A vida de Lula não está fácil, e nada indica que melhorará nos próximos
meses. O panelaço a nível nacional, alguns julgam o maior dos últimos
tempos, indica que a movimentação contra o PT voltou a mobilizar a
população, cujo estado de espírito já havia se revelado na pesquisa
Ibope que deu a Lula uma mega taxa de rejeição.
Investigado em
várias frentes, ele corre o sério risco de vir a ser indiciado por
diversos crimes que começam a ser explicitados. A unanimidade do
plenário do Conselho Nacional do Ministério Público que derrubou a
liminar do deputado petista Paulo Teixeira, que suspendera os
depoimentos de Lula e Marisa na semana passada, tem um sentido político
inegável.
Lula vai perdendo as blindagens que o protegiam, e
várias forças-tarefas vasculham sua atividade nos últimos anos. O
Ministério Público de Brasília aumentou o foco sobre a investigação da
atuação do ex-presidente como lobista de empreiteiras aqui e no
exterior, e já há indícios de que ele praticou tráfico de influência em
favor da Odebrecht no país e no exterior.
Por sua vez, a
força-tarefa do Ministério Público de São Paulo, formada pelos
promotores Cassio Conserino, Carlos Blat (natural), Fernando Henrique de
Morais e José Guimarães Carneiro teve confirmada a sua legalidade na
investigação do tríplex do Guarujá, e deverá convocar novamente o
ex-presidente e dona Mariza para depor.
A anotação encontrada com
Marcelo Odebrecht que se refere a R$ 12 milhões para o IL (Instituto
Lula) parece ter procedência, pois começam a vir a público antigas
reportagens que falam sobre a ideia de Lula de construir um prédio novo
para o Instituto Lula, e cita o amigo do peito José Carlos Bumlai como o
arrecadador de dinheiro entre os empresários.
Tudo vai se
encaixando como peças de um quebra-cabeças pacientemente montado pelos
procuradores da Lava-Jato em Curitiba com o auxílio da Polícia Federal.
Não há histórico de irresponsabilidades nas centenas de prisões já
feitas, e é improvável que tenham cometido um erro gigantesco como o de
acusar o marqueteiro João Santana sem condições de provar as
irregularidades.
O coordenador dos Procuradores, Dalton
Dallagnol, me disse certa vez que quando uma prisão é decretada, há
quase 100% de certeza de que o acusado será condenado, pois as provas
são muito robustas. Nesse caso do marqueteiro, o Procurador Carlos
Fernando dos Santos Lima disse que nunca haviam conseguido um conjunto
de provas tão contundentes quanto nesta 23 fase da Operação Lava-Jato.
Mais
uma vez as investigações vão encaixando as peças do quebra-cabeças,
tornando difícil contestação. Nos documentos de Marcelo Odebrecht foram
encontradas há meses anotações que colocam sentido nos fatos
posteriormente descobertos. Como por exemplo, avisar (a Edinho Silva,
hoje ministro, ontem coordenador da campanha presidencial) que a conta
na Suíça pode chegar a ela, numa clara referência à presidente Dilma.
Uma
conta naquele país, de João Santana, já foi confiscada pelas
autoridades financeiras suíças. E há também uma anotação que fala em
liberar (dinheiro) para o Feira (codinome de João Santana). Difícil
imaginar que a Odebrecht pagasse a João Santana por fora pelas campanhas
presidenciais que ele andou fazendo para políticos ligados a Lula e ao
PT na América Latina.
Seria um crime de qualquer maneira, pois as
contas offshores não foram declaradas, mas não faz sentido que tenha
sido usado para tal tarefa o engenheiro Zwi Skornicki, representante
oficial no Brasil do Estaleiro Keppel Fels, considerado um dos
principais operadores de propinas ligado à Petrobras. As
acusações da Força-Tarefa da Lava-Jato vão sendo provadas uma a uma.
Eles acusaram a Odebrecht de ter mandado para o exterior, desde o início
da Operação, vários executivos, para protegê-los e dificultar as
investigações. Ontem, soube-se que um deles, o executivo Fernando
Miggliacio, que tinha sua prisão pedida nessa 23 fase, foi preso em
Genebra tentando encerrar contas bancárias.
