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domingo, 18 de junho de 2023

Fazer o quê? E como? - Carlos Alberto Sardenberg

No início deste mês, dava-se como certo que a ministra do Turismo, Daniela Carneiro, seria demitida nesta semana. Não foi. 
Na próxima, o presidente Lula vai para a Europa, de modo que a ministra, também deputada federal pelo Rio, pode ganhar mais alguns dias, se escapar neste final de semana
Estaria o governo avaliando a política para o turismo? 
Teria a ministra fracassado em apenas cinco meses de governo? [se desonestidade fosse critério que impedisse alguém de ser ministro, certamente a reunião 'ministerial' não  estaria sendo presidida pelo petista; o ilustre  Sardenberg esqueceu que tinha um outro para ser demitido, aquele que gosta de cavalos.]

Ingenuidade.

Há uma intensa discussão sobre o futuro desse ministério, mas ninguém, entre amigos e adversários da deputada, fala sobre programas para desenvolver o turismo interno ou para atrair mais estrangeiros para este belo país.

Tem mais. Daniela Carneiro integra o grupo político liderado por seu marido, prefeito de Belford Roxo, o Waguinho. O casal, com ligações à direita, apoiou Lula nas últimas eleições — e o presidente é muito grato. Logo, se a questão não tem nada a ver com turismo, tem muito a ver com a compensação que se dará ao grupo de Waguinho.  
Algo numa área parecida? Algo a ver com viagens? Aeroportos? Nada. Especula-se que o prefeito e sua mulher estejam interessados na gestão dos serviços de saúde do Rio. Mais exatamente, nos grandes hospitais federais. São cinco grandes. Problema: estão sob controle do PT.
De novo, não se fala de políticas para melhorar a eficiência dos hospitais, reduzir as filas de espera, coisas assim. Nos bastidores da disputa, comenta-se que essa área da saúde tem mais capilaridade e, sobretudo, muito mais verbas, contratos de prestação de serviços, compra de equipamentos e medicamentos. (Aliás, como registrou Bernardo Mello, do GLOBO, dois diretores desses hospitais, indicados pelo PT, já foram exonerados, depois de reportagens do jornal e da TV Globo, levantando questões de administração.) Repararam?  
A ministra tem apenas cinco meses de gestão. Os diretores, nem isso. Não daria para avaliar nenhuma política séria. 
 
Na última reunião ministerial, Lula disse a seus auxiliares que não queria mais saber de ideias novas, mas da aplicação de propostas já definidas. Quem tem propostas? O ministro Fernando Haddad, certamente. Tem conseguido desenvolver seus programas, mas não sem enfrentar surpresas dentro do próprio governo. Ele vinha repetindo que seu objetivo é reduzir os incentivos fiscais, quando o vice-presidente e ministro da Indústria, Geraldo Alckmin, anunciou um programa de concessão de incentivos para a indústria automobilística. 
 Haddad ainda se salvou de uma goleada feita de gols contra. Conseguiu limitar o programa de Alckmin, mas teve de entregar algumas centenas de milhões de reais.
A questão dos incentivos aparece em dois temas cruciais para o governo e para o país: a reforma tributária e o arcabouço fiscal. 
Qual linha prevalecerá? É a pergunta que se fazem senadores e deputados. Na verdade, uma questão mais ampla: o governo e suas bases apoiam que projeto de reforma dos impostos? 
São dilemas que prejudicam o funcionamento do governo. Primeiro, saber quais são as propostas. Segundo, quando se sabe, qual prevalece. E terceiro, o mais importante, quem será nomeado para tocar as coisas. 
 
Considerem a disputa aberta entre ambientalistas e desenvolvimentistas. Estes querem os investimentos na indústria do petróleo, incluindo a exploração do óleo na Margem Equatorial, ao longo da foz do Amazonas, e na construção de ferrovias e estradas, de apoio ao agronegócio, que passam pela Amazônia. 
Ora, a preservação da floresta é compromisso firme de Lula, local e internacional. 
E os ambientalistas, liderados por Marina Silva, demonstram muita firmeza. Parece que o presidente tentará conciliar as posições.
 
