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terça-feira, 11 de setembro de 2018

Crime bárbaro - Impunidade - Caso Ana Lídia completa 45 anos sem ninguém condenado pelo crime

Caso Ana Lídia: 45 anos de impunidade

Aos 7 anos, menina foi levada do colégio, em 11 de setembro de 1973, e encontrada morta, em uma cova rasa, no dia seguinte. Apesar da barbárie, grande repercussão e comoção, ninguém foi condenado pelo assassinato

Há 45 anos, Ana Lídia era levada com vida do colégio e encontrada morta, no dia seguinte, nua, com os cabelos louros cortados de forma irregular, bem rente ao couro cabeludo, e violentada, em uma cova rasa no cerrado. Tocada durante o mais duro período da ditadura militar, uma investigação cheia de falhas resultou em impunidade. 
Pairavam suspeitas sobre filhos de poderosos. Brasília nunca soube quem foram os algozes da menina vítima do primeiro crime a abalar toda a capital. A cidade ainda em construção perdia a inocência.

A Brasília do início dos anos 1970 tinha população e ritmo de interior. Os crimes se restringiam a pequenos roubos e furtos. As drogas do momento eram a maconha e a cocaína. Não havia crack. Playboys disputavam rachas nas largas, vazias e não monitoradas avenidas. Ana Lídia morava com os pais, Eloyza Rossi Braga e Álvaro Braga, servidores do Departamento de Serviço de Pessoal (Dasp), em um apartamento do Bloco 40 (hoje Bloco B) da 405 Norte. Além da menina, o casal era pai de Álvaro Henrique Braga e Cristina Elizabeth Braga.

A caçula era o xodó da família. Muito protegida, não brincava nos pilotis, não tinha amiguinhos nem saía de casa desacompanhada. Com 7 anos, Ana Lídia cursava, pela manhã, a 1ª série do ensino fundamental da escola Madre Carmen Salles, na 604 Norte, perto da casa dela. No turno vespertino, no mesmo colégio, tinha aulas de reforço — às terças e sextas-feiras — e de piano — às segundas, quartas e quintas-feiras. Como sempre trabalhou, Eloyza contava com a ajuda de uma empregada. Rosa da Conceição Santana estava com a família havia 20 anos.

Em 11 de setembro de 1973, antes de seguirem para o trabalho, os pais levaram Ana Lídia à escola. A deixaram no pátio às 13h50. Por volta das 16h30, como de costume, Rosa foi buscá-la a pé. Ao procurar a menina, recebeu a notícia de que ela não havia comparecido ao colégio naquela tarde. Preocupada, Irmã Celina, diretora da instituição, telefonou para a mãe da aluna a fim de certificar-se de que ela fora deixada no colégio. Começava o pesadelo.

Policiais e curiosos no terreno da UnB onde foi encontrado o corpo de Ana Lídia |Cláudio Alves/CB/D.A Press - 12/09/1973


Asfixia e estupro
Testemunhas contaram que, logo após os pais de Ana Lídia a deixarem na escola, um homem alto, loiro, de cabelos compridos, com blusa branca e calça verde-oliva, a abordou. Ele não deixou a menina entrar na sala de aula. Vinte e duas horas depois, policiais civis encontraram o corpo da menina em um matagal próximo à Universidade de Brasília (UnB).
Próximo ao local em que ela foi enterrada havia duas camisinhas. O laudo do Instituto de Medicina de Legal (IML) atestou que a morte se deu por asfixia, provavelmente provocada por sufocação, entre 4h e 6h de 12 de setembro. Havia ainda manchas roxas e escoriações em várias partes do corpo. O exame comprovou também o estupro da criança.

“A polícia só descansará quando o responsável pela morte da menor for localizado e preso”, garantiu o então secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, coronel Aimé Lamaison, em 12 de setembro de 1973. Em depoimento, o jardineiro do colégio, Benedito Duarte da Cunha, descreveu o homem com quem a criança saiu do Madre Carmem Salles e contou que Ana Lídia não parecia assustada ou nervosa. Ao contrário, deixara o colégio animada e alegre. As características físicas batiam com as de Álvaro, irmão e padrinho de Ana Lídia.