Ele seria o
encarregado de controlar as contas offshore, como as que encaminharam o
dinheiro para João Santana no exterior, e fazer os pagamentos de
propinas para diversas autoridades em países em que a empreiteira
brasileira atua. Tudo indica que estamos chegando à reta final desse
quebra-cabeças, que já tem praticamente todas as suas peças encaixadas.
Fonte: Merval Pereira - O Globo
Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
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quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016
Vida difícil
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presidente Dilma
Lula surge na tela, e panelaço e buzinaço chegam ao ápice. É o “esquenta” para o dia 13
O ex-presidente deve ser hoje o político mais rejeitado do Brasil. Ninguém mais quer saber dessa gente
O panelaço e
o buzinaço eram gigantescos desde os primeiros segundos do horário
político do PT. Mas atingiu seu ponto alto quando apareceu na tela a
figura de Luiz Inácio Lula da Silva.
Eis a prova definitiva de que ninguém caiu na conversa do demiurgo. Lula deve ser hoje o político mais rejeitado do Brasil.
Se alguém achava que os protestos diminuiriam com a ausência de Dilma, errou feio.
Ninguém quer assistir ao enterro da última quimera do Apedeuta. O programa do PT é um ótimo esquenta para o dia 13 de março.
Pagador de propina depositou US$ 1,5 milhão na conta de Santana durante campanha eleitoral de Dilma
É evidente que a investigação se aproxima perigosamente do Palácio do Planalto. Por que um lobista, conhecido por fazer da propina um método de trabalho, depositaria US$ 4,5 milhões na conta de Santana no prazo de um ano, em robustas parcelas de US$ 500 mil? Para remunerar exatamente qual trabalho?
O
marqueteiro João Santana e sua mulher, Mônica Moura, chegaram nesta
terça ao Brasil. Ela se mostrava confiante, deixando escapar, quem sabe,
um esgar de ironia. Ele parecia tranquilo, ar sorridente, como quem
estivesse prestes a desfazer um mero mal-entendido. E, no entanto,
parece que as coisas não vão mesmo se dar dessa maneira.
Tudo indica
que Santana vai dizer que o dinheiro que recebeu numa conta offshore
decorre de trabalhos que fez no exterior (ver post anterior). Já
evidenciei que a versão não faz sentido. Reportagem publicada pelo
Estadão, de resto, traz uma coincidência que ameaça levar para o centro
do furacão as contas de campanha de Dilma Rousseff.
Três dos
nove depósitos feitos na conta de Santana pelo lobista e pagador de
propina Zwi Skornicki aconteceram quando o marqueteiro estava no Brasil,
dedicado de corpo e alma à campanha de Dilma Rousseff. Totalizam US$
1,5 milhão. Foram efetuados nos dias 10 de julho, 6 de setembro e 4 de
novembro de 2014. A atividade conhecida de Skornicki era fazer negócios
que envolviam a Petrobras, apelando ao argumento muito conhecido da
propina.
Ao todo,
foram nove depósitos de US$ 500 mil. O primeiro foi efetuado pela Deep
Sea Oil — conta de Skornick — na Shellbill, a conta de Santana, no dia
25 de setembro de 2013. Dois outros se deram em novembro e dezembro
daquele ano. Em 2014, os primeiros depósitos ocorreram em fevereiro,
março e abril. Convenham: àquela altura, só a campanha oficial não havia
começado. A real já comia solta. E Santana já estava cuidando da imagem
da candidata à reeleição: Dilma Rousseff.
É evidente
que a investigação se aproxima perigosamente do Palácio do Planalto. Por
que um lobista, conhecido por fazer da propina um método de trabalho,
depositaria US$ 4,5 milhões na conta de Santana no prazo de um ano, em
robustas parcelas de US$ 500 mil? Para remunerar exatamente qual
trabalho?
A Lava Jato,
diga-se de novo, não está investigando campanhas eleitorais ou a
prestação de contas do partido. O que ela investiga são eventuais
crimes, como lavagem de dinheiro, por exemplo. É evidente que esses
dados, no entanto, têm de ser enviados ao Tribunal Superior Eleitoral,
onde há quatro ações movidas pelo PSDB que podem resultar na cassação da
chapa que elegeu Dilma.
Não será fácil a presidente encerrar este mandato. E que não encerre! Para o bem do Brasil.