Muitas escolhas precisam ser feitas, e logo. O governo está para anunciar uma nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento [PAC, mais conhecido como PACO em homenagem ao famoso conto do PACO - só que o PACO petista é mais nocivo  que o PACO que dá nome ao conto.] e ali deverão constar os investimentos e financiamentos prioritários. Aí veremos. 
Aliás, saberemos também o nome. PAC lembra Dilma. E está meio queimado. É outro dilema. O de menos.

Carlos Alberto Sardenberg, jornalista  - Coluna Opinião publicada em O Globo


sexta-feira, 8 de julho de 2022

Em reunião ministerial, militares atacam o TSE e defendem auditorIa - VEJA

Com total apoio de Bolsonaro, tropa do presidente acirrou tensão com a Justiça Eleitoral e reclamou que é tratada com indiferença por ministros do tribunal

Em segundo lugar nas pesquisas, Jair Bolsonaro considera duas batalhas cruciais para se manter no poder.  Uma delas é contra a inflação e, para vencê-la, ele anunciou um pacote de mais de 40 bilhões de reais destinado a bancar a ampliação do Auxílio Brasil, o pagamento de uma ajuda mensal de 1 000 reais a caminhoneiros autônomos e a duplicação do valor repassado a famílias carentes para ajudá-las na compra de botijão de gás. 
Com esse arsenal poderoso, o presidente acredita que ganhará terreno entre os eleitores mais pobres e superará Lula em outubro. [as eleições são em outubro e o descondenado petista, não inocentado, o maior ladrão do Brasil, não é merecedor das preocupações do nosso presidente e as medidas adotadas buscam apenas reduzir a fome entre os mais necessitados.
O Luladrão é insignificante como rival e o que ele mais deseja é encontrar uma forma de abandonar sua candidatura  e assim evitar o que ele mais teme: encerrar sua carreira política com uma derrota e logo para o Bolsonaro.]
FRENTE DE BATALHA – Bolsonaro e o general Paulo Sérgio: o presidente e o ministro da Defesa subiram o tom contra o TSE – Mateus Bonomi/AGIF/AFP

 
Mas, como essa reviravolta ainda não ocorreu e ele teme ser derrotado, o ex-capitão tem se dedicado a uma nova ofensiva em outra trincheira. Com a ajuda dos ministros do governo e, principalmente, dos militares, Bolsonaro quer forçar o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) a acolher as sugestões de sua equipe sobre o processo eleitoral antes da realização da votação. Se isso não ocorrer, ele dá a entender que não reconhecerá eventual resultado desfavorável e, mais grave, que convocará o Exército para auditar o resultado final. Nessa cruzada estratégica, a arma principal do mandatário é a ameaça de confronto e de uso da força. [ o TSE dispõe da maneira mais eficiente e justa de tirar esse 'argumento' que é atribuído ao presidente Bolsonaro, ou seja adotar  providências para que um percentual de pelo menos uns 30% das urnas eletrônicas, distribuídas por todo o Brasil, disponham de impressoras que permitam o voto impresso = voto auditável, acabando assim com qualquer argumento que atribuem ao capitão.
Acaba toda a questão. Tempo hábil existe,  é questão de concordar que nada impede maior transparência no processo eleitoral. 
Destaque-se que o voto continuará sendo digital, não serão usadas cédulas eleitorais de papel ou qualquer outro meio físico.]
 
