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segunda-feira, 3 de outubro de 2016

As urnas abrem o calvário do PT



A pecha da corrupção, pela Lava Jato, e a crise econômica fazem o partido encolher nas prefeituras. Assim, será mais difícil eleger deputados em 2018
De acordo apenas com os resultados nas capitais dos estados, já disponíveis, o calvário previsto para o PT está confirmado. Além da derrota do prefeito Fernando Haddad em São Paulo, que não conseguiu nem chegar ao segundo turno, o partido emplacou apenas um prefeito em primeiro turno – Marcus Alexandre, em Rio Branco, no Acre, reeleito. No Recife, João Paulo disputará o segundo turno. E só. Em 2012, o PT elegeu quatro prefeitos de capitais, sendo que uma delas era a maior do país. Hoje, tem apenas uma das menores. Os últimos quatro anos não foram gentis com o PT. O resultado disso está saindo das urnas.  

Em 2012, o Brasil sorria para o PT. A economia parecia estar em ordem – não havia ainda os efeitos da política econômica de expansão de gastos públicos e pedaladas fiscais, já em vigor em Brasília sob a Presidência de Dilma Rousseff. Não havia também o ronco das ruas. Não havia a Operação Lava Jato. Em pouco tempo, tudo mudou. Em 2013, as ruas foram tomadas por manifestantes que protestavam contra um reajuste em tarifas de transporte em São Paulo. Tornaram-se local de protestos contra o governo Dilma, a favor do impeachment e hoje contra o governo Temer. A maior recessão da história brasileira bateu na porta em 2013 e colou no PT a imagem da crise econômica.

O pior, que cobra a fatura hoje, é a Operação Lava Jato. O esquema de corrupção que sugou a Petrobras sangrou os partidos da aliança que elegeu Dilma Rousseff, mas o efeito sobre o PT foi o mais danoso. Dois dos três últimos tesoureiros do partido foram presos, e também dirigentes importantes como o ex-ministro José Dirceu. Lula se tornou réu por lavagem de dinheiro e corrupção há duas semanas. Assim, candidatos do PT, que em 2012 usavam santinhos com as fotos de Lula e Dilma, neste ano fugiram de ambos e até esconderam as cores e o nome PT de seus santinhos. Tiveram de fazer campanha com a pecha de pertencerem a um partido acusado de corrupção. Não puderam aproveitar a popularidade de Lula.

Em 2012, o PT elegeu 635 prefeitos, 11% a mais do que elegera quatro anos antes. Ninguém espera uma evolução neste ano: o tamanho da redução é que intriga. Um número menor de prefeitos significa, entre outras coisas, dificuldade maior para candidatos a deputado federal fazerem campanha em 2018. Será, portanto, mais difícil eleger deputados. Essa é a maior preocupação do PT hoje. Encolher nas cidades é ruim, mas encolher na Câmara é péssimo. Significa perder benesses como ser dono do maior fundo partidário, o dinheiro público dado às legendas. O PT sente neste momento o primeiro efeito prático da Lava Jato e da crise econômica, penduradas nas pontas de sua estrela. Carregará ambos por algum tempo. Será um deserto difícil de atravessar.

Fonte: Revista Época



terça-feira, 28 de junho de 2016

Paisagem depois da batalha



O Rio terá de se reinventar. E não será nada fácil. As cinzas revelam longos períodos de populismo. Haverá choques, frustrações. Certas medidas, no entanto, podem ser bem recebidas

Pela minha agenda, deveria estar na Serra da Mantiqueira, visitando agricultores orgânicos cuja lavoura está sendo atacada por javalis. Mas a notícia de que o Rio decretou calamidade pública, os problemas de segurança que se agravam, tudo isso contribui para que fique por aqui e, por enquanto, deixe os javalis em paz. Documentar a paisagem depois da batalha é remexer as cinzas de um sonho em que a roubalheira e a megalomania dominaram o cenário.

Esta semana ficamos sabendo que a Odebrecht, além de seu departamento de propina, tinha um servidor na Suíça e um banco em Antígua, um sofisticado e talvez inédito esquema para uma só empresa. Os rankings internacionais de corrupção terão de abrir uma nova modalidade para abarcar essa capacidade de construção de um sistema fechado, um mundo virtual onde empreiteiros movem fortunas de verdade.

