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domingo, 29 de outubro de 2023

Autoridades erram feio na Segurança e transformam Rio de Janeiro em território ocupado pelo crime - O Estado de S. Paulo

J. R. Guzzo

Governos ficam lamentando, falam em mandar ‘tropas’, mas sabem que tudo o que tem de fazer é simular atividade e ficar esperando o tempo passar

O Congresso Nacional, o supremo sistema judiciário e as classes intelectuais, que querem pensar por todos os brasileiros, transformaram o Brasil num território livre para o crime
Tomaram 30 anos atrás, ou algo assim, uma decisão fundamental: ficar ao lado dos criminosos e contra os cidadãos. 
 Com o apoio da maior parte da mídia, dos “movimentos sociais” e dos advogados criminalistas mais bem pagos, o Poder Legislativo passou a aprovar sistematicamente, nestas três décadas, leis em benefício direto da bandidagem e dos bandidos.

A grande teoria é que o crime, no fundo, é um “problema social”, causado pela pobreza, pela incompetência dos governos e pela “sociedade”. Enquanto não se resolver isso tudo, sustenta o “campo progressista”, a prioridade do poder público não pode ser a repressão aos atos criminosos. Tem de ser a recuperação moral dos bandidos, a oferta de oportunidades para que possam viver honestamente e, acima de tudo, a multiplicação permanente dos seus direitos diante da Justiça.

Ônibus incendiado no Rio após morte de miliciano; regiões inteiras da cidade não fazem mais parte do território nacional Foto: Pedro Kirilos/Estadão - 23/10/23
Deu espetacularmente certo para os criminosos – e errado para o cidadão. Na última explosão de banditismo no Rio de Janeiro, os marajás do crime organizado queimaram ônibus, fecharam ruas e mostraram quem manda nas suas áreas de ação. 
O trabalhador ficou sem transporte. É o “novo normal” do Rio. 
Regiões inteiras da cidade não fazem mais parte do território nacional; é como se tivessem sido ocupadas por uma tropa estrangeira, que não reconhece a existência da República Federativa do Brasil, nem do “Estado”. 
Nos episódios mais recentes de violência, inclusive, as quadrilhas capricharam em esfregar na cara dos governos que no país controlado por elas existe a pena de morte – e que estão dispostas a continuar aplicando suas sentenças. 
As autoridades ficam lamentando; falam em mandar “tropas”, mandar “verbas”, mandar o Batman. Sabem que tudo o que tem de fazer no momento é simular atividade e ficar esperando o tempo passar. Daqui a pouco as pessoas esquecem – e o Rio de Janeiro voltará às suas condições normais de temperatura e pressão.

Os brasileiros que cumprem a lei sabem, há muito tempo, que o Estado deixou de assegurar o seu direito constitucional à vida.  

Sabem, também, que os peixes graúdos do aparelho público que controlam as suas vidas, além dos milionários, vivem num país onde não há crimes, nem qualquer ameaça para a sua segurança pessoal – rodam em carros blindados, têm esquadrões armados em sua volta e não precisam chegar a menos de 50 metros de distância da população. Sua única preocupação é condenar a até 17 anos de cadeia os acusados de um quebra-quebra que consideram “golpistas”.

 

J. R. Guzzo, colunista - O Estado de S. Paulo

 


quarta-feira, 5 de outubro de 2022

Um tribunal que joga contra Bolsonaro - Revista Oeste

Cristyan Costa

Durante as eleições, o TSE censurou peças de campanha do presidente e permitiu que adversários atacassem a reputação do chefe do Executivo

Apesar de todo o empenho dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a ofensiva contra a candidatura à reeleição do presidente Jair Bolsonaro, por ora, não surtiu efeito. Nesta segunda-feira, 3, ao contrário do que apontavam as pesquisas, as urnas mostraram que haverá um segundo turno entre o chefe do Executivo e Lula.

Lula, na posse do Alexandre de Moraes no TSE, com Gilmar Mendes e em clima amistoso com o ministro do TSE Benedito Gonçalves | Foto: Montagem Revista Oeste/STF/SCO/Reprodução

 Lula, na posse do Alexandre de Moraes no TSE, com Gilmar Mendes e em clima amistoso com o ministro do TSE Benedito Gonçalves -  Foto: Montagem Revista Oeste/STF/SCO/Reprodução

Censura
Desde o início da campanha eleitoral, o TSE proferiu 19 decisões que, de alguma forma, tentaram atrapalhar a campanha de Bolsonaro, contra oito com potencial de prejudicar Lula. A mais recente ocorreu há cinco dias das eleições. Na semana passada, a Corte proibiu o presidente de fazer lives nas residências oficiais. O plenário referendou uma decisão do ministro relator da causa, Benedito Gonçalves, a pedido do PDT.

Apesar dos argumentos do voto divergente do ministro Raul Araújo, que trucidaram a tese segundo a qual fazer lives nos palácios do Planalto e da Alvorada configura “abuso de poder político”, os ministros Ricardo Lewandowski, Cármen Lúcia e Alexandre de Moraes seguiram o relator. Araújo recordou que o TSE não barrou condutas semelhantes a outros ex-presidentes, como Lula e Dilma.

O plenário fechou com a ministra Cármen Lúcia e negou um recurso da campanha do presidente para tirar do ar vídeos em que Lula chama Bolsonaro de “fascista”, “negacionista”, “miliciano” e “mentiroso”

“Parece-me que há a tentativa de impedir o presidente de fazer uso de um veículo de comunicação importante com os eleitores, de baixo custo, e que democratiza a campanha eleitoral”, acrescentou Carlos Horbach. O ministro ponderou que a decisão significaria um “custo considerável” à campanha de Bolsonaro, em virtude dos deslocamentos que serão necessários para as lives.

