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domingo, 2 de julho de 2023

Suspeito de sequestrar e estuprar menina de 12 anos chora e diz: 'Ainda não fiz nada com ela' - O Globo

Daniel Moraes Bittar, de 42 anos, foi preso em flagrante no entorno do Distrito Federal; policiais encontraram aparelho de tortura, clorofórmio e pornografia na casa do investigado

Daniel Moraes Bittar foi preso pela Polícia Militar do Distrito Federal

Daniel Moraes Bittar foi preso pela Polícia Militar do Distrito Federal Reprodução/Redes Sociais

Preso por suspeita de sequestro e estupro de uma adolescente de 12 anos no entorno do Distrito Federal, Daniel Moraes Bittar chorou diante da câmera do celular de um policial, nesta quarta-feira. [com certeza irá chora bem mais, quando for disciplinado por colegas de cela - é apenas questão de tempo alguém 'esquecer' a cela aberta.]  

O vídeo foi feito no momento em que os agentes capturavam o analista de TI, de 42 anos, em flagrante. 

Na ocasião, o investigado admite que a criança estava em seu apartamento. Câmeras de segurança registraram quando ele entrou no imóvel carregando a vítima dentro de uma mala.

Policial: — A menina está na sua casa?

Bittar: — É.

Policial: — Fazendo o que na sua casa?

Bittar: Ela está só lá, eu ainda não fiz nada com ela.

Policial: — E o que você iria fazer com ela?

Bittar: — Eu não sei, eu estava conversando só. Por enquanto eu só conversei.

Analista de TI é preso por sequestrar e estuprar menina de 12 anos no DF

Encontrada pela polícia no apartamento de um analista de TI, na região da Asa Norte, em Brasília, a adolescente de 12 anos caminhava para a escola quando foi abordada por duas pessoas em um carro preto, por volta das 12h30 da última quarta-feira. O homem, identificado como Daniel Moraes Bittar, de 42 anos, e sua cúmplice, Geisy Souza, de 22, agarram a menina e a colocaram no veículo. Após a notificação de desaparecimento e investigações da polícia, os dois foram presos, e a menina libertada. 

Em 2016, Bittar publicou outra mensagem contra o crime que ele próprio cometeu: "homens contra a cultura do estupro". Publicações em apoio à causa LGBTQIA+ e à campanha do presidente Lula também, podem ser encontradas no seu perfil. 

Depois de ser colocada à força no carro dirigido por Daniel, no Jardim Ingá, em Luziânia, no estado de Goiás, a adolescente diz ter sido levada para uma mata. Segundo a vítima, Geisy colocou um pano com produto químico clorofórmio, de acordo com a polícia em seu rosto, para dopá-la antes de ser levada até a casa do suspeito, onde chegou desacordada, dentro de uma mala e com os pés algemados. Gesiely de Sousa Vieira, conhecida como Geisy, é mãe de dois filhos. Segundo a polícia, ela foi cúmplice do crime e ajudou Bittar a raptar a criança de 12 anos, a dopando com clorofórmio. Segundo a PCDF, Bittar costumava enviar dinheiro a ela, em troca de fotos nuas.

A polícia foi notificada do desaparecimento da adolescente no início da tarde de quarta-feira, e chegou até o apartamento do criminoso por volta das 23h30 do mesmo dia. O trabalho de investigação começou com o deslocamento de agentes para o local onde ela foi vista pela última vez, próximo à escola onde estuda, com a informação de que ela teria entrado no tal “carro preto”.

, os policiais descobriram, por meio de testemunhas, que um casal teria agarrado a adolescente e a colocado no veículo. Os investigadores solicitaram, então, imagens de câmeras de segurança das redondezas. Nas gravações, conseguiram identificar a numeração da placa do carro. Assim, chegaram à identidade do proprietário e, posteriormente, ao endereço dele.

A menina foi localizada por policiais do Grupo Tático Operacional do 3º Batalhão em cima da cama de Daniel, ainda com os pés algemados, e apresentava várias escoriações pelo corpo. Aos agentes, ela contou que ele usou uma faca para rendê-la. 