A Olimpíada que se aproxima é uma espécie de herança daquele período delirante. Um só país decidiu sediar Copa do Mundo e Olimpíada. A ideia que animava a atração dos eventos era revelar o poder de organização do Brasil, maravilhar o mundo com nosso crescimento. O primeiro choque se deu em 2013 com as grandes manifestações de rua.
A Olimpíada chega agora com o Brasil em crise profunda e o Estado do Rio quebrado. 

O decreto de calamidade pública tem um aspecto mítico porque nos remete a catástrofes naturais, tempestades, terremotos. Remexendo nas cinzas do delírio vamos encontrar a insistência em ampliar a máquina do estado, em conceder isenções fiscais generosas, sem um estudo de custo-benefício dessas medidas. Mas era um tempo alucinado em que os homens do governo dançavam com um lenço na cabeça num caro restaurante de Paris. E as mulheres exibiam seus sapatos Christian Louboutin.

Começam a surgir agora, em novas delações, indícios do processo de corrupção que envolveu o Comperj e o Maracanã. A visão daqueles tempos fica mais completa ainda. Calamidade nos remete à ideia de algo inesperado e repentino. Quase sem intervenção humana. O que acontece agora é resultado de um longo processo de erros e desvios, de ambições milionárias que arruinaram o Estado.

O esquema de segurança da Olimpíada para o qual foram destinados R$ 2,9 bilhões deve representar um alívio para a própria polícia, num momento em que traficantes invadem hospitais ou desfilam armados nas proximidades do aeroporto. Mas a Olimpíada vai passar, e o Rio estará de novo confrontado com sua crise. É um corpo ferido por muitas flechas: crise econômica, petróleo, corrupção, violência. E o governo não é nada estimulante. Pressionado por repórteres a falar sobre algo além de verbas para a segurança, Francisco Dornelles limitou-se a dizer para o motorista: “Vamos embora, Ademário”. O Sr Ademário Gonçalves dos Santos deve ser um excelente motorista profissional. Mas não pode saber sozinho qual o nosso destino. Embora para onde, Ademário? Que buracos, solavancos, sinistras curvas você prepara para nós?

O Rio terá de se reinventar. E não será nada fácil. As cinzas revelam longos períodos de populismo. Haverá choques, frustrações. Certas medidas, no entanto, podem ser bem recebidas, a julgar por alguns cartazes que li: rever as isenções fiscais. Está mais do que na hora de discutir tudo abertamente. Não existem fórmulas acabadas para encarar o problema do Rio. Era preciso que as pessoas tivessem uma visão bem clara do que aconteceu e o estrago que o grupo dominante provocou.

Esse conhecimento pode ajudar na reconstrução. Muitos delírios explodiram por aqui. O último foi o PT: uma supertele nacional, a Oi, que pediu recuperação judicial. Se toda essa derrocada que nos custou dinheiro e trabalho representar uma vacina contra o populismo, pelo menos alguma coisa será ganha.  Eleições com pouco dinheiro e um novo comportamento do eleitor podem também ser um avanço. Mas são possibilidades futuras. Aqui e agora, teremos de esperar o Sr. Ademário num posto de gasolina, numa loja de conveniência, e perguntar de novo o que o governo vai fazer.

O rombo nas contas do estado é de R$ 20 bilhões. Não basta declarar calamidade. É preciso um mapa para transitar rumo a uma situação mais calma. Dificilmente o governo fará a coisa certa sem transparência e algum tipo de adesão racional da sociedade. Mesmo viajando muito pelo país, tive a oportunidade de documentar a decadência das cidades ligados ao petróleo, como Campos e Macaé, a crise financeira e sua consequência nos serviços essenciais e, esta semana, mais detidamente, os problemas de segurança.

Não me lembro de uma crise tão profunda e tão inquietante pelas suas possíveis consequências sociais. Uma consciência mais ampla desse desastre pode evitar que as cinzas do delírio populista tragam consigo os ovos da serpente.

Fonte: Fernando Gabeira – O Globo


sexta-feira, 6 de maio de 2016

‘Supremo mostra, de novo, a força da Constituição’. - que força? Teori criou um artigo na Constituição para satisfazer seu entendimento e seus pares o validaram

‘Supremo mostra, de novo, a força da Constituição’, por José Casado

[a força mostrada pelo Supremo não foi a da Constituição e sim a que um ministro do  STF pode legislar solitariamente e posteriormente levar o produto de seu labor legislativo para exame dos seus pares e obter aprovação unânime.
Existe uma Cláusula secreta na Constituição que autoriza os ministros do Supremo a legislarem sempre que entenderem conveniente?]