A tensão entre o presidente e integrantes da Justiça Eleitoral é antiga e se desenrolava com as trocas de acusações de praxe até a manhã da terça-feira 5, quando o presidente realizou uma reunião ministerial com o objetivo de insuflar a sua tropa. O encontro durou cerca de três horas, das quais pelo menos duas foram dedicadas a difundir entre os presentes as suspeitas — nunca comprovadas — de que as urnas eletrônicas não são confiáveis e serão fraudadas para derrotar Bolsonaro
Numa tentativa de dar verniz técnico às suas teorias, o presidente convocou o deputado Filipe Barros (PL-PR), que foi relator na Câmara da fracassada proposta de emenda constitucional que previa a instituição do voto impresso no Brasil. Manuseando uma pilha de papéis, Barros discorreu sobre um ataque hacker ao sistema do TSE em 2018, episódio que foi alvo de uma sindicância interna da Corte e de uma investigação da Polícia Federal, e disse que, conforme documento assinado por um funcionário graduado do próprio tribunal, a invasão pode ter fraudado o resultado de uma eleição no município de Aperibé (RJ), o que o servidor citado negou de forma peremptória a VEJA.
O deputado afirmou ainda, em tom de estranhamento, que as apurações do TSE e da PF sobre o caso não avançaram, sugerindo uma blindagem indevida. Não teria ocorrido nem mesmo uma perícia no sistema do tribunal, que também teria perdido informações consideradas essenciais, pelo parlamentar, para que se descobrisse a extensão dos danos provocados pelo hacker. 
“O próprio TSE obstou o andamento das investigações em razão de um suposto equívoco no armazenamento de evidências relacionadas a uma gravíssima falha de segurança. É definitivamente um cenário alarmante”, declarou Barros
A partir daí, o debate passou para o campo político, com sinais claros de que o presidente e os militares sob suas ordens cogitam recorrer a tudo para “fiscalizar” e “auditar” o processo eleitoral
Peça-chave nessa estratégia, o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio de Oliveira, fez uma fala contundente contra a cúpula da Justiça Eleitoral, afirmando que as Forças Armadas foram convidadas para colaborar com a transparência das eleições, mas agora são ignoradas, desrespeitadas e negligenciadas
Ele alegou que não há diálogo de fato entre as partes, nem discussões técnicas, e reclamou que o tribunal não respondeu à maioria das sugestões encaminhadas por sua equipe.
Veio então o petardo: segundo o general, as Forças Armadas, diante dessa situação, pretendem elaborar um cronograma para “exigir” do TSE as respostas aos seus questionamentos. 
Se preciso for, convocarão a comissão de transparência do tribunal para prestar os esclarecimentos que consideram necessários. 
Caso as respostas solicitadas não sejam dadas a tempo e a contento, será feita por conta própria uma auditoria da votação. 
Ou seja: se a ameaça for cumprida, os militares podem, em última instância, não reconhecer uma eventual vitória de Lula. 
Por ordem de Bolsonaro, o PL, partido do presidente, contratará uma empresa para auditar as eleições, embora não se saiba como isso será possível. “As Forças Armadas terão um cronograma de fiscalização quer o TSE queira ou não”, disse um participante da reunião, resumindo o teor da fala do ministro da Defesa. 
 
Sob o olhar atento do chefe, outros auxiliares entraram na discussão. Titular da Advocacia-Geral da União (AGU), Bruno Bianco ecoou um discurso caro a Bolsonaro e disse que as eleições não pertencem a três caras togados, numa referência aos ministros do STF Luís Roberto Barroso, Edson Fachin e Alexandre de Moraes, que são o último, o atual e o futuro presidentes do TSE. “As eleições não pertencem a um poder só, pertencem a todos os poderes. As eleições são de todos os brasileiros”, declarou Bianco.

