Wilson Witzel e Marcelo Crivella foram novos na empulhação
Um perdeu o mandato e batalha pela liberdade; o outro está preso em casa
Dois anos depois da eleição de Wilson Witzel para o governo do Estado do Rio e passados quatro da vitória de Marcelo Crivella para a prefeitura da cidade, a “nova política” mostrou seu verdadeiro rosto
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Ibaneis Rocha, governador de Brasília e empresário bem-sucedido, com um patrimônio declarado de R$ 94 milhões é também um destemido.
Em agosto ele arrendou a fazenda Monteverde, em Uberaba (MG), de propriedade do notável Jorge Picciani. O simples fato de fazer negócio com o ex-presidente da Assembleia do Rio indicaria um empresário audacioso. Como Picciani foi condenado a 21 anos de prisão e rala sua pena em prisão domiciliar, fazer negócio nesse mundo é coisa de gente muito corajosa. Ibaneis e Picciani pertencem ao mesmo partido, o MDB.
Os bens do poderoso Picciani estão bloqueados pela Justiça que lhe cobra R$ 91 milhões. Onze em cada dez empresários correriam de um negócio desse tipo como o Tinhoso corre da cruz.
A Carta de CapistranoA Fiocruz deu uma lição de Justiça aos ministros do Supremo Tribunal Federal e ao Superior Tribunal de Justiça (o da Cidadania). Ambos pediram reservas de vacinas para seus doutores, funcionários e colaboradores. O STF queria sete mil doses só para ele e para a turma do Conselho Nacional de Justiça.
O pedido foi feito sem que os ministros dos dois tribunais fossem consultados. [altamente improvável que o diretor-geral do STF e seu ilustre par do STJ, efetuassem uma solicitação dessa natureza - repleta de implicações políticas - sem o aval de alguns ministros ou, no mínimo, do presidente ou vice.
Tanto que continuam em seus cargos - quando a exoneração sumária seria um excelente pedido de desculpas e a punição adequada.] Promotores do Ministério Público de São Paulo haviam tentado o mesmo golpe há algumas semanas. A centenária instituição de defesa da saúde pública nacional respondeu aos doutores informando que não lhe cabe “atender a qualquer demanda específica por vacinas”.
Foram educados. O historiador Capistrano de Abreu, num lance indelicado e agressivo, defendeu uma revisão constitucional, pela qual a Carta teria apenas dois artigos:
Artigo 1º - Todo brasileiro deve ter vergonha na cara.
Artigo 2º - Revogam-se as disposições em contrário.
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Alcolumbre tonto
O senador Davi Alcolumbre convenceu-se de que seu inferno astral foi produzido pelos acertos que supunha ter feito no Supremo Tribunal Federal. É exagero. Se Macapá ficou sem energia e seu irmão perdeu a prefeitura, o Supremo nada teve a ver com isso.
No fundo, ele esperava que o Tribunal declarasse inconstitucional um dispositivo da Constituição. Na forma, Alcolumbre e seus aliados tinham feito as contas. No conteúdo, a dose era cavalar e a receita desandou.
Na moscaNão importa o motivo que levou os ministros Marco Aurélio, Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Alexandre de Moraes a anunciar que continuarão trabalhando durante o recesso que vai até 6 de janeiro. Eles miraram no que viam e acertaram o que não viram.
Com
as sessões virtuais, esse recesso é um mimo anacrônico. A
crônica dos litígios que aguardavam o recesso para cair no colo generoso do
presidente-plantonista registra incríveis acrobacias às quais os quatro
mosqueteiros podem ter dado um fim.
Salto alto
As administrações do governador João Doria e do prefeito de São Paulo, Bruno Covas, subiram em saltos altos.
Há algumas semanas um dos hierarcas de Doria disse numa entrevista que se a CoronaVac tivesse 50% de eficácia, estaria tudo bem. Quem entende do assunto sentiu cheiro de queimado. Passaram-se os dias e o grau de eficácia dessa vacina está no tabuleiro. Jogo jogado, pois tudo poderia estar sendo feito com a melhor das intenções.
Eis que nisso o governador quis tirar férias em Miami. Já o prefeito Bruno Covas, aumentou seu próprio salário e tungou a gratuidade no transporte público para idosos (nesse lance, em parceria com Doria). Tucano quando sobe em salto alto é incapaz de descer dele até na hora do banho.
Folha de S. Paulo - Jornal O Globo (MATÉRIA COMPLETA) Elio Gaspari, jornalista