Fonte: Blog do Reinaldo Azevedo
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terça-feira, 23 de fevereiro de 2016
Mandato de Dilma subiu no telhado
A prisão temporária do
casal João Santana-Mônica poderá se transformar, em breve, em prisão preventiva, sem data para se esgotar. Sem a certeza,
inclusive, de que se esgotará antes de uma eventual condenação. Mas o que apavora de
fato o governo não é o que possa acontecer com o casal, por mais que Dilma
goste dele. Nem mesmo o que o casal possa revelar. Santana e Mônica nada
revelarão que deixe mal o governo.
O
que apavora é a desconfiança de que o juiz Sérgio Moro já possui indícios e
provas convincentes da
injeção nas contas da campanha de Dilma à reeleição de dinheiro surrupiado à
Petrobras. É por isso que o governo tremeu quando a Lava-Jato deflagrou mais de
uma de suas fases, a 23ª. E nem tão cedo deixará de tremer. O segundo mandato da presidente Dilma,
simplesmente, subiu no telhado.
Poderá jamais despencar dali. Ou
descer mais adiante. Mas até
lá, Dilma não dormirá o sono dos inocentes. Muito menos
Lula, às voltas com problemas que talvez resultem no seu indiciamento
por crimes. Moro suspeita que Santana
recebeu por meio de contas no exterior parte do dinheiro que ganhou para fazer
a campanha de Dilma e orientar em 2014 campanhas do PT em alguns Estados.
Essa
parte, calculada em pouco mais de sete
milhões de dólares, teria sido paga pela Odebrecht e por um operador de
propinas ligado ao esquema do saque à Petrobras, e preso desde ontem. - É extremamente improvável que a
destinação de recursos espúrios e provenientes da corrupção na Petrobras [a
Santana e sua mulher] esteja desvinculada dos serviços que prestaram à aludida
agremiação política [o PT] – decretou
Moro.
E foi além: - Por mais que [o casal] tenha declarado ao Fisco os valores, tinha
conhecimento da origem espúria dos recursos [e ocultou valores no exterior]
mediante expedientes notoriamente fraudulentos.
Nada pior para Dilma a essa
altura. Ameaçada por um
processo inconcluso de impeachment na Câmara dos Deputados, ela receia que agora ganhe mais
robustez quatro ações impetradas pelo PSDB no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e
que pedem a anulação do resultado da última eleição presidencial.
Dilma
é acusada de abuso de poder político e econômico para se reeleger e de
irregularidades nas contas de sua campanha. Se o TSE concluir que houve crimes, será marcada
uma nova eleição, este ano, sem que Dilma e seu vice Michel Temer possam
disputá-la. O PSDB quer juntar às suas ações o que a Lava-Jato apurar sobre o
uso de dinheiro sujo para reeleger Dilma. Talvez não tenha tempo hábil para
isso. Uma decisão do TSE a respeito
deverá ser tomada ainda neste semestre. De resto, o
TSE poderá recusar a juntada às ações de mais documentos. Se escapar à condenação do TSE, Dilma
não escapará, porém, do estrago a ser provocado em sua imagem pela prisão do
casal Santana-Mônica.
O publicitário Duda Mendonça, em 2005, confessou ter recebido no exterior 10,5 milhões de dólares que o PT lhe devia por seu trabalho como
marqueteiro da campanha que três anos antes levara Lula ao poder. Na
época, Lula imaginou que seu mandato acabaria cassado. Santana jamais foi um simples marqueteiro que
apenas ajudou Dilma a vencer em 2010 e em 2014. No primeiro governo dela e
neste, Santana foi a pessoa que Dilma sempre consultou para adotar medidas que
pudessem se refletir em sua imagem. Quer dizer: as mais importantes.
Ela,
com justa fama de ouvir pouco ou quase nada seus principais auxiliares e de só
fazer o que quer, sempre ouvia Santana, e levava em
conta os seus conselhos. Foi dele a ideia comprada por Dilma de em 2013 reduzir as tarifas de
energia. Dilma faturou votos com isso. O
país perdeu. Não poucas vezes,
ministros discutiam assuntos com Santana para só depois discuti-los com Dilma.
