O final do 1º turno da eleição foi pautado pelo movimento de Lula em nome da criação de uma frente ampla contra Jair Bolsonaro.
Estimulada pelos números das pesquisas,
a campanha do petista imaginava
que poderia vencer já no último dia 2 de outubro. Deu início a uma
enorme campanha de voto útil tendo como principais alvos Ciro Gomes e Simone Tebet.
Os levantamentos, entretanto, estavam errados e,
ainda que Lula tenha tido mais votos,
Bolsonaro
acabou triunfando por ter um desempenho muito acima do projetado. Ao
final, a distância entre ambos foi de
apenas 5%, dando fôlego ao atual
presidente, que agora lidera sua própria frente: a antipetista.O
lulismo, ainda que permaneça reafirmando confiança, vai trocando o
clima de "já ganhou" e sendo empurrado para a dúvida e o receio de uma
derrota outrora considerada impensável.
O início do segundo turno da eleição foi marcado pela acomodação de boa parte dos que haviam rompido ou se desvinculado de
Bolsonaro.
O caso mais notório é de Sergio Moro. O ex-juiz já buscava a aproximação desde antes de ser eleito senador pelo Paraná.
No dia 4 de outubro escreveu em seu Twitter que “Lula
não é uma opção eleitoral, com seu governo marcado pela corrupção da
democracia. Contra o projeto de poder do PT, declaro, no segundo turno, o
apoio para Bolsonaro”. A ele se seguiu o a
gora deputado Deltan Dallagnol, ex-coordenador dos procuradores que atuaram na Lava Jato.Sob
a lógica da rejeição ao PT, há uma inegável confluência de forças
políticas no campo da direita. A todos, mesmo aqueles considerados até
pouco tempo como traidores do presidente, está sendo oferecido um lugar
na mesa. O clima antipetista do 2º turno de 2022 vai se moldando ao que
se viu no Brasil no 2º turno de 2018. O importante é mandar a esquerda
“para Cuba”.
O antipetismo também dividiu os partidos do centro. Ainda que figuras como Fernando Henrique Cardoso, Simone Tebet e Roberto Freire tenham anunciado apoio a Lula,
o fato é que as bases do PSDB, do MDB e do Cidadania não aderiram
uniformemente à decisão de seus líderes. No PSDB, o governador de São
Paulo Rodrigo Garcia anunciou apoio a Bolsonaro, e Eduardo Leite, do Rio Grande do Sul, neutralidade. No MDB, há ainda especulação sobre o posicionamento de Michel Temer. Apesar de o ex-presidente ter divulgado nota oficial sem definir apoio, parece inclinado em favor de Bolsonaro. Já o Cidadania viu sua bancada federal se rebelar contra o apoio a Lula e pedir neutralidade para que cada integrante da sigla defina seu futuro.
Há
quem, ainda em 2022, negue que o
antipetismo seja um fenômeno político
suficientemente denso a ponto de tornar secundários os vícios profundos
do atual governo.
Bolsonaro,
entretanto, já fez sua aposta nele e vai colhendo resultados. A
estratégia é inverter a pauta, afastando os questionamentos sobre seu
primeiro mandato
e fazer um plebiscito sobre o período de Lula e Dilma,
fortalecendo o sentimento antipetista. Inclusive avançando em temas
morais, que são caros a uma parte expressiva do eleitorado brasileiro. Vitaminado pelo seu próprio desempenho e de seus aliados, Bolsonaro
costura palanques em estados importantes como Rio de Janeiro, São Paulo
e Minas Gerais.
Com isso, sua militância antipetista vai criando um
clima de virada que já começa a se materializar como possível até mesmo
nas contestadas pesquisas eleitorais.
Do outro lado, o lulismo, ainda
que permaneça reafirmando confiança, vai trocando o clima de "já ganhou"
e sendo empurrado para a dúvida e o receio de uma derrota outrora
considerada impensável.
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