Além de Daniel, a mulher apontada como cúmplice do crime também foi presa por agentes da Polícia Militar de Goiás, em Luziânia, nesta quinta-feira. Além disso, máquinas de choque, câmeras, objetos sexuais e material pornográfico estão entre os itens apreendidos pela polícia no apartamento do analista de TI.
Uma estufa usada para produção de maconha e um galão com clorofórmio também foram encontrados no imóvel.


'Sugar daddy'
O analista de TI Daniel Moraes Bittar, de 42 anos, preso por sequestrar e estuprar uma adolescente de 12 anos no Distrito Federal, mantinha relação de “sugar daddy” com Geisy Souza, apontada como sua cúmplice no crime e presa nesta quinta-feira

Na relação, ele ofereceria dinheiro em troca de encontros com ela. Nesta sexta-feira, a prisão em flagrante dos dois foi convertida em preventiva.

A mulher detida por suspeita de ser cúmplice de Daniel disse à polícia que foi coagida a ajudar o homem. Identificada nas redes sociais como Geisy Souza, de 22 anos, foi presa no Entorno do Distrito Federal e foi levada para a 2ª DP, em Brasília.— Ela diz que também foi ameaçada, que também foi vítima, mas totalmente infundadas as alegações dela. Se fosse vítima, no momento que foi liberada, deveria ter entrado em contato com a polícia informando que outra pessoa era mantida refém — disse o tenente coronel Arantes, da Polícia Militar de Goiás, que participou da operação.

A identidade da suspeita foi confirmada ao GLOBO por fontes envolvidas nas investigações. Ainda segundo as autoridades, Geisy Souza e Daniel Bittar se conheciam há dois anos. Nas redes sociais, ela se descreve como blogueira e anuncia uma conta em um site de conteúdos adultos. A mulher não tem passagens policiais.

Integra da matéria -  Brasil - O Globo

 

sábado, 17 de junho de 2023

Volta à colônia - Alexandre Garcia

Vozes - Gazeta do Povo


Amazônia. - Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

Se nos tempos de Juscelino existissem as ONGs, o Ministério Público e os partidos políticos de hoje, JK não conseguiria construir Brasília. As obras seriam embargadas por destruir o cerrado, o Lago Paranoá não seria criado por uma barragem que desviaria cursos d'água e causaria uma extensa inundação do cerrado. 
 O Brasil hoje estaria condenado a acompanhar seu limite litorâneo, a maior parte das fronteiras terrestres estaria vulnerável e não seríamos o maior exportador de grãos do planeta; ao contrário, estaríamos importando alimentos e, quem sabe, os futurólogos anunciando guerras próximas em busca de lugar para produzir comida para a população mundial. O cerrado seria um lugar deserto com emas e lobos, e o Brasil um país semi-colonial. [mas é fazer o Brasil retornar ao status de colônia o principal objetivo do governo atual e da maldita esquerda que o idolatra.]
 
Lembro disso no dia em que a presidente da União Europeia promete ao presidente do Brasil 20 milhões de euros para o Fundo da Amazônia. Fico curioso por saber quem será beneficiado com esse dinheiro. 
Seriam os filhos dos amazônidas ribeirinhos, que crescem longe de escolas? 
As famílias de caboclos distantes de um posto de saúde? 
Os que levam dias de canoa para comprar ferramentas, roupa e mantimentos? 
A Alemanha, na União Europeia, acaba de restituir ao Brasil um fóssil de 110 milhões de anos. Mas é apenas um fóssil. 
Quanto saiu da Amazônia em minérios, madeiras, valores medicinais biológicos? 20 milhões de euros seria uma compensação ínfima.


