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domingo, 19 de setembro de 2021

No horizonte, a eleição e as nuvens - Alon Feuerwerker

Análise Política

As placas tectônicas vinham movendo-se uma contra a outra, mas o choque não aconteceu. Pois nenhum dos lados avaliou ter força para prevalecer na base da... força.  
Nem os desejosos do impeachment reuniram massa crítica, na rua e na política, para o desfecho, nem Jair Bolsonaro teve como simplesmente tratorar o Supremo Tribunal Federal. 
O equilíbrio continua estruturalmente instável, dado o cenário eleitoral hoje desfavorável à continuidade do governo, mas vivemos um momento de calmaria.

Quanto vai durar? Há uma possibilidade razoável de que dure até o início da campanha eleitoral, daqui a pouco menos de um ano. Pois os três blocos principais veem uma janela para prevalecer na urna. Luiz Inácio Lula da Silva e o PT acreditam estar com a mão na taça. Bolsonaro confia na fidelidade dos dele e no apelo ao antipetismo. E o “centro” olha para a confluência do piso e do teto eleitorais do presidente. E daí começa a ensaiar o discurso de que se querem evitar a volta do PT e de Lula primeiro é preciso tirar Bolsonaro da frente.

Na oposição de esquerda não há muito de original a fazer, além de criticar o governo, conversar nos bastidores e tentar subir o tônus da mobilização. O desafio dos organizadores do protesto  de outubro é rivalizar com os expressivos atos pró-Bolsonaro de 7 de setembro. 
Precisarão mobilizar mais que a militância, precisarão colocar povo na rua. Os atos de 12 de setembro foram surpreendidos no contrafluxo, depois da distensão momentânea em Brasília. Como estará o clima político daqui a 15 dias?
No dito centro há dois enigmas a decifrar. Como acelerar a convergência em torno de menos nomes, para juntar alguma massa crítica e criar expectativa de poder? Pois o principal problema da “terceira via” hoje é a falta da expectativa de poder. [insistimos que não existe terceira via; temos a PRIMEIRA VIA, quiçá, a única, e o resto. 
Resto que chamam de terceira via, só que inexiste a segunda - o que chamam de segunda é Lula = nada x zero. 
Assim, o resto deve assumir que é um esboço falido de segunda via.
Ainda que assuma tal condição, terá que escolher  porta-voz único para comunicar que subiu meio degrau.] Um caminho para esse objetivo é tentar esvaziar radicalmente Bolsonaro, daí que a oposição mais feroz a ele no momento venha desse campo político. Mas o presidente resiste. A cada pesquisa que anuncia o derretimento dele, nota-se que Bolsonaro mantém o market share eleitoral.
E o governo? Precisa governar. Enfrentar o desafio de aumentar o Bolsa Família, combater a inflação, resolver o rolo dos precatórios, ver o que faz com a crise hídrica, tourear a Comissão Parlamentar de Inquérito no Senado da Covid, aprovar seu candidato ao STF e administrar o cessar-fogo com o tribunal. [tourear a CPI da Covid-19 é o mais fácil = a cada semana a dita cuja se afunda e prova que não possui prova de nada que pretendia provar.  
O Supremo é fácil de administrar, desde que Bolsonaro atue como estadista, aja como Presidente da República. 
São os vacilos ocasionais de capitão que fornecem munição aos seus inimigos.] Devo ter esquecido de alguma coisa, mas só que aí está já compõe um portfólio respeitável. E, mais que tudo, precisa transmitir a sensação de estar governando. Sabe-se que a política tem horror ao vácuo.

Bolsonaro está tendo o mérito de resistir até chegar tão perto da eleição que os adversários começam a pensar mais nela e menos em derrubá-lo. Qual é a dúvida? São duas. Como reagirá o presidente quando, e se, a situação eleitoral dele prenunciar a possibilidade real de derrota? E como reagirá a oposição “de centro” se o campo dela continuar disperso mais tempo do que seria saudável?

