a ponta do iceberg. 
Dezenas de eventos semelhantes ocorrem rotineiramente em instituições de ensino espalhadas pelo país e nenhum consegue espaço no noticiário jornalístico. [confiram assistindo aos 'macaquitos' - dedos no ânus. SESC] das escolas, são cada vez mais comuns espetáculos, palestras e mesas-redondas dominados por temáticas muito apreciadas pela chamada esquerda
Com crescente frequência, as salas de aula se concentram em assuntos como ideologia de gênero, LGBT, reforma agrária etc., em detrimento do português, da matemática ou das ciências.

Em 2021, apenas quatro em cada dez crianças do 2º ano do ensino fundamental estavam alfabetizadas no Brasil. E só 5% dos estudantes que concluíram o ensino médio tinham o conhecimento adequado em matemática. No ranking das 57 nações analisadas pelo PIRLS (sigla em inglês para Estudo Internacional de Leitura), o país está na 52ª posição em habilidade de leitura. 
 
De norte a sul
A Graded School, localizada em São Paulo, está a mais de 400 quilômetros de distância do Centro Integrado de Educação Pública Luiz Carlos Prestes, onde o cavalo tarado se apresentou. Enquanto os alunos da escola carioca não precisam pagar pelas aulas, os da Graded desembolsam mais de R$ 10 mil por mês. Apesar das diferenças, há semelhanças entre as duas instituições de ensino.

Há poucos dias, um vídeo mostrou que os pais dos alunos matriculados na Graded precisam responder a um questionário informando se estão “trabalhando a temática LGBT e de gênero com os filhos de 3 anos de idade”. 
A gravação também exibe professores homens vestidos de princesas na festa de Halloween da escola e inclui um e-mail enviado aos pais pela direção do colégio. 
Segundo a mensagem, meninos e meninas podem usar vestidos. Por fim, aparecem adesivos distribuídos por uma professora a alunos de 10 anos, com frases como “Ninguém sabe, eu sou gay” e “Satã me ama”.

Num comunicado aos pais, a Graded pediu desculpas “pelo incidente dos adesivos do satã” e garantiu que está tomando “as medidas corretivas contra a professora que os distribuiu”. Oeste procurou a escola para tratar do conteúdo do vídeo. Um funcionário chamado Fábio, que se identificou como “um dos responsáveis pela comunicação da escola”, recusou-se a revelar o sobrenome e desligou o telefone assim que ouviu a pergunta.

Na mesma semana em que ocorreram os casos do cavalo tarado e da Graded, um vídeo gravado numa creche municipal do Rio mostrou a diretora da instituição, Fernanda Alvarenga, “ensinando” passinhos de funk a crianças de 2 a 4 anos. A letra da música é explicitamente pornográfica:
 “Desce, sobe, toma rajadão. A segunda maravilha acabou de terminar. Agora ela tá solteira e ninguém vai segurar. Vai bate, vai bate com a bunda no calcanhar”. 
Fernanda costumava compartilhar tais momentos em suas redes sociais e já havia sido denunciada por diversas mães. A prefeitura do Rio, contudo, só afastou a diretora do cargo depois que o vídeo chegou à imprensa. “Fico indignado quando vejo algo assim”, jurou Renan Ferreirinha, secretário municipal de Educação. “O projeto para a educação do Rio é claro. Não vamos mais tolerar episódios como esse.A prefeitura abriu uma sindicância para apurar o caso.

Depois do caso do “cavalo tarado”, surgem mais denúncias. Diretora da Creche Municipal Luiza Barros de Sá Freire, na Zona Norte do Rio, dança com alunos de 3 anos porno-funk com letra “Bola aê, brisa aê que hoje a noite é de prazer“. Fernanda Alvarenga se entitula nas redes como… pic.twitter.com/Wazo6tnLL0— Carlos Jordy (@carlosjordy) August 31, 2023

“As escolas e o poder público se limitam a buscar soluções pontuais, como o afastamento de uma professora ou um diretor”, critica Flávio Gordon, doutor em antropologia social e colunista de Oeste. “O funk de mais baixo nível virou patrimônio cultural. O prefeito Eduardo Paes, que é politicamente alinhado aos que promovem essas bandeiras, agora se diz escandalizado, como no caso do cavalo tarado. No Rio, até mesmo na classe média alta, as mães e os pais dançam esse tipo de música. Infelizmente ela foi naturalizada, toca em festas de crianças e nas escolas. É estranho que o Paes tenha se indignado com isso só agora. Ele não sabe o que acontece na cidade que governa?”

Fundadora do movimento Mães Direitas, Bianca Waisberg recebe denúncias semelhantes vindas de todos os Estados do país. Numa delas, a mãe de uma criança de 12 anos estava incomodada com o livro escolhido para ser lido em sala de aula. Selecionado entre as obras indicadas pelo Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), Beco do Pânico conta a história de Caíque. Num capítulo, o menino, então com 6 anos, chega em casa feliz por ter dado seu primeiro beijo na boca. A mãe ri do filho “tão apaixonado e tão pequeno” e pergunta o nome da menina. “É o Ricardo”, responde o garoto.

O grupo das Mães Direitas que atua na Região Sul enviou a Bianca um vídeo que registra comemorações do Dia do Estudante. Para celebrar a data, professores e coordenadores de uma escola de Santa Catarina vestiram shorts, miniblusa e peruca colorida para uma apresentação no mínimo bizarra. “Em vez de aula, os alunos estão aprendendo isso”, lamenta Bianca.
 
Alvos preferidos
A ode a temas LGBT é relativamente recente, mas o ataque ao agronegócio pelos professores e livros didáticos vem acontecendo há muitos anos. Indignados com o massacre, mães que são produtoras rurais fundaram durante a pandemia o movimento De Olho no Material Escolar. Um passeio organizado pela prefeitura de Contagem (MG) prova que ainda há muito a ser feito. Em vez de mostrar como funciona o setor responsável por manter a economia brasileira com boa saúde, a prefeita Marília Campos, do PT, preferiu reunir os alunos de escolas públicas do município numa visita ao acampamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).

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Invasão mundial
As chamadas pautas woke não são exclusividade das escolas brasileiras. Em Hull, no norte da Inglaterra, os pais de uma menina de 4 anos decidiram tirá-la da pré-escola depois de ela ter tido acesso ao livro Grandad’s Pride. Em uma das ilustrações, homens vestidos com trajes fetichistas se beijam na boca enquanto desfilam numa parada gay. Em outra imagem, um homem trans (mulher biológica) ostenta orgulhoso a cirurgia deixada pela mastectomia. A instituição de ensino rotulou os pais de “preconceituosos”. “Estamos testemunhando uma revisão geral da educação”, afirma Brendan O’Neill, editor de política da revista digital inglesa Spiked. “A ciência, a biologia, a própria verdade, para não mencionar todos aqueles ‘homens europeus brancos mortos e suas ideias arcaicas’, estão sendo marginalizados pelo impulso autoritário de remodelar os jovens à imagem dessa nova ideologia.”
 
(...)

O Brasil está formando uma geração de crianças traídas pelas preferências ideológicas dos professores. Jovens que nada sabem de sumidades como Machado de Assis, Nelson Rodrigues ou Manuel Bandeira, e são incapazes de usar o plural, sairão por aí com um boné do MST na cabeça, prontos para requebrar até o chão ao som de recomendações como “Vem de quatro pro negão que o cavalo tá doidão”. Qualquer semelhança com a realidade atual não é mera coincidência.
 
 
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Coluna Branca Nunes, Revista Oeste
 

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