Na sequência, a ministra Maria Cláudia Bucchianeri lembrou que, em 2014, a candidata à reeleição do PT, Dilma Rousseff, concedeu entrevista ao Jornal Nacional, da Rede Globo, no interior do Alvorada. Além disso, durante a pandemia de covid-19, políticos recorreram a lives, muitas delas em residências oficiais, observou a juíza. “Qual é a diferença entre uma live feita pelo candidato A com um fundo branco de dentro da residência oficial e outra por candidato B feita em um fundo branco em um hotel?”, comparou a juíza.

Ainda na sessão, o presidente do TSE, Alexandre de Moraes, não conseguiu esconder o desprezo pela divergência dos colegas, ao fazer um gesto de “degola”, depois de o ministro Araújo discordar do relator. Após o episódio, Moraes explicou que estava dirigindo-se a um de seus assessores, que não passara informações importantes referentes ao julgamento, em tempo hábil para o ministro.

Alexandre de Moraes faz sinal de degola durante
 julgamento no TSE Imagem: Reprodução/TSE

Um dia antes desse revés, o TSE proibiu Bolsonaro de usar na campanha imagens de um discurso na ONU. A liminar havia sido concedida pelo ministro Gonçalves na semana anterior, novamente atendendo ao PDT. A sigla alegou que Bolsonaro “feriu a isonomia” e, com as fotos e vídeos, poderia valer-se de uma suposta vantagem (a condição de presidente), que os outros candidatos não têm.

O mesmo ministro também é o responsável por impedir Bolsonaro de fazer uso de um discurso que proferiu a apoiadores em Londres, antes de comparecer ao velório da rainha Elizabeth II. Do alto da varanda da residência oficial do embaixador do Brasil no país, o presidente defendeu a liberdade e ressaltou a importância do conservadorismo. A decisão de Gonçalves, que acolheu uma ação da senadora Soraya Thronicke (União Brasil-MS), foi referendada pelo plenário, dias depois.

Tampouco as imagens do 7 de Setembro puderam ser usadas por Bolsonaro. A decisão do ministro Gonçalves proibiu o governo de valer-se de fotos e vídeos, durante a campanha. Ao acatar um processo movido pelo PT, o juiz do TSE argumentou que Bolsonaro poderia praticar “abuso de poder político” contra adversários. “A medida do TSE violou a liberdade de manifestação do presidente”, constatou o jurista Dircêo Torrecillas Ramos, membro da Academia Paulista de Letras Jurídicas. “Todos podem reunir-se pacificamente em locais abertos ao público. Bolsonaro soube dividir os atos em dois: o desfile do Dia da Independência e, depois, sem a faixa presidencial, discursou para apoiadores. Não precisaria proibir o presidente.”

povo na rua - Sete de Setembro
Vista aérea da Avenida Paulista, em São Paulo, 
no 7 de Setembro de 2022 | Foto: ChoiceImages/Revista Oeste

O jurista Adilson Dallari acrescentou que, como justificativa, alegou-se que as festividades foram custeadas com recursos públicos. “Recursos públicos custearam as despesas da cerimônia oficial de Brasília, onde o presidente compareceu usando a faixa”. observou. “Nas outras manifestações, custeadas por particulares e por fundos de campanha, o candidato compareceu nessa qualidade. No fundo, o ministro Benedito Gonçalves atendeu a um pedido de Lula, a quem deve sua designação para o STJ.

Michelle Bolsonaro também tornou-se alvo do TSE. No mês passado, uma campanha pró-governo com a primeira-dama foi censurada pela Corte. Isso porque Michelle apareceu no vídeo por tempo superior ao limite de 25%, previsto em lei, para apoiadores que participam da campanha. “Normas do TSE limitam o tempo de manifestação de apoiadores”, disse Dallari. “No caso, a alegação é que o tempo máximo teria sido ultrapassado. Obviamente, o correto seria cortar o excesso, e não proibir a propaganda inteira.”

A mesma regra que o TSE usou para enquadrar a primeira-dama não valeu para Lula. Advogados do presidente Jair Bolsonaro foram ao TSE contra o uso de imagens de uma superlive entre o petista e artistas. O ministro Gonçalves manteve a peça no ar e pediu ao PT que apenas retirasse determinados trechos da propaganda em que os famosos cantam o jingle do ex-presidente.

Se a primeira-dama entrou na mira do tribunal, os eleitores do presidente não poderiam ficar de fora. Com uma canetada, a ministra Cármen Lúcia mandou remover outdoors com mensagens de apoio a  Bolsonaro nas ruas de Brasília. A juíza deu 24 horas para a empresa responsável tirar os painéis, caso contrário, teria de pagar multa diária de R$ 1 mil, acatando um pedido do PDT.

Assassinato de reputação
O TSE legitimou ainda uma série de ofensas e acusações da esquerda dirigidas a Bolsonaro. O plenário fechou com a ministra Cármen Lúcia e negou um recurso da campanha do presidente para tirar do ar vídeos em que Lula chama Bolsonaro de “fascista”, “negacionista”, “miliciano” e “mentiroso”. O argumento da relatora, seguido pela maioria dos magistrados: liberdade de expressão. “Como antes decidido por este tribunal, não é qualquer crítica contundente a candidato ou ofensa à honra que caracteriza propaganda eleitoral negativa antecipada, sob pena de violação à liberdade de expressão”, argumentou Cármen.

Bolsonaro também não pôde defender-se de uma reportagem do UOL, veiculada por alguns candidatos, que informa que o presidente e sua família compraram imóveis em “dinheiro vivo”. Conforme demonstrou reportagem da Revista Oeste, o termo “moeda corrente” usado pela notícia não tem relação com pagamentos feitos em espécie. A expressão significa dinheiro utilizado em um território. O TSE, contudo, não autorizou o presidente a rebater os ataques.

Além disso, a Corte Eleitoral manteve no ar o site de fake news “Mulheres com Bolsonaro?. Entre outros posts, o blog acusa o presidente de agredir mulheres, violar direitos de empregadas domésticas e defender o assassinato de uma deputada. O site não apresenta conteúdo eleitoral, pois em nenhum lugar faz menção ao pleito vindouro, mas tão somente colaciona matérias jornalísticas, já divulgadas em diversos veículos de imprensa”, sustentou a juíza do TSE Maria Cláudia Bucchianeri.

