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terça-feira, 18 de outubro de 2022

Lula perdeu e sabe que perdeu o debate. - Percival Puggina

 
Como escrevi várias vezes, a mentira é o primeiro degrau da corrupção porque corrompe um bem inestimável a verdade. 
A construção de narrativas inteiras para alterar a realidade de um fato histórico é esse mesmo degrau com piso de mármore. 
Um discurso de Lula é a escadaria toda, por uma razão muito simples: diga enfaticamente o que disser, sempre haverá registro de uma afirmação sua diametralmente oposta. Lula diz o que o público ao qual fala quer ouvir. Dá nisso.

Seus seguidores, ouvidos viciados de escutar mentiras, precisam delas para dormir melhor. O discurso de Lula é tanto o barbitúrico do banqueiro quanto do vendedor ambulante que a ele sacrificam seu discernimento.

Quantas vezes já ouvi essa cascata de números disparatados cuja imprecisão rivaliza com os do repertório de Soraya Thronicke! Ele se vangloria dessa habilidade que, no debate da Bandeirantes, passou pelo scanner de milhões de olhos e ouvidos e o fez abandonar o estúdio com o sabor amargo da derrota, disparando contra seus acompanhantes: “Vocês não sabem *%@#& nenhuma!”.  

Como cronista, eu o acompanho com especial interesse ao longo de várias décadas. 
Tenho guardado um vídeo em que ele fala sobre essa habilidade chamando atenção para o fato de ser aplaudido no exterior quando disparava números sem qualquer fundamento sobre a miséria em nosso país.  
Parecia-me ouvi-lo de novo, ontem, no debate da Band, quando falava nos 30 milhões de miseráveis. 
No vídeo, ele conta sobre uma palestra em Paris na qual vociferou, sob aplausos, haver 30 milhões de crianças de rua em nosso país (ele diz: “se perguntassem a conta, a gente não tinha”).  
Confessa ter sido advertido reservadamente por Jaime Lerner ser impossível haver tantas crianças em tais condições porque não daria para andar nas ruas (seguem-se risos do pequeno auditório).

Saiu-se muito bem, ontem, o Bolsonaro. Ele não é ator nem parlapatão, mas transmite segurança que derruba narrativas elaboradas por quem tenta sobrepor-lhe perfil que não lhe serve por ser um molde deles mesmos.

[Vejam o vídeo abaixo - apenas um prova do quanto o luLadrão é burro, sem noção - não sabe o básico de Geografia. 
Nos tempos do Obama, o asno petista, [pedimos desculpas aos asnos.] declarou que era preciso policiar a fronteira Brasil x Estados Unidos e agora, no debate da Band, no qual foi triturado, pisado, esmigalhado, expelido, por Bolsonaro, aquele individuo  disse  ter inaugurado uma ponte ligando Minas Gerais ao Mato Grosso - estados não limítrofes, portanto a ponte teria que passar sobre os estados de Goiás e Tocantins - seria a  maior ponte do mundo, de fazer inveja aos chineses.] 
 
 

Lula constrói maior ponte do mundo entre MG e MT. Só que não...

Os dias correm. Portanto, estimado leitor, ora et labora!

Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2021

Exceções criam regimes de exceção - Percival Puggina

Faltou apenas o chargista. O plenário do STF, se desenhada sua decisão, mandou o deputado Daniel Silveira para a cadeia de modo cesáreo, virando os polegares para baixo. Ninguém esperava, é claro, que o voto do relator pela manutenção da prisão fosse de gravar no mármore das mais nobres cortes. Mas tampouco se esperava o que veio: um amontoado de motivos por falta de razões de Direito.

Não aprovo os modos do parlamentar a quem jamais vi. Congressista boquirroto, contudo, não deixa de ser congressista.  
Deputado malcriado, desaforado, preserva suas prerrogativas.  
Ministros do STF, boquirrotos e desaforados, não deixam de ser ministros. 
O caminho natural dos excessos de parlamentares é a Comissão de Ética; dos ministros, é o Senado Federal. 
Para uma Corte tão liberal em soltar presos condenados por crimes reais contra a nação, a prisão do referido parlamentar soa como vendeta.