    Se nos tempos de Juscelino existissem as ONGs, o Ministério Público e os partidos políticos de hoje, JK não conseguiria construir Brasília

O ex-presidente da Câmara e ex-ministro da Defesa (e ex-PCdoB) Aldo Rebelo, insiste em nos alertar para a ação de ONGS, partidos de esquerda e Ministério Público, contra obras de desenvolvimento na Amazônia, como a rodovia Porto Velho-Manaus, a hidrovia Araguaia-Tocantins e a Ferrogrão, paralisada há mais de dois anos por decisão do Supremo.  
No mesmo sentido, o IBAMA impediu a Petrobras de pesquisar na foz do Rio Amazonas. 
Isso leva a gente a pensar que querem manter a Amazônia intocada pelos brasileiros, como reserva futura para outros países. [o francês Macron e o Biden, já deixaram bem claro que a Amazônia deve ser internacionalizada = terra de todos = eufemismo para terra de ninguém.
O ilustre articulista esqueceu  de mencionar a turma que fez o L e que é sabidamente a favor do atraso e da destruição de tudo de bom para o Brasil, construído pelos dois governos que antecederam o atual, sendo cúmplice do aglomerado de idiotas que fingem governar o Brasil.]
 
Ontem, em Lavras do Sul, no Rio Grande do Sul, o Executivo, o Legislativo e a comunidade econômica do município reuniram-se para dar um grito contra isso.  
No subsolo do município há a capacidade de retirar 300 mil toneladas/ano de fosfato.  
O Brasil importou ano passado 1,67 milhões de toneladas do minério, necessário para o agro fazer as plantas crescerem
Mas ONGS e Ministério Público estão na Justiça, bloqueando a mineração. 
Lavras do Sul se levantou, porque se não somos um país de masoquistas, não podemos ficar em passividade colonial.  
O conhecimento de hoje permite exploração sem destruição; uso sustentável. 
O conhecimento de hoje não pode permitir que aceitemos os modismos de um ambientalismo enganoso, que nos é imposto pelo medo de supostas tragédias climáticas. 
A pobreza e a fome são tragédias mais reais e concretas.

Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima

Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES


quarta-feira, 12 de outubro de 2022

O QUE SE APRENDE NA FACULDADE DE DIREITO SE (DES)APRENDE COM O CASO LULA NO SUPREMO - Sérgio Alves de Oliveira

Considerando que o Supremo Tribunal Federal-STF, se constitui no órgão "máximo", "supremo" do Poder Judiciário Brasileiro, e a frase atribuida a Ruy Barbosa,segundo a qual "a pior ditadura é a do Poder Judiciário (porque)contra ele não há a quem recorrer", e  a absurda ANULAÇÃO de todas as condenações criminais contra o ex-Presidente Lula da Silva,no âmbito da "Operação Lava Jato", em julgamento do Plenário do STF, corroborando decisão liminar proferida pelo Ministro Relator , Edson Fachin, acabou soterrando e invalidando todo o aprendizado jurídico dos estudantes formados em Direito.

Com essa decisão favorecendo Lula, e novamente oferecendo-lhe a Presidência da República, a partir de 2023, o STF "aboliu" do Código de Processo Penal, não só o instituto da PREVENÇÃO processual penal,   prevista no artigo 83 do Código de Processo Penal - CPP, pelo qual um determinado juízo se torna "prevento" para atrair todos os demais processos relacionados, como também a PRECLUSÃO das decisões sobre a prevenção, tomadas pelo juízo no curso do processo penal, conceituada no artigo 572 do mesmo CPP,eventualmente "sanadas"por não ter havido o devido recurso na forma e prazo estabelecidos, consagrada no brocardo latino "dormientibus non sucurrit jus",que se trata,portanto,de uma espécie de "coisa julgada" de uma decisão judicial intermediária.

Ora,a partir da decisão do Juízo Federal da 13º Vara de Curitiba,que na época era ocupado pelo Juiz Sérgio Moro,que se julgou "prevento"dos respectivos processos criminais contra Lula,no âmbito da "Operação Lava Jato", naturalmente abriram-se os prazos recursais, inclusive sobre a competência do respectivo foro,que se não usados, ou negados, jamais poderiam voltar à baila na mesma ou outras instâncias, mas que incrivelmente voltou a ser apreciado e decidido na fase recursal já no STF, que decidiu pela "incompetência territorial" das ações contra Lula no foro de Curitiba,anulando as condenações, e determinando a redistribuição das ações para.o Distrito Federal.