Parcialidade
Para Ivan Sartori, ex-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo, o TSE tem agido com parcialidade. “O TSE vem exercendo um papel bem restritivo sobre a campanha de Bolsonaro”, observou Sartori. “O presidente tem sido muito constrangido. Recentemente, durante a sessão que o proibiu de fazer lives nas residências oficiais, houve até um gesto de degola por parte do presidente do TSE. As sessões exigem respeito à liturgia do cargo.”

“O jornal New York Times comparou as Supremas Cortes dos EUA e do Brasil, dizendo que aquela era exclusividade jurídica e esta atuando politicamente, constatou o jurista Ives Gandra da Silva Martins. “Concordo com o jornal, como também na atuação política do STF, com uma tendência a atingir mais os conservadores do que os militantes da esquerda.”

Leia também “Alexandria, 2026”

Cristyan Costa, colunista - Revista Oeste


segunda-feira, 26 de setembro de 2022

A ‘ajudinha’ de Carlos Bolsonaro para o STF achar Janones e notificá-lo

Defesa do filho do presidente apresentou ao ministro Lewandowski dados do registro da candidatura do deputado, que ainda não foi notificado de ação

Depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) não conseguir encontrar e notificar o deputado federal André Janones (Avante-MG) a respeito de um processo movido contra ele na Corte pelo vereador Carlos Bolsonaro, como mostrou VEJA, o filho do presidente Jair Bolsonaro resolveu dar uma “ajudinha” ao STF para localizar Janones. 
 O deputado atua na coordenação da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas redes sociais e é acusado por Carlos do crime de injúria por tê-lo chamado de “miliciano”, “vagabundo”, “merda” e “bosta” em postagens no Twitter.

O advogado do Zero Dois anexou aos autos da queixa-crime a íntegra do Requerimento de Registro de Candidatura (RRC) de Janones à Câmara dos Deputados, no qual estão listados um endereço em Ituiutaba (MG), cidade de Janones, um telefone fixo e um número de celular com WhatsApp, além de um e-mail do parlamentar.

Anteriormente, um oficial de Justiça enviado pelo STF havia tentado contato com Janones por meio de assessores e idas a seu gabinete na Câmara, que estava fechado. O deputado deve se manifestar na ação de Carlos Bolsonaro caso tenha interesse.“Não obstante a surpresa pelo não cumprimento da diligência, uma vez que o querelado é um agente público com domicílio certo e de fácil localização, através do Requerimento de Registro de Candidatura – RRC (documento anexo) apresentado à Justiça Eleitoral, pode ser obtido outras informações fornecidas [sic] pelo próprio querelado que poderão auxiliar na efetivação da notificação já determinada por Vossa Excelência”, escreveu a defesa de Carlos ao ministro Ricardo Lewandowski.

Depois das informações apresentadas pelo advogado de Carlos, Lewandowski determinou que se busque notificar André Janones no endereço indicado em seu registro de candidatura.

O que diz a ação de Carlos Bolsonaro
André Janones fez publicações no Twitter atacando Carlos Bolsonaro, a quem chamou de “miliciano”, “vagabundo”, “merda” e “bosta”. Janones tem afirmado abertamente que pretende tratar os bolsonaristas com o que entende serem as mesmas armas usadas pelos apoiadores de Bolsonaro nas redes sociais.

Uma das publicações do deputado citadas na ação de Carlos Bolsonaro, feita em 24 de agosto, inclui uma caricatura em que um personagem representando Janones força outro, representando o vereador, a tomar o “próprio veneno” de um frasco. “Toma miliciano, engole tudo! Engole tudo e sem choro, seu merda!”, escreveu o parlamentar. “Tá gostoso, miliciano vagabundo?”, tuitou André Janones em seguida.

Três dias depois, ele voltou a ofender o vereador, que se licenciou do mandato na Câmara Municipal para passar a campanha em Brasília. “Sério que tinha quem achava esse merda desse Carlos Bolsonaro um gênio das redes? Esse cara é um bosta, gente!”, escreveu Janones.

O advogado de Carlos Bolsonaro sustenta que as manifestações do deputado não estão cobertas pela imunidade parlamentar e a liberdade de expressão. “Assim, considerando que o querelado agiu de forma livre, consciente com o nítido propósito de atacar a honra (subjetiva) do querelante ao afirmar que este seria ‘miliciano’, ‘merda’ e ‘miliciano vagabundo’, ‘esse merda’ e ‘um bosta’, em três publicações diferentes e de forma reiterada, não resta a menor dúvida de que o querelado cometeu o crime de injúria, cinco vezes”, diz a petição.

 Blog Maquiavel - Coluna em VEJA



domingo, 5 de dezembro de 2021

E O RADICAL SOU EU? - Adriano Marreiros

Todo bandido deveria conhecer uma cadeia antes de cometer crimes.

Todo juiz deveria visitar os hospitais e cemitérios onde estão as vítimas dos bandidos.

Toda prisão deveria ter, na entrada, uma galeria com fotos dos criminosos presos e a descrição dos crimes que eles cometeram.

 Um sistema de justiça criminal decente deveria proteger e beneficiar a vítima, não o criminoso."

 Roberto Motta

Outro desenho que era muito legal e que não passa mais (sem propaganda infantil acabou tudo...) era “O Fantástico Mundo de Bob”.  Podemos dizer que era algo que bem mostrava como uma criança via o mundo.  Em certo episódio praticamente todos os adultos disseram alguma vez a ele:  “se fulano se jogar da ponte você também vai se jogar?”.  Sim, nossa mãe também já nos disse isso, nossa avó, nosso tio...  Bob, no entanto, com sua lógica infantil que ainda não discernia o real da fantasia, e que não tinha a menor ideia de prioridade, respondia perguntando, sem entender a mensagem e cada vez mais exasperado: “mas que ponte?!!!”