Também presente à reunião, o ministro da Controladoria-Geral da União (CGU), Wagner Rosário, lembrou que, quando a Câmara analisava a PEC do voto impresso, o Tribunal de Contas da União correu para se manifestar, de forma preliminar, pela confiabilidade e a segurança das urnas eletrônicas, que eram objeto de uma auditoria interna do TCU. Bolsonaro quis saber qual ministro da Corte de Contas teria tomado tal iniciativa. “Bruno Dantas”, ele ouviu como resposta. A reação do presidente foi uma mistura de impropérios com a acusação de que Dantas agiu por motivações políticas. Bolsonaro e seus aliados estão convencidos de que há uma conspirata em curso para tirá-lo do poder. O presidente, aliás, abriu a reunião ministerial falando por cerca de trinta minutos, e citando o que seria indício de fraude na eleição vencida pela petista Dilma Rousseff em 2014. Segundo ele (em sua visão imprecisa e enviesada), no transcorrer da apuração foi registrada uma estranha e inexplicável alternância na liderança — ora Dilma aparecia na frente, ora era Aécio Neves, o então candidato do PSDB, sem que houvesse uma explicação minimamente razoável para isso. “Se o Lula ganhar no voto contado em outro canto, eu entrego a faixa a ele feliz e contente”, disse Bolsonaro.

(...)

Até uma conferência que será realizada em novembro em Nova York virou evidência da conspirata. Motivo: um dos painéis versará sobre “A economia do Brasil com o novo governo”. Entre os palestrantes convidados para a conferência, estão ministros do STF, políticos e economistas identificados como opositores ao presidente. O “novo governo”, para os bolsonaristas, seria uma referência a um futuro governo Lula. Ou seja: na visão do presidente e de seus auxiliares, meses antes da eleição já se sabe quem será o vencedor. Na quinta-feira, a empresa organizadora do evento, que pertence ao ex-governador João Doria, mudou o nome da palestra para “A Economia no Brasil Pós-­Eleição”. Provável vice na chapa à reeleição, o general Braga Netto também está pintado para a guerra. Conforme revelado pelo jornal O Globo, ele disse numa reunião com empresários que não haverá eleição se não for realizada a auditoria dos votos defendida pelo presidente. Depois da divulgação da notícia, Braga Netto afirmou ter sido mal interpretado, mas não explicou o que de fato quis dizer. No Palácio, todos sabem que o ministro vem, diariamente, atormentando a cabeça de Bolsonaro com essas teorias amalucadas.

No governo, Barroso é visto como um dos três ministros (ao lado de Edson Fachin e Alexandre de Moraes) que se movem para derrubar o presidente

(...)

Desde o início do ano, numa tentativa de composição, Edson Fachin, o atual presidente do TSE, já se reuniu uma vez com Braga Netto e duas com o ministro Paulo Sérgio de Oliveira. Até aqui, nada funcionou. A avaliação majoritária no tribunal é de que o objetivo dos questionamentos dos militares, descontextualizados e com premissas erradas, não é comprovar qualquer fraude, mas apenas semear uma suspeição que, na eleição presidencial mais acirrada da história, provocaria uma tremenda confusão. Na quarta-feira 6, em um evento realizado em Washington, nos Estados Unidos, Fachin conclamou a população brasileira a respeitar o resultado da votação e prezar pela democracia. “Nós poderemos ter um episódio ainda mais agravado do que 6 de janeiro daqui do Capitólio”, declarou o ministro, referindo-se à invasão da sede do Legislativo americano por apoiadores de Trump (alguém que inspira Bolsonaro em vários aspectos).

(...)

MATÉRIA COMPLETA

Publicado em VEJA,  edição nº 2797 de 13 de julho de 2022


quinta-feira, 7 de julho de 2022

Bolsonaro fez ataques ao TSE e teve apoio da Defesa em reunião ministerial - Folha de S. Paulo

Marianna Holanda - Matheus Teixeira

A menos de três meses das eleições, encontro com ministros desacreditou urnas e deixou campanha em segundo plano 

A reunião do primeiro escalão do governo convocada pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) nesta semana contou com a participação de um parlamentar crítico às urnas eletrônicas e serviu para o chefe do Executivo reforçar os ataques ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) —postura que recebeu apoio de ministros.

Para reforçar o discurso contra o sistema de votação, o encontro ocorrido na terça-feira (5) no Palácio do Planalto contou com uma fala do deputado Filipe Barros (PL-PR), que relatou a PEC (proposta de emenda à Constituição) do comprovante do voto impresso na Câmara.

