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quarta-feira, 5 de abril de 2023

A esquerda e a infalibilidade do Papa - Percival Puggina

 

         Quando o Papa Francisco emite alguma opinião política, a esquerda vive um comovente surto de arrebatamento espiritual. Aquilo que é mera e imprudente adesão do Pontífice a uma narrativa se transforma em objeto de culto, é envolto em incenso e exibido como relíquia canônica. 
Mas isso só vale se o Papa for Francisco. 
Não se aplica a qualquer outra opinião política, seja de Bento XVI, São João Paulo II, Paulo VI, São João XXIII, Pio XII e assim, regressivamente, até São Pedro.

A polêmica entrevista do Papa Francisco, tem gerado uma discussão no meio católico. Apenas rezemos pelo Papa e nos mantenhamos firmes na fé.

Nunca imaginei que um dia veria esquerdistas invocando a infalibilidade papal! “Como pode um católico questionar as afirmações do Papa se ele é infalível?”, muitos escreveram comentando um vídeo que gravei sobre a entrevista em que Francisco se manifestou sobre assuntos institucionais brasileiros.

Opa! Não corram com esse andor! A infalibilidade papal não se aplica a meras opiniões de quem calça as “sandálias do Pescador”, para usar a expressão de Morris West. É óbvio que não.  
O dogma da infalibilidade é uma dedução teológica com origem no próprio ato de instituição da Igreja por Jesus Cristo após pedir a tripla confirmação de Pedro.  
Graças ao que ali aconteceu, a Igreja Católica, exceção feita ao sempre lamentável Cisma do Oriente, se manteve hígida e como tal chegou até nós.
 
O dogma da infalibilidade foi proclamado em 1870 por Pio IX através da constituição dogmática Pastor Aeternus
O documento estabelece como dogma que, em virtude de sua suprema autoridade apostólica, ao definir uma doutrina de fé ou de moral, o Romano Pontífice conta com a assistência divina prometida a seu antecessor Pedro e esta lhe assegura a infalibilidade desejada por Jesus à sua Igreja.

Para que estes requisitos se verifiquem, a proclamação de um dogmarepito: sempre sobre doutrina de fé, ou de moral é preciso que o Papa o faça na precisa e anunciada condição “ex-cathedra”, vale dizer, desde a cadeira de Pedro. Fora isso, ele tem a falibilidade inerente à condição humana.

Resta claro, portanto, que a opinião do Papa sobre a política brasileira é mera opinião pessoal, notoriamente de esquerda, transparente nas suas manifestações. Em virtude das repercussões, muitas passam longe das funções da “cathedra” e, obviamente, abastecem o arsenal das narrativas mundo afora.

Na longa tradição que acompanhei de perto, como leigo católico estudioso dos documentos oficiais emitidos pelos pontífices de meu tempo, eu os reverenciei e admirei pela prudência e contenção de suas manifestações públicas.

Eu seria o último a negar, a quem quer que seja os diretos de opinião, palpite e achismo. 
Mas se quem opina, palpita ou acha é meu líder religioso e diz um disparate, alimentando a tensão política local, eu me permito opinar, palpitar ou achar que perdeu uma oportunidade de ficar calado.
 
PARABÉNS AO ILUSTRE ARTICULISTA !!!

Percival Puggina (78), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

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sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Comunismo fazendo das suas na Nicarágua - Percival Puggina

 
Em março de 1983, João Paulo II foi à Nicarágua em meio a uma guerra entre os “Contra” e o governo comunista instalado pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN), a primeira revolução exportada por Fidel Castro para a América Ibérica. O clero local estava dividido por ação da Teologia da Libertação e alguns padres se haviam envolvido com a luta armada que assumiu o poder político local entre 1979 e 1990. O mais destacado desses rebeldes era o padre Ernesto Cardenal que foi Ministro da Cultura ao longo de todo o período.

Como padre e ministro de Estado, Cardenal foi ao aeroporto recepcionar o Pontífice.  Lembro bem do ocorrido porque a visita repercutiu amplamente na imprensa. João Paulo II, polonês, vivera em sua dureza a experiência de um país comunista e foi um dos artífices da derrocada da União Soviética e da libertação de nove de seus Estados satélites na década seguinte.