Tenho visto muita gente se jogar infantilmente da ponte só porque outros o fizeram e eles também não têm a menor idéia de que ponte era essa.  Sequer conseguem vê-la na sua frente, apesar de estarem nela há muito tempo, como se fora o Piu-piu mencionado na crônica passada.  Bob não entendia a linguagem figurada:  essa turma não entende linguagem nenhuma, apenas desprezam argumentos fortes, repetem frases prontas e não pensam nas consequências.  Ainda mais que o papel aceita qualquer coisa e uma pena equilibrada sobre um papel pode resultar em  algo de dar pena, algo muito feio, uma imagem lamentável.  Algo que ajude a destruir o passado e condenar o futuro sem que o burocrata sem perspicácia sequer entenda o que fez.

Se não conseguem pensar por si próprios, se não conseguem perceber questões de causa e consequência,  deveriam perceber o equívoco ao notarem a alegria daqueles que devíamos combater ou dos que os defendem.  Toda vez que essa alegria é clara, é claro que vacilamos.  E eles sabem, como Napoleão, que não devem interferir quando nós estamos errando.  Quando estamos pulando da ponte, para imitar outros que já pularam e, com isso, estamos arremessando quem devemos defender.  Eles ficam  só acompanhando, batendo palmas, para depois colherem os frutos...

Ah, Adriano, você está sendo muito radical!”.  Estou?  Não vou te responder com nada novo... Já falei isso, em crônica que está no livro 2020 d.C. Esquerdistas Culposos e outras assombrações e,  e em vez ficar criando novidades, vou apenas repetir um trecho do que dissera naquele texto, parafraseando o Pessoa:

Nunca conheci quem tivesse sido radical

Todos que me cercam são moderados em tudo, isentos... isentões... modinhas[1]... “progressistas”...

E eu? Tantas vezes radical, tantas vezes fascista, tantas vezes ideológico...

Eu, tantas vezes tendencioso, parcial, miliciano digital

Que tenho espalhado “fake news” pelas redes mesmo quando digo verdades

Que tenho feito discursos de ódio apenas porque discordo de quem “eu não devia”...

Que tenho sofrido censura e calado

E que quando não tenho calado, tenho sido mais censurado ainda.

Eu que tenho sido cômico aos “garantistas” de plantão

Que tenho sentido o olhar blasé de bandidólatras e laxistas[2]

Eu que tenho me defendido com base nas liberdades da Constituição

E que quando a hora da mordaça chegou: as tenho tido negadas

Para fora da possibilidade da Constituição...

Eu que tenho sofrido a angústia da perda das coisas boas e belas do mundo

Verifico que quase não tenho pares nisto neste país.

Todo “progressista” que conheço, doloso ou culposo[3]

Nunca teve um ato radical, nunca assassinou reputações,

nunca atacou opositores, nunca criticou a imprensa,

nunca atacou argumentos com slogans e mantras,

nunca pregou intolerância com os conservadores,

nunca negou espaço a quem pensa diferente...

Nunca foram senão democratas nesta vida, grandes democratas...

Quem me dera ouvir uma voz franca que me confessasse não uma “firme” opinião, mas um duplipensar.

Que me dissesse uma palavra existente e não da novilíngua

Que assumisse uma usurpação e não uma interpretação...

Mas são todos, todos eles (com plural no masculino como manda a língua mãe do Fernando) todos democratas sem nódoa. 

Quem, neste país, confessaria sua vocação totalitária, oh, democratas, meus irmãos! 

Então só eu que sou odiento e radical nesta terra?

Poderão quebrar tudo, ameaçar idosos, avançar com violência sobre manifestantes pacíficos, execrar quem cumpre a Constituição, ofender quem aplica efetivamente a lei penal. Poderão  censurar, cancelar e até cometer crimes e abusos às vistas de todos, mas são “antifascistas”[4], são democratas: radicais?! Nunca!!!

Podem ter sido militantes em ambiente virtual, mas milicianos digitais: nunca!

Podem ter inventado um “novo” passado para alguém, mas divulgar “fake news” : nunca!

Podem ter escrachado e destruído reputações de opositores, mas discurso de ódio: nunca!

Podem ter apoiado isso tudo ou se omitido quando devia agir, mas partícipes: nunca!

Podem ter agido sem qualquer escrúpulo, mas radicais: nunca!

E eu, que tenho sido miliciano sem estar em nenhuma organização, eu que tenho dito fake News ao divulgar verdades e opiniões, eu que tenho feito discurso de ódio por dar opinião fundamentada e fazer crítica de fatos reais... Como poderei falar com esses meus iluminados superiores sem vacilar?

Eu que tenho sido radical, muito radical,

No sentido mais exagerado e infame do radicalismo!

Chega!  Estou farto de “progressistas” dolosos e culposos, de isentões e de modinhas!

Chamam conservadores de radicais e ideológicos quando o conservadorismo é justamente contra revoluções e contra ideologias[5].  Acusam-me do que eles fazem, xingam-me do que eles são.  E o radical sou eu?

Não conseguem enfrentar um bom argumento lógico, um argumento de realidade, um argumento de fatos, sem tentar distorcer, sem tentar desbordar, sem tentar ignorar e fingir que não foi dito, sem tentar tirar invenções ilógicas da cartola.  Precisam negar o debate para manter a hegemonia, precisam amedrontar todos os públicos por medo de serem desmascarados, precisam manter todos às cegas para implantar suas ideologias liberticidas. E o radical sou eu?

Precisam distorcer os diplomas legais, exercer poderes que não possuem e negar o poder àqueles de quem ele emana, mas o radical sou... EU?

Argh, estou farto de iluminados, estou farto do ódio “do bem”, estou farto do ativismo e do “garantismo” bandidólatra que despreza as vítimas e nos fez campeões de homicídios e outros crimes.

Argh, onde há democratas no Brasil?

 Continuemos procurando e buscando animá-los, porque já faz mais de um ano e nada melhorou...

