Por Rodrigo Constantino
A cada dia vem um novo balão de ensaio. Já tentaram João Doria, Mandetta, Luciano Huck, Tasso Jereissati, Eduardo Leite, Rodrigo Pacheco, João Amoedo, Joaquim Barbosa e até Danilo Gentili. Tentam de tudo para sair da polarização entre Lula e Bolsonaro pela esquerda, mas nada parece prosperar. Se os verdadeiramente mais moderados não tivessem enveredado por esse caminho sensacionalista de demonizar qualquer um que enxergue virtudes no governo, tratando Bolsonaro como "genocida", talvez fosse possível evitar o afunilamento binário. Talvez um nome efetivamente de centro-direita, que propusesse abandonar os excessos bolsonaristas sem jogar fora o bebê junto, pudesse ter alguma chance. Não foi isso que aconteceu.
Para começo de conversa, todos esses nomes são de alguma forma "tucanos", ou seja, centro-esquerda ou esquerda mesmo. E o destino de todo tucano é, quando descer do muro, fazê-lo pelo lado esquerdo, normalmente caindo direto no colo de um petista.
Essa turma toda não fez críticas construtivas ao governo Bolsonaro; preferiu trata-lo como a pior coisa que aconteceu em nosso país, isso mesmo com Paulo Guedes, Tarcísio, Marcos Pontes, Tereza Cristina, Ricardo Salles, fora o quadro sério ocupando as estatais, Roberto Campos Neto no Banco Central e mais, muito mais. Não era uma questão de tecer críticas pontuais, legítimas, mas sim de demonizar todo um governo com quadro técnico e sem escândalo de corrupção até aqui.
Os "moderados", os "liberais", os de "centro", no afã de responsabilizar Bolsonaro por tudo de ruim que acontece no país, passaram pano para os abusos escandalosos do Supremo Tribunal Federal, deixaram de apontar para o sensacionalismo esquerdista da imprensa, e chegaram ao ápice de normalizar até figuras radicais como Ciro Gomes. Quem pode levar a sério quem chama Bolsonaro de radical ao lado do Ciro?
Por isso tudo e muito mais, esses "moderados" da tal "terceira via" não têm chance em 2022. Pelo visto até o líder do MBL, um dos ícones dessa guinada de comportamento, passando a adotar postura lamentável e oportunista, admite a derrota. Em sua coluna de hoje, Renan Santos conclui: Esqueçam a ideia de um candidato único na terceira via. Não haverá. Os “partidos do centro” já acertaram com Lula seu papel eleitoral no jogo vindouro. Congestionarão o caminho do centro, permitindo ao moribundo Bolsonaro um ingresso claudicante no segundo turno. O PSD de Kassab já declarou oficialmente que terá candidato. “Derrotados” — mas fortalecidos no parlamento —, unir-se-ão a Lula no segundo turno, em nome da democracia, dos cargos e dos ministérios.[lembrando a este cidadão, que está em queda livre para o ostracismo (só conseguimos associar o nome do indivíduo à coisa que ele diz liderar após pesquisa no Google.]
Bolsonaro só está "moribundo" em sua torcida, o que prejudica qualquer análise. Mas mesmo assim ele reconhece que a probabilidade grande é de um segundo turno entre Lula ou Bolsonaro. E será bem curioso ver para qual lado esses "liberais" que passaram a confundir Bolsonaro com o vírus chinês vão pender no ano que vem. Pois eles podem espernear o quanto for, não importa: tudo leva a crer que será uma escolha binária entre Bolso e o ladrão do Foro de SP!
Rodrigo Constantino, colunista - Gazeta do Povo