A cena correu mundo. Assista-a aqui. O papa desceu do avião, não beijou o chão, como era seu costume, dirigiu-se às autoridades, postou-se diante do padre Cardenal (que se recusara a deixar o governo comunista) e passou-lhe um breve sermão, brandindo o dedo indicador diante dele. As atividades sacerdotais do padre estiveram suspensas durante o longo período de sua participação no governo. 

Passaram-se os anos. Com breve interrupção, os comunistas continuam governando a Nicarágua, agora sob a ditadura de Daniel Ortega. Padres estão sendo presos. No último dia 19, foi a vez do bispo de Matagalpa ser “recolhido”.

“E Cardenal?” perguntará o leitor que chegou até aqui. Pois o padre Cardenal deixou o governo em 1987, rompeu com a FSLN em 1994, e passou a ser, ele mesmo, perseguido pelo regime até sua morte em 2020. Durante a missa de corpo presente, os comunistas profanaram a igreja. Chamavam-no traidor. A revolução consumiu, assim, um de seus criadores.

Enquanto o comunismo vai espalhando suas lições pelo mundo, aqui, os seduzidos por ele silenciam, concordam, ocultam e desconversam, como fez a CNBB, instigada pelos colegas da Nicarágua que buscavam apoio em sua resistência aos ataques do regime. Sem qualquer menção à ofensiva empreendida pelo governo de Ortega contra clero e fieis, a nota diz isto e apenas isto:

“Nós, bispos do Brasil, acompanhamos com tristeza e preocupação os acontecimentos que têm marcado a vida da Igreja na Nicarágua. Sentimo-nos profundamente unidos aos irmãos bispos e a todo o povo nicaraguense. Clamamos ao Bom Deus para que a paz e a justiça sejam alcançadas.”

Nesta terra abençoada, há quem concorde, quem finja não ver, quem chamado a se manifestar não reprove e quem afirme ser necessário quebrar ovos conservadores para fazer a omelete de uma revolução que já leva perto de meio século. 

São João Paulo II, rogai por nós!   

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.

 

segunda-feira, 26 de outubro de 2020

Dois papas, dois presidentes e duas ideologias

No dia em que celebramos o legado de João Paulo II, Francisco assina acordo com o Partido Comunista Chinês

Nesta quinta-feira, 22 de outubro, a Igreja Católica comemorou o Dia de São João Paulo II. Foi nessa data que, em 1978, Karol Wojtyla celebrou sua primeira missa como papa, iniciando seu pontificado. João Paulo II faleceu em 2005, mas o legado de João de Deus, como era carinhosamente chamado pelos cristãos brasileiros, não foi deixado apenas para os que vivem na fé católica, mas também para os que entendem o real significado da palavra liberdade. Há muitas evidências nas ações desse homem fantástico, respeitado por pessoas de todas as religiões e, inclusive, agnósticos, de que o mundo em que vivemos hoje talvez não seria tão livre e próspero se não fosse por diversas de suas obras com seus aliados, Ronald Reagan e Margaret Thatcher.
Revista Oeste
Ronald Reagan e São  João Paulo II

Ronald Reagan, João Paulo II e Margaret Thatcher tinham a verdadeira perspectiva histórica e defendiam os temas que estão na civilização ocidental desde os tempos greco-romanos e mesmo bíblicos. Eles entenderam que a liberdade não é o estado natural nem normal da sociedade, mas algo que é estabelecido por meio de um contrato social. Um contrato social no qual seus valores fundamentais devem ser reforçados e, quando necessário, protegidos contra as pressões do estatismo, como o da União Soviética, e as forças do mal, como o comunismo.

John Lewis Gaddis, professor de História Militar da Universidade de Yale, uma vez escreveu que, ao beijar o chão no Aeroporto de Varsóvia em 2 de junho de 1979, em sua primeira viagem como papa, João Paulo II iniciou o processo pelo qual o comunismo na Polônia — e finalmente em todos os lugares — chegaria ao fim. Gaddis, que não é católico, mostra por que sua perspectiva sobre a queda do comunismo começa naquele dia de junho. Um milhão de poloneses se reuniram dentro e ao redor da Praça da Vitória em Varsóvia para uma missa pública — impensável na Polônia comunista, exceto pelo fato de que não pôde ser negada a um papa polonês. Enquanto João Paulo pregava a verdadeira história de seu país — a história de um povo formado por sua fé —, um canto rítmico ecoava pelas ruas até a praça: “Queremos Deus! Queremos Deus!”. Era a voz da Polônia, parte do bloco comunista, onde a guerra da doutrina marxista-leninista contra a religião imperava, gritando para o mundo todo ver e ouvir que a fé e a esperança não sucumbiriam ao comunismo, regime fortalecido quando o ateísmo se inicia.