O homem medíocre não acredita no que vê, mas no que aprende a dizer... (Olavo De Carvalho)

Na Tribuna Diária, publicado originalmente - Adriano Marreiros     

 

segunda-feira, 11 de outubro de 2021

Corrupção? Esquece - Lula está sem promessas e sem argumentos para derrotar Bolsonaro em 2022 - J. R. Guzzo

 Jovem Pan 
 

O  que o ex-presidente teria a dizer a favor de si próprio? A primeira ideia que ocorre é lembrar um tema que ele não vai poder aproveitar na campanha: o combate à corrupção

 A dificuldade de Lula é saber que ele não vai poder usar na disputa a 'pauta' da corrupção

 O que Lula vai dizer para o povo?

O ex-presidente Lula começa a armar a sua campanha para as eleições de 2022 e, naturalmente, tem diante de si o que deveria ser a pergunta-chave de todo o candidato na hora da largada: o que eu vou dizer para o eleitorado, de hoje até outubro do ano que vem? Não pode ser qualquer bobagem. Vai ser preciso, na prática e no fim das contas, dizer coisas que convençam o público de que ele, Lula, é melhor que o adversário, Jair Bolsonaro – sem isso, nada feito.

“A que novos desastres determinas de levar estes povos e esta gente?
(…)
Que famas lhes prometerás? Que histórias?
Que triunfos, que palmas, que vitórias?”
– Os Lusíadas, O Velho do Restelo

Se você fosse o Lula e se quisesse, como ele está querendo, ganhar a eleição de 2022 para ser presidente do Brasil outra vez, seria preciso, tão logo possível, ter na ponta da língua uma porção de coisas para dizer ao eleitorado. Muito bem: que coisas, exatamente, você diria? É melhor não ir respondendo que “essa é fácil”, porque não é fácil – na verdade, é uma complicação de bom tamanho. Muita gente boa pode pensar que com um Jair Bolsonaro no governo, qualquer um teria, já de cara, um monte de argumentos para montar a sua propaganda eleitoral.  
Afinal, o homem não é o genocida? 
Não é o “miliciano” e sabe lá Deus mais quanta coisa horrível? 
Não é o pior presidente que o Brasil já teve em 132 anos de República? Se é mesmo assim, qual é o problema? 
Qualquer candidato vai dar um passeio nele, não é mesmo? 
Lula, então, que já está com 110% de votos no Datafolha, nem precisa se levantar da cama. É só pensar um pouco, porém, e fica claro que a coisa não é bem assim – na verdade, não é nada assim.
 
Os fatos, quando se olha com frieza para eles, mostram o contrário do que dizem as teorias apresentadas acima. O principal problema de Lula, que segundo a realidade visível é o único candidato real da “oposição” para a eleição do ano que vem, é justamente o contrário:  
não tem o que dizer para os eleitores – não o suficiente para demonstrar a eles que é melhor do que Bolsonaro para ser o novo presidente do Brasil. Pode ser, é claro, que venha a ter material de sobra para a sua campanha; essa vida costuma ser cheia de novidades. Pode ser, até mesmo, que acabe nem sendo candidato, e que a missão de derrotar Bolsonaro seja entregue a um outro qualquer – é difícil, mas não é impossível. Mas, pelo que temos no momento, é isso: Lula não tem muito o que declarar à população brasileira em sua campanha eleitoral para 2022. Está “sem discurso”, como se diz nas mesas redondas que os cientistas políticos fazem na televisão depois do horário nobre.

Bolsonaro é descrito aí, há três anos seguidos e sem descanso, como uma mistura de Calígula com lobisomem

Começando pelo começo: o que há, de fato, para falar contra Bolsonaro se o seu problema é ganhar dele numa eleição para presidente? 
Esta deveria ser a cereja no bolo, ou o bolo inteiro. Se Lula levasse a sério o que dizem a imprensa, os governadores de centro e as classes intelectuais, estaria com a vida ganha; Bolsonaro é descrito aí, há três anos seguidos e sem descanso, como uma mistura de Calígula com lobisomem – e um monstro desses não poderia ganhar de ninguém. 
Mas nada disso é cereja, nem bolo. O que a mídia, a elite e a oposição vêm falando não tem tido efeito nenhum na situação real do inimigo. Esqueça os “índices de popularidade” publicados pelos “institutos de pesquisa”. O único índice que vale nesse negócio é a capacidade de levar gente para a rua. Na última vez em que foi se medir isso, deu mais de 200 mil pessoas na Avenida Paulista a favor de Bolsonaro
Lula e a esquerda não conseguiram juntar nem 10 mil miseráveis gatos pingados no mesmo lugar na sua manifestação de resposta. 
Lula, aliás, nem apareceu na Paulista: o que mais se poderia dizer em matéria de desastre com perda total?
Lula, com um olho só ou mesmo sem nenhum olho, em geral enxerga o dobro do que a mídia, a elite e todos os intelectuais de esquerda juntos; já sabe por intuição que não adianta nada, para ele, ficar falando que Bolsonaro anda “sem máscara”, que patrocina “rachadinhas” e que comanda milícias no Rio de Janeiro. 
Sabe que não rende coisa nenhuma, do ponto de vista eleitoral, atacar o adversário porque ele foi contra o fechamento das escolas, disse que o “fique em casa” estava destruindo empregos ou comeu pizza de pé em Nova York. 
Lula não acredita, ao contrário do que acham os jornalistas, que Bolsonaro vai perder um único voto por ser inimigo declarado da pedofilia e da abolição, nas escolas, das diferenças de sexo entre as crianças. 
Está convencido de que não lhe rendem nada as sucessivas imagens, supostamente negativas, que socaram em cima do adversário: homofóbico, perseguidor de quilombolas, racista, contrário à distribuição de mais terras para os índios. Está convencido que a “CPI da Covid”, em matéria de eleição, não vai beneficiar a sua candidatura em absolutamente nada. Sabe muitíssimo bem que o apoio que recebe de gente como Renan Calheiros é imprestável – o que ele vai fazer com isso numa campanha eleitoral?
 