Túmulo da menina no Campo da Esperança: o mais visitado no Dia de Finados | Foto: Daniel Ferreira/CB/D.A Press -  2/11/2013


Tráfico de drogas
Álvaro tinha 18 anos, dois a menos que a irmã mais velha, Christina. Para os pais, era absurda qualquer suspeita sobre o filho. Eles afirmaram que Álvaro estava no carro quando deixaram Ana Lídia na escola e foi, em seguida, levado à Rodoviária do Plano Piloto para buscar informações no Detran sobre o processo de habilitação. Apesar de ainda não ter carteira de motorista, ele ia diariamente de moto — presente do pai — para o colégio Laser, na Asa Sul. “No dia 11, inclusive, ele foi flagrado em uma blitz, e nós ficamos preocupados”, justificou, à época, Eloyza. Durante a apuração, o Ministério Público encaminhou ofício ao Departamento de Trânsito para saber se alguma operação havia sido feita naquele dia. O órgão negou ter havido qualquer ação de fiscalização no DF naquela data.


Alto, loiro, cabelos compridos: Álvaro, irmão da vítima, se encaixava na descrição do sequestrador | Foto: Arquivo CB/D.A Press

Os investigadores trabalhavam com a hipótese de Ana Lídia ter sido morta em função de um possível envolvimento de Álvaro com o tráfico de drogas. O irmão de Ana Lídia teria dívidas de drogas e o sequestro da irmã seria uma maneira de resolver a pendência. O credor seria Raimundo Duque Lacerda, funcionário do Dasp, subordinado da mãe de Ana Lídia, e conhecido pela personalidade descontrolada. Além de problemas com bebida e drogas, ele foi acusado de ser “um dos principais traficantes de maconha do DF” pelo então chefe de polícia, Aderbal Silva.

MATÉRIA COMPLETA, clique aqui


quinta-feira, 1 de março de 2018

342/171-2: Duvivier cobra “alguma coisa”. O quê? Luta armada? Guerra civil? Ele jura não chorar nem fazer xixi na calça?

A peça publicitária produzida pelo “342” é uma piada grotesca e mentirosa já a partir da primeira intervenção. Quem dá a largada a é PhD em segurança pública e política Sônia Braga. Consta ser ela a “tigresa de unhas negas e íris cor de mel” da música de Caetano. Uma pena a musa ter se transformado numa bruxa para os pobres, esmagadoramente favoráveis à intervenção. Diz ela: “O próprio Temer afirma que essa intervenção é uma jogada de mestre”. É mesmo? Onde está tal afirmação? Quem a ouviu? Quem a registrou? Isso fica bem como fofoca do bar do “Seu Nacib”, pobre Gabriela despetalada da minha adolescência, dos meus cabelos brancos e dos meus olhos cansados, ainda que continue, à moda do poeta, nutrindo “grande esperanças”.

O último a falar, claro!, é Caetano, feito a matrona romana.  E manda ver: “Segurança é coisa séria. Mexe com a vida das pessoas. Não pode ser uma jogada”. Pois é. Por isso mesmo, não pode se prestar à mais vil exploração política, que é precisamente o que ele e sua turma fazem.  Onde estavam todos esses amigos do povo ao tempo das UPPs de Sérgio Cabral? Que material crítico produziram? Eu digo: estavam todos a aplaudir o equívoco, ainda que por meio de seu silêncio cúmplice. Ao contrário: quando “ozartistas” falavam, atacavam a política de segurança de São Paulo, onde os homicídios por 100 mil habitantes caíram mais de 70% em 12 anos. A taxa de homicídios no Rio, no auge do falso sucesso das UPPs, nunca foi inferior a duas vezes e meia à do Estado vizinho. Hoje, é superior a três! Ah, mas se louvava, então, o fato de que as UPPs chegavam às favelas, que, em linguagem politicamente correta, devem ser chamadas de “comunidades”, sem que se disparasse um tiro.  Figurinhas descoladas da Zona Sul gostavam de ser fotografadas e filmadas em bailes funk e biroscas nos morros “libertados”.

Reinaldo Azevedo, coitadinho!, escrevia em seu blog: “mistificação”, “mentira”, “farsa”. E lá vinha a matéria de domingo no “Fantástico” com uma criança — necessariamente negra para que a coisa parecesse bem “típica” — soltando uma pipa sob o céu de São Sebastião do Rio de Janeiro, de um azul que, como diria certo compositor baiano, parecia ser “pura memória de algum lugar”. Sim, antes de a Globo transformar Cabral em Belzebu, ele foi canonizado. A crise que se vive agora estava, então, a ser urdida. Não por força de uma tramoia, mas, como diria Marx (esses esquerdistas de meia-tigela nem sabem do que falo), porque caída da árvore dos acontecimentos. Afinal, se o bandido fica solto e só muda de domicílio, deixando em seu lugar um preposto, ele vai fazer… bandidagem.