O papa e o presidente tinham o poder de hipnotizar as massas
Mas a ideologia nefasta que já havia matado milhões pelo planeta tinha um problema pela frente, um baita problema. Ronald Reagan e João Paulo II eram homens do mesmo tempo. 

Ambos ficaram horrorizados com a guerra nuclear, odiavam o comunismo e o regime da União Soviética. 

Os dois foram baleados, sobreviveram e perdoaram seus agressores. Cresceram pobres, foram atletas e, curiosamente, atores. E foi exatamente a vida teatral que lhes forneceu a entonação correta nos discursos, a conexão com o coração de quem os via e ouvia suas palavras, e a naturalidade para estar diante de grandes audiências. O papa e o presidente tinham o poder de hipnotizar as massas com seus discursos cheios de verdade, amor e uma fé tremendamente inspiradora.
Em suas primeiras observações da varanda da Basílica de São Pedro, o papa deixou claro o que pensava dos soviéticos. Reagan não apenas criticou o comunismo durante anos, mas foi o primeiro líder mundial a chamar o regime do que ele realmente é: Evil empire”, ou império do mal.
O mais importante, e talvez o que tenha ligado tão profundamente o papa e o presidente norte-americano, é que ambos acreditavam piamente que foram chamados por Deus para fazer grandes ações pela liberdade do mundo. E, de fato, João Paulo II disse em 1982 que “a América era chamada, acima de tudo, para cumprir sua missão” e que “as condições indispensáveis de justiça e liberdade, verdade e amor, que são os fundamentos de uma paz duradoura, eram características da América”. Em sua primeira encíclica, escreveu que a liberdade religiosa era o direito humano essencial, um tiro direto nos soviéticos. João Paulo II também começou a rebaixar ou mesmo expulsar aqueles que sempre queriam “acomodar” comunistas dentro da igreja.

Para Reagan, que foi presidente do Sindicato dos Atores de Hollywood (Screen Actors Guild) e já conhecia todos os tentáculos do comunismo desde quando a ideologia tentava se infiltrar no cinema norte-americano nos anos 1950, não havia nada mais importante que a derrota da União Soviética. Quando ficou evidente que o Vaticano estava se unindo na luta contra o “comunismo sem Deus”, e isso deve ter causado arrepios nos antigos coletivistas do Politburo, o comitê central do partido comunista soviético, Reagan sabia que sua contraofensiva pesada ao Kremlin contaria com a colaboração da cúpula da Igreja. E isso foi crucial para a derrota do império do mal.

Na mesma semana em que celebramos o legado de João de Deus, o atual papa segue surpreendendoe desapontando — fiéis pelo mundo. 
Depois de não perder tempo em se manifestar sobre pandemia, racismo, queimadas na Amazônia, união homoafetiva e capitalismo malvadão, entrando para o time do aplauso fácil, Francisco, até a conclusão deste texto, ainda não havia se pronunciado especificamente sobre as igrejas incendiadas pela extrema esquerda no Chile nesta semana. [dos pontos destacados em itálico, o Blog Prontidão Total expressa opinião sobre a 'união homoafetiva' - clique e leia.

Francisco mantém distância dos EUA e aproxima-se da China
A Igreja da Assunção, após ser invadida por vândalos encapuzados durante uma grande manifestação na capital chilena, foi tomada pelas chamas criminosas. Enquanto a estrutura era destruída, muitos dos criminosos filmavam as gigantescas labaredas e comemoraram o ataque: “Deixa cair, deixa cair!”. Quando uma das torres de uma das construções veio ao chão, em chamas, gritos da celebração atingiram altos decibéis. O silêncio do papa também continua ensurdecedor. Os protestos no Chile marcaram um ano das revoltas que aconteceram no país no fim do ano passado, quando manifestantes tomaras as ruas para reclamar das políticas econômicas do governo.

