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sábado, 5 de maio de 2018

A volta dos Collor

Na tentativa de manter o clã dos Collor de Mello no poder, o ex-presidente se apresenta como candidato ao Planalto numa iniciativa tão estapafúrdia quanto infrutífera e lança um filho fora do casamento como seu sucessor 

Os 33 anos contínuos de regime democrático não foram suficientes para que o Brasil pusesse fim a uma de suas mais nefastas práticas políticas: o coronelismo. Ainda é comum no interior do País uma espécie de “familiocracia”, na qual mandatos eleitorais são “transferidos” de pais para filhos como se fossem heranças. Esse ano, porém, a disputa eleitoral mostra que esse roteiro começa a ser mudado. Um dos mais tradicionais clãs caminha para virar pó. Trata-se dos Collor de Mello, que durante décadas dominaram a política alagoana e que chegou a levar Fernando Collor à Presidência da República. 


DE VOLTA AO PASSADO Fernando Collor (ao centro), ladeado por Thereza e Fernandinho, quer voltar a dar as cartas no País (Crédito: Divulgação)

O ocaso dos Collor de Mello começou com o impeachment do seu rebento mais famoso, em 1992. Dez anos depois, o mesmo Fernando perdeu o governo do Estado, embora mantivesse aliados em diversas prefeituras. Em 2006 veio um pequeno suspiro. O ex-presidente se elegeu senador e em 2014 foi reeleito. Mas, a partir do Congresso, ele não conseguiu manter a força dos Collor sequer em Alagoas. Envolveu-se novamente em casos de corrupção e é um dos investigados pela Lava Jato. Agora, lança uma patética candidatura à Presidência da República e procura eleger um filho deputado federal, numa última tentativa de manter um herdeiro político com algum poder.

A nova candidatura de Fernando Collor é um arremedo eleitoral porque já nasce derrotada, apenas como um modesto projeto paroquial de poder que caduca até mesmo em seu berço. Para se ter ideia da fragilidade do projeto, basta constatar que o comitê central da campanha de Collor não será em Brasília e sequer em Maceió. A falta de recursos e o raquitismo político levaram o comitê para Arapiraca. Não é o único sintoma. Collor queria fazer renascer o PRN que o elegeu em 1989, mas não conseguiu. Foi dissuadido pelo presidente da legenda que o abrigou, o PTC, a manter a atual sigla, que significa Partido Trabalhista Cristão, tendo Daniel Tourinho no comando. Na nova aventura collorida, no entanto, nem mesmo Tourinho, amigo de longa data do presidenciável, se empolga. Durante as horas em que esteve com a reportagem de ISTOÉ no escritório do partido, em Brasília, o político demonstrou mais entusiasmo com as candidaturas à Câmara, espalhadas pelos 24 estados, do que com a vontade de eleger Fernando Collor. 

Ele deixa claro que enxerga a candidatura como uma alavanca para formar bancadas no Congresso, e ultrapassar a linha de corte da cláusula de barreira que, de acordo com a legislação eleitoral, após a eleição de 2018, definirá quais partidos terão ou não direito a recursos do Fundo Especial de Campanha e do Fundo Partidário. “Eu pedi a ele (Collor) há mais de um ano para se candidatar. Seu nome ainda é conhecido. Ele pode nos ajudar muito a vencer a cláusula de barreira”, afirmou. O PTC, como demonstra Tourinho, não tem quem puxe votos na campanha. O partido não conta com governadores. Atualmente, não possui também nenhum deputado federal. E precisa desesperadamente construir uma bancada mínima para continuar a existir.