“Comunidade”
O vídeo traz críticas a intervenção feitas por moradores de favelas, selecionados, obviamente, a dedo, já que, segundo pesquisas, entre os pobres, a aprovação à ação do governo federal se aproxima de 90%.
Uma tal Mayara Donaria, identificada como “comunicadora” resta saber de quê e de quem — e moradora da Maré afirma que a atuação do Exército “só tem como consequência corpos nas calçadas e tias (???) limpando o sangue nas ruas”. A imagem e de roteiro de filme B. Alguém precisa lembrar àquela mocinha que, em 2016, houve 5.300 homicídios no Rio. A Polícia respondeu por uma parte ínfima dessas ocorrências, ainda que mate mais do que o desejável [apesar de menos que o necessário.] . Quantas foram as vítimas das Forças Armadas? Não se devem contar em uma das mãos. A esmagadora maioria das 5.300 ocorrências é de pobres matando pobres de tão pretos e de pretos matando pretos de tão pobres.

Depois fala outra “comunicadora” — parece ser uma nova profissão no Rio —, desta feita, trata-se de Daiene Mendes, do Complexo da Maré. Diz ela: “Queremos, sim, uma intervenção do governo federal na nossa realidade, mas não uma intervenção com mais violência, mais polícia, mais armas e mais mortes”.
É mesmo, “comunicadora”? Se não houver mais armas da Polícia, haverá menos armas dos bandidos? Faço de novo a pergunta: entre os 5.300 mortos de 2016, dona Daiene, quantos foram vítimas de ações policiais? Será que os trabalhadores do Santa Marta, que “comunicadores” não são, concordam com a voz dessa candidata a líder?
Duvivier e “alguma coisa” E, claro, não poderia faltar o garoto-propaganda da maconha, a nossa “pin up” dos tempos modernos. Diz Gregório Duvivier: “Sei que parece que pior do que tá não pode ficar. Alguma coisa, de fato, precisa acontecer”.

A fala é incompreensível porque nem mesmo atende ao rigor mínimo da lógica. O primeiro período sugere, creio, que o humorista acha que a coisa, seja lá o que for, pode piorar, certo? É típico de certos hábitos a pessoa tragar partes do raciocínio na suposição de que o outro entendeu. Aí emenda que “alguma coisa, de fato, precisa acontecer”. Parece que o piadista está com sede de ação. O que seria “alguma coisa de fato”? Resistência armada à intervenção? Desobediência civil? Tirar as calças e sapatear em cima? Quem se dispõe a liderar a luta? Um piadista que se leva a sério demais para se imaginar dono de um pensamento? E os liderados? Os pobres certamente não comparecerão para a revolução gregoriana porque apoiam a intervenção.

O que nenhum deles tem coragem de dizer no vídeo é que a intervenção causa, sim, muitos dissabores: para os traficantes de drogas, que encontram mais dificuldade para vender suas mercadorias, e para os consumidores, aquela minoria extrema da população que financia o crime organizado e, com o seu dinheiro repassado aos bandidos, alimenta também o tráfico de armas. Deve haver um aumento no preço da maconha, da cocaína e outras porcarias homicidas. Sabem como é… Lei da oferta e da demanda…
Por que eu tenho sempre a impressão de que Duvivier é o tipo de linguarudo que, se a chapa esquentar de verdade, começa a chorar e faz xixi na calça?
Fica a cobrança: o que é “alguma coisa”?

Blog do Reinaldo Azevedo

 

domingo, 3 de setembro de 2017

INsegurança pública no DF e Entorno

Moradores do Entorno são obrigados a conviver com a insegurança

Última reportagem da série O Cinturão do Crime mostra como a criminalidade prejudica quem mora em Formosa, Planaltina de Goiás, Águas Lindas e Santo Antônio do Descoberto

A falta de planejamento urbano e o crescimento desordenado dos municípios goianos do Entorno são um dos principais motivos para a violência na região. Prefeituras não conseguem prever e ordenar as demandas da população, que só faz crescer. Bairros surgem sem que haja vagas no sistema público de ensino ou efetivo de segurança para dar conta desse boom. A falta de equipamentos públicos, espaços de convivência, escolas, hospitais e transporte, atrelado ao abandono das autoridades, é terra fértil para a proliferação do crime. Quem vive na região já se adaptou ao contexto de vulnerabilidade e, para conviver com tráfico, roubos, furtos e assassinatos, fazem silêncio. 
 
