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domingo, 20 de agosto de 2023

Estelionatários! - Percival Puggina

         Somos cotidianamente assediados por organizações criminosas e por operadores autônomos dessas atividades
Já me ligaram pedindo dinheiro para soltar familiar supostamente sequestrado e para mandar dinheiro a outro que estava na estrada, sem cartão de crédito, precisando de urgente socorro mecânico. Duas ricas senhoras indianas já morreram sem herdeiros e me escolheram, por essas coisas do “karma”, para receber as respectivas heranças mediante pequeno pagamento de custas. Bancos onde não tenho conta me enviam mensagens pedindo que ligue para tal ou qual número sobre um gasto que não fiz. Encomendas não solicitadas aguardam pagamento de taxas que não existem. 
Basta que eu procure por certas mercadorias na internet para que inacreditável barganha surja, tentadora, na minha palma da mão. Tudo obra de estelionatários, profissionais da dissimulação e da mentira.
 
Os cuidados, a prudência, os bloqueios, os “deletes” vão descartando tais incômodos, mas os safados renovam suas estratégias, furam bloqueios e exigem camadas adicionais de informação e prevenção.  
Seus persuasivos truques têm o objetivo de chegar ao dinheiro de suas vítimas através das fissuras que encontrarem nos respectivos mecanismos de proteção. 
São exploradas fragilidades como a ganância, a imprudência, a ignorância e a desatenção da vítima, bem como o susto ou medo que os criminosos suscitam. 
Agem por dinheiro e tudo que fazem está tipificado no Código Penal, mas como incomodam à sociedade e não ao Estado, entram na cadeia por uma porta e saem pela outra.

***

Agora, o tema deste artigo, cuja simetria com o que acabei de escrever acima salta aos olhos: há uma outra atividade, que também consiste em “passar os outros para trás” de modo enganoso ou furtivo, tão corrente e frequente quanto as que descrevi. 
Ela se desenvolve no campo da política. 
Neste caso, os “estelionatários”, integram um projeto político.
 
Quem quer passar os outros para trás nesse ramo não busca diretamente o dinheiro de suas vítimas. Delas, o embusteiro quer o voto, o voto popular, que faz com que seus golpes raramente possam ser tipificados como crimes. 
Na maior parte, suas ações são impróprias ou imorais, mas isentas de cominação penal. Na política, enganar os outros, apresentar-se alguém como o que não é, para seduzir e ludibriar os eleitores, não dá nada. 
Os votos recebidos pelos finórios da política são os objetivos de seus estelionatos eleitorais. 
Com tal produto, conquistam as cadeiras e as desejadas fontes de receita obtida com a tarifação de seus próprios votos em plenário. Quando apertam as teclas sim ou não, tilintam moedas em suas registradoras. Os eleitores que caíram na conversa que se danem e paguem o prejuízo que certamente virá.

Nem tudo, claro, é sempre assim tão pouco sofisticado. Existem especialidades, como as que envolvem a inserção de “jabutis” em projetos alheios ou a venda do mandato inteiro, zero quilômetro, “in the box”, ao adversário combatido na campanha eleitoral. Estelionatários! (Coloquem o chapéu aqueles em quem servir).

Poucos meses após a posse, os bons congressistas já se percebem minoritários..
Por essas e por outras, eu digo e repito que não gosto de política. 
É por sabê-la necessária e ter tantas razões para meu desgosto com o que observo ser feito em meu país que dedico muito de meu tempo a ela, a seus mistérios e às lesões que nos causa.

Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país.. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia Rio-Grandense de Letras.


quarta-feira, 17 de novembro de 2021

Mexa-se - Revista Oeste

 Guilherme Fiuza

Ilustração: Naomi Akimoto Iria/Revista Oeste
Ilustração: Naomi Akimoto Iria/Revista Oeste
 
A revolução digital é pródiga. O avanço civilizatório decorrente dela é inquestionável. A conexão planetária imediata se traduz em ganhos econômicos, culturais e humanitários. A revolução digital melhora a vida. Ou era para melhorar.

Claro que haveria efeitos colaterais. Nenhuma transformação desse tamanho se dá sem que algo também seja perdido. Na Revolução Industrial, por exemplo, o formidável processo de automação trouxe o aumento do sedentarismo. Hoje, é até engraçado lembrar a campanha do “Mexa-se” nos anos 1970 — com jingles na TV tentando sensibilizar a população para a importância de se exercitar. Isso mais de década antes da disseminação dos microcomputadores de uso pessoal, que jogariam boa parte da movimentação humana para dentro de uma tela — ainda na pré-história do iPhone.

E agora? Com uma tela na palma da mão que contém praticamente o mundo inteiro, o que aconteceu com a movimentação humana? Continuou decaindo, claro, mas por outro lado os antídotos do velho “Mexa-se” evoluíram — e também está hoje na palma da mão um vasto cardápio de suor induzido. Então para onde foi a atrofia?

É uma pergunta que dá até medo de tentar responder. Sendo assim vamos só especular, de forma inconsequente, para ninguém confundir isso aqui com manifesto. Nem com veredito. Até porque a epidemia de vereditos sumários na palma da mão pode ter a ver com a tal atrofia. Será? Quem não pensa sentencia. Quem não pode ordena. Quem não sabe ensina.

Calma, são só provocações. Releia acima o nosso pacto de inconsequência e relaxe.

Mas… Será que não temos uma pista aí?  
Com quantos paus se faz uma canoa, se a canoa pode ser virtual? 
O que acontece com o ser humano quando ele passa a não precisar do trabalho braçal da mente? 
E se aquele vasto cardápio de suor induzido passa a oferecer também convicções à la carte, prontas para o consumo? 
O que acontece com o senso comum quando o indivíduo adere maravilhado à automação das convicções? 
E se a formação da consciência estiver sendo substituída pela mimetização? 
E se o pensamento tiver perdido espaço para a repetição?