No último levantamento Datafolha, Collor aparece na rabeira das intenções de voto com 1%, mas sua rejeição continua alta, em torno de 44%
A falta de empolgação específica com as chances de vitória de Collor refletem-se nas pesquisas. No último levantamento do Instituto Datafolha, Collor aparece na rabeira das intenções de voto com 1%. Sua rejeição ainda é alta. Em janeiro, o mesmo instituto revelou que 44% dos eleitores dizem que não votariam nele “de jeito nenhum”. Para robustecer palanques em alguns Estados, porém, especialmente em Alagoas, e alavancar outras candidaturas, Tourinho acredita na serventia de Collor. Como ele ainda tem quatro anos como senador, não corre risco de ficar sem mandato.  Para amigos próximos do senador, a candidatura dele, embora não tenha a pretensão de vitória, é vista como um movimento capaz de conferir a ele a chance de se defender das denúncias que rondam sua carreira. Para lustrar sua imagem, Collor quer aparecer para o eleitorado como um conservador pai de família. Ele está no seu terceiro casamento, com a arquiteta alagoana Caroline Medeiros, com quem tem duas filhas gêmeas, Cecile e Celine. Antes, foi casado com Celi Elizabeth Monteiro de Carvalho, conhecida como Lilibeth, herdeira do grupo empresarial Monteiro Aranha. Com ela teve dois filhos, Arnon e Joaquim Pedro. E com Rosane Malta, a primeira dama na época em que foi presidente.

O herdeiro                                                                                                    Além da campanha presidencial, um outro sintoma do ocaso do clã é uma outra candidatura, a deputado federal, como tentativa de eleger um novato Collor em Alagoas. O representante natural que poderia representar a nova geração seria Arnon de Mello Neto, filho de Fernando, que carrega o nome do avô, deputado federal, governador de Alagoas e senador. O problema é que Arnon já tentou seguir os trilhos da família, mas em 2002 perdeu a eleição para deputado, sentiu nas urnas que o sobrenome não tem mais a mesma musculatura de anos atrás e desistiu da política. Restou a Fernando Collor apostar em seu filho Fernando James, fruto de um relacionamento fora do casamento e que só foi reconhecido pelo pai quando já contava com mais de 18 anos. “Esse garoto nada tem a ver com a família. É uma candidatura estabanada”, disse à ISTOÉ um deputado estadual de Alagoas, aliado dos Collor. Fernandinho, como Fernando James é tratado pelos Collor, já se elegeu vereador em Rio Largo (AL), mesmo assim não era a primeira opção de Fernando Collor. No ano passado, Collor reuniu os três filhos para discutir o futuro político do clã. Pensava em lançar novamente Arnon, que declinou alegando que estava desencantado com o processo eleitoral desde a frustrante campanha de deputado federal em 2002. Depois da experiência, Arnon voltou-se para a tarefa de virar cartola do basquete. Ele é vice-presidente da NBA – a liga que controla o basquete americano – para a América Latina. “Ele está entusiasmado”, diz o jornalista alagoano Bernardino Souto Maior, que é amigo da família do senador. O outro filho homem de Collor, Joaquim Pedro, nunca se interessou por política. Ao contrário, diz ter aversão ao tema. “O James é quem mais gosta dessa história de política”, disse Arnon na reunião. “Acho que o candidato devia ser ele”, completou. Mesmo contrariado, Fernando Collor aquiesceu.

O sucessor de Collor é Fernando James, filho que o ex-presidente teve fora do casamento e que só reconheceu quando ele tinha 18 anos

Durante muito tempo, a relação entre os dois não foi boa. Depois que reconheceu o filho, porém, ambos se aproximaram. Curiosamente, Fernandinho é extremamente parecido com Fernando Collor. Não apenas fisicamente, mas também na postura e no temperamento. “Ele tem o timbre de voz e até o estilo de Fernando de fazer política”, considera o presidente do PTC. O eloquente Fernando James trabalha no jornal da família do senador, a Gazeta de Alagoas. Formado em jornalismo e administração de empresas, é o responsável pela versão on-line do jornal e até possui sala reservada com secretária. Nos últimos dias, ele pouco tem aparecido por lá. Sua rotina já está focada nas ruas, no corpo-a-corpo com o eleitor. Segundo Tourinho, a campanha de James será justamente em cima das questões sociais, como segurança, saúde e educação.
A outra representante da “família” no processo eleitoral é alguém com quem Fernando Collor não cultiva mais relação alguma. Thereza, que ainda usa o sobrenome Collor, é viúva de Pedro Collor, o irmão que detonou o processo que levou Collor ao impeachment. Casada com o empresário Gustavo Halbreich, que nada tem a ver com a família do ex-presidente, Thereza pretende ser candidata a deputada pelo PSDB de São Paulo. Para João Caldas, a candidatura é apenas combustível para mesa de botequim. “Ela sempre diz que vai ser candidata e, no final, desiste”, desdenha. Por ora, ela leva o projeto adiante.