Passando por cima das leis, e de todas as outras instâncias da Justiça Brasileira, o Supremo Tribunal Federal outra coisa não está fazendo que não seja estabelecer a a própria "ditadura", a DITADURA DO JUDICIÁRIO, como antes visto por Ruy Barbosa, onde o STF, valendo-se do poder de interpretar a constituição,faz dela e das leis o que bem quiser. Mas é uma ditadura "sutil",com lobos deixando de usar peles de cordeiro para usar a toga, agindo em nome das "leis" e da"justiça", buscando usar o povo como um instrumento útil "idiota", para dar em tudo uma aparência de "democracia"e "legalidade".

Com essa atitude o STF tenta afastar os melhores formadores de opinião política do Brasil, como J.R. Guzzo, Rodrigo Constantino, Augusto Nunes,Guilherme Fiuza, Percival Puggina,e tantos outros, para que o povo tenha a sua mente "lavada" e formada por novelas depravadas, enquadrando esse povo,da melhor maneira possível, no perfil da "idiotia de um povo", desenhado muito bem por Nelson Rodrigues,onde "a maior desgraça da democracia é que ela traz à tona a força numérica dos idiotas,que são a maioria da humanidade".

Querem implantar por todos os meios e disfarçar uma ditadura, a da toga, que por ser feita em nome e representação do "direito", e das "leis", cria uma opinião pública bem mais favorável, mas falsa, do que a que conseguiu fazer de si mesmo o Regime Militar, de 64 a 85, que usou e se sustentou pelas armas de fogo, ao invés de se esconder por trás das leis, como pretende agora a ditadura da toga.

Resumo:a ditadura das leis é mais nociva e difícil de ser percebida do que a das armas.

Sérgio Alves de Oliveira - Advogado e Sociólogo

segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Quem julgará os julgadores? - Revista Oeste

Roberto Motta

No país dos juízes ativistas, justiça é item em falta no cardápio do brasileiro 
Foto: Shutterstock
Foto: Shutterstock

“Eles estão acostumados a deliberar sobre os assuntos
mais sérios enquanto estão bêbados,
e qualquer decisão que eles tomem nessas sessões é novamente proposta
a eles no dia seguinte pelo anfitrião em cuja casa eles deliberaram na noite anterior.
Então, se a decisão ainda os agrada quando estão sóbrios,
eles agem de acordo com ela; se não, eles desistem.
Por outro lado, quaisquer que sejam as decisões provisórias
que eles consideram enquanto estão sóbrios,
eles reconsideram quando estão bêbados.”

Heródoto, As Histórias, Livro 1, 1.33, Vários Costumes dos Persas

No domingo 7 de agosto de 2022o dia em que escrevo esse texto —, Thiago Duarte, empresário de 34 anos, acordou cedo para levar um amigo e o pai ao Aeroporto do Galeão.
No caminho, teve a mesma surpresa que milhões de brasileiros têm todos os dias: seu caminho foi bloqueado por assaltantes na Rua Conde de Agrolongo, na Penha, Rio de Janeiro. 
Não se sabem os detalhes, e eles não importam. 
O que importa é que Thiago foi baleado na barriga. Um tiro no abdômen causa intenso sangramento e uma dor insuportável. Thiago foi levado ao Hospital Getúlio Vargas, onde foi submetido a cirurgia, mas morreu. Thiago tinha dois filhos: Mateo, 5 anos, e Maya, nascida há 2 meses.
 