Não é apenas o silêncio do papa Francisco em relação aos incêndios criminosos em igrejas no Chile que incomoda os fiéis — e afirmo isso como uma católica praticante. Depois de recusar em setembro um pedido de encontro feito pelo secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, que representa a nação que mais defende a liberdade no mundo, o papa argentino decidiu renovar um acordo com o Partido Comunista da China sobre a nomeação de bispos. Na prática, a medida dá a Francisco a palavra final acerca da nomeação de lideranças católicas no país asiático. Antes do acordo provisório assinado em 2018 e renovado agora, a China se recusava a aceitar que a nomeação dos líderes religiosos viesse do Vaticano, uma vez que não reconhece o papa como chefe da Igreja Católica.

Não precisa ler novamente. Você leu isso mesmo. No dia 22 de outubro, quando celebramos o legado de São João Paulo II, que inclui a brilhante, essencial e espetacular luta contra o comunismo, o papa Francisco assinou um acordo com o Partido Comunista Chinês. A nota oficial do Vaticano diz que o acordo “pretende continuar o diálogo aberto e construtivo para promover a vida da Igreja Católica e o bem do povo chinês”.

Entre as recentes declarações no mínimo estranhas do papa Francisco, há duras críticas à visão de que o liberalismo econômico possa ser a resposta para os problemas sociais do mundo. Ele também afirmou que as limitações do capitalismo foram expostas pela crise provocada pela pandemia de coronavírus, mas que aqui vamos chamar de — Vossa Santidade, tape os ouvidos vírus chinês. E por falar em capitalismo, o papa argentino ainda não se pronunciou sobre a excepcional economia socialista de Alberto Fernández em seu país.

João Paulo II e Reagan trabalharam juntos para pôr fim ao comunismo soviético ateu. Os dois tinham um plano divino para impedir o império soviético que estava envolvido em uma guerra contra a religião e as liberdades individuais. O trabalho de um papa e de um presidente ajudou a provocar o colapso do comunismo e gerou mais liberdade e oportunidades para as pessoas em todo o mundo. A ascensão do capitalismo, junto com o colapso do socialismo, melhorou espetacularmente as condições de vida das pessoas em todo o planeta. Dados do Banco Mundial mostram que a parcela da população global que vivia na pobreza era de 42,3% durante o primeiro ano da Presidência de Ronald Reagan. Em 2018, caiu para 4,8%. Isso significa que quase 1,25 bilhão de pessoas saíram da extrema pobreza. Graças à liberdade e ao capitalismo. Shhh… fale baixo, seu herege.

Os (poucos) fiéis que ainda tentam defender as declarações progressistas de Bergoglio insistem que o silêncio sobre as igrejas queimadas no Chile, a perseguição a cristãos no mundo, os campos de concentração de uigures na própria China, e tantos outros eventos sérios que não mereceram a palavra da Santidade, é um silêncio sábio e humilde, inspirado por Deus para “não colocar mais lenha na fogueira” da discórdia. Fogo que merece lenha do papa, só o da Amazônia. E com os aplausos de Hollywood. Esse papa é pop.

Leia a reportagem “O capitalismo sob ataque”, de Selma Santa Cruz

E também o artigo “Ideias, intuição moral e compromisso ideológico”, de Bruno Garschagen

Revista Oeste - Ana Paula Henkel 

Ana Paula Rodrigues Henkel,  - @AnaPaulaVolei antes Connelly, mais conhecida como Ana Paula, é uma arquiteta, comentarista política e ex-jogadora de voleibol brasileira


segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

O risco de um Estado repressor

Sinais de que a democracia pode ser minada
O esforço bem intencionado de muitos em tentar normalizar o presidente Jair Bolsonaro e seu governo de extrema direita sofreu um duro golpe com a revelação de que a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN), sob o controle do general Augusto Heleno, ministro do Gabinete de Segurança Institucional, está de olho nas atividades do que chama de clero de esquerda da Igreja Católica. E não só a ABIN, com escritórios em Manaus, Belém, Marabá e Boa Vista, já acionados. Relatórios a respeito também foram produzidos pelo Comando Militar da Amazônia, com sede em Manaus, e o Comando Militar do Norte, sediado em Belém. Trata-se, pois, de uma operação abrangente de inteligência que permite ao governo monitorar os passos de autoridades religiosas e de ONGs. [autoridades religiosas devem cuidar de assuntos religiosos e as ONGs intrometidas - na maior parte a serviço de governos estrangeiros - precisam ser neutralizadas.]
Em outubro próximo, sob a presidência do Papa Francisco, cerca de 250 bispos do Brasil, Peru, Venezuela e de outros países do continente se reunirão em Roma para discutir os principais problemas da Amazônia e dos povos que a habitam. O governo acha que isso representará encrenca certa para sua imagem lá fora e para a política ambiental que defende.
 