Prefeitos procuravam Santana atrás de ajuda junto ao governo. Da mesma forma,
autoridades de outros países.
A preocupação de Santana em não
demonstrar importância, seu comportamento
sempre discreto, jamais
foi capaz de disfarçar a influência que exerceu nos destinos dos governos de
Dilma. A presidente perdeu quem lhe dizia o que falar e
o que calar. A Lava-Jato bateu à sua porta. E mesmo que salve o
mandato, ficará menor do que já é hoje.
Fonte: Ricardo Noblat – Blog do Noblat
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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015
Entre o espelho e o marqueteiro
De desastre em desastre, a presidente Dilma se vê com espaço de manobra cada vez mais restrito
Fevereiro vem impondo duro
choque de realidade a quem ainda não se dera conta da extensão do
despreparo da presidente Dilma para enfrentar a grave conjunção de
crises com que agora se depara. Na esteira de uma atuação espantosamente
desastrada, o Planalto parece ter estreitado ainda mais o já reduzido
espaço de manobra com que contava para lidar com leque tão amplo de
dificuldades.
O primeiro desastre foi o retumbante fracasso do pretensioso esquema de segurança parlamentar que, supostamente, estaria garantido pelas forças políticas representadas no novo ministério. Apesar de todo seu empenho, o Planalto não conseguiu evitar que o Deputado Eduardo Cunha, notório desafeto de Dilma, conquistasse a presidência da Câmara em primeiro turno, com 267 votos. Não bastasse seu candidato ter tido pífios 136 votos, o PT se viu completamente alijado da Mesa Diretora da Câmara.
Quatro dias depois, para grande irritação do Planalto, a oposição, apoiada por 52 parlamentares da base aliada do governo, conseguiu aprovar a instalação de nova CPI da Petrobras na Câmara, prontamente autorizada pelo presidente da Casa. E foi só o começo. A presidente vem tendo desgostos quase diários com o que vem ocorrendo naquela Casa.
Ainda atordoado pela consciência da precariedade do seu apoio parlamentar, o Planalto logo se viu às voltas com novas trapalhadas na condução da crise da Petrobras. Indignada por ter o Conselho de Administração da empresa admitido que os ativos da companhia poderiam vir a sofrer baixas contábeis da ordem de R$ 88 bilhões, Dilma anunciou que Graça Foster seria afastada da presidência da estatal.
Como já havia feito com Guido Mantega na Fazenda, a presidente pediu a Graça Foster e demais diretores que permanecessem no cargo até que fosse concluído o problemático fechamento do balanço da empresa. Para sua grande surpresa, a diretoria recusou-se a desempenhar tal papel. Preferiu demitir-se em bloco. E Dilma viu-se, de repente, obrigada a encontrar, em 48 horas, um nome com perfil adequado que se dispusesse a assumir a presidência da Petrobras em meio à grave crise que atravessa a empresa.
Entalada nessa posição tão difícil, a presidente poderia ter aproveitado a oportunidade para escolher um nome respeitável e independente, que fosse capaz de repassar a empresa a limpo. Mas preferiu uma solução caseira, que lhe permitisse manter a presidência da empresa sob seu estrito controle e assegurar a blindagem que obceca o Planalto: impedir que o Conselho de Administração e a cúpula do governo venham a ser de alguma forma responsabilizados pelo que aconteceu na Petrobras.
Foi um erro grave. É bem provável que a presidente se arrependa amargamente de ter perdido a oportunidade de pôr em marcha um esforço convincente de reconstrução da Petrobras em outras bases. Dilma parece ainda não ter percebido que, a esta altura, já não será no âmbito da própria estatal que afinal será estabelecido se o Conselho de Administração da empresa ou o Planalto devem ou não ser responsabilizados pelo que aconteceu. E que, caso ela própria venha a ser responsabilizada de alguma forma, estará em posição muito menos confortável do que estaria se pudesse ostentar empenho inequívoco e genuíno em passar a estatal a limpo no seu segundo mandato.
No governo, houve quem se queixasse de que, na escolha do novo presidente da Petrobras, Dilma teria tomado uma decisão solitária, sem consultar ninguém. A informação de que só consultou a si mesma é mais uma evidência de que a presidente, desalentada, quem sabe pela qualidade da assessoria de que se cercou, tem-se mantido preocupantemente isolada.