O parlamentar apresentou supostas fragilidades do sistema de votação e repetiu teses que foram desmentidas pelo TSE no passado. O tema, aliás, já rendeu a abertura de inquérito contra o parlamentar e o presidente por vazamento de dados sigilosos durante uma entrevista em agosto do ano passado. Segundo relatos, o deputado foi convidado pelo próprio presidente para participar da reunião ministerial —o último encontro do tipo ocorreu há meses.

Em seus discursos, Bolsonaro recorreu a fórmulas que já usa publicamente no sentido de questionar o sistema eletrônico de votação. Ele voltou a repetir que teme que haja uma espécie de complô contra si, segundo disseram à Folha pessoas que acompanharam o encontro.

O chefe do Executivo disse ainda que pode até perder a eleição em uma democracia, mas que não poderia perder a democracia numa eleição. E alegou que não pode participar de uma disputa com ela já perdida, cobrando para que as eleições sejam, nas suas palavras, "limpas".

Bolsonaro tem condicionado, em suas declarações públicas, a legitimidade das eleições ao TSE acatar sugestões das Forças Armadas, que participam da comissão de transparência da corte. Na reunião, o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio, falou sobre as propostas feitas ao TSE. Ele disse que vai cobrar uma espécie de cronograma para que o tribunal responda os questionamentos que, segundo ele, ainda não tiveram retorno.

Ao seu lado na reunião ministerial, estavam os comandantes das três Forças. Segundo relatos feitos reservadamente, eles se mantiveram em silêncio durante todo encontro. Procurada, a Defesa afirmou que não procede que o ministro disse que "irá impor um calendário ao TSE". Mas a pasta confirmou que o ministro fez referência às propostas dos militares, cujo teor é de conhecimento público.

O ministro da Defesa se referiu, no encontro no Planalto, a dúvidas levantadas por militares que participam da comissão de transparência das eleições no TSE.  Ao convidar as Forças Armadas a participar da comissão de transparência, o então presidente do TSE, Luís Roberto Barroso, queria blindar o tribunal de ataques de Bolsonaro.

Ocorreu o contrário. O convite foi visto por integrantes do TSE e de tribunais superiores como um tiro no pé. Bolsonaro tem usado a participação dos militares para tentar respaldar sua estratégia de desacreditar as urnas eletrônicas.

O objetivo inicial da reunião ministerial era tratar da unificação do discurso dos ministros para a campanhacom atenção para os cuidados da lei eleitoral. Para isso, houve uma apresentação do general Braga Netto, o ex-ministro da Defesa que deve ser vice de Bolsonaro.

Na mesa, Braga Netto esteve sentado ao lado do presidente.

Ainda que o objetivo tenha sido outro, boa parte da reunião foi dedicada a reverberar questionamentos às urnas e ao TSE. Depois de Paulo Sérgio, outros ministros seguiram no assunto, como os chefes da AGU (Advocacia-Geral da União), Bruno Bianco, e da CGU (Controladoria-Geral da União), Wagner Rosário.

Bianco é responsável por representar o Executivo perante o STF (Supremo Tribunal Federal) e costuma evitar embates públicos com a corte. Na reunião fechada, o AGU disse que as eleições não pertencem a um Poder, mas à população brasileira. Rosário, por sua vez, se queixou da atuação de Barroso e Bruno Dantas, ministro do TCU (Tribunal de Contas da União), no Congresso, quando os parlamentares votaram —e rejeitaram— a PEC do voto impresso.

A reunião ministerial durou cerca de quatro horas. De acordo com relatos, o assunto das urnas eletrônicas dominou mais da metade do encontro. No tempo restante, Bolsonaro cobrou mais engajamento de seus ministros na defesa do governo. Bolsonaro afirmou que é necessário haver mais empenho e um maior alinhamento no discurso dos integrantes da Esplanada. Ele também determinou aos auxiliares que defendam o governo como um todo —e não falem apenas sobre atribuições de suas respectivas pastas.

