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segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Dois papas, dois presidentes e duas ideologias

No dia em que celebramos o legado de João Paulo II, Francisco assina acordo com o Partido Comunista Chinês

Nesta quinta-feira, 22 de outubro, a Igreja Católica comemorou o Dia de São João Paulo II. Foi nessa data que, em 1978, Karol Wojtyla celebrou sua primeira missa como papa, iniciando seu pontificado. João Paulo II faleceu em 2005, mas o legado de João de Deus, como era carinhosamente chamado pelos cristãos brasileiros, não foi deixado apenas para os que vivem na fé católica, mas também para os que entendem o real significado da palavra liberdade. Há muitas evidências nas ações desse homem fantástico, respeitado por pessoas de todas as religiões e, inclusive, agnósticos, de que o mundo em que vivemos hoje talvez não seria tão livre e próspero se não fosse por diversas de suas obras com seus aliados, Ronald Reagan e Margaret Thatcher.
Revista Oeste
Ronald Reagan e São  João Paulo II

Ronald Reagan, João Paulo II e Margaret Thatcher tinham a verdadeira perspectiva histórica e defendiam os temas que estão na civilização ocidental desde os tempos greco-romanos e mesmo bíblicos. Eles entenderam que a liberdade não é o estado natural nem normal da sociedade, mas algo que é estabelecido por meio de um contrato social. Um contrato social no qual seus valores fundamentais devem ser reforçados e, quando necessário, protegidos contra as pressões do estatismo, como o da União Soviética, e as forças do mal, como o comunismo.

John Lewis Gaddis, professor de História Militar da Universidade de Yale, uma vez escreveu que, ao beijar o chão no Aeroporto de Varsóvia em 2 de junho de 1979, em sua primeira viagem como papa, João Paulo II iniciou o processo pelo qual o comunismo na Polônia — e finalmente em todos os lugares — chegaria ao fim. Gaddis, que não é católico, mostra por que sua perspectiva sobre a queda do comunismo começa naquele dia de junho. Um milhão de poloneses se reuniram dentro e ao redor da Praça da Vitória em Varsóvia para uma missa pública — impensável na Polônia comunista, exceto pelo fato de que não pôde ser negada a um papa polonês. Enquanto João Paulo pregava a verdadeira história de seu país — a história de um povo formado por sua fé —, um canto rítmico ecoava pelas ruas até a praça: “Queremos Deus! Queremos Deus!”. Era a voz da Polônia, parte do bloco comunista, onde a guerra da doutrina marxista-leninista contra a religião imperava, gritando para o mundo todo ver e ouvir que a fé e a esperança não sucumbiriam ao comunismo, regime fortalecido quando o ateísmo se inicia.

O papa e o presidente tinham o poder de hipnotizar as massas
Mas a ideologia nefasta que já havia matado milhões pelo planeta tinha um problema pela frente, um baita problema. Ronald Reagan e João Paulo II eram homens do mesmo tempo. 

Ambos ficaram horrorizados com a guerra nuclear, odiavam o comunismo e o regime da União Soviética. 

Os dois foram baleados, sobreviveram e perdoaram seus agressores. Cresceram pobres, foram atletas e, curiosamente, atores. E foi exatamente a vida teatral que lhes forneceu a entonação correta nos discursos, a conexão com o coração de quem os via e ouvia suas palavras, e a naturalidade para estar diante de grandes audiências. O papa e o presidente tinham o poder de hipnotizar as massas com seus discursos cheios de verdade, amor e uma fé tremendamente inspiradora.
Em suas primeiras observações da varanda da Basílica de São Pedro, o papa deixou claro o que pensava dos soviéticos. Reagan não apenas criticou o comunismo durante anos, mas foi o primeiro líder mundial a chamar o regime do que ele realmente é: Evil empire”, ou império do mal.
O mais importante, e talvez o que tenha ligado tão profundamente o papa e o presidente norte-americano, é que ambos acreditavam piamente que foram chamados por Deus para fazer grandes ações pela liberdade do mundo. E, de fato, João Paulo II disse em 1982 que “a América era chamada, acima de tudo, para cumprir sua missão” e que “as condições indispensáveis de justiça e liberdade, verdade e amor, que são os fundamentos de uma paz duradoura, eram características da América”. Em sua primeira encíclica, escreveu que a liberdade religiosa era o direito humano essencial, um tiro direto nos soviéticos. João Paulo II também começou a rebaixar ou mesmo expulsar aqueles que sempre queriam “acomodar” comunistas dentro da igreja.

