Análise Política
Por esses ângulos, a CPI no Senado da
Covid-19 é um sucesso. Produz diariamente fatos noticiosos, e
abundantemente noticiados. Se lá na frente alguma das múltiplas
acusações será comprovada, é outra história. [a elevada produção de narrativas divulgando suspeitas, suspeitas em sua maior parte impossíveis de serem provadas, devido a maior parte das suspeitas ser da prática de crimes que não ocorreram, começa a enojar e suscitar reações enérgicas.
Está se revelando desagradável, inaceitável, o cidadão ver a todo momento acusações absurdas, sem sentido e que são meras interpretações. O que mais revolta é o estofo moral dos acusadores.] Mas nesse intervalo já terá
tido a oportunidade de produzir efeito político. Um bom exemplo foi a
Lava-Jato. O juiz que a comandou acaba de ser declarado suspeito nos
casos de Luiz Inácio Lula da Silva. Mas no meio-tempo Dilma Rousseff foi
removida, Lula preso e o PT derrotado na eleição de 2018. [só que DEUS dá o frio conforme a roupa; o tempo que a CPI ainda resistirá, antes de cair de podre, é bem menor que o necessário para o FIM DA PANDEMIA, com a consequente RECUPERAÇÃO da ECONOMIA,do NÍVEL DE EMPREGO.]
Aliás
é sempre pedagógico observar a inversão de papéis quando o vento
político muda o sentido. Os que lá atrás consideravam, na prática,
delação como prova definitiva de crime hoje exigem não ser condenados
sem provas no tribunal da opinião pública. E os ontem campeões da defesa
dos direitos e garantias individuais carimbam "culpado" na testa de
qualquer adversário acusado de qualquer coisa, ainda que sem a
apresentação da prova cabal.
O cenário é
paradoxal: o aspecto subjetivo vai degradando, mas os dados objetivos
melhoram. Os últimos números da vacinação, dos casos de Covid-19, das
mortes pela doença, das internações, todos são unânimes em apontar a
melhora do quadro epidemiológico. Claro que há a incógnita da variante
Delta, mas cada dia com sua agonia. E a economia também vai confirmando
as previsões de recuperação, mesmo que com importantes déficits sociais,
dos quais a alta taxa de desemprego é talvez o vetor mais cruel. Governos
podem errar em várias coisas. Mas o custo de errar na política costuma
ser muito alto. Em geral o mais alto de todos. Eis uma lição sempre
repetida.
Alon Feuerwerker, jornalista e analista político