O céu deu uma acalmada, mas as nuvens estão ali no horizonte.

Alon Feuerwerker,  jornalista e analista político


 

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Brasil na berlinda - Eliane Cantanhêde

O Estado de S.Paulo

Com Bolsonaro remendando estragos, Doria, Huck e Moro se mostram ao mundo

Sem o presidente Jair Bolsonaro, mas com seus rivais João Doria e Luciano Huck, o Fórum Econômico Mundial deste ano, em Davos, pode jogar o Brasil na constrangedora situação de país digno de uns bons puxões de orelha por maltratar o meio ambiente, ameaçar a mídia, provocar líderes mundiais, enaltecer ditadores e, agora, ultrapassar todos os limites trazendo Hitler e o nazismo ao ambiente.[felizmente, estou sempre atento ao que é publicado na mídia e hoje aprendi que o Fórum de Davos é um SUPREMO TRIBUNAL UNIVERSAL que julga  os países que ousam sair do politicamente correto - deixando de seguir conceitos e regras estabelecidas pela agonizante esquerda.]



O puxão de orelhas deve começar com a Greta, a menina que virou personalidade internacional pela defesa da natureza, foi chamada de “pirralha” por Bolsonaro e devolveu com ironia. Uma adolescente dando lições em Davos a poderosos cheios de pretensão e ideias equivocadas, não raro perigosas. Delicioso. Ninguém diz, mas Bolsonaro teve dois bons motivos para não ir a Davos. Um é que certamente baixou uma baita insegurança depois do vexame na estreia no fórum em 2019. Se mal conseguiu falar coisa com coisa quando ainda era cercado de expectativas, imaginem agora, depois de tudo?



O segundo motivo é que Bolsonaro achou que Donald Trump não iria. Se Trump não vai, esse encontrinho de grandes líderes internacionais, megainvestidores, homens das finanças e do pensamento não serve pra nada. [tem grande prestígio, palco de grandes negociações, mas, não se destina a julgar países que lá estão como participantes e não como réus.
Basta se ver o rol dos participantes para se deduzir, sem erros, que os que pretendem julgar o Brasil e o presidente Bolsonara não encontrarão campo fértil. ] Mas a aposta foi errada: Trump anunciou que vai, mesmo acossado pelo processo de impeachment – ou até por causa dele. Assim, o governo brasileiro é representado pelo ministro Paulo Guedes, integrantes de sua equipe e os presidentes do BNDES e da Eletrobras, que têm o que oferecer e o que pedir a investidores. Só que eles querem falar em privatizações e concessões, mas muitos dos interlocutores preferem ouvir sobre algo mais abstrato, mas potente: democracia.



Assim, a presença de Doria e Huck tem uma simbologia especial. O governador leva na mala um portfólio de oportunidades e deve ter ensaiado bem o personagem moderno, de braços abertos para investimentos, que se coloca como alternativa a Bolsonaro. Alternativa também à direita e conservadora, mas menos beligerante e de mais bom senso. Nem pró-Pinochet e Goebbels nem terraplanista. Ou seja, “normal”. E Huck? Devagar, com uma viagem daqui, uma palestra dali, agora uma ida a Davos, ele vai construindo um nome, uma imagem, uma candidatura. No mínimo, vai perdendo o pânico de quem pulou de véspera da campanha de 2018, depois de aprender que o mundo de celebridades é muitíssimo diferente do mundo hostil, ácido, da política. [a presença do governador de São Paulo, pode resultar até em  captação de investimentos;
já o animador de auditório pode fazer um showzinho para ajudar a passar o tempo;
felizmente, os brasileiros começam a dissociar ser um animador de auditório de ser um bom administrador.
Bolsonaro não precisa se apresentar em todos os encontros e Moro já tem o seu lugar = próximo ministro do STF ou, o mais provável, candidato a vice-presidente da República em 2022 fazendo dobradinha com o presidente Bolsonaro.