Para Reagan, que foi presidente do Sindicato dos Atores de Hollywood (Screen Actors Guild) e já conhecia todos os tentáculos do comunismo desde quando a ideologia tentava se infiltrar no cinema norte-americano nos anos 1950, não havia nada mais importante que a derrota da União Soviética. Quando ficou evidente que o Vaticano estava se unindo na luta contra o “comunismo sem Deus”, e isso deve ter causado arrepios nos antigos coletivistas do Politburo, o comitê central do partido comunista soviético, Reagan sabia que sua contraofensiva pesada ao Kremlin contaria com a colaboração da cúpula da Igreja. E isso foi crucial para a derrota do império do mal.

Na mesma semana em que celebramos o legado de João de Deus, o atual papa segue surpreendendoe desapontando — fiéis pelo mundo. 
Depois de não perder tempo em se manifestar sobre pandemia, racismo, queimadas na Amazônia, união homoafetiva e capitalismo malvadão, entrando para o time do aplauso fácil, Francisco, até a conclusão deste texto, ainda não havia se pronunciado especificamente sobre as igrejas incendiadas pela extrema esquerda no Chile nesta semana. [dos pontos destacados em itálico, o Blog Prontidão Total expressa opinião sobre a 'união homoafetiva' - clique e leia.

Francisco mantém distância dos EUA e aproxima-se da China
A Igreja da Assunção, após ser invadida por vândalos encapuzados durante uma grande manifestação na capital chilena, foi tomada pelas chamas criminosas. Enquanto a estrutura era destruída, muitos dos criminosos filmavam as gigantescas labaredas e comemoraram o ataque: “Deixa cair, deixa cair!”. Quando uma das torres de uma das construções veio ao chão, em chamas, gritos da celebração atingiram altos decibéis. O silêncio do papa também continua ensurdecedor. Os protestos no Chile marcaram um ano das revoltas que aconteceram no país no fim do ano passado, quando manifestantes tomaras as ruas para reclamar das políticas econômicas do governo.

Não é apenas o silêncio do papa Francisco em relação aos incêndios criminosos em igrejas no Chile que incomoda os fiéis — e afirmo isso como uma católica praticante. Depois de recusar em setembro um pedido de encontro feito pelo secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, que representa a nação que mais defende a liberdade no mundo, o papa argentino decidiu renovar um acordo com o Partido Comunista da China sobre a nomeação de bispos. Na prática, a medida dá a Francisco a palavra final acerca da nomeação de lideranças católicas no país asiático. Antes do acordo provisório assinado em 2018 e renovado agora, a China se recusava a aceitar que a nomeação dos líderes religiosos viesse do Vaticano, uma vez que não reconhece o papa como chefe da Igreja Católica.

Não precisa ler novamente. Você leu isso mesmo. No dia 22 de outubro, quando celebramos o legado de São João Paulo II, que inclui a brilhante, essencial e espetacular luta contra o comunismo, o papa Francisco assinou um acordo com o Partido Comunista Chinês. A nota oficial do Vaticano diz que o acordo “pretende continuar o diálogo aberto e construtivo para promover a vida da Igreja Católica e o bem do povo chinês”.

Entre as recentes declarações no mínimo estranhas do papa Francisco, há duras críticas à visão de que o liberalismo econômico possa ser a resposta para os problemas sociais do mundo. Ele também afirmou que as limitações do capitalismo foram expostas pela crise provocada pela pandemia de coronavírus, mas que aqui vamos chamar de — Vossa Santidade, tape os ouvidos vírus chinês. E por falar em capitalismo, o papa argentino ainda não se pronunciou sobre a excepcional economia socialista de Alberto Fernández em seu país.