A proposta de discurso unificado foi levada por Braga Netto à reunião. Ele tem atuado como ponte entre a campanha e o governo. A intenção dos que trabalham para reeleger Bolsonaro é que quando os ministros forem inaugurar uma obra, por exemplo, não falem apenas dela, mas de outros feitos do governo.

Eleições 2022 - Política - Folha de S. Paulo


sexta-feira, 29 de maio de 2020

Com que forças conta Bolsonaro? - Míriam Leitão

O Brasil está em situação grave. Os militares do gabinete e o ministro da Defesa acham que o presidente Jair Bolsonaro tem razão e só fazem reparos ao tom. Acreditam que, sim, o Supremo Tribunal Federal (STF) está exorbitando de suas funções. Não está, mas a opinião dos militares dos quais se cercou o reforça, e ele então decide escalar e assim fortalece sua militância. Por outro lado, na reforma da Previdência foi feito um grande agrado às polícias militares, com a extensão aos PMs do benefício dado às Forças Armadas: a manutenção da integralidade e da paridade. Isso aumentou o apoio das PMs ao presidente. Bolsonaro ontem fez ameaças ao Supremo e ao ministro Celso de Mello. Quem vai impor limites? Perguntei isso a uma alta autoridade, e ouvi que as instituições já estão impondo limites.

[os brasileiros, com raras exceções, sempre interpretam as situações destacando a opção mais chamativa, mais danosa.
Que tal interpretar as palavras do presidente - uma citada no parágrafo adiante - como um alerta avisando que não mais tolerará agressões ao Poder Executivo, à Constituição, e, as combaterá via judicial, com recurso à Suprema Corte?
Somem a interpretação proposta com atos concretos do presidente Bolsonaro = combatendo via Supremo à convocação do ministro Weintraub e também o inquérito das fakes news.
Experimentem.] 



Na visão dessa autoridade, o que os ministros Celso de Mello e Alexandre de Moraes estão fazendo é impondo limites. O plenário do STF tem feito isso também. Câmara e Senado, quando mudam propostas ou rejeitam projetos, estão avisando ao presidente quais são as fronteiras entre os poderes. As instituições estão fazendo um risco no chão — disse essa autoridade.

A já tradicional gritaria matinal foi, ontem, mais estridente. Cada palavra foi bem estudada. E a entonação. Quando ele elevou a voz para dizer “Acabou, porra!” estava enviando mensagem à militância. Tudo o que faz ou diz é gravado para ser usado em campanhas ou no seu projeto autoritário. Para esse uso foi gravada a reunião ministerial. O filho 03 foi de novo escalado para ameaçar a democracia. A fala do deputado Eduardo é de que não é uma questão de “se” mas de “quando” acontecerá a “ruptura”. Foi dita na noite da quarta-feira para acalmar a militância de extrema-direita assustada com a operação de busca e apreensão do inquérito das fake news. O projeto de Bolsonaro é este mesmo: a ruptura. Adianta pouco as negativas de que não haverá golpe militar porque as democracias morrem de outra maneira.

O Supremo Tribunal Federal está em duas encrencas. O tribunal aprovou o fim da condução coercitiva do investigado (ADPFs 395 e 444). E se Abraham Weintraub não atender à ordem do ministro Alexandre de Moraes? A segunda encrenca é o início polêmico desse inquérito. Foi aberto de ofício, o ministro Alexandre de Moraes foi nomeado sem sorteio e tropeçou no início com a censura à revista “Crusoé”. Ao longo do tempo, contudo, o processo ganhou relevância política, não porque mirou a direita, mas porque está investigando indícios de crime.

