Nota do
editor: este artigo, de autoria do atual vice-presidente da República e
senador eleito pelo RS, foi divulgado pelo Clube Militar e eu o estou
reproduzindo do blog do ex-ministro da Educação, Prof. Ricardo Vélez.
O resultado
dessa eleição presidencial foi um teste para a democracia no Brasil.
Como aconteceu a tantos países na História contemporânea, das urnas
emanou no último dia 30 de outubro, uma decisão cujos resultados só
podem ser revertidos pela prática da democracia, a começar pelo respeito
às manifestações ordeiras e pacíficas da população.
A palavra,
distorcida pela grande imprensa e cerceada pelo Judiciário, venceu a
razão, presente tanto nas reformas de que o País precisa quanto nos
números irretorquíveis do trabalho do governo.
A amargura
da tragédia da pandemia sobrepujou o muito que a administração federal
fez e procurou fazer em prol da população, particularmente da mais
pobre. De uma eleição em que os meios se impuseram aos fins não há o que comemorar, apenas lições e responsabilidades a assumir.
A primeira
delas é a de que, no Brasil, a Direita, aquela tendência do pensamento
político caracterizada pelo conservadorismo de costumes, pelo estímulo à
iniciativa privada e pela defesa da liberdade sob a égide da lei, é
muito maior do que os votos que ela recebeu ou do que os votos que eram
seus e deixou de receber, dissipados por meios, legítimos ou não, cuja
legalidade a História julgará.
O eleitor
de direita é a pessoa que acredita em Deus, ama a Pátria e defende a
família, cada vez mais consciente de que vive em uma sociedade
politicamente organizada no Estado Democrático de Direito, onde, entre
outras premissas: todos são iguais perante a lei; onde é livre a
manifestação do pensamento e de expressão, independentemente de censura
ou licença; não há crime sem lei anterior que o defina…[então, considerando que no Brasil as premissas citadas não são respeitadas, então no Brasil NÃO VIGORA em um "Estado Democrático de Direito"??? descobrimos a pólvora?
ops... alegria de pobre dura pouco e acabamos de lembrar que algumas das premissas são desrespeitadas por autoridades supremas a pretexto de preservar o 'estado democrático de direito'.
Desistimos... vai que nossos pensamentos nos levam a uma CONCLUSÃO ERRADA - o que no Brasil atual é crime contra a democracia e contra o 'estado democrático de direito'.]
Em
português, como em outros idiomas, a Direita está associada ao agir
direito, ao procedimento correto, acertado e apropriado. A Direita é
razão e, por isso, mais uma vez, tem razão em abominar o que se afigura
como possível de acontecer ao País pelo desrespeito ao que ele é e à
democracia que ele segue construindo. A Direita respeita a lei, pratica a
democracia e preza a verdade.
O que nos
leva à segunda lição: a Direita vive da razão. Quem é de direita se
sente responsável pelo que lhe acontece e ao País, é realista diante das
dificuldades, pensa por si próprio e é capaz de criticar os erros dos
seus representantes quando eles se afastam dos compromissos assumidos.
A Direita,
por se orientar tanto por ideias quanto por ideais, se espraia por
várias demandas, é pouco ideológica e dá espaço a novas lideranças,
porque sabe que precisa delas. Sendo difícil de enquadrar por qualquer
programa partidário único, o eleitor de direita é a antítese do súdito
perfeito do autoritarismo e do totalitarismo. Na verdade, ele é a
personificação impessoal da democracia.
Mas a
grande lição deixada pelos dois turnos das eleições de 2022 foi a de que
o Brasil é majoritariamente de direita, a Direita que, não obstante ter
se dividido em distintas correntes de opinião, levantou bandeiras e se
mobilizou em defesa do que acredita.
A Direita que, pela primeira vez na
História do País, está firmemente enraizada em todas as classes
sociais.
De algumas lições evidentes emergem respostas a este momento de perplexidade que exige tomada de posição firme e clara.
Fui eleito
pelo Rio Grande do Sul para o Senado da República, apresentando-me como o
verdadeiro candidato da direita ao povo gaúcho que me escolheu para
servi-lo e ao Brasil. Estou pronto para formar nas fileiras da oposição
democrática ao lado de meus companheiros de partido e de convicção em um
Brasil de progresso, de honestidade e de segurança para toda sua
população, como sentinela atenta das liberdades e defensor intransigente
dos valores e ideais que me elegeram, propugnando pelo resgate das
prerrogativas e deveres do Senado Federal, cujo esquecimento levaram o
País a situações inimagináveis e inaceitáveis.
Mas não
posso deixar de me solidarizar com o profundo sentimento de inquietação e
de inconformismo que vai tomando as ruas e praças do País. O Brasil não
pode se permitir pensar fora da democracia. Mas ele precisa de
respostas neste momento, não da fala de autoridades que não as oferecem e
extrapolam de suas atribuições disparando ameaças e ofensas.
O acatamento a resultados de eleições caminha lado a lado com o respeito ao povo em suas legítimas manifestações.
Está na
hora de o Brasil, pela inarredável confiança em seu futuro, lembrar a
ele mesmo e mostrar ao mundo o que é a Direita, a prática e a tradição
política do Ocidente que obteve os grandes triunfos da História.
Transcrito do site Percival Puggina