João Paulo II e Reagan trabalharam juntos para pôr fim ao comunismo soviético ateu. Os dois tinham um plano divino para impedir o império soviético que estava envolvido em uma guerra contra a religião e as liberdades individuais. O trabalho de um papa e de um presidente ajudou a provocar o colapso do comunismo e gerou mais liberdade e oportunidades para as pessoas em todo o mundo. A ascensão do capitalismo, junto com o colapso do socialismo, melhorou espetacularmente as condições de vida das pessoas em todo o planeta. Dados do Banco Mundial mostram que a parcela da população global que vivia na pobreza era de 42,3% durante o primeiro ano da Presidência de Ronald Reagan. Em 2018, caiu para 4,8%. Isso significa que quase 1,25 bilhão de pessoas saíram da extrema pobreza. Graças à liberdade e ao capitalismo. Shhh… fale baixo, seu herege.

Os (poucos) fiéis que ainda tentam defender as declarações progressistas de Bergoglio insistem que o silêncio sobre as igrejas queimadas no Chile, a perseguição a cristãos no mundo, os campos de concentração de uigures na própria China, e tantos outros eventos sérios que não mereceram a palavra da Santidade, é um silêncio sábio e humilde, inspirado por Deus para “não colocar mais lenha na fogueira” da discórdia. Fogo que merece lenha do papa, só o da Amazônia. E com os aplausos de Hollywood. Esse papa é pop.

Leia a reportagem “O capitalismo sob ataque”, de Selma Santa Cruz

E também o artigo “Ideias, intuição moral e compromisso ideológico”, de Bruno Garschagen

Revista Oeste - Ana Paula Henkel 

Ana Paula Rodrigues Henkel,  - @AnaPaulaVolei antes Connelly, mais conhecida como Ana Paula, é uma arquiteta, comentarista política e ex-jogadora de voleibol brasileira


sábado, 18 de janeiro de 2020

Breve análise sobre o filme “Dois Papas”, a "1ª tentação de Cristo" e aquele... , cujo título mais adequado é lixo...


Breve análise sobre o filme “Dois Papas”


NÃO PODEMOS ACEITAR; É INTOLERÁVEL TANTA BLASFÊMIA. ATÉ PAR AO PACIFISMO HÁ LIMITES.

LUIZ FELIPE PONDÉ perguntou: será que esse grupo do Leblon, teria coragem de fazer espetáculo idêntico com Maomé?

https://cleofas.com.br/

quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

O Natal do Papa Francisco - Elio Gaspari



Folha de S. Paulo - O Globo

O padre que criou os Legionários de Cristo agia como um miliciano, a boa notícia é que seu protetor renunciou 

Francisco mostra estar disposto a livrar a Igreja de regalismo 


[Convém lembrar: Mateus 16, 18-19
18E eu te declaro: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja; as portas do inferno não prevalecerão contra ela.19Eu te darei as chaves do Reino dos céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus.]


Num dos mistérios do Natal, a ordem mexicana dos Legionários de Cristo penitenciou-se pelos crimes de pedofilia cometidos por seu fundador e de outros 32 padres de seu culto. Um dia antes, o Papa Francisco obteve a renúncia do cardeal Angelo Sodano da posição de decano do Sacro Colégio. Aos 92 anos, ele já não votava no conclave que elege os Papas. Durante os pontificados de João Paulo II e de Bento XVI, Sodano foi um dos homens mais poderosos de Roma, secretário de Estado do Vaticano durante 14 anos. Sua vida foi de diplomata, ex-núncio em Santiago, teve boas relações com o general Augusto Pinochet. [o cargo de Núncio Apostólico é o equivalente,  no Estado Soberano do Vaticano, ao de diplomata - sendo o ocupante do cargo acreditado como embaixador do Vaticano no país onde está credenciado.] Em 2005, quando o cardeal Ratzinger foi eleito, Sodano teve quatro votos no primeiro escrutínio. Pouca gente soube, mas um argentino chamado Jorge Bergoglio foi o segundo mais votado em todos os quatro escrutínios.


