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sábado, 8 de outubro de 2022

A frente ampla antipetista liderada por Jair Bolsonaro - Gazeta do Povo

VOZES - Guilherme Macalossi

 


  • Zema e Bolsonaro: parceiros agora e, possivelmente, em 2026 -  Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil
O final do 1º turno da eleição foi pautado pelo movimento de Lula em nome da criação de uma frente ampla contra Jair Bolsonaro
Estimulada pelos números das pesquisas, a campanha do petista imaginava que poderia vencer já no último dia 2 de outubro. Deu início a uma enorme campanha de voto útil tendo como principais alvos Ciro Gomes e Simone Tebet. Os levantamentos, entretanto, estavam errados e, ainda que Lula tenha tido mais votos, Bolsonaro acabou triunfando por ter um desempenho muito acima do projetado. Ao final, a distância entre ambos foi de apenas 5%, dando fôlego ao atual presidente, que agora lidera sua própria frente: a antipetista.

O lulismo, ainda que permaneça reafirmando confiança, vai trocando o clima de "já ganhou" e sendo empurrado para a dúvida e o receio de uma derrota outrora considerada impensável.

O início do segundo turno da eleição foi marcado pela acomodação de boa parte dos que haviam rompido ou se desvinculado de Bolsonaro. O caso mais notório é de Sergio Moro.  
O ex-juiz já buscava a aproximação desde antes de ser eleito senador pelo Paraná. No dia 4 de outubro escreveu em seu Twitter queLula não é uma opção eleitoral, com seu governo marcado pela corrupção da democracia. Contra o projeto de poder do PT, declaro, no segundo turno, o apoio para Bolsonaro”. A ele se seguiu o agora deputado Deltan Dallagnol, ex-coordenador dos procuradores que atuaram na Lava Jato.

Sob a lógica da rejeição ao PT, há uma inegável confluência de forças políticas no campo da direita. A todos, mesmo aqueles considerados até pouco tempo como traidores do presidente, está sendo oferecido um lugar na mesa. O clima antipetista do 2º turno de 2022 vai se moldando ao que se viu no Brasil no 2º turno de 2018. O importante é mandar a esquerda “para Cuba”.

O antipetismo também dividiu os partidos do centro. Ainda que figuras como Fernando Henrique Cardoso, Simone Tebet e Roberto Freire tenham anunciado apoio a Lula, o fato é que as bases do PSDB, do MDB e do Cidadania não aderiram uniformemente à decisão de seus líderes. No PSDB, o governador de São Paulo Rodrigo Garcia anunciou apoio a Bolsonaro, e Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, neutralidade. No MDB, há ainda especulação sobre o posicionamento de Michel Temer. Apesar de o ex-presidente ter divulgado nota oficial sem definir apoio, parece inclinado em favor de Bolsonaro. Já o Cidadania viu sua bancada federal se rebelar contra o apoio a Lula e pedir neutralidade para que cada integrante da sigla defina seu futuro.

Há quem, ainda em 2022, negue que o antipetismo seja um fenômeno político suficientemente denso a ponto de tornar secundários os vícios profundos do atual governo. Bolsonaro, entretanto, já fez sua aposta nele e vai colhendo resultados. 
A estratégia é inverter a pauta, afastando os questionamentos sobre seu primeiro mandato e fazer um plebiscito sobre o período de Lula e Dilma, fortalecendo o sentimento antipetista. Inclusive avançando em temas morais, que são caros a uma parte expressiva do eleitorado brasileiro.

Vitaminado pelo seu próprio desempenho e de seus aliados, Bolsonaro costura palanques em estados importantes como Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. 

Com isso, sua militância antipetista vai criando um clima de virada que já começa a se materializar como possível até mesmo nas contestadas pesquisas eleitorais. 
Do outro lado, o lulismo, ainda que permaneça reafirmando confiança, vai trocando o clima de "já ganhou" e sendo empurrado para a dúvida e o receio de uma derrota outrora considerada impensável.

quarta-feira, 17 de março de 2021

"A virulência política atinge vidas e emprego"

Alexandre Garcia

"Governadores de esquerda querem formar uma frente contra o coronavírus, embora se perceba que, nesse caso, coronavírus é pseudônimo para Bolsonaro"

Temos novo ministro da Saúde, mas vai longe a esperança de despolitizar um tema que é da medicina, não da política. As eleições do ano que vem, para presidente e governador, agravam a fusão letal do coronavírus com a política. A mistura já tem mais de ano e, à medida que se aproxima outubro de 2022, alguns se exaltam, outros se desesperam. Governadores de esquerda querem formar uma frente contra o coronavírus, embora se perceba que, nesse caso, coronavírus é pseudônimo para Bolsonaro. A disputa político-eleitoral não combate o vírus porque o alvo é outro. E a virulência política atinge, como dano colateral, vidas e emprego.

A questão não é apenas brasileira. A prevalência de decisões com viés político prejudica a maioria dos países no combate à pandemia. Até a OMS, que tem excelentes técnicos, também tem dirigentes que são políticos. O diretor-geral, Tedros Adhanom, é um biólogo que foi ministro da Saúde e, depois, ministro de Relações Exteriores da Etiópia.[e ex-guerrilheiro, detalhe que deve ser sempre destacado. O péssimo desempenho daquela autoridade no combate à pandemia, deixa a impressão que Tedros conduz o combate à covid-19, como político e ex-guerrilheiro, sem usar,  ainda que minimamente,  eventuais conhecimentos  porventura  adquiridos nos tempos em que estudava biologia.A Corte de Justiça de Weimar sede da primeira república alemã —, ao declarar o lockdown inconstitucional, afirma que ele é uma decisão política, sem base na ciência.

Por aqui, volta e meia se pede CPI da Covid. Com fins político-eleitorais.[lembrando que  o autor do requerimento da CPI da covid é aquele senador do Amapá, que nunca teve um projeto útil aprovado - seu único objetivo é, foi e sempre será (enquanto o pessoal daquele estado o eleger  - o político em questão não nasceu  no Amapá) o de atrapalhar qualquer governo, a qualquer pretexto, sempre tentando impedir a governabilidade. 
Aí, pergunto: se o Congresso representa o povo brasileiro, tem 43 médicos deputados e senadores, porque eles não tomam a iniciativa de buscar soluções médicas? 
Por que não tomam a iniciativa de convidar seus colegas médicos que não tenham militância política, como eles, para um debate nacional sem preconceitos, em busca de uma recomendação geral que se converta em lei para combater o vírus? [aí acaba o pseudônimo que preferem para Bolsonaro e de quebra perdem palanques e holofotes.]
Convidem, meio a meio, os do "fique em casa" com dipirona e os da prevenção e tratamento inicial com coquetel de medicamentos conhecidos e baratos
Que discutam e busquem luzes, imunizados da política e das eleições. 
A crise é sanitária, para ser tratada com a ciência e a arte dos resultados e da experiência. 
E quando se chegar a uma conclusão, que o país a acate como política nacional, respeitando a liberdade de médicos e pacientes, porque a solução não está na política, mas na medicina.  
Na política está só o problema.

Alexandre Garcia, jornalista - Coluna no Correio Braziliense