O teste de estresse é extremo e, até agora, mostra avanços, entre eles o funeral da impunidade na política

É possível se assustar com a fotografia do Brasil nesta sexta-feira. Nela se destaca a presidente Dilma Rousseff, que deverá ser afastada pelo Senado em menos de uma semana. Sobressai o vice Michel Temer montando um governo provisório para o país devastado por uma inédita crise econômica e três epidemias (dengue, zika e gripe H1N1).
 
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi afastado, na quinta-feira, do mandato e da função pela unanimidade dos juízes do Supremo Tribunal Federal em nome da “dignidade” das instituições. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), por consequência, passou a ser o primeiro substituto eventual do vice-presidente da República. Detalhe: o senador é investigado em nove inquéritos no STF por corrupção. 

É notável que esse enredo de horror se desenvolva num ambiente onde prevalece a força da Constituição. Não é pouco para uma Carta de 21 anos, num país com apenas três décadas de redemocratização. O teste de estresse é extremo e, até agora, mostra avanços, entre eles o funeral da impunidade na política. Não por acaso, na quinta-feira, dois ministros do STF mencionaram a hipótese de prisão preventiva de Cunha.

O Supremo resolveu um problema da República a linha sucessória presidencial. Pelo voto do ministro Teori Zavascki, estabeleceu que a permanência de um réu no comando da Câmara equivalia a um “pejorativo que conspira contra a própria dignidade da instituição por ele liderada". Deixou aos deputados a cassação do mandato, prevista para ocorrer até junho.

Nesses dias de transe institucional, é útil recordar a conversa do então presidente do Supremo, Ayres Britto, durante o julgamento do mensalão, com um pedinte num estacionamento de Brasília. “Desta vez vou ficar lhe devendo", disse o juiz, sem dinheiro no bolso. O mendigo devolveu: “O senhor não me deve nada, ministro, basta cumprir a Constituição”.

Fonte: José Casado - o Globo 

 

quarta-feira, 4 de maio de 2016

Dilma informa que os médicos cubanos também consertam índios que antes morriam por falta de assistência técnica

Por que tanta gente demorou tanto tempo para descobrir que a presidente da República não consegue dizer coisas inteligíveis?

Depois de responsabilizar “os opositores” pela crise econômica que produziu em parceria com Lula, depois de informar que o impeachment não golpeia apenas a “pessoa individual” da presidente, depois de comunicar que gastaria com o Bolsa Família o dinheiro que o governo não tem, Dilma Rousseff resolveu explicar à plateia do comício da CUT por que prorrogara o prazo de validade do Programa Mais Médicos.

Daqui a muitos anos, diante do vídeo que registra esse trecho da discurseira do 1° de Maio, os brasileiros que se mantiveram lúcidos tornarão a perguntar-se por que tanta gente demorou tanto tempo para descobrir que a presidente da República não conseguia governar a própria cabeça, não dizia coisa com coisa e era incapaz de encadear duas ou três frases inteligíveis. Confiram o que disse Dilma ─ sem que a turma no palanque parecesse espantada.
“Não tinha médicos nas regiões mais pobres e mais habitadas. No interior também, nas regiões indígenas… vocês sabem que índios no Brasil morriam por falta de assistência técnica. Intão, é muito importante a prorrogação desse programa”.

O mundo agora sabe que a discípula completou a obra do mestre. Lula descobriu que os silvícolas destas paragens como os computadores, as geladeiras ou os automóveis ─ precisam de assistência técnica permanente. E Dilma descobriu que os médicos cubanos são os únicos do mundo especializados em conserto de índios com problemas técnicos que, no tempo de FHC, dizimaram centenas de tribos.

Fonte: Coluna do Augusto Nunes 

 

sexta-feira, 15 de abril de 2016

O vale-tudo de Dilma

A gestão de Dilma levou a uma crise econômica. Agora, é preciso resolver o político para começar a tratar do econômico


Tem a pergunta clássica: a crise política determina a econômica ou é o contrário?
A resposta de cima de muro é fácil: uma determina a outra. E não ajuda muito. O que interessa saber é o seguinte: qual a chance de se iniciar uma recuperação uma vez resolvido o processo de impeachment? Ou, a economia volta a andar sem a crise política pelo menos na sua fase mais aguda?