O pontificado de Ratzinger durou sete anos, Bergoglio virou Francisco e no mesmo fim de ano em que a Netflix apresenta o filme “Dois Papas”, de Fernando Meirelles, ele congelou Sodano e desentulhou o lixo do padre Marcial Maciel, fundador e dono da ordem dos Legionários de Cristo. 

(.....) 

Quindim da plutocracia mexicana, o padre Maciel foi um miliciano da Santa Madre. Inigualável arrecadador de fundos (tanto no caixa um como no caixa dois), drogava-se, seviciava jovens e teve pelo menos seis filhos, um deles com uma menor de idade. A proteção de João Paulo II preservou-o, . as Bento XVI afastou-o do sacerdócio, sem que Roma expiasse na sua amplitude os crimes que havia cometido. Sodano chamava as denúncias de pedofilia do clero de “fofoca vazia”. [Somos visceralmente contra a pedofilia, estupro e outros crimes sexuais - defendemos que os autores sejam castrados quimicamente, por um período mínimo de dez ano, voltando a cometer novos crimes que a castração seja física e por esmagamento testicular.

Mas, admitimos que temos uma certa dificuldade em entender denúncias de pedofilias feitas com grande atraso - tem denúncias que são efetuadas após mais de 30 anos da ocorrência do ato denunciado. Convenhamos que uma criança ter receio de denunciar um pedófilo que a assedia, é normal. Mas, guardar o fato por mais de 30 anos é dificil de se explicar.

Não estamos entre os 'devotos' do médium João de Deus. Mas, é dificil entender como uma mulher é abusada sexualmente, vai para casa, após alguns dias volta ao abusador, é abusada novamente e passado alguns anos resolve denunciar. Entendemos que tal comportamento - sem que signifique posição favorável ao abusador (uma vez provado o abuso, deve ser punido com rigor) - que a abusada ficou em dúvidas se o abuso foi prazeroso ou não e voltou para um 'confere'.

Quanto a Netflix - somos apenas um grão de areia - mas, já cancelamos a assintura que tínhamos e outros amigos nos seguiram.
É a forma que entendemos adequada para expressar o nosso repúdio àquela empresa ao divulgar um filme que ofende gravemente JESUS CRISTO, por extensão à Igreja Católica, aos católicos e a todos os cristãos.]


Para o andar de cima do México e para uma parte da elite do catolicismo conservador americano, onde ele também militava, Maciel, que era chamado de “Nuestro Padre”, foi uma espécie de Dom Hélder Câmara dos ricos. Enquanto a elite carioca produziu um “bispo dos pobres” austero, militante e reto, os mexicanos e seus amigos encantaram-se com um lúcifer. Em 1992, pediu aos seus fiéis que não começassem seu processo de canonização antes que se completassem 30 anos de sua morte. Ele morreu em 2008 e em 2038 será difícil achar um conservador católico disposto a lembrar-se de sua figura. O cardeal chileno Silva Henriquez chamava os Legionários de Maciel de “os milionários de Cristo”.


João Paulo II e Sodano blindaram Maciel, e Bento XVI afastou-o, mas Francisco mostrou que está disposto a livrar a Igreja Católica da sua banda de promíscuo e onipotente regalismo. Os malfeitos de Marcial Maciel e de alguns de seus Legionários têm a ver com as suas condutas. O acobertamento teve a ver com o autoritarismo de uma parte do clero católico. A denúncia de que ele se drogava surgiu em 1956. Ele havia sido expulso de dois seminários e em 1997 foi acusado de abusos sexuais por seis homens. Seu filho mais velho tem 33 anos.

Folha de S. Paulo - O Globo - Elio Gaspari, jornalista