Os próprios militares que estão no governo não defendem o que um deles definiu para outro alto integrante do poder como “milícia digital”. Mas o presidente colocou toda a força da presidência para defender exatamente essa milícia digital, investigada pelo Supremo. “Com dor no coração ouvi aqueles que tiveram a sua casa violada,” disse o presidente. “Essa mídia social me trouxe à presidência.”  Bolsonaro está deliberadamente fazendo uma confusão entre liberdade de expressão e o crime de divulgar fake news, caluniar, difamar, organizar-se para atacar através de robôs, contratar empresas de disparos em período eleitoral, financiar manifestações antidemocráticas. É isso que está sendo investigado. O grande desafio da democracia é criar antídotos contra esses ataques às instituições. O Congresso também prepara uma lei dura para evitar o uso criminoso das mídias sociais. As próprias plataformas estão estabelecendo normas. Não é ameaça à liberdade de expressão. O presidente sabe disso.

Ele está claramente querendo intimidar o Judiciário. Por efeito bumerangue, conseguiu aumentar a união dentro da Corte, como se viu no curto e claro discurso do ministro Luiz Fux, avalizado por Dias Toffoli, em defesa de Celso de Mello. Bolsonaro acredita que neutralizou o Ministério Público com a nomeação de Augusto Aras, a quem ofereceu ontem publicamente o cargo de ministro no STF. Acredita que consegue o apoio das Forças Armadas, pelas vantagens que deu aos oficiais, e que tem o respaldo das PMs, pelo ganho dado aos policiais militares.
Durante a tarde, enquanto Bolsonaro conversava com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, mandou o recado: – É bom dialogar, mas é bom ficar claro que nós vamos continuar reafirmando que a nossa democracia é o valor mais importante do nosso país e as instituições precisam ser respeitadas.
Bolsonaro tentará ignorar recados e passar por cima dos limites.

Míriam Leitão, jornalista - com Alvaro Gribel, São Paulo

terça-feira, 15 de março de 2016

Dilma gostou foi de sentar na cadeira –só que agora passou a ser cadeira



Mesmo assim, sendo cadeira de Lula, Dilma diz que se deixarem que leve a cadeira presidencial para casa ela renuncia


Para Dilma, "é melhor ser uma presidente deposta estando no cargo", diz ministro
O Palácio do Planalto já começa a vender a ideia de que o petista entraria para reunificar as forças políticas e sociais e resgatar a urgente governabilidade para que o país possa sair da crise econômica

O plano do PT de se manter no poder a qualquer custo atingiu um novo patamar após as impressionantes manifestações pelo impeachment realizadas em todo o País no domingo 13. A presidente Dilma Rousseff, finalmente convencida de que, como está, seu governo não chega nem a 2017, dispôs-se a abrir mão dos votos que a reelegeram em 2014 e está prestes a aceitar uma espécie de “renúncia branca” ao convidar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ser seu “super ministro”.
  REUNIÃO MINISTERIAL NO GOVERNO LULA

Ela agora aceita deixar de mandar em seu próprio governo desde que possa permanecer sentada na cadeira presidencial e escolhendo monocraticamente a quem quer delegar o comando do país,
no caso a seu criador, Lula. Prova disso é a frase de um ministro de Dilma muito próximo e fiel a Lula que resumiu à ISTOÉ nesta segunda 14: “O que é melhor para a presidenta? É melhor ser uma presidente deposta estando no cargo do que ser uma presidente deposta fora do cargo”. Simples assim.

Lula deve responder ainda hoje se aceita ou não o convite de sua sucessora. O Palácio do Planalto já começa a vender a ideia de que o petista entraria para reunificar as forças políticas e sociais e resgatar a urgente governabilidade para que o país possa sair da crise econômica. O ex-presidente já faz uma série de exigências para aderir ao projeto, como mudanças na política econômica.

Dilma, por outro lado, também colocará condições e limites para Lula, mas para todos fica muito evidente a cessão de poder ao ex-presidente. Embora a crise esteja colocada desde quando Dilma fez o diabo para vencer as eleições, o ímpeto de Lula de “colaborar” com o governo da sucessora só se manifestou quando encarou de frente a real possibilidade de ser submetido às decisões do juiz federal de Curitiba Sérgio Moro.