Parece haver uma esperança, no momento, na piora da economia – se as coisas forem efetivamente para o diabo, com inflação de dois dígitos, juros em escalada e recessão, além de mais desemprego, comércio fechado e indústria quebrada, mais uma crise mundial para arredondar a desgraça, é claro que vai sobrar espaço para se falar mal do governo. Sempre há, também, as crises fatais fabricadas no complexo mídia-Ministério Público-STF e redondezas, com denúncias que vão levar, finalmente, à explosão da galáxia. Já se viu de tudo, aí. Houve a crise do falecido ministro Gustavo Bebianno. Houve “o Queiroz”. Houve o “quem matou Marielle?” Houve a “crise militar” na demissão do ministro da Defesa e dos comandantes das Forças Armadas. Houve as brigas com os ministros Barroso e Alexandre, com xingamento de mãe para baixo, ameaças de deposição imediata do presidente por descumprimento de ordens do STF e o drama terminal do “voto impresso”. 
 
Houve pelo menos uma boa meia dúzia de “golpes de Estado” anunciados, em modo de pânico, pela mídia, pelo Psol e pela Rede Globo. Houve o anúncio de “cadáveres” na manifestação do dia 7 de setembro em favor de Bolsonaro – ao final da qual não se quebrou uma única vidraça. Agora fala-se das “contas offshore” do ministro Paulo Guedes – e por aí iremos, até o dia da eleição. Sai alguma coisa de todo esse angu? Sai, mas some. Em comum, entre todos os episódios citados acima, há o fato de que estão mortos e sepultados no esquecimento. Alguém ainda se lembra do voto impresso?
 
É limitado, assim, o que Lula pode falar contra o governo – pois mesmo a crise econômica, que sempre é um problemaço, exige que o sujeito tenha ideias melhores que o adversário para resolver os problemas. Lula não tem ideia nenhuma ou, se tem, ainda não contou para ninguém. Resultado: crise econômica, sozinha, não é suficiente para ganhar eleição. E a favor de si próprio, então – o que Lula teria a dizer?  
A primeira ideia que ocorre é lembrar um tema que ele não vai poder aproveitar na campanha: o combate à corrupção. 
Candidato a qualquer coisa, no Brasil, tem de se anunciar como um marechal-de-campo da luta contra a ladroagem e os ladrões; sem isso, já se começa a campanha perdendo de dois a zero. Agora, honestamente: dá para alguém pensar a sério que Lula pode subir ao palanque em 2022 falando que ele, Lula, vai combater a corrupção? Não – não dá.  
Primeiro porque não vai colar a tentativa de dizer que Bolsonaro é ladrão. Segundo porque Lula é o último político neste país que pode falar sobre o assunto roubalheira.

Cuba, Venezuela e as ditaduras mais primitivas da África foram a base da nossa “política externa”

Não vai adiantar nada, a esse propósito, Lula dizer que foi “absolvido” e que a sua “inocência” foi “reconhecida” pela Justiça. Ele não foi absolvido de coisa nenhuma e ninguém, nem no Judiciário brasileiro, diz que ele é inocente: tudo o que os seus parceiros nas nossas cortes supremas fizeram foi dizer que Lula deveria ser julgado em outro lugar, e que o todo processo teria de começar de novo. 

De qualquer jeito, a última coisa que um cidadão decente pode querer no Brasil de hoje, sobretudo se for candidato a alguma coisa, é dizer que “o Supremo” está a favor dele. Supremo? Deus me livre. Quanto menos Lula falar no assunto, melhor para ele – ou menos pior.

E além da luta contra a corrupção – o que Lula poderia dizer de bom a respeito de si mesmo e sua capacidade de governar? Também aí é jogo duro. Ele legou o Brasil a Dilma Rousseff. Na economia, os seus momentos de crescimento foram voos de galinha. Bolsa Família? 
A de Bolsonaro está dando mais dinheiro. A educação pública, que deveria ocupar as dez prioridades de qualquer governo que se diz “popular”, foi uma calamidade: era péssima quando assumiu, estava pior quando saiu. O episódio mais marcante na área da saúde, em seu governo, foi o da Máfia dos Vampiros, criação da companheirada para roubar sangue dos hospitais públicos. O segundo, depois desse, foi a importação dos médicos cubanos para trabalhar em regime de semiescravidão. 
 
Durante os oitos anos em que ficou no Palácio do Planalto, o Brasil foi governado por empreiteiros de obras públicas que a Operação Lava Jato imortalizou, e por banqueiros, de esquerda e de direita, a quem obedeceu do primeiro ao último dia. Lula vai ter de jogar todas as suas esperanças nas mágicas do marketing eleitoral. Na última vez, com o seu “poste” de 2018, não deu certo. Ele reza, agora, para que volte a dar.
 
J. R. Guzzo, colunista - Jovem Pan

domingo, 12 de setembro de 2021

A NUDEZ DAS CORTES - Percival Puggina

Expostos a sucessivos choques de realidade, os opositores mais ferrenhos do presidente da República estão atarantados.  
Projetaram sobre ele seus fantasmas pessoais. Para todos os efeitos, o futuro do país resultaria das ações desse terrível personagem no ambiente a ser criado pelo projeto político oposicionista. Ora, quem conta estórias sobre o que vai acontecer na vida real acaba trombando contra o concreto duro dos fatos. É um processo autodestrutivo, que muitos estão descobrindo tarde demais. Os fatos são teimosos.

Mesmo antes da campanha eleitoral de 2018, a mídia militante brasileira cuidou de moldar em seu imaginário criativo um Bolsonaro homofóbico, xenófobo, racista, machista, misantropo.  Essas acusações, não encontrando fundamento em ações do presidente, ou em medidas do governo, foram deixadas de lado para que ele, no imaginário dos romancistas da mídia militante, virasse miliciano e genocida.