Thiago é apenas um dos 110 brasileiros que serão assassinados no dia de hoje. Esse massacre acontece todos os dias
O brasileiro planeja sua rotina tentando evitar ser alvo de criminosos.
As estatísticas mostram que isso é inútil. 
Quase todo mundo já foi, ou conhece alguém que já foi, vítima de um crime violento. Todos se queixam da violência. 
A sensação é de sufocamento. Como chegamos aqui?
 
Para entender o que está acontecendo, é preciso começar do início. Um bom começo é o vocabulário.
O Brasil não é um país “violento”. O Brasil é um país perigoso.  
Nosso problema não é “violência”. Nosso problema é uma crise de criminalidade sem precedentes nas democracias ocidentais desenvolvidas.
Um crime tem sempre um criminoso e uma vítima. O sistema de justiça criminal brasileiro funciona em função do criminoso e esquece a vítima. A legislação penal é cada vez mais branda. 
Um ativismo judicial sem precedentes coloca cada vez mais obstáculos à ação da polícia (nenhum exemplo supera a inacreditável decisão do STF na ADPF 635, que suspendeu as ações policiais nas comunidades do Rio de Janeiro, em junho de 2020, para “não atrapalhar o combate à pandemia”).

Para entender o que está acontecendo é preciso, primeiro, esquecer a ideologia e rever algumas lições aprendidas no mundo, há muito tempo, sobre crime — mas que ainda são quase desconhecidas no Brasil.

Indivíduo X sociedade
O crime pode ser examinado sob dois pontos de vista. O primeiro é o ponto de vista do indivíduo. O outro é o ponto de vista da sociedade.

Do ponto de vista do indivíduo, o crime é sempre uma escolha feita pelo criminoso. Até o último momento, o bandido sempre tem a opção de não apertar o gatilho, não enfiar a faca e não violentar uma mulher ou uma criança. Com exceção dos casos em que há desequilíbrio mental, os crimes — inclusive ou principalmente aqueles crimes mais violentos e depravados — são sempre o resultado de uma decisão consciente tomada por um indivíduo.

A deformidade moral que retira do criminoso a capacidade de sentir empatia pelas vítimas faz com que a maioria deles opte por uma carreira vitalícia no crime

Mas por que alguém toma a decisão de ferir, matar ou violentar outro ser humano? O psiquiatra forense Stanton Samenow, autor do livro A Mentalidade Criminosa, já respondeu a essa pergunta. Depois de analisar milhares de casos de criminosos durante a sua carreira, Samenow concluiu que os criminosos pensam de forma diferente de nós; eles não conseguem ter empatia, são indivíduos que não se importam com o sofrimento dos outros. 
Embora quase sempre criados em famílias, junto com vários irmãos, enfrentando as mesmas dificuldades e recebendo a mesma educação, só eles escolheram o caminho do crime.

A deformidade moral que retira do criminoso a capacidade de sentir empatia pelas vítimas faz com que a maioria deles opte por uma carreira vitalícia no crime. Pouca diferença faz se eles são ricos ou pobres, se têm uma profissão ou se vivem de expedientes, se são analfabetos ou muito cultos; a verdade é que, dada uma oportunidade, cometerão os crimes

A lista de crimes abjetos cometidos por anestesistas, ginecologistas, banqueiros, empresários, pilotos, parlamentares e professores mostra que não há nenhuma relação entre a decisão do indivíduo de cometer o crime e sua renda, instrução ou classe social.

Crime é uma questão de escolha, não de escola.

A conclusão é clara: do ponto de vista do indivíduo, crime é resultado de uma ação consciente do criminoso, pela qual ele deverá ser responsabilizado. Não deveria haver mais nenhum debate sobre uma verdade tão evidente, tão fartamente documentada e tão aceita em todo o ocidente democrático. Mas no Brasil isso ainda é motivo de debate.

Do ponto de vista da sociedade, o ato criminoso é uma decisão que o criminoso toma depois de avaliar os riscos e os benefícios envolvidos. Essa foi a tese que deu ao economista norte-americano Gary Becker o Prêmio Nobel de Economia em 1992. Antes de cometer o crime, o criminoso se faz, instintivamente, duas perguntas. A primeira pergunta é: qual a chance de eu ser preso? A segunda pergunta é: se eu for preso, o que acontece?

