Como
escrevi várias vezes, a mentira é o primeiro degrau da corrupção porque
corrompe um bem inestimável – a verdade.
A construção de narrativas
inteiras para alterar a realidade de um fato histórico é esse mesmo
degrau com piso de mármore.
Um discurso de Lula é a escadaria toda, por
uma razão muito simples: diga enfaticamente o que disser, sempre haverá
registro de uma afirmação sua diametralmente oposta. Lula diz o que o
público ao qual fala quer ouvir. Dá nisso.
Seus
seguidores, ouvidos viciados de escutar mentiras, precisam delas para
dormir melhor. O discurso de Lula é tanto o barbitúrico do banqueiro
quanto do vendedor ambulante que a ele sacrificam seu discernimento.
Quantas vezes
já ouvi essa cascata de números disparatados cuja imprecisão rivaliza
com os do repertório de Soraya Thronicke! Ele se vangloria dessa
habilidade que, no debate da Bandeirantes, passou pelo scanner de
milhões de olhos e ouvidos e o fez abandonar o estúdio com o sabor
amargo da derrota, disparando contra seus acompanhantes: “Vocês não
sabem *%@#& nenhuma!”.
Como
cronista, eu o acompanho com especial interesse ao longo de várias
décadas.
Tenho guardado um vídeo em que ele fala sobre essa habilidade
chamando atenção para o fato de ser aplaudido no exterior quando
disparava números sem qualquer fundamento sobre a miséria em nosso país.
Parecia-me ouvi-lo de novo, ontem, no debate da Band, quando falava nos
30 milhões de miseráveis.
No vídeo, ele conta sobre uma palestra em
Paris na qual vociferou, sob aplausos, haver 30 milhões de crianças de
rua em nosso país (ele diz: “se perguntassem a conta, a gente não
tinha”).
Confessa ter sido advertido reservadamente por Jaime Lerner ser
impossível haver tantas crianças em tais condições porque não daria
para andar nas ruas (seguem-se risos do pequeno auditório).
Saiu-se muito
bem, ontem, o Bolsonaro. Ele não é ator nem parlapatão, mas transmite
segurança que derruba narrativas elaboradas por quem tenta sobrepor-lhe
perfil que não lhe serve por ser um molde deles mesmos.
[Vejam o vídeo abaixo - apenas um prova do quanto o luLadrão é burro, sem noção - não sabe o básico de Geografia.
Nos tempos do Obama, o asno petista, [pedimos desculpas aos asnos.] declarou que era preciso policiar a fronteira Brasil x Estados Unidos e agora, no debate da Band, no qual foi triturado, pisado, esmigalhado, expelido, por Bolsonaro, aquele individuo disse ter inaugurado uma ponte ligando Minas Gerais ao Mato Grosso - estados não limítrofes, portanto a ponte teria que passar sobre os estados de Goiás e Tocantins - seria a maior ponte do mundo, de fazer inveja aos chineses.]
Os dias correm. Portanto, estimado leitor, ora et labora!
Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site Liberais e Conservadores
(www.puggina.org), colunista de dezenas de jornais e sites no país.
Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia;
Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.