Como tampouco por aí os fatos corresponderam à conduta do personagem inventado, a criatividade dos novos autores da história passou a acusar o presidente de ser um rematado e histórico golpista. Veio o 7 de setembro. Milhões de brasileiros saíram às ruas em todo o país. Não houve um carro arranhado, um vidro quebrado. A ninguém antes, os cidadãos brasileiros concederam tão explícito e pacífico apoio. Que uso fez dele o presidente? O teimoso, turrão, brutamontes inventado pela mídia mostrou sua musculatura política e, no passo seguinte, desmascarando os verdadeiros golpistas, derrubou os historiadores do futuro. 

O descontentamento com que receberam a Carta à Nação mostrou o real interesse de seus adversários. É inevitável, agora, a exposição dos verdadeiros golpistas e a identificação dos construtores do conflito entre os poderes.

Está doendo e visível como fratura exposta a crise da democracia representativa no Brasil. Ela é permanentemente desacreditada pelas tramas, insensibilidade, incompetência e pelo desprezo da cúpula do Congresso Nacional à “incômoda” voz das ruas.  
Logo após as manifestações do dia 7 de setembro, o presidente do Senado suspendeu as sessões dos dias subsequentes e fechou as portas!

Quem é golpista? Quem estica a corda? Quem desarmoniza os poderes? Qual a instituição de Estado que não cumpre seu papel? Qual a que ultrapassa os limites impostos pela Constituição? Quem quer o insucesso do governo?

Não é o rei que está nu. São as inteiras cortes de Brasília, na hora da verdade.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2020

Alô PT, o que exatamente aconteceu com Adriano da Nóbrega? - Alexandre Garcia

Gazeta do Povo

Ex-capitão do Bope, o miliciano Adriano da Nóbrega foi morto em ação policial. Mas em que circunstâncias?

O boletim Focus deu uma pequena reduzida na expectativa de crescimento do PIB para este ano, para 2,23%. O do ano passado foi para 1,11%, ou seja, em termos percentuais, o crescimento seria o dobro do ano passado.  Houve uma redução na inflação deste ano também, a expectativa ficou em 3,22%. Já o risco Brasil, a confiança que o país desfruta para os credores e investidores, está no índice mais baixo dos últimos 12 anos: 93,8%.

Só para lembrar, quando Lula ganhou a primeira eleição estava em 2.446%. Quanto mais alto esse índice, mais desconfiança os investidores têm para com o país. O resultado foi bom.

Queima de arquivo?
O que o governo da Bahia e a família vão fazer com o cadáver, ainda insepulto, [atualizando: após nova perícia realizada na noite do dia 20, no IML - RJ, o corpo foi liberado para sepultamento.
A pressa foi grande, já que sob a gestão Witzel o IML do Rio não dispõe de câmara frigorífica para conservação de cadáveres.
Acoluna ora transcrita é anterior àquela data.]  do ex-capitão do Bope e miliciano Adriano da Nóbrega? Ele foi morto com dois tiros de fuzil à queima roupa enquanto estava cercado por 72 policiais militares.

Obviamente Nóbrega não trocou tiros com nenhum PM, já que estava sozinho. Imagina-se que foi se entregar e que tenham insistido para que fizesse delações ou algo parecido e ele se recusou. Queriam cremar logo o corpo, por esse motivo há desconfiança de que tenha havido algum tipo de tortura. No entanto, a cremação foi impedida, inclusive a pedido do senador Flávio Bolsonaro. O filho do presidente, quando era deputado estadual do Rio de Janeiro, condecorou o miliciano pelos serviços que ele prestou à PM em outra época.

Talvez pelo fato de tentar envolver um senador no caso, o corpo vá para um médico legista da PF. A viúva está querendo que o corpo vá para o serviço de legistas da Polícia Civil do Rio de Janeiro para não deixar tudo nas mãos do governo da Bahia. Não tem como dizer que a morte de Nóbrega foi queima de arquivo. O governador é um dos fundadores do PT. Não tem como dizer que o partido quer queimar arquivo, exceto se houve tortura. Há uma grande expectativa acerca do resultado da medicina forense para saber exatamente o que aconteceu.

Adélio e outro atentado
Qual foi o motivo do atentado do deputado federal Loester Trutis na estrada entre Campo Grande e Sidrolândia (MS)? Esse foi o deputado que ofereceu R$ 100 mil em recompensa para quem desse informações sobre o atentado que Bolsonaro sofreu em Juiz de Fora (MG).  O Ministério Público Federal está pedindo a remoção de Adélio Bispo do presídio federal de Campo Grande dizendo que é incompatível a presença dele com o diagnóstico de transtorno mental delirante persistente. [lembrem-se do caso Celso Daniel - morreram assassinados ou em circunstâncias, digamos, misteriosas, mais de dez. 
Incluindo garçom, perito policial e outros.
Motivo: algum envolvimento, ainda que inocente, involuntário, presença em local que o ex-prefeito esteve antes de morrer.]

Segundo o MPF, o presídio não tem condições para tratar dele, sendo assim, seria melhor que Adélio Bispo estivesse em um hospital de custódia ou em uma instituição adequada. A PF de Campo Grande assumiu as investigações desse atentado já que se trata de um deputado federal. É necessário mais esclarecimentos.

Alexandre Garcia, jornalista - Vozes - Gazeta do Povo


domingo, 16 de fevereiro de 2020

Os bastidores da operação que encontrou o miliciano Adriano na Bahia - VEJA

Detalhes da ação revelam que ex-capitão do Bope foi localizado pela Polícia Civil do Rio graças aos erros cometidos pela rede de contatos que mantinha

A morte de um dos criminosos mais procurados do país, o carioca Adriano Magalhães da Nóbrega, 43 anos, localizado pelo núcleo de inteligência da polícia do Rio de Janeiro e morto pela polícia da Bahia no último domingo 9, encerra um ciclo de buscas iniciado mais de um ano antes, em janeiro de 2019, quando a Justiça decretou sua prisão e a de outras doze pessoas. A razão: Adriano chefiava uma das maiores milícias do Rio, a de Rio das Pedras, na Zona Oeste carioca. A operação para sua captura, que o governador Wilson Witzel (PSC-RJ) celebrou enaltecendo sua polícia (“ela está em outro patamar”), deixou um rastro de perguntas sem respostas e acusações. O advogado do bandido, Paulo Emílio Catta Preta, e sua mulher, Julia Emília Mello Lotufo, sustentam que o ex-capitão do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) foi executado e não morto durante a troca de tiros com agentes que o capturaram na cidade de Esplanada, no litoral da Bahia.