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, no entendimento de generais que cercam Bolsonaro, a Igreja Católica por aqui sempre foi “um braço do PT” e, agora, com a derrota eleitoral colhida pelo partido no ano passado, ela imagina assumir de vez a liderança da oposição ao governo. O encontro em Roma é visto pelo general Heleno como uma clara “interferência em assunto interno do Brasil”. [saiba mais sobre as intenções não muito católicas da Igreja Católica no Sínodo dos  bispos, clicando aqui.]
O Ministério das Relações Exteriores pressionará o governo italiano para que interfira junto ao Papa em favor dos interesses do governo brasileiro. A embaixada do Brasil no Vaticano foi avisada de que deverá fazer o mesmo. Planeja-se a realização em Roma de um simpósio para divulgar as ideias ambientais de Bolsonaro na mesma data da reunião dos bispos com o Papa Francisco. Onde no mundo das redes sociais, da economia globalizada, pode-se ainda falar em “assunto interno” ou exclusivo de um país? Nos Estados Unidos de Donald Trump, sob a suspeita de ter sido eleito com a colaboração do governo russo? Na Venezuela do ditador Nicolás Maduro, ameaçado de ser deposto por um movimento também apoiado pelo governo de Bolsonaro?
O mais ridículo da ofensiva contra a Igreja é que os generais de Bolsonaro parecem nada ter aprendido com seus colegas da ditadura de 64 que perseguiram o que chamavam de “ala progressista” do clero e se deram mal. A expressão “ala progressista”, tão comum naquela época, por sinal foi ressuscitada pelo general Heleno. Ele parece ignorar que a Igreja Católica mudou desde então. João Paulo II, o terceiro Papa mais longevo da história da Igreja, aproveitou seu reinado de quase 26 anos e meio para liquidar com a “ala progressista” em toda parte onde ela existia. Seu sucessor, Bento XVI, foi um implacável adversário da Teologia da Libertação que tantas dores de cabeça deu a governos conservadores ou simplesmente de direita mundo a fora.
Se comparado com seus antecessores, o Papa Francisco estaria à esquerda deles no enfrentamento dos problemas sociais e de outros temas contemporâneos como a globalização, por exemplo, e a questão ambiental. O governo Bolsonaro conceber que Francisco será sensível aos seus apelos e pressões é não conhecê-lo nem um pouco. É também dar-se uma importância que não tem. É no laboratório do general Heleno que estão sendo manipuladas as primeiras e mais escandalosas restrições ao pleno Estado de Direito. Envolver comandos militares na espionagem à Igreja e a movimentos sociais a ela ligados pode ser a mais explosiva, mas a única não é. Foi do laboratório de Heleno que saiu o Decreto 9.690 que desfigurou a Lei da Transparência.
 
[a norma deve ser:

“ninguém que não tenha necessidade de ser informado deve receber informação, ninguém deve saber mais do que o necessário, ninguém deve saber algo antes do necessário”.]


Há poucos dias, Heleno disse que mandou investigar como vazou para a imprensa a minuta do projeto de reforma da Previdência. Com isso o que ele quer não é necessariamente descobrir o responsável pelo vazamento, mas sim intimidar funcionários que possam colaborar com os jornalistas para tornar públicas informações que o governo prefere manter escondidas. [falta investigar os vazamentos de algumas investigações do Coaf.]
Tudo que atente contra a liberdade e os direitos dos cidadãos serve para minar a democracia. Bolsonaro e seus devotos, fardados ou não, sempre foram partidários de um Estado autoritário. Uma vez no poder, convenhamos, estão sendo apenas coerentes com o que pensam e pregaram durante a campanha. [e que quase 60.000.000 de eleitores brasileiros endossaram, ao eleger Bolsonaro.] De estelionato eleitoral, não serão jamais acusados.

À queima roupa (3)
 
...