Musa do impeachment
A “musa do impeachment”, como ficou conhecida a bela morena à época casada com Pedro Collor, pretende marcar a sua campanha no discurso de combate à corrupção, pontuando exatamente a lembrança dos tempos da briga fratricida entre os Collor de Mello. Em entrevista recente, ela ironizou a candidatura do ex-cunhado à Presidência: “O Fernando tem o direito de querer ser presidente, mas se naquela época ele teve problemas com um Fiat Elba, agora vai ter com uma Masserati, uma Ferrari e um Porsche. Achei que com o tempo e a maturidade, ele poderia ter aprendido um pouco mais”. Thereza refere-se a dois momentos. No processo de impeachment, uma das provas de sua participação foi o fato de um dos “fantasmas” (personagens fictícios com os quais o tesoureiro PC Farias abria contas bancárias) de PC ter comprado para Collor um Fiat Elba. Agora réu na Lava Jato, Collor viu seus carros de luxo, das marcas mencionadas por Thereza, serem apreendidos na Operação Politeia, da PF.

 Se Fernando Collor em 1989 introduziu o marketing na política brasileira, desta vez não há ainda marqueteiro escolhido, e Daniel Tourinho imagina que desta vez nem haja um grande nome da área por trás da campanha. Como Collor se recusou a receber ISTOÉ para falar sobre seus planos, não foi possível saber detalhes de como ele estruturará a estratégia eleitoral deste ano. Outro profissional-chave que ele ainda não definiu é o tesoureiro. Para o PTC estão reservados R$ 6,3 milhões. Um problema a menos na nova tentativa de Collor regressar ao poder, uma empreitada hoje totalmente improvável. Os clãs perderam força e não seduzem mais como em outrora. Melhor assim.

 IstoÉ

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2016

Em quatro anos, Collor gastou R$ 16 milhões e declarou renda de R$ 700 mil, diz jornal



Collor é suspeito de receber propina em troca de contratos com a subsidiária da Petrobras que era controlada por ele até 2015
O senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) gastou R$ 16,4 milhões entre 2011 a 2014 com despesas de consumo, mostra laudo da Polícia Federal, finalizado em 14 de janeiro, para a Operação Politeia, que investiga suposto envolvimento do senador com esquema de corrupção na BR Distribuidora.

O valor é muito inferior ao declarado pelo senador no período, de R$ 700 mil. Collor é suspeito de receber propina em troca de contratos com a subsidiária da Petrobras que era controlada por ele até 2015. Suas empresas seriam usadas para lavar o dinheiro por meio de empréstimos fictícios.

Segundo o jornal, ao analisar documentos apreendidos na sede da TV Gazeta, que tem o senador como um dos principais acionistas, os investigadores descobriram que Collor fez mais de 6 mil empréstimos com sua empresa, que totalizaram R$ 31,1 milhões. Do montante, quase 50% foi destinado a cobrir gastos correntes do senador

De acordo com a perícia, "a TV Gazeta, além de conceder empréstimos a Collor sem observar sua capacidade de pagamento, não se preocupou com o fato de que ele despendeu pelo menos metade dos recursos recebidos em consumo – e o fez com o conhecimento da empresa, pois ela registrava isso na sua contabilidade". O senador nega irregularidades.