Adriano foi o último alvo da operação Os Intocáveis a ser localizado. Outros doze foram presos antes. Segundo policiais que participaram da operação durante quase um ano, isso tem a ver com o fato de o ex-caveira, como são conhecidos os integrantes do Bope, ser extremamente cauteloso e treinado. “Ele não cometeu nenhum erro durante esse período todo em que esteve foragido.” Acabou sendo apanhado ao fazer contato com familiares e outros bandidos que vinham sendo monitorados. Nesses casos, tomava um cuidado: sempre trocava o chip do celular. “O contato com parentes e comparsas da milícia nos levaram até ele”, disse um policial a VEJA. Esses mesmos contatos estão sendo investigados pelo Ministério Público.

Foi justamente por meio de interceptações dos contatos de Adriano que a polícia chegou, pela primeira vez em dezembro, ao condomínio de luxo Quintas do Sauípe, no litoral baiano, onde as casas são avaliadas entre 2 e 3 milhões de reais. A mansão de número 14D foi alugada por Adriano no período de 26 de dezembro a 5 de fevereiro. Até 30 de janeiro era possível encontrar o ex-policial e a mulher, Julia, frequentando as áreas comuns do condomínio, como a academia. Além do casal e das filhas de 7 e 17 e 7, amigos e familiares do miliciano o visitaram no local, segundo relatou este policial a VEJA.

O bem-bom foi interrompido quando agentes da polícia baiana viram Adriano, de bermuda cargo bege e sem camisa, na propriedade. Ao perceber a movimentação suspeita, o miliciano fugiu pelo mangue nos fundos do condomínio. “Ele escolheu aquela casa por ser a única rota de fuga que não era monitorada por câmeras de segurança. Ainda não sabemos se deixou um carro no local planejando escapar ou se foi resgatado por alguém”, disse o policial.

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HISTÓRICO DE FUGA
Entre janeiro e junho de 2019 a polícia e o Grupo Especial de Repressão ao Crime Organizado, o Gaeco, do Ministério Público do Rio, ficaram completamente no escuro quanto a localização de Adriano. Não havia nenhuma pista sobre o desaparecimento dele. Nem mesmo o Disque Denúncia, que costuma receber informações anônimas sobre esse tipo de criminoso, havia registrado qualquer informação sobre o miliciano. Segundo fontes da Polícia Civil, Adriano teria passado uma temporada em Minas Gerais no meio do ano passado, entre junho e julho. Mas não parava muito em um único lugar. “Quando reunimos informações mais consistentes sobre seu paradeiro em Minas, já não dava mais tempo de alcançá-lo”.   Outra forte suspeita da polícia é de que Adriano esteve no Panamá. Mas também lá não teria ficado por muito tempo. “Sabíamos que ele não estava no Rio, mas acreditávamos que, mesmo tendo recursos para se manter no exterior, ele optaria por permanecer no Brasil para manter o controle dos negócios ilícitos que tocava: milícia, agiotagem e máquinas caça-níquel”, disse o mesmo policial a VEJA.

Em VEJA, MATÉRIA COMPLETA


Bolsonaro rebate Rui Costa e vê ‘provável execução’ em morte de Adriano - VEJA

Presidente da República e governador da Bahia trocaram farpas, neste sábado, sobre a morte do miliciano, ex-capitão do Bope

O presidente Jair Bolsonaro divulgou, na noite deste sábado, 15, uma nota na qual rebate críticas do governador da Bahia, Rui Costa (PT), questiona a atuação da Polícia Militar do estado, e afirma que o ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega foi vítima de uma “provável execução sumária”.

A execução do ex-Cap Adriano não pode deixar de ser esclarecida, a exemplo do caso Celso Daniel.

No Rio de Janeiro, onde participou, neste sábado, da inauguração da alça de ligação da ponte Rio-Niterói à Linha Vermelha, Bolsonaro afirmou que foia PM da Bahia, do PT” a responsável pela morte de Adriano da Nóbrega. Pouco depois, o governador Rui Costa rebateu o presidente da República e disse haver “laços de amizade” entre Bolsonaro e o miliciano, considerado uma das lideranças do Escritório do Crime. 
Em nota, divulgada em suas redes sociais, Bolsonaro cita a reportagem de capa de VEJA que trouxe fotos do corpo do ex-capitão que reforçam suspeitas de que ele foi morto com tiros disparados à curta distância – o que contraria a versão oficial da polícia da Bahia, responsáveis pela ação. As imagens também sugerem que, antes de morrer, Adriano da Nóbrega pode ter sofrido violência.



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[Ao falar da morte de Celso Daniel, do cadáver insepulto que assombra o PT, da 'queima de arquivo', efetuada, o presidente Bolsonaro apavora o PT, atemoriza Givberto Carvalho, o ex-seminarista de 'missa negra' e grande parte da cúpula petista.]
“A atuação da PMBA, sob tutela do governador do Estado, não procurou preservar a vida de um foragido, e sim sua provável execução sumária, como apontam peritos consultados pela revista VEJA. É um caso semelhante à queima de arquivo do ex-prefeito Celso Daniel, onde seu partido, o PT, nunca se preocupou em elucidá-lo, muito pelo contrário”, diz o texto.

O presidente da República também afirma que Rui Costa mantém fortíssimos laços de amizade com bandidos condenados em segunda instância”, em alusão ao ex-presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva. “O atual governador da Bahia, Rui Costa, não só mantém fortíssimos laços de amizade com bandidos condenados em segunda instância, como também lhes presta homenagens, fato constatado pela sua visita ao presidiário Luiz Inácio Lula da Silva, em Curitiba, em 27 junho de 2019”, acrescenta a nota. 

 VEJA - Transcrição em 16 fev 2020