A propósito a brilhante  recepção em Stanford ao ministro Paulo Guedes mostra que a ausência do presidente Bolsonaro, está sendo brilhantemente preenchida. Os presidentes dos Estados Unidos Donald Trump, da China Xi Jinping e Vladimir Putin da Rússia, certamente não serão alvos de perguntas inadequadas ao Fórum, que pelo ]



E que personagem Huck apresenta no teatro de Davos? O do cara que deu certo, quer dar sua contribuição para um Brasil melhor e está contra “tudo o que está aí”, principalmente a pobreza, a desigualdade, a exclusão de gerações, uma atrás da outra. Com Doria e Huck lá, um terceiro personagem vai metendo a cara cá, aprendendo a enfrentar curiosos, críticos ou inimigos ferozes e se preparando para o futuro. Pode não estar claro nem para ele mesmo, mas com o troféu de personagem mais popular do governo, mais do que o presidente, Sérgio Moro pode não estar em Davos hoje, mas está no jogo de 2022. Enquanto isso, Bolsonaro vai convivendo com as próprias fragilidades, tentando remendar o que ele mesmo esgarçou. Começa a testar a atriz Regina Duarte na Cultura, já esqueceu as denúncias contra o ministro Marcelo Álvaro Antonio, assiste de camarote à tragédia no Ministério da Educação e fecha olhos e ouvidos para as peripécias do seu homem da Comunicação. [o Ministério da Educação - que esperamos logo absorva a Secretaria de Cultura - tem sido vítima de uma sistemática campanha de sabotagem;
convenhamos que o cargo de ministro da Educação envolve a gestão, a coordenação de um Ministério, sendo corrigir provas tarefa a ser executada por especialistas no assunto.
Um lembrete:
-  ministro de Estado da Saúde sequer precisa ser médico;
-  ministro do STF não precisa ser bacharel em Direito.]


Autodeterminado exterminador das esquerdas, Bolsonaro é todo aplausos para Ernesto Araújo, Ricardo Salles e Damares Alves – como era com Roberto Goebbels Alvim – e já tem o culpado n.º 1 por todas as mazelas do governo: a mídia. Bolsonaristas tupiniquins estimulam, mas o mundo, e não só o mundo de Davos, está de olho. Huck, Doria e Moro, também. [enquanto os dois primeiros cuidam de Blsonaro e por tabela do próprio Moro, Bolsonaro e Moro cuidam de governar - ou tentar, já que o Governo do presidente Bolsonaro tem sido boicotado de todas as formas.
Graças a Deus, resta um consolo: só se chuta, quem incomoda.]

Eliane Cantanhêde,  jornalista - O Estado de S. Paulo

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

A “mãe de todas as reformas" está desaparecida. E o direito ao autoengano nas pesquisas

Poucas vezes o inferno da política esteve tão repleto das boas intenções de quem pretendeu aperfeiçoá-la. O tempo passou e tudo ou quase tudo do que pediram para melhorá-la foi aprovado e aplicado. E o resultado?  
Fidelidade partidária, prazos duros de filiação a partidos e desincompatibilização de cargos;
veto ao financiamento empresarial, verba pública, cota feminina nas vagas e no dinheiro, proibição de candidatura de parente no “cone” abaixo do detentor de mandato executivo;
Lei da Ficha Limpa, regras draconianas para debates. Proibiram até show em comício.

É só uma parte do portfólio. Este espaço seria insuficiente para listar de modo exaustivo a profusão de regulamentos e restrições na esfera político-eleitoral. E a cada escândalo que aparece volta a grita por mais e mais legislação. Está em linha com a cultura bem brasileira de fabricar leis e regras em escala industrial, o método que supostamente nos levaria ao paraíso de uma política limpa, sem as nódoas da inevitável inclinação humana a pecar.

A experimentação, entretanto, novamente desmentiu a teoria. O resultado é ruim. A única coisa que conseguimos foi transformar as eleições em rituais tão engessados quanto vazios, onde nada que interessa tem como ser debatido. E a floresta de regulamentos, como era natural, em vez de produzir um mundo sem pecados funciona como linha de produção de delinquências. A cada dificuldade criada, os comerciantes de facilidades abrem um sorriso.