Por: Débora Bergamasco – Isto É


quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

PETROBRAS DESMENTE DILMA



Assim como a bronca que a presidente Dilma deu no operador do teleprompter revelou aos mais desavisados que aquela fala coloquial na reunião ministerial nada tinha de espontânea, estava toda escrita por ghost writer com viés de marqueteiro, também a revelação do balanço incompleto da Petrobras demonstrou o que provavelmente a maioria já suspeitava: a situação da maior estatal brasileira é caótica, e ninguém sabe qual é o número verdadeiro do rombo que o petrolão causou.
A própria Graça Foster, presidente da empresa, admitiu por escrito "ser impraticável" a quantificação destes valores "indevidamente reconhecidos" (uma variação do famoso "dinheiro não contabilizado" eternizado pelo tesoureiro do PT Delúbio Soares no mensalão). Sem uma avaliação de auditores independentes, que se recusaram a endossar os números, o balanço do 3º trimestre fez virar pó toda a propaganda lida por Dilma sobre a Petrobras que, segundo ela, "já vinha passando por um rigoroso processo de aprimoramento de gestão" antes do escândalo, e no entanto não foi capaz de dimensionar o verdadeiro buraco nas contas da empresa.
Há informações de que na reunião do Conselho de Administração que aprovou o balanço divulgado, houve pressão de ministros da antiga administração que se opuseram à adoção de critérios para definir as perdas, por considerarem que nem tudo nos 31 projetos que tiveram redução no valor do ativo estava relacionado com perdas por corrupção, mas havia também outros fatores como ineficiência dos projetos ou até atrasos por causa de problemas climáticos.
Como se vê, está longe o dia em que a Petrobras terá, como prometeu a presidente Dilma em seu discurso na reunião ministerial, "a mais eficiente estrutura de governança e controle que uma empresa estatal, ou privada já teve no Brasil". O que impressiona é que o balanço da Petrobras tenha sido divulgado na mesma noite em que a presidente fez seu discurso na reunião ministerial.
Não apenas por que a divulgação foi à noite, quase às escondidas, mas principalmente por que revela um desencontro inacreditável entre o que a presidente disse e o que a estatal mostrou no seu balanço. Um mínimo de coordenação no governo impediria que a Petrobras desmentisse a presidente tão diretamente.  A presidente Dilma também saiu da realidade quando disse que a Petrobras, "a mais estratégica para o Brasil e a que mais contrata e investe no país", teria que continuar a apostar no modelo de partilha para o pré-sal, e dar continuidade à vitoriosa política de conteúdo local.
O problema é que, horas depois, o balanço da empresa, mesmo feito de maneira incorreta, mostrou que a Petrobras terminou o trimestre com um endividamento líquido de R$ 261,4 bilhões, um aumento de 18% (ou R$ 40 bilhões) em relação ao fechamento de 2013, a maior parte dessa dívida em dólar.
Do investimento total, apenas R$ 62 bilhões foram próprios, o restante veio de investidores externos. Isso demonstra que a aposta no sistema de partilha, que obriga a Petrobras a bancar pelo menos 30% de todos os investimentos no pré-sal, é simplesmente inviável, além do fato de que a política de conteúdo nacional nada tem de vitoriosa.
Ela obriga a estatal a comprar equipamentos muito mais caros, além de bancar a ineficiência de empresas criadas para fabricar equipamentos de conteúdo nacional, como a Sete Brasil criada em 2011 para a contratação de sondas marítimas. A Petrobras indicou o comando executivo da empresa, e Pedro Barusco, o executivo que se comprometeu a devolver U$ 100 milhões na Operação Lava-Jato, foi colocado lá.
Agora, a empresa, uma união da Petrobras com bancos como o Pactual BTG e fundos de pensão, está quebrada e teve que ser socorrida pelo BNDES. O desencontro entre as promessas presidenciais e a realidade está cada vez maior, e isso é preocupante.


Fonte: Merval Pereira – O Globo