O que agora se noticia é que, alarmada com a rápida queda de sua popularidade e com a extensão da deterioração de sua imagem, Dilma estaria convencida de que precisa se reaproximar de seu marqueteiro. [a principal dica do marqueteiro de Dilma é que ela minta; até para mentir com êxito é preciso ter alguma credibilidade, o que Dilma não tem mais.]Uma reação redondamente equivocada. Passar a entremear consultas ao espelho com sessões de ilusionismo não é exatamente o tipo de arejamento de que a presidente precisa.
Por: Rogério Furquim Werneck, economista
O primeiro desastre foi o retumbante fracasso do pretensioso esquema de segurança parlamentar que, supostamente, estaria garantido pelas forças políticas representadas no novo ministério. Apesar de todo seu empenho, o Planalto não conseguiu evitar que o Deputado Eduardo Cunha, notório desafeto de Dilma, conquistasse a presidência da Câmara em primeiro turno, com 267 votos. Não bastasse seu candidato ter tido pífios 136 votos, o PT se viu completamente alijado da Mesa Diretora da Câmara.
Quatro dias depois, para grande irritação do Planalto, a oposição, apoiada por 52 parlamentares da base aliada do governo, conseguiu aprovar a instalação de nova CPI da Petrobras na Câmara, prontamente autorizada pelo presidente da Casa. E foi só o começo. A presidente vem tendo desgostos quase diários com o que vem ocorrendo naquela Casa.
Ainda atordoado pela consciência da precariedade do seu apoio parlamentar, o Planalto logo se viu às voltas com novas trapalhadas na condução da crise da Petrobras. Indignada por ter o Conselho de Administração da empresa admitido que os ativos da companhia poderiam vir a sofrer baixas contábeis da ordem de R$ 88 bilhões, Dilma anunciou que Graça Foster seria afastada da presidência da estatal.
Como já havia feito com Guido Mantega na Fazenda, a presidente pediu a Graça Foster e demais diretores que permanecessem no cargo até que fosse concluído o problemático fechamento do balanço da empresa. Para sua grande surpresa, a diretoria recusou-se a desempenhar tal papel. Preferiu demitir-se em bloco. E Dilma viu-se, de repente, obrigada a encontrar, em 48 horas, um nome com perfil adequado que se dispusesse a assumir a presidência da Petrobras em meio à grave crise que atravessa a empresa.
Entalada nessa posição tão difícil, a presidente poderia ter aproveitado a oportunidade para escolher um nome respeitável e independente, que fosse capaz de repassar a empresa a limpo. Mas preferiu uma solução caseira, que lhe permitisse manter a presidência da empresa sob seu estrito controle e assegurar a blindagem que obceca o Planalto: impedir que o Conselho de Administração e a cúpula do governo venham a ser de alguma forma responsabilizados pelo que aconteceu na Petrobras.
Foi um erro grave. É bem provável que a presidente se arrependa amargamente de ter perdido a oportunidade de pôr em marcha um esforço convincente de reconstrução da Petrobras em outras bases. Dilma parece ainda não ter percebido que, a esta altura, já não será no âmbito da própria estatal que afinal será estabelecido se o Conselho de Administração da empresa ou o Planalto devem ou não ser responsabilizados pelo que aconteceu. E que, caso ela própria venha a ser responsabilizada de alguma forma, estará em posição muito menos confortável do que estaria se pudesse ostentar empenho inequívoco e genuíno em passar a estatal a limpo no seu segundo mandato.
No governo, houve quem se queixasse de que, na escolha do novo presidente da Petrobras, Dilma teria tomado uma decisão solitária, sem consultar ninguém. A informação de que só consultou a si mesma é mais uma evidência de que a presidente, desalentada, quem sabe pela qualidade da assessoria de que se cercou, tem-se mantido preocupantemente isolada.
O que agora se noticia é que, alarmada com a rápida queda de sua popularidade e com a extensão da deterioração de sua imagem, Dilma estaria convencida de que precisa se reaproximar de seu marqueteiro. [a principal dica do marqueteiro de Dilma é que ela minta; até para mentir com êxito é preciso ter alguma credibilidade, o que Dilma não tem mais.]Uma reação redondamente equivocada. Passar a entremear consultas ao espelho com sessões de ilusionismo não é exatamente o tipo de arejamento de que a presidente precisa.