Tem mais. O sistema é presidencialista, mas o mecanismo está montado para negar a qualquer governo uma maioria própria no Parlamento. É um problema para Jair Bolsonaro, como foi para todos que o precederam após a Constituição de 1988.
E a Carta é um texto enciclopédico que
, olha aí de novo, criado para dar conta de todos os problemas, acabou virando letra morta pela profusão de possibilidades interpretativas.

Talvez a esta altura o leitor atento tenha notado que um assunto desapareceu da pauta política e jornalística desde que Bolsonaro tomou posse em janeiro: a simplificação e o aperfeiçoamento da legislação partidária e eleitoral, a chamada reforma política.  Acontece com ela algo estranho: de vez em quando aparece no noticiário como “a mãe de todas as reformas”, para logo em seguida sumir sem deixar rastro. Ela costuma ser lembrada quando o Congresso coloca barreiras a alguma pauta querida do establishment. Quando os legisladores dançam conforme a música, é rapidamente esquecida.

Mas enfiar a cabeça na terra achando que vai resolver é a ilusão do avestruz. A taxa de mortalidade política dos presidentes eleitos desde 1989 já bate 50%. O que fazer? Talvez uma solução seja aplicar à política a regra simples de diminuir o número e o alcance das regras, simplificar, aumentar o grau de liberdade. Até agora, o que se tentou foi o contrário. Diminuir a taxa de liberdade na esperança de resultados melhores. Deu errado. Hora de experimentar outra coisa.


É compreensível e até comovente o esforço do jornalismo para arrancar lides de oscilações nas pesquisas dentro da margem de erro. Mas não vamos nos enganar: desde abril o quadro político e eleitoral anda essencialmente estabilizado. Nem Jair Bolsonaro “estava caindo e parou de cair” nem o governo “está derretendo”. Basta olhar os números. Todas as pesquisas convergem para um ótimo/bom levemente abaixo de um terço, um regular na mesma faixa e um ruim/péssimo levemente acima.

E em todas as pesquisas a expectativa otimista está um pouco acima do ótimo/bom desde sempre. E em todas elas Bolsonaro mantém fiel o eleitor do primeiro turno e ainda retém a confiança do eleitor do segundo turno.  Mas o autoengano é livre, ainda que não seja grátis. Costuma sair caro aliás. [hoje um comentarista, expert em política, produziu um comentário no qual apresenta o presidente Bolsonaro como em queda em relação aos presidentes eleitos desde a reeleição;
segundo o especialista, o presidente tem um pouco acima de 30% de ótimo/bom, quando os presidentes que o antecederam, incluindo FHC, tinham com pouco menos de um ano de governo um pouco abaixo de 40%.
Resumindo: uma provável diferença em torno de 5% passou a ser mais importante que o próprio acima de 30%]

Análise Política - Alon Feuerwerker, jornalista


quarta-feira, 4 de novembro de 2015

Rombo de fundo de pensão da Petrobras vai a R$ 10 bi - Rombo total dos Fundos de Pensão é de no mínimo R$ 160 bilhões!

O deficit do Petros superou a marca de R$10 BI

O Petros tem 24 mil contribuintes e 55 mil aposentados que terão que fazer contribuições extras para cobres o rombo monstruoso

Mais um fundo que se junto ao Postalis, Funcef, Previ  e outros destruídos pela má administração fruto do aparelhamento petista.

Rombo total dos Fundos de Pensão é de no mínimo R$ 160 bilhões!

Há muita demanda de questionamento sobre situação dos Fundos de Pensão das estatais. Não sou especialista no assunto de previdência. Não entendo de cálculos autoriais sobre contribuições e benefícios da previdenciários. No entanto, entendo razoavelmente sobre investimentos. Então, o assunto de hoje, vou me enveredar apenas sobre esta ótica.

