Alexandre Garcia
"Governadores de esquerda querem formar uma frente contra o
coronavírus, embora se perceba que, nesse caso, coronavírus é pseudônimo
para Bolsonaro"
Temos novo ministro da Saúde, mas vai longe a esperança de despolitizar
um tema que é da medicina, não da política. As eleições do ano que vem,
para presidente e governador, agravam a fusão letal do coronavírus com a
política. A mistura já tem mais de ano e, à medida que se aproxima
outubro de 2022, alguns se exaltam, outros se desesperam. Governadores
de esquerda querem formar uma frente contra o coronavírus, embora se
perceba que, nesse caso, coronavírus é pseudônimo para Bolsonaro. A
disputa político-eleitoral não combate o vírus porque o alvo é outro. E a
virulência política atinge, como dano colateral, vidas e emprego.
A questão não é apenas brasileira. A prevalência de
decisões com viés político prejudica a maioria dos países no combate à
pandemia. Até a OMS, que tem excelentes técnicos, também tem dirigentes
que são políticos. O diretor-geral, Tedros Adhanom, é um biólogo que foi
ministro da Saúde e, depois, ministro de Relações Exteriores da
Etiópia.[e ex-guerrilheiro, detalhe que deve ser sempre destacado. O péssimo desempenho daquela autoridade no combate à pandemia, deixa a impressão que Tedros conduz o combate à covid-19, como político e ex-guerrilheiro, sem usar, ainda que minimamente, eventuais conhecimentos porventura adquiridos nos tempos em que estudava biologia.] A Corte de Justiça de Weimar — sede da primeira república alemã
—, ao declarar o lockdown inconstitucional, afirma que ele é uma
decisão política, sem base na ciência.
Por aqui, volta e meia se pede CPI da Covid. Com fins
político-eleitorais.[lembrando que o autor do requerimento da CPI da covid é aquele senador do Amapá, que nunca teve um projeto útil aprovado - seu único objetivo é, foi e sempre será (enquanto o pessoal daquele estado o eleger - o político em questão não nasceu no Amapá) o de atrapalhar qualquer governo, a qualquer pretexto, sempre tentando impedir a governabilidade.]
Aí, pergunto: se o Congresso representa o povo
brasileiro, tem 43 médicos deputados e senadores, porque eles não tomam a
iniciativa de buscar soluções médicas?
Por que não tomam a iniciativa
de convidar seus colegas médicos que não tenham militância política,
como eles, para um debate nacional sem preconceitos, em busca de uma
recomendação geral que se converta em lei para combater o vírus? [aí acaba o pseudônimo que preferem para Bolsonaro e de quebra perdem palanques e holofotes.]
Convidem, meio a meio, os do "fique em casa" com
dipirona e os da prevenção e tratamento inicial com coquetel de
medicamentos conhecidos e baratos.
Que discutam e busquem luzes,
imunizados da política e das eleições.
A crise é sanitária, para ser
tratada com a ciência e a arte dos resultados e da experiência.
E quando
se chegar a uma conclusão, que o país a acate como política nacional,
respeitando a liberdade de médicos e pacientes, porque a solução não
está na política, mas na medicina.
Na política está só o problema.
Alexandre Garcia, jornalista - Coluna no Correio Braziliense