+ Não sei onde está escrito que ministro do Supremo Tribunal Federal pode virar consultor do governo para projetos a serem submetidos ao Congresso. Mas de uns tempos para cá eles podem tudo, desde que não sejam investigados.
...
+ “Quem foram os responsáveis por determinar que o Adélio praticasse aquele crime em Juiz de Fora?”pergunta com razão o presidente Jair Bolsonaro em sua página no Twitter. Quem sabe não foram os mesmos que mandaram matar Marielle Franco? Por que ele não manda investigar os dois casos com o mesmo rigor? [não se pode comparar os dois casos; um atentado contra um candidato a presidente da República, hoje eleito e em pleno exercício do cargo, é um crime que tem ser investigado e os mandantes severamente punidos - não basta apenas prender o ex-psolista que cumpriu ordens de pessoas interessadas na morte do presidente JAIR BOLSONARO.
Todos sabem que razões muito especiais motivaram j w a fugir do Brasil.]
 

Blog do Noblat - Revista Veja 

domingo, 17 de junho de 2018

O terço de Francisco para Lula

Vivemos um tempo em que tudo nos é dado muito rapidamente. É preciso parar para pensar, e não apenas diminuir a velocidade

Deonísio da Silva
Não fosse a Copa, talvez tivesse prosseguido a polêmica do terço que o papa Francisco teria enviado ao ex-presidente Lula, ora cumprindo pena de prisão em Curitiba. Perdemos muito com a interrupção desta polêmica. Ela seria muito saudável e esclarecedora. Quem sabe o assunto volte depois da Copa.

Polêmica veio do Francês polemique, mas seu étimo remoto é o Grego polemiké, redução de polemiké tékhne, a arte da guerra. Todavia, o verbo grego polemizein tem o significado de mexer, sacudir, exercitar-se, não ficar parado. Não fiquemos, então, parados nos lugares-comuns a que nos levam as pautas da mídia, que tratou de tudo com muita superficialidade, inclusive de terço e de rosário como se fossem uma coisa só.

Logo no início do terço ou do rosário, depois de rezado o Creio em Deus Pai (em Latim, credo), havia mais um Padre-nosso, seguido de uma série inicial de três Ave-Marias, e de uma conta adicional para a pequena oração do Glória. Um padre-nosso é rezado no início de cada conjunto de dez contas, sempre finalizadas com um novo glória. No caso do rosário, perfaz um total de 169 pequenas contas. No caso do terço, este número cai para 59 contas. Conta tem dezenas de significados no Português, mas, neste caso, designa a pequena peça de madeira, de cerâmica, de vidro, de plástico ou de outro material, furada no centro para que se possa enfiar ali a corda, fio ou barbante que fará do conjunto um terço ou rosário.

O terço tinha cinquenta e três Ave-marias e seis Padre-nossos, ao final dos quais era rezada, para encerrar, a Salve Rainha (Salve Regina, em Latim). Em geral, o conjunto das contas, no terço como no rosário, traz uma cruz (ou crucifixo) e uma medalha de Nossa Senhora. Em resumo, o terço e o rosário começam com um creio em deus pai e terminam com uma Salve Rainha, nomes das orações que abrem e fecham o terço.

Bem, era assim até 2002, quando o então papa João Paulo II acrescentou mais cinquenta ave-marias e outros cinco mistérios, designando-os luminosos. Agora o terço não é mais um terço. Embora permaneça com este nome, o terço agora é um quarto. E quatro também são os conjuntos de mistérios: gozozos, dolorosos, gloriosos e luminosos.  Como se vê, há mais complexas sutilezas nos assuntos católicos. 

Mas vivemos um tempo em que tudo nos é dado muito rapidamente e, como exemplificou o artista francês Auguste Rodin, em 1904, com sua conhecida escultura O Pensador, é preciso parar para pensar, não apenas diminuir a velocidade. Afinal, o pensador que ele imaginou e representou em bronze está sentado e pensativo.

Deonísio da Silva
Diretor do Instituto da Palavra & Professor  Titular Visitante da Universidade Estácio de Sá
http://portal.estacio.br/instituto-da-palavra


Veja - Blog do Augusto Nunes

 

domingo, 23 de abril de 2017

São Jorge, um guerreiro como todo carioca

Falência do estado e índices de criminalidade em alta fazem aumentar devoção ao cavaleiro da Capadócia no Rio





São Jorge é o santo que teve sete vidas. Reza o mito que suportou as maiores torturas e que venceu até um dragão. Ele derrotou inclusive o poder da Igreja: o fato de ter sido rebaixado na década de 1960 para o terceiro escalão dos santos católicos e reconduzido ao primeiro nível em 2000 por João Paulo II — não diminuiu a devoção à imagem do bravo militar sobre um cavalo branco. 
 
