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sexta-feira, 6 de maio de 2016

‘Supremo mostra, de novo, a força da Constituição’. - que força? Teori criou um artigo na Constituição para satisfazer seu entendimento e seus pares o validaram

‘Supremo mostra, de novo, a força da Constituição’, por José Casado

[a força mostrada pelo Supremo não foi a da Constituição e sim a que um ministro do  STF pode legislar solitariamente e posteriormente levar o produto de seu labor legislativo para exame dos seus pares e obter aprovação unânime.
Existe uma Cláusula secreta na Constituição que autoriza os ministros do Supremo a legislarem sempre que entenderem conveniente?]

O teste de estresse é extremo e, até agora, mostra avanços, entre eles o funeral da impunidade na política

É possível se assustar com a fotografia do Brasil nesta sexta-feira. Nela se destaca a presidente Dilma Rousseff, que deverá ser afastada pelo Senado em menos de uma semana. Sobressai o vice Michel Temer montando um governo provisório para o país devastado por uma inédita crise econômica e três epidemias (dengue, zika e gripe H1N1).
 
O presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi afastado, na quinta-feira, do mandato e da função pela unanimidade dos juízes do Supremo Tribunal Federal em nome da “dignidade” das instituições. O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), por consequência, passou a ser o primeiro substituto eventual do vice-presidente da República. Detalhe: o senador é investigado em nove inquéritos no STF por corrupção. 

É notável que esse enredo de horror se desenvolva num ambiente onde prevalece a força da Constituição. Não é pouco para uma Carta de 21 anos, num país com apenas três décadas de redemocratização. O teste de estresse é extremo e, até agora, mostra avanços, entre eles o funeral da impunidade na política. Não por acaso, na quinta-feira, dois ministros do STF mencionaram a hipótese de prisão preventiva de Cunha.

O Supremo resolveu um problema da República a linha sucessória presidencial. Pelo voto do ministro Teori Zavascki, estabeleceu que a permanência de um réu no comando da Câmara equivalia a um “pejorativo que conspira contra a própria dignidade da instituição por ele liderada". Deixou aos deputados a cassação do mandato, prevista para ocorrer até junho.

Nesses dias de transe institucional, é útil recordar a conversa do então presidente do Supremo, Ayres Britto, durante o julgamento do mensalão, com um pedinte num estacionamento de Brasília. “Desta vez vou ficar lhe devendo", disse o juiz, sem dinheiro no bolso. O mendigo devolveu: “O senhor não me deve nada, ministro, basta cumprir a Constituição”.

Fonte: José Casado - o Globo 

 

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