Com o estouro da ladroagem na Petrobras revelado pela Operação Lava Jato, o interesse dos leitores sobre a situação patrimonial dos Fundos de Pensão aumentou significativamente. No entanto, a imprensa não veicula sobre os prejuízos dos Fundos de Pensão. Até entendo o motivo de não fazê-la por falta de transparência dos Fundos. Os próprios Fundos de Pensão não divulgam claramente os portfólios de seus investimentos.

Não há disponibilidade de informações nos  sites dos Fundos de Pensão sobre os detalhes dos investimentos que respaldam os benefícios futuros dos pensionistas. Quando são disponibilizadas, os dados são de 2013 ou parcial de 2014, apesar de já estarmos no mês de março de 2015. Muitos Fundos, simplesmente, não apresentam os detalhes dos investimentos realizados, nem tão pouco a situação patrimonial real de cada ativo.

Entre não apresentar nenhuma opinião sobre o tema e apresentar um resumo com margem de erro favorável para os Fundos, estarei bastante confortável em apresentar as minhas análises. Para minha análise, vou tomar como o valor de investimentos dos Fundos de Pensão como sendo R$ 400 bilhões. Isto é uma estimativa baseado em pesquisas, por baixo. Claro, que este valor é muito superior a isto. Para evitar críticas sobre minha análise vou tomar este valor como referência que seria favoráveis para os administradores dos Fundos.

Uma parte deste ativo é composto de aplicações em Letras do Tesouro Nacional. Uma outra parte é aplicado em ações de empresas estatais como Petrobras, Eletrobras, BB e outros. Uma parte é aplicados em imóveis que rendem alugueis. Bem esta parte está garantido. Não tenho receio de dizer que dos R$ 400 bilhões de investimentos pelo menos R$ 200 bilhões são aplicados em títulos que fazem parte do risco sistemas Petrobras/ BNDES, cuja soma já estimei em R$ 1,3 trilhão.

Acontece que os ativos expostos aos riscos Petrobras/ BNDES, sobretudo após a exposição da Operação Lava Jato, estão sendo negociados no mercado financeiro internacional com deságio (desconto) de 80% ou seja cada ativos da Petrobras e de suas empreiteiras estão valendo 20% do que poderia valer. Mesmo deságio acontece com os títulos ou bônus das empreiteiras que tem financiamentos no BNDES. Os Fundos carregam cerca de R$ 200 bilhões destes ativos podres. 

Vamos exemplificar o significado do deságio e as consequências deste. Por exemplo os bônus de dívida da Sete Brasil fornecedora de plataformas da Petrobras, valem no mercado 20% do valor devido. Lembrando que a empresa Sete Brasil e constituído pela Petrobras e Fundos de Pensão das estatais. Esta empresa é considerada no mercado de pré-insolvência. À rigor estes títulos não teria valor nenhum.

O Estadão de ontem, noticiou que o Banco do Brasil vai fazer empréstimo para Sete Brasil no montante de R$ 8,8 bilhões. De acordo com a análise feito acima, este empréstimo do Banco do Brasil, no dia seguinte ao da transferência desse dinheirama toda para a Sete Brasil os R$ 8,8 bilhões, estará valendo R$ 1,67 bilhão. É dinheiro jogado fora, na prática. Mesmo assim, a tendência da Sete Brasil cujos donos são os Fundos de Pensão, deverá receber o aporte de financiamentos do Banco do Brasil. 

No imbróglio resultante da Operação Lava Jato, os Fundos de Pensão com ativos expostos ao risco está em R$ 200 bilhões, com certeza o prejuízo é de 80% deste ou seja R$ 160 bilhões. Como não sou especialista em previdência, não saberia auferir o efeito deste prejuízo nos benefícios dos seus associados. Certamente, haverá reflexo nos cálculos autoriais de pensão e benefícios.

