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O presidente do STF, Roberto Barroso, gastou R$ 922 mil com
voos em jatinhos da Força Aérea Brasileira (FAB) nos três primeiros meses na
presidência, o que projeta uma despesa de R$ 3,7 milhões em um ano.
O valor é
próximo da gastança do presidente da Câmara, Arthur Lira, com jatinhos em 2023
– R$ 3,4 milhões.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, gastou R$ 2 milhões.
O roteiro de viagens de Barroso evidencia o seu caráter progressista, a
proximidade com o governo Lula e uma pitada de populismo.
Teve até elogio ao
Bolsa Família.
Durante visita à Favela dos Sonhos, na periferia de São
Paulo, em 6 de novembro, Barroso afirmou: “O Bolsa Família foi decisivo para
tirar as pessoas da pobreza”. Mas logo completou: “Mas é preciso que as pessoas
se libertem do benefício e passem a ter voo próprio”. A falta de uma “porta de
saída” é principal crítica ao maior programa social do governo Lula.
Em
30 de novembro, no Congresso Internacional de Tribunais de Contas, em
Fortaleza, Barroso afirmou que a tese que responsabiliza veículos de
imprensa por fala do entrevistado foi lida de maneira “equivocada”.
No
mesmo evento, o ministro Gilmar Mendes afirmou que se trata de "uma
pauta amiga da imprensa". Segundo Barroso, os veículos só serão
responsabilizados se publicarem entrevistas com a "intenção maldosa de
fazer mal a alguém", segundo registro do jornal O Povo.
Sócio honorário do Flamengo No dia seguinte, um pouco de populismo.
Barroso seguiu de jatinho “chapa branca” para o Rio de Janeiro, onde recebeu o título de
“sócio honorário” do Flamengo, entregue pelo Conselho dos Grandes Beneméritos do clube. O presidente Arthur Lira também recebeu o título.
O roteiro Brasília/Fortaleza/Rio/Brasília de jatinho custou R$ 80 mil.
O presidente estava à vontade no seu frenético roteiro de
apresentação. No dia 5 de dezembro, ele subiu ao palco no Encontro Nacional do
Poder Judiciário, em Salvador, e fez um dueto com a cantora Ana Mametto,
cantando “O que é, o que é?”, de Gonzaguinha – ícone da chamada música de
protesto na década de 70. Nesse evento, fez um desabafo: “A gente está sempre
desagradando alguém. Essa é a vida de um tribunal constitucional independente
que tem a coragem moral de fazer o que tem que fazer”.
Em
13 de novembro, Barroso esteve no seminário "O papel do Supremo nas
democracias", evento promovido pelo jornal Estadão e pela Faculdade de
Direito da Universidade Mackenzie, em São Paulo. Ainda em novembro, o
ministro prestigiou o Seminário “35 anos da Constituição de 1988:
Avanços e Desafios na Proteção de Direitos Fundamentais e da
Democracia”, realizado pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro
(UERJ).
A
temática progressista esteve presente também na sede do Supremo. Em 5
de dezembro, o presidente assinou acordos com a Capes e a Biblioteca
Nacional relativos ao Programa de Combate à Desinformação.
Viagens sob sigilo
As viagens em jatinhos não são as únicas despesas nas viagens dos presidentes do STF, da Câmara e do Senado. A falta de transparência dificulta a coleta de todos os dados, mas algumas “despesinhas” são visíveis.
Além de torrar R$ 3,4 milhões com jatinhos oficiais, Lira gastou mais R$ 1,38 milhão com diárias e passagens das suas equipes de segurança em viagens pelo país e mundo afora.
Foram R$ 470 mil com passagens e R$ 907 mil com diárias.
Assim, os gastos com viagens somaram R$ 4,8 milhões.
Os
gastos com diárias e passagens de seguranças e assessores que
acompanham as viagens do presidente do Senado não estão muito expostos.
Em compensação, o Senado divulga as despesas pagas com cartões
corporativos utilizados pelos servidores em viagens.
Em 2023, elas
somaram R$ 329 mil – quase a totalidade com passagens e despesas com
locomoção.
Esses dados não são divulgados pela Câmara dos Deputados.
O
STF divulga com atraso de alguns meses as despesas com diárias e
passagens aéreas de seguranças e assessores que acompanham os ministros.
Os dados mais recentes são de agosto.
O blog publicou recentemente os
detalhes desses gastos nos dois últimos anos.
As despesas com viagens
dos servidores lotados no gabinete do ministro Barroso somaram R$ 402
mil. As viagens dos ministros são mantidas sob sigilo.
Conteúdo editado por: Jônatas Dias Lima VOZES - Gazeta do Povo