O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva,
e os comandantes das três Forças, general Edson Pujol (Exército),
almirante Ilques Barbosa (Marinha) e o tenente brigadeiro do ar Antonio
Carlos Moretti (Aeronáutica), assinaram uma nota conjunta em que afirmam
a separação entre as Forças Armadas e a política. A nota foi divulgada
neste sábado (14).
Nesta semana, após o presidente Jair Bolsonaro defender o uso de "pólvora"
para defender a Amazônia, Pujol fez dois discursos em eventos públicos
ressaltando que o Exército é uma instituição do Estado brasileiro e não
de governos. Pujol também disse que os militares não querem se envolver
com a política nem querem que ela entre nos quartéis.
[destacamos no parágrafo quatro da Nota o trecho "missões definidas pela Constituição
Federal e Leis Complementares" por ser a Lei Complementar 97/99, de 9 junho 1999, que define normas gerais para a organização, o preparo e o emprego das Forças Armadas e o 'caput' do artigo 15 do mesmo Diploma Legal define o emprego das Forças Armadas para os fins previstos no 'caput' do artigo 142 da Constituição Federal.
O parágrafo único do artigo 142 da CF determina que Lei Complementar estabelecerá normas para o emprego e preparo das FF AA.
Lei Complementar nº 97/99 - Art. 15. O emprego das Forças Armadas na defesa da Pátria e na garantia dos poderes constitucionais, da lei e da ordem, e na participação em operações de paz, é de responsabilidade do Presidente da República, que determinará ao Ministro de Estado da Defesa a ativação de órgãos operacionais, observada a seguinte forma de subordinação:..." ]
Íntegra da nota assinada pelo ministro da Defesa e pelos comandantes militares:
NOTA OFICIAL A respeito de recentes publicações e especulações envolvendo o Governo e as Forças Armadas, o Ministro de Estado da Defesa e os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica esclarecem que: -
A característica fundamental das Forças Armadas como instituições de
Estado, permanentes e necessariamente apartadas da política partidária,
conforme ressaltado recentemente por chefes militares, durante
seminários programados, é prevista em texto constitucional e em nada
destoa do entendimento do Governo e do Presidente da República;
-
O Presidente da República, como Comandante Supremo, tem demonstrado,
por meio de decisões, declarações e presença junto às tropas, apreço
pelas Forças Armadas, ao que tem sido correspondido;
- O único representante político das Forças Armadas, como integrante do Governo, é o Ministro da Defesa;
-
Os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, quando se
manifestam, sempre falam em termos institucionais, sobre as atividades e
as necessidades de preparo e emprego das suas Forças, que estão
voltadas exclusivamente para as missões definidas pela Constituição
Federal e Leis Complementares;
-
As Forças Armadas direcionam todos os seus esforços exclusivamente para
o cumprimento de suas missões, estando presentes em todo o País.
Atualmente, atuam no combate ao novo coronavírus (Operação Covid-19),
inclusive com apoio às comunidades indígenas;
no combate aos crimes
ambientais, ao desmatamento e às queimadas na Amazônia (Operação Verde
Brasil
2); no acolhimento e interiorização de refugiados da crise na
Venezuela (Operação Acolhida);
no combate aos crimes transnacionais
(Operação Ágata);
no apoio às eleições 2020 (logística e garantia da
votação e apuração);
no apoio à população do Amapá, em função da recente
crise gerada por falta de energia elétrica; em ações humanitárias e
sociais, como a Operação Carro-Pipa (que leva água a milhões de pessoas
atingidas pela seca), o atendimento médico hospitalar às populações
ribeirinhas e o transporte de órgãos para transplantes; além de inúmeras
outras atividades, destacando, ainda, a essencial e diuturna proteção
das fronteiras marítima, terrestre e aérea, que asseguram nossa
Soberania e Desenvolvimento Nacional. Por fim, um País forte requer
instituições sólidas e transparentes.
Tratar
com franqueza os assuntos da Defesa, além de proporcionar o
fortalecimento das instituições, contribui para o propósito de alçarmos o
Brasil a níveis adequados de desenvolvimento e segurança.