Embora tendo tido o privilégio de desfrutar, nos últimos anos de sua vida, da amizade e consideração do ex-ministro Jarbas Passarinho, discordo de meu saudoso amigo em relação ao AI-5. Talvez tenha, eu, uma visão parecida com a do deputado em relação a 1964. Mas em que sentido estes temas podem entrar numa decisão sobre prisão preventiva, exceto para revelar preconceitos ideológicos do juiz de acusação (existe essa figura no Direito brasileiro?). [respondendo com o óbvio: no Direito brasileiro, existe; 

o inquérito das fake news, mais conhecido como inquérito do fim do mundo, é um exemplo incontestável: O Poder Judiciário atua sem ser provocado, instaura inquérito, investigasolicita e decreta prisão, acusa, julga em primeira instância e condena, confirma em última instância a condenação o veredito que proferiu na segunda. O adjetivo cesáreo foi uma escolha completa e perfeita do articulista.]  
Como justificar que até mesmo a perspectiva desde a qual o deputado vê fatos da nossa história tenham entrado no voto do ministro relator? Parece que quem expressa tal visão do AI-5 e dos acontecimentos de 1964 não pode, mesmo, andar solto no país comandado pelo STF. Quero dizer: no país do STF formado ao tempo da hegemonia esquerdista. Se um professor pode criar narrativas históricas por interesses políticos e ideológicos em nome do direito de opinião e das prerrogativas da cátedra, muito maiores e mais legítimas são as prerrogativas constitucionais dos membros do Congresso Nacional.  
 
O ex-deputado Roberto Jefferson, mensaleiro no primeiro mandato de Lula, levou apenas três minutos para demolir a tese da suposta “prisão em flagrante”, por mandado, no recinto do lar, em horário noturno, tendo o vídeo postado no YouTube como elemento sempre atual do crime praticado. Deputado só pode ser preso em flagrante por crime inafiançável. A tese então, unanimemente acolhida pela Corte, como bem apontou Roberto Jefferson, foi a do “flagrante perenemente possível” para autor de qualquer texto, fala ou imagem que, sendo objeto de publicação, exiba conteúdo considerado criminoso.  
A decisão unânime de ontem tem a mesma elasticidade daquela, anterior, que transformou o território nacional em “sede ou dependência do STF” para justificar a criação do chamado Inquérito do Fim do Mundo. Conforme foi então decidido, crimes contra ministros, embora cometidos desde o leito do rio Purus, de dentro d’água, numa canoa, são entendidos como ocorrências na sede ou dependências do Tribunal. Aplicam-se, então, a tais crimes, os procedimentos que o sentir do mundo jurídico brasileiro repele. Assim, de elasticidade em elasticidade, de jeitinho em jeitinho, de engenhoca em engenhoca, os críticos dos regimes de exceção vão criando seu próprio regime de exceção. [é a prática reiterada da expedição de decisões absurdas, fora da curva do campo jurídico, que nos leva a advertir com frequência nossos dois leitores do risco que corremos.
O Supremo Tribunal Federal, por qualquer um dos seus ministros, entende que pode adotar tal medida, adota e em reunião de minutos - em modo Cesário, obrigado Puggina - o plenário confirma. 
Muitas vezes usa como supedâneo à decisão colegiada que referenda a monocrática, decisão proferida por instância inferior - investigação aberta pela Segunda Turma da corte para apurar o uso de algemas na transferência do ex-governador do RJ Sérgio Cabral.
Como corrigir eventual  prática decorrente de lapso da Suprema Corte?  
O que complica é que no Brasil quem julga o que está certo - até seus próprios atos - é o Supremo. O Supremo Tribunal Federal é necessário para ser a instância máxima de todo o Poder Judiciário - exceto quando o ato questionado é um praticado pelo STF.
O Supremo Tribunal Federal da República Federativa do Brasil - STF, julga seus próprios atos.
A Constituição Federal tem o remédio para evitar tal supremacia suprema.
Também em épocas passadas, quando a coisa encrencava se socorriam do Papa.
Só que o Supremo é o menos interessado em corrigir, ou facilitar a correção, desse absurdo. A melhor prova disso é que o ministro Fux, às vésperas de ser empossado presidente, questionado sobre o artigo 142 da Constituição Federal, apresentou uma interpretação - oficiosa, é claro - favorecendo a manutenção do atual estado de coisas e nada mais se falou
Com tal situação o receio é que cada decisão fora da curva jurídica, arbitrária, estimule que uma,  mais ofensiva à  democracia, ao estado democrático de direito' (condições sempre decantadas quando servem de base para decisões punindo o inimigo) e surja a pergunta: a quem recorrer do decidido pelo supremo arbítrio? 
Se até erros do tipo “prisão em flagrante”, por mandado, o plenário do STF corrobora.]

 Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras e Cidadão de Porto Alegre, é arquiteto, empresário, escritor e titular do site Conservadores e Liberais (Puggina.org); colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil pelos maus brasileiros. Membro da ADCE. Integrante do grupo Pensar+.


domingo, 5 de julho de 2020

O HOLOCAUSTO DOS POSTOS DE TRABALHO - Percival Puggina

Há dois dias a Folha de São Paulo abriu manchete para a informação de que “a pandemia aniquilou 7,8 milhões de postos de trabalho no Brasil”, acrescentando que, pela primeira vez na história, menos da metade das pessoas em idade de trabalhar está empregada. Indo um pouco mais fundo, sem sair da superfície, a matéria informava estarem incluídos naquele número pavoroso 5,2 milhões de trabalhadores por conta própria, ou sem emprego formal. Os dados foram fornecidos pelo IBGE.

 Agora, digo eu: Uau! Quem poderia imaginar uma coisa dessas? E respondo: algo assim era perfeitamente previsível por quem tem um mínimo de objetividade; basta, simplesmente, assistir como, há quatro meses, empresas e postos de trabalho vêm sendo assassinados a sangue frio. Imagine cinco milhões e 200 mil pessoas, numa situação de trabalho vulnerável por natureza, sendo obrigadas a fechar, apagar a luz, desligar o computador, fechar a porta e dar bilhete azul a seus sonhos e meios de subsistência. 
Imagine essa pessoa, depois, trancada em casa pela simultânea necessidade e inutilidade de sair, ligada nos noticiários que só contam mortos, à espera de algum burocrata disposto a pintar amarelo sobre o vermelho que cobre sua região no mapa do Estado.  Aqui no Rio Grande do Sul, em Porto Alegre, de onde escrevo, durante um curto período de “flexibilização” que se seguiram a três meses de isolamento, fui com minha mulher a três restaurantes que habitualmente frequentamos. Queria falar com os donos, cumprimentar os garçons conhecidos de muitos anos, ter notícias sobre o período de travessia em que esses estabelecimentos, sempre movimentados, passaram a atender por tele entrega. Num deles, com o salão todo rearranjado para o distanciamento, não havia ninguém; quando saímos, apenas um cliente entrara.

Noutro, uma família com cinco ou seis pessoas era a única ocupante de uma das salas; nós fomos os únicos, também, no compartimento ao qual nos conduziram. No terceiro, a situação estava um pouco melhor, menos lugares, mesas afastadas, e, ainda assim, nesse arranjo, sequer uma terça parte das cadeiras ocupadas. Pois nem com isso, nem assim, lhes foi permitido manter o estabelecimento em operação. Porto Alegre fechou seus restaurantes dois ou três dias mais tarde.

 Vem-me à mente o humor ferino de Grouxo Marx, dotado da perenidade devida aos bons frutos da sabedoria: “Você vai acreditar em mim ou nos seus próprios olhos?”. Ou na veracidade, a pedir a nobreza do mármore, enunciada por Thomas Sowel e enviada pelo amigo Dr. Luiz Marcelo Berger enquanto escrevo este texto: “Difícil imaginar maneira mais perigosa de tomar decisões do que deixá-las nas mãos de pessoas que não pagam o preço por estarem erradas”.

Você vai acreditar em seus próprios olhos, ou em quem o levou pelo nariz aonde quis e se prepara, agora, para abastecer seu desânimo e sua psicose com os péssimos números da pauta econômica. O vírus atingiu um índice infinitesimal da população, mas as notícias nos fizeram adoecer. Estamos todos passando mal, numa UTI psicológica cujas portas talvez nunca venham a reabrir completamente.

Percival Puggina (75), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.