Os contribuintes e beneficiários dos Fundos de Pensão das estatais que corram atrás dos administradores destes para avaliar a situação real do patrimônio que garante, em tese, os benefícios futuros. Esta matéria, esclareceu situação patrimonial dos Fundos de Pensão das estatais, usando hipóteses otimistas.

O rombo dos Fundos de Pensão é de no mínimo R$ 160 bilhões! Grosso modo, 40% do total de investimentos.

Por: Ossami Sakamori -
@SakaSakamori

 

 

terça-feira, 24 de março de 2015

A hora da conta



Fundo de pensão dos Correios perdeu 25% do patrimônio na luta entre PMDB e PT pelo comando. Estatal e 200 mil trabalhadores vão pagar a conta durante 15 anos

O Postalis, fundo de previdência dos Correios, identificou um rombo de R$ 5,5 bilhões na sua contabilidade. A fatura será dividida entre a empresa estatal e cerca de 200 mil associados a partir da próxima semana. Haverá uma cobrança mensal, “extraordinária”, com aumento de 26% sobre o valor das contribuições ou redução dos benefícios pagos no plano complementar à aposentadoria. Está prevista para se estender até 2030, ou seja,  pelos próximos 15 anos e meio. 

É um novo capítulo na história recente da manipulação política dos fundos de pensão das empresas estatais, onde a má gerência tem raízes na luta partidária pelo comando dos investimentos.  O caso do Postalis é exemplar: perdeu cerca de 25% do patrimônio durante a luta de uma década entre o PMDB e o PT pelo controle das áreas-chave de sua gestão. Alguns desastres do portfólio do Postalis foram comandados por um diretor vinculado ao PMDB. 

O poder sobre os recursos dos fundos de pensão estatais é decisivo para negócios como a compra e venda de ações de empresas privadas — sobretudo as virtualmente quebradas e com alta taxa de lucratividade para corretores e intermediários de partidos aliados ao governo.  É, também, relevante na indução ao financiamento de campanhas eleitorais pelas empresas nas quais os fundos estatais são acionistas e possuem representantes na diretoria e nos conselhos fiscal e administrativo. 

É perceptível um padrão de negócios suspeitos em vários fundos estatais — das compras de papéis emitidos por governos virtualmente falidos, como Argentina e Venezuela, às aquisições de títulos de bancos às vésperas da quebra, a exemplo do BVA em 2013. 

Alguns personagens também se repetem, constatou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao denunciar 49 políticos e operadores financeiros de partidos por corrupção na Petrobras. Somente o pagamento de propina a agentes públicos, ele escreveu, é capaz de explicar a injeção de dinheiro de trabalhadores-contribuintes de um fundo de pensão estatal em uma empresa endividada, com patrimônio líquido negativo e prejuízos mensais crescentes. 

Na prateleira de Alberto Youssef, operador financeiro do PP na Petrobras, havia uma empresa de turismo nessas condições. Seus laços com influentes deputados do PT, André Vargas e Cândido Vaccarezza, permitiram a abertura das portas e dos cofres de fundos de pensão como o Postalis e o Igeprev, do Estado do Tocantins. Youssef obteve cerca de R$ 40 milhões na venda de títulos podres, sem valor, para essas entidades de previdência. 

Há maracutaias seriadas. A Procuradoria Federal possui um catálogo de fraudes cometidas por governantes e gestores de 117 institutos públicos de previdência que superam R$ 2 bilhões.  Elas resultam da influência político-partidária nos fundos de pensão estatais. Políticos e gestores dos fundos ordenavam a compra de papéis indicados por “consultorias”, como as arranjadas por Youssef e seus amigos, e faturavam comissões de 3% sobre o valor das operações. 

As empresas protagonistas são, quase sempre, as mesmas que serviram a autoridades beneficiárias do mensalão e da corrupção na Petrobras. O dinheiro fluiu por uma rede especializada em lavagem no eixo Brasilia-Rio-São Paulo. O caso do Postalis é apenas o primeiro de uma nova série de escândalos.


Por:  José Casado – O Globo