No Rio de Janeiro, quanto mais difícil o quadro de violência, mais pedidos são feitos a São Jorge — o Ogum nas religiões afro no Rio. A veneração ao cavaleiro da Capadócia ganhou força na cidade nos anos 1990, devido à insegurança. De lá para cá, ele esteve presente em enredo de escola de samba; foi tema de novela; estampou roupas de grife e passou definitivamente a fazer parte do mundo da decoração. Com a crise financeira do estado e os índices de criminalidade galopantes, esse culto ao santo guerreiro — que não baixou a cabeça nem para o imperador romano — tende a explodir. Padre Dirceu Rigo, da Paróquia de São Jorge, em Quintino, espera receber neste domingo um milhão de fiéis em busca de proteção. 
 

O santo dos momentos de guerra

 Festa em Quintino deve receber mais de 1 milhão de pessoas este ano - Márcia Foletto / Agência O Globo

No ano passado, passaram pela igreja cerca de 700 mil pessoas. O padre traça um paralelo entre o mito e o dia a dia dos cariocas para explicar tamanha paixão por São Jorge.  — Quantos dragões o carioca enfrenta todo dia? São Jorge tem uma imagem muito forte de bravura, e vejo na nossa igreja as pessoas pedindo força e coragem. E quais são os dragões dos cariocas? O primeiro é a violência. Não temos mais segurança no Rio de Janeiro. Outro tem a ver com a saúde, olha quanto gente morrendo na porta dos hospitais. Temos ainda o dragão da educação e o da corrupção. Por isso o povo se identifica muito com São Jorge, porque o carioca tem essa bravura — afirma padre Dirceu, contando que São Jorge chegou a conselheiro do imperador Diocleciano, que perseguia os cristãos.

O cavaleiro do Império, por ser cristão, era um subversivo. Na narrativa desenvolvida depois pela Igreja, ele, por não negar suas convicções ao ser questionado pelo imperador, acabou preso. Sucumbiu apenas depois de ser chamado pelo Senhor. A professora Georgina Silva dos Santos, do Departamento de História da Universidade Federal Fluminense (UFF), carrega sempre com ela um anel de ouro com o santo. Seu nome é uma homenagem ao próprio: seu pai, Jorge, nasceu no dia 23 de abril de 1914 e era da Irmandade de São Jorge. Ela também é do dia 23, só que de junho. Georgina é devota desde o berço e, quando foi fazer doutorado na USP, buscou a explicação histórica para o que sentia e via ao seu redor. Ela lembra que, na infância, essa devoção a São Jorge não era muito diferente da dedicada a outros santos, como a São Sebastião, padroeiro da cidade.

O guerreiro ganha vulto em momentos críticos do Rio: — Essa devoção tem um pico por causa dos índices de violência altíssimos. As pessoas acabam evocando o santo para proteger a cidade. Em que medida essa devoção contribuiu para diminuir a violência, não sabemos. Mas, na dúvida, é melhor pedir — acredita a historiadora, explicando. — Na minha infância tinha festa para São Jorge nas igrejas como havia para Nossa Senhora das Graças, para Santo Antônio... Não era essa coisa pop. A sociedade fala dos seus medos, das suas angústias por trás de certos cultos. No Rio, a segurança é algo que aflige a todos, desde o mais humilde ao mais rico. Ninguém está imune a bala perdida, e hoje se mata por uma bicicleta. A invocação do São Jorge é, no fundo, a declaração de que estamos vivendo um conflito armado. A incompetência dos gestores em se dar conta disso faz com que se apele a uma outra instância, muito superior, para que ela consiga interferir na realidade objetiva.

Entre os lusitanos, os surtos de devoção se dão, tradicionalmente, em períodos de guerra. O primeiro foi no século XIV, quando Portugal derrotou a Espanha numa batalha pelo poder do reino. Com um exército minguado, o condestado (chefe militar da época) fez promessa a São Jorge. Tudo leva a crer que a oração foi forte: com a vitória, o santo ganhou papel de destaque na monarquia, e começou a fazer parte das procissões de Corpus Christi. No Rio colonial, sua imagem tinha grande apelo. Padroeiro da Dinastia de Bragança, durante o Império era venerado pela Corte e, nas romarias, sua imagem era acompanhada por 23 cavalos e saudada com tiros de canhão. Em sinal de humildade, o imperador descobria a cabeça na passagem do santo que lembra um príncipe. — O evento daquela época equivale ao que seria hoje os desfiles de escola de samba, em termos de aparato e acontecimento — diz Georgina. — A comoção vista hoje se aproxima da ocorrida na época do Império.