Que experiência impressionante. Um chamado ético para a imobilização das sociedades em nome do bem comum

Calma. Se as provocações acima não te incomodaram, talvez nada disso esteja acontecendo. Ou talvez você esteja suficientemente mecanizado. Ou talvez as premissas acima estejam erradas. Ou talvez o cardápio de convicções instantâneas seja mesmo um sucesso e você só consiga pensar se esse papo é de direita ou de esquerda, se merece like ou deslike, se compartilha ou denuncia, se tem mais gente aplaudindo ou dizendo que é fake news, enfim, o processo normal a partir do qual você emergirá com a sua convicção triunfal e indestrutível.

Ou talvez a sua capacidade de pensar esteja intacta e as provocações acima é que estejam fadadas a morrer na praia.

Praia lembra lockdown. Que experiência impressionante. Um chamado ético para a imobilização das sociedades em nome do bem comum. A mobilização pela imobilização. Uma espécie de “Mexa-se” ao contrário. Recolha-se. Isso protegerá a saúde da coletividade. A exata engenharia sanitária dessa medida extrema — e sua eficácia aferível — nunca apareceu. E o senso comum nunca a exigiu. Se existe mesmo um cardápio de convicções, ele deve ter sido essencial para a construção dessa harmonia em torno do nada. Cada tempo com seu consenso.

A convicção emana do iPhone. O iPhone emana do legítimo anseio por praticidade e conforto. A paz digital pode ser um estágio evolutivo — em que a universalização do poder individual depende da uniformização. Repetir é o novo pensar? Ser ou não ser?

Do iPhone emana o passaporte. Da injeção emana a cidadania. Como no lockdown, o senso comum não exigiu o passaporte da eficácia. A nova ética dispensa a lógica. O indivíduo está fascinado com seu poder universal. Dispor da vida alheia com uma simples checagem de iPhone é bom demais. Bloqueio sanitário é migalha se você tem o direito à vida na palma da sua mão.

Ou talvez não seja nada disso. Fica calmo. Se as especulações acima são inócuas, você não tem nada a perder. Se não são, mexa-se.

Leia também “Manual do Linchador Moderno” 

Guilherme Fiuza, colunista - Revista Oeste 

 

quarta-feira, 3 de novembro de 2021

AS MAL AMADAS REDES SOCIAIS - Percival Puggina

Há um tipo de jornalismo que não consegue esconder seu desagrado perante a democratização do direito de opinião. 
Quem detinha o monopólio da informação e da opinião, percebe, na vida real, quanto de poder verificável, ou monetizável, perdeu com isso. Em sociedades democráticas, não ser refutado era privilégio de poucos.

Há, nas redes sociais, muita gritaria multilateral, xingamentos, manifestações impróprias, notícias falsas? Sim, claro. Mas não podem ser esses desvios o assunto principal quando possibilidades abertas pelas novas tecnologias fazem resplandecer notáveis talentos que, por motivos óbvios, não teriam espaço nos veículos da outrora grande mídia. Esta, aliás, internamente, de um modo que a empobrece, dispensa seus talentos divergentes para preservar coesão em sua linha editorial. O efeito apenas contribui para seu descrédito. E lá se vão eles, os despedidos, fazer sucesso, criar e dinamizar as novas mídias.

Como desconhecer que grande número dos novos comunicadores sociais chega ao público com preparo cultural, competência dialética, proporcionados pelo curso do Olavo de Carvalho? Quanta diferença entre eles e militantes produzidos por cursos de Jornalismo de nossas universidades! Imagine o quanto contraria o complexo de superioridade da esquerda, perceber, pelos motivos expostos, a disparidade de suas forças nas redes sociais.

Imagine a contrariedade daquele grupo de comunicação que se considerava “fazedor de presidentes”, atuando no Brasil, a cada quatro anos, como uma espécie não canônica de sagrador de cabeças coroadas!
 
Imagine a contrariedade dos políticos que, também eles, falavam sozinhos às suas bases através de uns poucos meios regionais de comunicação e, agora, precisam conviver com as redes sociais locais, chegando à palma da mão dos eleitores.

Imagine o desagrado de um poder de Estado sendo avaliado e criticado pelo próprio povo. Logo ele que, diante do espelho, se vê mimetizado, individual e colegiadamente, em democracia.

Imagine o desagrado de grandes veículos tão seletivos nas matérias que divulgam – vendo suas omissões, erros e contradições, expostos à sociedade. A propósito, fatos recentíssimos me vêm à lembrança. Nenhum grande veículo (ao menos nada há no Google que o registre) noticiou a mais recente capa desonesta da revista IstoÉ plagiando uma capa da revista Time. Neste dia em que escrevo (01/11), nenhum grande veículo dedicou linha ou imagem para registrar a multidão de brasileiros que se aglomerou diante do hotel do presidente para festejá-lo em Roma. Não deixe de ver aqui as cenas proporcionadas pelo vídeo disponibilizado por Gustavo Gayer.  

Imprensa surta - Bolsonaro é o único da G20 que leva multidão de apoio na Itália

Bolsonaro é o único entre os lideres mundiais da G20 que receber multidão de apoiadores na Itália. Imprensa não sabe como explicar isso

O ódio “às redes sociais” tem razões consistentes. Cutucam poderosíssimos vespeiros que se coligaram para enfrentar seus adversários nesse vasto e dinâmico território.

Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto, empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+.