Fonte: Revista Época


quinta-feira, 23 de julho de 2015

A Polícia Federal tem agido com extrema correção - mas, tudo tem limites. Até excesso de correção, que pode passar a 'excesso de exação' e atrapalhas as investigações

PF cogitou fazer buscas na Câmara, mas foi barrada por Janot

Alvo era o gabinete do líder do PP, Eduardo Fonte (PE). Segundo jornal, procurador-geral da República discordou da medida

Antes de deflagrar a Operação Politeia, a Polícia Federal havia solicitado ao Supremo Tribunal Federal (STF) buscas na Câmara dos Deputados, segundo o jornal Folha de S. Paulo. O alvo da PF era o gabinete do líder do PP, Eduardo Fonte (PE), investigado no petrolão. Os mandados da operação foram expedidos pelos ministros Teori Zavascki, Celso de Mello e Ricardo Lewandowski.

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, discordou das buscas na Câmara. Para ele, não havia indícios de que atos ligados ao esquema da Petrobras haviam acontecido no gabinete do deputado. Segundo o jornal, a decisão tomada por Janot foi para mostrar que ele estava no controle das investigações. Além disso, ele reclamou ao STF que a Polícia Federal deveria ter apenas sugerido as diligências, e não as solicitado, uma vez que é o Ministério Público que está à frente das investigações.

A Operação Politeia realizou buscas na casa dos senadores Fernando Collor (PTB-AL), Ciro Nogueira (PP-PI) e Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE).

Fonte: Veja On Line

 

quarta-feira, 15 de julho de 2015

Collor diz que PF ‘extrapolou’ todos os limites da legalidade



O presidente do Senado, Renan Calheiros, também criticou a ação e afirmou que se tratou de uma “violência” à democracia 

Após a apreensão de três carros e da busca em seus imóveis, o ex-presidente e senador Fernando Collor (PTB-AL) afirmou, nesta terça-feira (14), no plenário do Senado, que a Operação Politeia “extrapolou todos os limites do estado democrático de direito e da legalidade”.

A ação cumpriu 53 mandados de busca em imóveis e apreensão de bens dos envolvidos em casos de corrupção da Petrobras, deflagrados pela Operação Lava Jato. Com mandados expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF), a Polícia Federal esteve no apartamento funcional de Collor, que é de propriedade do Senado. "[A Operação Politeia] extrapolou todos os limites do estado democrático de direito e da legalidade. Sem apresentar um mandado da Justiça, confrontando e invadindo. Os agentes sob as ordens de Janot arrombaram o apartamento de meu uso funcional como senador da República e recolheram equipamentos e papéis desconexos”, afirmou o Collor em referência às investigações do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

 Segundo afirmou o G1, o ex-presidente afirmou que a operação tinha interesse de atrair divulgação da mídia, já que os bens foram declarados e adquiridos antes da investigação da Lava Jato. "O argumento da operação [Politeia] foi o de evitar a destruição de provas. Depois de dois anos evitar a destruição de provas, como se lá houvesse algum tipo de prova? E, por acaso, um veículo é um documento? Qual seria o objetivo senão constranger?", disse na tribuna do Senado.

Collor afirmou que repudia a operação, que causou um “desgaste emocional” a ele e sua família. “Hoje eu fui submetido a um atroz constrangimento junto com minha família. Fui humilhado. Depois de tudo que passei, eu tive que enfrentar uma situação jamais por mim experimentada. Sofri um extremo desgaste emocional e mental com minha mulher e minhas filhas de nove anos. Podem me humilhar! Fui humilhado. Mas podem ter certeza: intimidado, jamais”, disse.


“Invasão”
Segundo o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a ação utilizou de métodos que “beiram a intimidação” e foram uma violência à democracia. Para ele, ação deveria ter sido acompanhada pela Polícia Legislativa, já que se tratava de uma ação em propriedade da Casa. “Buscas e apreensões sem a exibição da ordem judicial e sem os limites das autoridades que a estão cumprindo, não é busca e apreensão. É invasão”, afirmou em nota, lida no plenário do Senado.

A Polícia Federal afirmou, de acordo com a Folha de S.Paulo, que a Polícia Legislativa não tem legitimidade para receber mandados determinados pelo STF, mas mesmo assim, eles foram apresentados.


Fonte: Revista Época