No Brasil de hoje, as respostas são: a probabilidade de você ser preso é muito pequena e, se você for preso, enquanto estiver na cadeia gozará de inúmeros benefícios e direitos a maioria deles desconhecida nas outras democracias ocidentais. Mas, de qualquer forma, independente do crime, você ficará pouco tempo em uma cela de prisão.

No Brasil, mesmo os autores dos crimes mais violentos e depravados como o criminoso que violentou, amarrou e queimou vivo o menino Lucas Terra, em Salvador, em 2003 raramente ficam mais de dez anos em uma cela. Nem quando a vítima é um jornalista conhecido, um membro da mídia — como foi o caso do jornalista Tim Lopes, que foi sequestrado, torturado e assassinado em uma favela do Rio, em 2002 —, nem assim a punição dos criminosos se parece ainda que remotamente com justiça. Um dos assassinos de Tim Lopes recebeu o “benefício da progressão para o regime semiaberto” depois de apenas cinco anos preso e aproveitou a oportunidade para fugir
O outro assassino também recebeu o mesmo benefício dois anos depois e fez a mesma coisa: fugiu.

Estima-se que ocorram no Brasil 6 milhões de assaltos por ano, 2 milhões deles só nas capitais. A única estatística disponível revela que apenas 2% desses assaltos são esclarecidos. Dizendo de outra forma: a chance de sucesso de um assaltante no Brasil é de 98%. É um cenário irresistível para aqueles indivíduos nos quais a ausência de barreiras morais e a incapacidade de empatia com o sofrimento alheio criam a disposição de conseguir riquezas, diversão e prazer através do crime.

Bolas azuis
Imagine na sua frente uma parede branca, totalmente preenchida com desenhos de bolas azuis. Essa é uma representação da sociedade. Aqui e ali, espalhadas pela parede, estão algumas bolas amarelas. Digamos que, para cada cem bolas azuis, há uma bola amarela. As bolas amarelas representam os criminosos potenciais. São os lobos à espreita, em busca de uma oportunidade para atacar as ovelhas.

Enquanto você continua a olhar a parede, observe que algumas bolas amarelas se tornam vermelhas. Esses são os criminosos que resolveram agir. São os lobos que assaltam, estupram, sequestram e matam. Todas as sociedades contêm, no seu meio, um determinado número de criminosos potenciais. Por isso existe crime em todos os países do mundo, mesmo nas sociedades mais desenvolvidas. O que determina quantos desses criminosos potenciais se transformarão em criminosos reais é a percepção que eles têm dos riscos que correm ao cometer um crime.

Dizendo de outra forma: quanto mais fracas as leis, maior será o número de crimes cometidos. Quanto mais ineficiente e injusto o sistema de justiça criminal, maior a ousadia dos bandidos. 
 Quanto maiores os benefícios e os direitos dos criminosos presos, menor será o medo que eles terão de ser presos e punidos.

No Brasil ocorre uma crise de criminalidade sem paralelo entre as democracias ocidentais. O brasileiro vive sob a ameaça constante de ser vítima de um crime violento. Isso não é uma situação normal. Para responder a esta crise, e reconquistar a liberdade de viver vidas normais, é preciso entender dois pontos fundamentais.

O primeiro é que o crime é uma decisão individual do criminoso, que deve ser responsabilizado por ela de forma proporcional à gravidade dos danos que causou. Ou, dizendo em outras palavras: a sentença do criminoso nunca pode ser mais leve do que a sentença da vítima.

O segundo ponto é que o criminoso, antes de agir, analisa os riscos e os benefícios do crime. Por isso, cometer um crime não pode ser um bom negócio para o criminoso.

Hoje, no Brasil, o crime é um excelente negócio.