Por: Rogério Furquim Werneck, economista
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quinta-feira, 29 de janeiro de 2015
PETROBRAS DESMENTE DILMA
Assim como a bronca que a presidente Dilma deu no operador do
teleprompter revelou aos mais desavisados que
aquela fala coloquial na reunião ministerial nada tinha de espontânea, estava
toda escrita por ghost writer com viés de marqueteiro, também a revelação do balanço incompleto da Petrobras
demonstrou o que provavelmente a maioria já suspeitava: a situação da maior estatal brasileira é caótica, e ninguém sabe
qual é o número verdadeiro do rombo que o petrolão causou.
A própria Graça Foster, presidente da empresa, admitiu
por escrito "ser
impraticável" a
quantificação destes valores "indevidamente reconhecidos" (uma variação
do famoso "dinheiro não contabilizado" eternizado pelo tesoureiro do
PT Delúbio Soares no mensalão). Sem uma avaliação de auditores independentes, que se recusaram a endossar os números, o
balanço do 3º trimestre fez virar pó
toda a propaganda lida por Dilma sobre a Petrobras que, segundo ela, "já vinha passando por um rigoroso
processo de aprimoramento de gestão" antes do escândalo, e no entanto
não foi capaz de dimensionar o verdadeiro buraco nas contas da empresa.
Há informações de que na reunião do Conselho de
Administração que aprovou o balanço divulgado, houve pressão de ministros da antiga administração que se opuseram
à adoção de critérios para definir as perdas, por considerarem que nem tudo nos
31 projetos que tiveram redução no valor do ativo estava relacionado com perdas por
corrupção, mas havia também outros fatores como ineficiência dos projetos ou até atrasos por causa de problemas climáticos.
Como se vê, está longe o dia em que a Petrobras terá,
como prometeu a presidente Dilma em seu discurso na reunião ministerial, "a mais eficiente estrutura de
governança e controle que uma empresa estatal, ou privada já teve no
Brasil". O que impressiona é que o balanço da Petrobras tenha sido
divulgado na mesma noite em que a presidente fez seu discurso na reunião
ministerial.
Não
apenas por que a divulgação foi à noite, quase às escondidas,
mas principalmente por que revela um desencontro
inacreditável entre o que a presidente disse e o que a estatal mostrou no seu
balanço. Um mínimo de coordenação no governo impediria que a Petrobras desmentisse a presidente tão diretamente. A presidente Dilma também saiu da realidade
quando disse que a Petrobras, "a
mais estratégica para o Brasil e a que mais contrata e investe no país", teria
que continuar a apostar no modelo de partilha para o pré-sal, e dar
continuidade à vitoriosa política de conteúdo local.
O problema é que, horas depois, o balanço da empresa,
mesmo feito de maneira incorreta, mostrou que a Petrobras terminou o trimestre com um
endividamento líquido de R$ 261,4 bilhões, um aumento de 18% (ou R$ 40
bilhões) em relação ao fechamento de 2013, a maior parte dessa dívida em
dólar.
Do investimento total, apenas R$ 62 bilhões foram próprios, o restante veio de
investidores externos. Isso demonstra que a aposta no sistema de partilha, que obriga a
Petrobras a bancar pelo menos 30% de todos os investimentos no pré-sal, é
simplesmente inviável, além do fato de que a política de conteúdo
nacional nada tem de vitoriosa.
Ela
obriga a estatal a comprar equipamentos muito mais caros,
além de bancar a ineficiência de empresas criadas para
fabricar equipamentos de conteúdo nacional, como a Sete Brasil criada
em 2011 para a contratação de sondas marítimas. A Petrobras indicou o comando
executivo da empresa, e Pedro Barusco, o executivo que se comprometeu a
devolver U$ 100 milhões na Operação
Lava-Jato, foi colocado lá.
Agora, a empresa, uma união da Petrobras com bancos como o Pactual BTG e fundos
de pensão, está quebrada e teve que ser socorrida pelo BNDES. O desencontro entre as promessas presidenciais
e a realidade está cada vez maior, e isso é
preocupante.
Fonte:
Merval
Pereira – O Globo
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