Na última edição da série O Cinturão do Crime, a reportagem do Correio visita os municípios de Formosa, Planaltina de Goiás, Águas Lindas e Santo Antônio do Descoberto (leia Cidades irmãs abaixo), para mostrar as consequências da criminalidade na vida dos moradores das localidades. Distantes 40km entre si, os dois primeiros municípios abrigam histórias de pessoas transformadas pela violência urbana. Sobreviventes lutam para se recompor, mas nem sempre resistir é uma opção.

Servidora licenciada da Prefeitura de Formosa, Marilene Pereira dos Santos, 50 anos, ficou devastada quando a droga tirou dela, em 15 dias de diferença, dois dos cinco filhos. O primeiro morreu aos 20, com 18 tiros de pistola, e o segundo, de 18, foi assassinado à queima roupa no sofá de casa. Dos três que restaram, um está preso e os outros ela tem pouco tem contato. A própria Marilene encontrou nas drogas uma forma de anestesiar a dor. Usou maconha, cocaína e não resistiu ao crack. Morou na rua, vendeu tudo e se endividou. Nunca se livrou do vício. Hoje, vive com um companheiro, também viciado, e escreve poemas para aliviar o fardo. “Vi na pedra a saída para a depressão. O meu refúgio foi o crack. Não sei nem como estou viva”, lamenta.
 
Vítima de latrocínio
A 40km dali, em Planaltina de Goiás, em um bairro pobre de terra batida, Daiane Cristina da Silva Xavier, 28 anos, chora ao lembrar da mãe, Lourdes Maria da Silva Xavier, 53 anos. Ela perdeu a vida durante um roubo à residência do irmão de Daiane, no Jardim Paquetá. Acompanhada da neta de 4 anos, Lourdete preparava-se para tomar um banho quando se deparou com o criminoso. Ele arrombou o lote pela porta dos fundos e, antes de fugir, esfaqueou a vítima, que morreu no local. “Ela não fazia mal a ninguém, mas foi assassinada mesmo assim. Minha filha de 4 anos presenciou tudo e ficou marcada de sangue”, recorda.

O assaltante foi preso horas depois, acabou solto, mas voltou para a prisão por ter cometido um estupro, também em 2013. As marcas da perda resistem em Daiane até hoje. Ela passou a ter medo de andar na rua e só deixa as filhas de 8 e 4 anos brincarem em frente à casa quando o marido está presente. Não conseguiu sequer completar o curso técnico de enfermagem que fazia.
 
 
 

 
 

 

terça-feira, 28 de março de 2017

Para um combate exitoso às drogas o confronto é necessário e o usuário e o traficante devem ser tratados como iguais, COM RIGOR, lembrando sempre que SEM USUÁRIO o TRÁFICO NÃO EXISTE


“A droga no Brasil já é livre na mão do traficante”, afirma FHC


O ex-presidente participou de um debate sobre a descriminalização das drogas promovido por ÉPOCA com Ilona Szabó e Drauzio Varella 

“A droga no Brasil já é livre na mão do traficante”, afirmou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele participou do debate sobre a liberação das drogas promovido por ÉPOCA, editora Zahar, Instituto Igarapé e a Fundação Armando Álvares Penteado (Faap). O evento marca o lançamento do livro Drogas: as histórias que não te contaram, de Ilona Szabó. A autora do livro debateu com FHC e o médico Drauzio Varella, sob mediação de João Gabriel de Lima, diretor de Redação de ÉPOCA.

Para contar por que abraçou a causa da descriminalização das drogas, FHC lembrou de sua Presidência. Disse que assumiu o Palácio do Planalto com a intenção tradicional de acabar com as drogas, pela via do confronto. “Fizemos ações em várias partes do país, no Polígono da Maconha”, afirma. Mas, segundo ele, o esforço, por maior que fosse, não trazia os resultados esperados. O problema continuava. FHC contou que, participando mais de perto de discussões internacionais sobre o assunto, foi percebendo que haviam outras abordagens sendo propostas. FHC citou os Estados Unidos, país que travou uma guerra às drogas durante várias décadas. E que nos últimos anos passou a incorporar outras iniciativas. Vários estados americanos liberaram a maconha para uso medicinal e alguns até para fins recreativos. “O proibicionismo não vai funcionar”, diz. FHC destacou que não se trata de uma liberação descontrolada. “Não é legalizar”, afirmou. “É regulamentar. O que pode, o que não pode e em quais posições. É não colocar como criminoso o usuário de drogas.” Sobre o caminho político para esse tipo de proposta caminhar no Brasil, FHC sugere que acredita mais na via da Justiça do que do Legislativo. “O Congresso é reticente. Diz que o povo é conservador. O Supremo [Tribunal Federal], como não tem de responder a questões eleitorais, pode ter posições mais controversas”, afirma FHC.