Ligado aos ofícios de ferro e fogocomo ferreiros, espadeiros, armeiros e mesmo barbeiros, considerados essenciais ao funcionamento do exército —, São Jorge tinha esses profissionais na formação da sua irmandade no Rio. A mistura com as religiões de raiz afro nasce da relação desses homens e sua mão de obra escrava. Além disso, meninos negros vestidos pela irmandade acompanhavam a procissão ao lado da imagem. 


LER MATÉRIA COMPLETA, em O Globo,  clicando aqui


domingo, 14 de junho de 2015

O bom combate em defesa da vida

Por isso os meios de comunicação de massa e as escolas [não só públicas] fazem todo um trabalho de colonização das consciências [é a doutrinação ideológica] para que haja uma aceitação da cultura da morte, sem que as pessoas se dêem conta de que estão sendo manipuladas e agindo contra o que naturalmente elas jamais fariam se não estivessem sendo condicionadas culturalmente a isso.

Exmo. Sr. Senador Paulo Paim, presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal, Profª. Fernanda Takitani, Dr. Gollop, Dra. Lenise Garcia, membros da mesa, e demais presentes.

              VÍDEO COM A ÍNTEGRA DO PRONUNCIAMENTO:  
                       O BOM COMBATE EM DEFESA DA VIDA

Estando de volta a esta Casa Legislativa, novamente no Senado, para, mais uma vez, fazer a defesa da vida desde a concepção, que é o propósito do Movimento Legislação e Vida, da Diocese de Taubaté, fundado por nosso Bispo Dom Carmo João Rhoden, e que há dez anos, junto com outras entidades e grupos, especialmente a Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família, que aqui representamos nesta audiência pública, inúmeras vezes vindo ao Congresso Nacional para trazer informações aos parlamentares, exortando-os a decidirem em favor da vida e da família, cujo combate pela vida tem se intensificado a cada dia, conforme S. João Paulo II expôs na sua memorável encíclica Evangelismo Vitae, dizendo que há um combate de mentalidades, cujo drama tem se agudizado em nossos dias, um conflito entre a cultura da morte e a cultura da vida. "Existe uma crise profunda da cultura", uma "conjura contra a vida", com circunstâncias dramáticas e terrificantes, que "tornam por vezes exigentes até o heroísmo as opções de defesa e promoção da vida". A vida humana tem um valor sagrado, que deve ser respeitado e salvaguardado, em todas as circunstâncias, desde a concepção até a morte natural. A questão do aborto é a ponta do iceberg. Sabemos que há um holocausto silencioso, vitimando milhares de seres humanos, a cada dia, em todas as partes do planeta, vidas ceifadas ainda no ventre materno, do modo mais cruento e doloroso, pois o inimigo de Deus tem sede do sangue inocente.

"Estamos todos na realidade presos pelas potências que de um modo anônimo nos manipulam", afirmou Bento XVI. Estas potências que atuam "de modo anônimo" tem expressão nos centros privados do poder e em grandes fundações internacionais, na vasta rede de OnG's feministas que defendem os direitos sexuais e reprodutivos, em agências da ONU, e em tantos governos locais, como aqui, o governo brasileiro, cumprindo a agenda desses organismos, a agenda antinatalista e antifamília do Foro de São Paulo, dos partidos políticos de esquerda, especialmente o PT, que expulsou dois parlamentares deste Congresso Nacional, Luiz Bassuma e Henrique Afonso, por não aceitarem essa ideologia inumana e terem sido a voz dos nascituros indefesos, nesta Casa de Leis.
 Este foi o pronunciamento do prof. Hermes Rodrigues Nery, diretor da Associação Nacional Pró-Vida e Pró-Família e coordenador do Movimento Legislação e Vida, no Senado Federal, sobre a questão do aborto, em audiência pública, realizada na Comissão de Direitos Humanos, em 28 de maio de 2015.