Com Dilma ficando, a chance é quase zero. Ficará um governo não apenas minoritário no Congresso e sociedade, mas uma presidente que, na luta contra sua demissão, hostilizou aqueles com os quais precisaria contar na busca de recuperação.  A presidente reconhece a necessidade de colaboração e promete convocar um pacto nacional se sobreviver ao processo de impeachment. Ao mesmo tempo, porém, disse ontem, em conversa com jornalistas, que são golpistas todos os empresários que defendem seu afastamento. Não é pouca gente. Diversas associações e sindicatos patronais importantes apoiam ostensivamente o afastamento de Dilma, denunciando sua “incapacidade” na gestão econômica. Como a presidente poderia chamá-los para voltar a investir?

Verdade que a presidente talvez nem queira saber dessa gente. O chefe seria Lula, com uma guinada à esquerda.  Por outro lado, ainda na entrevista de ontem, Dilma foi perguntada justamente sobre essa guinada. E respondeu: Lula “pode falar o que pensa porque está fora do governo”. E lembrou que Lula teve “outro comportamento” quando foi presidente. Nesse caso, Dilma só pode estar se referindo ao primeiro governo Lula, que teve uma política econômica inteiramente ortodoxa. Ou seja, a presidente está sugerindo que, no pós-impeachment, Lula, como chefe de fato, poderia repetir aquela história.

Mas não pode. Primeiro porque o governo não tem mais dinheiro. Segundo, porque a estabilidade fiscal que havia foi destruída por Dilma. E terceiro, porque precisaria da confiança do chamado “mercado”, perdida há muito tempo, de modo irremediável. Tem mais. 

Perguntada se os cidadãos comuns que simplesmente se declaram favoráveis ao impeachment também seriam golpistas, a presidente não vacilou: “Se o cidadão ‘A’ defende essa posição, o cidadão é golpista”.  Ora, são 61% os brasileiros a favor do impeachment, segundo o mais recente Datafolha. 61% de golpistas, acusa Dilma. Como fazer a tal repactuação depois disso?

De modo mais amplo, como a presidente pode falar essas coisas?  É porque Dilma acha que a fala de um presidente — ou de um governante ou de um político qualquer — é apenas isso, um discurso para a circunstância, que não tem nada a ver com a tomada de posições ou compromissos. O exemplo maior foi a campanha de Dilma em 2014. Mentiu o tempo todo, ganhou, fez o contrário do que dizia — e acha que está tudo bem. Não foi por isso que terá perdido a credibilidade, mas porque é vítima dos golpistas. E ainda ontem, a presidente citou Lula como exemplo de falar uma coisa e fazer outra, na boa.

Tudo considerado, está claro que ela não tem a menor ideia de como sair da crise econômica. Na verdade, ela nem entendeu ainda que a causa primária dessa confusão é ela mesmo. Sua política econômica foi destruidora. Olhem em volta: déficit nas contas públicas, o que significa juros altos, menos gastos, mais inflação e mais impostos. Dois anos de recessão, pessoas ficando mais pobres. Passando de dez milhões de desempregados. As principais estatais — Petrobras, Eletrobras, Correios, que seriam motores do crescimento — estão quebradas. Fundos de pensão das estatais, idem.

O que mostra o tamanho do problema de um governo Temer. O afastamento de Dilma cria a chance de resolver uma questão essencial, a recuperação da confiança. Mas não vem automaticamente. Vai depender de atitudes e posições muito claras e viáveis.
Voltando ao começo: a gestão de Dilma levou a uma crise econômica, que alimentou o processo de impeachment. Agora, é preciso resolver o político para começar a tratar do econômico.

Desemprego no lucro
A presidente Dilma costuma fazer umas contas estranhas, mas essa do saldo de empregos foi fora de série. A aritmética proposta: de 2011 a 2014 foram criadas 5,6 milhões de vagas; de 2015 para cá, 2,6 milhões foram fechadas; logo, seu governo garante um saldo positivo de 2,6 milhões de empregos.
Estão reclamando de quê? — parecia dizer.

Além da insensibilidade — vai contar essa aos 10 milhões de desempregados —, não faz o menor sentido. O natural — e o necessário — de uma economia emergente é gerar empregos. “Só” não gerar já é um pecado. Perder 2,6 milhões é tragédia, pessoal e social.
Crise (Foto: Arquivo Google)

Srª dos Desvarios; que alguns colegas seus aqui do Globo costumam censurar.
Fonte: Carlos Alberto Sardenberg é jornalista