Drauzio Varella descreveu o que acontece quando os países tratam da mesma forma o traficante e o consumidor. Segundo ele, no Brasil, boa parte dos presos é usuária de drogas, eles são julgados como traficantes. Drauzio trabalhou no presídio Carandiru. Contou como aprendeu na Suécia os limites de qualquer política controlar as drogas na cadeia. Ele lembrou que conheceu uma cadeia especial em Estocolmo, para onde iam os presos com melhor comportamento. Era uma prisão  para cerca de 50 detentos, com aulas práticas como marcenaria, onde eles tinham condições melhores para ressocialização. 

Nessa cadeia, lembra Drauzio, as autoridades suecas realizavam testes diários para checar o consumo de drogas pelos encarcerados. Mesmo naquele lugar, com frequência, as substâncias proibidas acabavam sendo apreendidas. Se mesmo naquela cadeia tão pequena e para os detentos com melhor comportamento era impossível erradicar as drogas, qual é a chance de fazer isso nos presídios superlotados do Brasil, perguntou Drauzio. “É impossível você ter uma cadeia sem drogas. Imagine as prisões brasileiras, que são superlotadas e sem condições de fiscalização”, afirmou.

Para Drauzio, é importante começar diferenciando as substâncias em questão. “Não gosto de chamar de ‘drogas’. Uma coisa é maconha. Outra, é cocaína ou heroína. Cada uma tem uma capacidade diferente da outra. Causam compulsões diferentes. Não dá para tratar todas do mesmo jeito”, diz. Segundo o médico, a discussão deve começar com a maconha, pela popularidade e pelas características de uso. “Acho que uma postura é começar com a maconha, que é a droga mais utilizada”, afirma. Nesse caso, ele sugere limites legais mais razoáveis. “Não adianta dizer que a partir de 5 gramas de maconha a pessoa já é um traficante.”

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quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Ministro Barroso sugere legalizar drogas

Crise prisional: Barroso sugere legalizar drogas

Diante da crise no sistema penitenciário brasileiro, o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), disse na quarta-feira, 1º, que a legalização das drogas se coloca “agudamente” na agenda. Em conversa com jornalistas depois da sessão plenária do STF, Barroso defendeu a legalização da maconha – seja produção, distribuição ou consumo -, que deveria ser tratada como o cigarro, sendo tributada e alvo de regulação por parte do poder público. 

[a ideia do ministro Barroso é extremamente eficaz na redução da superlotação dos presídios; e, tem uma vantagem: depois de uns três meses da liberação da maconha, libera os homicídios, os assaltos sem vítima fatal e logo teremos o fim da superlotação das cadeias, que será substituída pela superlotação dos cemitérios.
Mas, certamente o ministro Barroso deverá sugerir que a 'cremação' se torne obrigatória.
Pode inclusive constar na política de esvaziamento das cadeias que o criminoso que ateie fogo no cadáver de sua vítima, seja beneficiado com uma política de redução da pena.]
Na avaliação do ministro, a atual política brasileira no enfrentamento das drogas tem sido “contraproducente”. Barroso também afirmou que, caso a experiência com a legalização da maconha seja bem-sucedida, o mesmo poderia ser feito com a cocaína. “É preciso lidar com o realismo de que a guerra às drogas fracassou. E agora temos dois problemas: a droga e as penitenciárias entupidas de gente que entra não sendo perigosa e sai sendo perigosa.” 

O STF já começou a julgar a descriminalização do porte de maconha para consumo próprio, mas a discussão foi interrompida depois do pedido de vista de Teori Zavascki em setembro de 2015. Nesse julgamento, Barroso defendeu que o porte de até 25 gramas de maconha ou a plantação de até seis plantas “fêmeas” sejam parâmetros de referência para diferenciar consumo e tráfico. 

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.