Para mudar isso precisamos corrigir o sistema de justiça criminal, que foi capturado por interesses ideológicos, populistas e até criminosos. Esses interesses — um verdadeiro consórcio de veículos do mal — trabalham todos os dias para reduzir as punições e criar direitos e benefícios para os bandidos.

O cidadão de bem é penalizado duplamente: primeiro, quando é vítima de um crime violento, e, depois, quando descobre que nunca será feita a justiça.

É isso que acontece no Brasil.

Leia também “O animal político”

Roberto Motta, colunista - Revista Oeste

 

sexta-feira, 4 de agosto de 2017

Temer não se deixa abater como um cordeiro; os lobos ficam chateados, e os bobos, surpresos

Michel Temer não se deixou abater como um cordeiro. Sobreviveu, e bem!, à primeira porta estreita que lhe impôs uma forma sem dúvida peculiar de golpe. Os lobos estão chateados com o resultado. Há até os bobos que estão surpresos. Como me alinho com aqueles que acham que a política não é matéria nem para santos nem para demônios –o que exclui rituais sacrificiais–, o que vi foi o triunfo do real sobre projeções mentais pautadas ou pela ingenuidade ou pela má-fé. 

A decepção em algumas áreas é compreensível. Afinal, certas vocações morais haviam vendido ou a seus fanáticos ou a seus clientes a lorota de que o presidente não resistiria. No fim de semana em que Temer viajou para a reunião do G20, há um mês, Rodrigo Maia (DEM-RJ) foi, na prática, nomeado presidente por setores da imprensa. Os mais afoitos já anunciavam seu ministério. 

(...)
 

Uma troca que, se feita, é absolutamente legal e legítima. Ou que se proponha o fim da fatia orçamentária que cabe a parlamentares, não sem antes indagar se isso eleva ou rebaixa o teor de democracia da política brasileira. Eu acho que rebaixa. Com efeito, 39 dos 40 deputados da CCJ que votaram a favor de Temer tiveram empenhados –empenho ainda não é gasto!– R$ 266 milhões em emendas entre junho e as duas primeiras semanas de julho. Ocorre que os 25 que queriam mandar o presidente para o patíbulo foram contemplados com R$ 135 milhões. Ao todo, em junho, o empenho ficou em R$ 1,8 bilhão. A fatia do Orçamento para esse fim é de R$ 6,3 bilhões. 

Nesta quarta, diga-se, a estridente deputada Alice Portugal (PCdoB-BA) vociferava contra Temer da tribuna. Mentiu sobre o passado ao afirmar que membros de seu partido deram a vida em favor da democracia –a mentira: não a "deram"; eles a dedicaram a uma ditadura comunista que não veio. E espancou o presente ao acusar o governo de comprar votos com liberação de verbas. Essa Alice é mesmo uma Rainha de Copas de araque!
Ela é uma das campeãs do "emendismo": R$ 10,5 milhões. Acho pouco provável que o presidente tenha decidido comprar os seus insultos. 

Será que Dilma Rousseff só caiu porque, moralista máxima, se negou a trocar recursos legais por apoio? Querem saber? Essa conversa não faz sentido. A votação desta quarta opôs, sim, dois grupos. De um lado, estão os que, a 14 meses da eleição, resolveram investir no baguncismo institucional, certos de que a confusão e as águas turvas lhes trarão benefícios que, de outro modo, não virão. Do outro, reúnem-se os que entendem que a deposição do presidente conduz à desordem e ameaça as próprias instituições. Na raiz, noto, está uma penca impressionante de ilegalidades cometidas por delator, procurador-geral e relator, o que resultou numa denúncia inepta.

(...)
 
Há gente que presta e que não presta em ambos os lados. Prefiro o grupo que reúne decentes e vagabundos que não ameacem a ordem democrática.

(...)


Uma sugestão: presidente, não hesite em empregar as emendas, dado o Orçamento impositivo, da Emenda Constitucional 86, em favor da reforma da Previdência. Os santos vão reclamar. São do pau oco. 

Fonte: Folha de S. Paulo - Coluna Reinaldo Azevedo