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terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

Notícias Populares - Nas entrelinhas

“A morte do ex-capitão do Bope Adriano da Nóbrega, no interior da Bahia, embora a versão oficial seja a de que resistiu à prisão, alimenta suspeitas de queima de arquivo”


Os programas de tevê que fazem a cobertura policial no estilo bandido bom é bandido morto” foram a principal causa do fechamento do jornal Notícias Populares, ligado ao Grupo Folha, que circulou de 1963 a 2001 na capital paulista e se notabilizou pelas manchetes “se-espremer-sai-sangue”e fotos de mulheres nuas. Criado pelo romeno Jean Nelle, abusava do que hoje seria chamado de fake news, como a história do Bebê Diabo, uma série fantasiosa de reportagens sobre uma criança que nasceu com deformações físicas, e o desaparecimento de Roberto Carlos, que, na verdade, estava em viagem aos Estados Unidos e, por isso, não havia sido localizado pelos repórteres do jornal.

Ex-capitão do Bope,  Adriano da Nóbrega, curtindo uma de fazendeiro - papel que não combina com o fuzil que carrega e que não foi encontrado entre as armas apreendidas. Foto: Divulgação


 
No Rio de Janeiro, o jornal Luta Democrática, fundado pelo político fluminense Tenório Cavalcanti, que circulou de 1954 a 1980, também abusava de manchetes sensacionalistas, como “Violada no Auditório”, a propósito do fato de o cantor Sérgio Ricardo ter quebrado o violão durante uma apresentação musical, e “Cachorro fez mal à moça”, um caso banal de infecção intestinal por causa de um sanduíche de salsicha, ambas de autoria do jornalista Carlos Vinhaes. Sexo, sangue, dinheiro e poder eram os quatro pilares dos jornais policiais norte-americanos da década de 1950 que serviram de paradigma para o NP e a Luta.

O escritor norte-americano James Ellroy, autor de Los Angeles — Cidade Proibida, se inspirou no noticiário policial para escrever sua trilogia sobre a política norte-americana, que começa com Tablóide Americano, sobre os bastidores do assassinato do presidente John Kennedy, continua com Seis Mil em Espécie, a operação de “queima de arquivo” da conspiração, e termina com Sangue Errante, no qual narra a derrocada norte-americana no Vietnã e os bastidores do governo de Richard Nixon. Todos foram publicados no Brasil pela Editora Record. Ellroy é um dos grandes escritores “noir”, gênero de literatura policial que surgiu nos Estados Unidos na época do macarthismo. Sua narrativa se baseava em pesquisas sobre personagens reais e muita literatura, ou seja, a fusão de realidade e ficção.

A morte do ex-capitão do Bope do Rio de Janeiro Adriano da Nóbrega, que estava foragido no interior da Bahia, é um prato cheio para um escritor “noir”. Embora a versão oficial seja a de que resistiu à prisão, as circunstâncias de sua morte alimentam suspeitas de que teria havido uma “queima de arquivo”. Adriano não estava sendo investigado no caso do assassinato da vereadora do PSol Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, mas era um dos chefões do chamado Escritório do Crime, grupo de extermínio da milícia do Rio de Janeiro, do qual faziam parte o sargento reformado da PM Ronnie Lessa e o ex-PM Élcio de Queiroz, suspeitos do assassinato de Marielle.

Adriano era um dos denunciados da Operação Intocáveis, coordenada pelo Gaeco do Rio de Janeiro. Quando foi deflagrada, em janeiro de 2019, foram presos cinco homens acusados de integrar a milícia que atuava em grilagem de terra, agiotagem e pagamento de propina em Rio das Pedras e na Muzema, na Zona Oeste do Rio. Segundo a polícia baiana, estava sendo investigado por envolvimento em operações de compra e venda de gado e de fazendas na Bahia, para lavagem de dinheiro.

Parceiros
Primeiro, a operação ocorreu na Costa do Sauípe. Adriano não foi achado no local. Entretanto, o Bope da Bahia o localizou na chácara do vereador Gilson Lima, do PSL de Esplanada, município a 165 quilômetros de Salvador, irmão do deputado estadual Alex Lima, ex-PTN, hoje filiado ao PSB. Os dois são irmãos de Rodrigo de Dedé, ex-prefeito de Esplanada. O secretário de Segurança da Bahia, Maurício Barbosa, sustenta que os policiais abriram fogo contra Adriano porque ele resistiu à abordagem.


Adriano sempre teve ligações com Fabrício Queiroz, amigo do presidente Jair Bolsonaro e ex-assessor parlamentar do senador Flávio Bolsonaro, então deputado na Assembleia Legislativa fluminense. Os dois trabalhavam juntos no 18º Batalhão da Polícia Militar, em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, quando mataram Anderson Rosa de Souza, durante uma ronda na Cidade de Deus. No mesmo ano, por iniciativa do então deputado estadual Flávio Bolsonaro, a Assembleia Legislativa do Rio aprovou uma moção de louvor a Adriano “pelos inestimáveis serviços” prestados à PM. [cabe um esclarecimento: alguém ser agraciado com uma medalha é fruto da situação do agraciado no momento da indicação - não é uma garantia de que o mesmo não esteja envolvido (envolvimento não público) ou não venha a se envolver em atos ilícitos.
Quem indica, o faz diante de conduta louvável do indicado realizada antes e durante a indicação.]

Adriano foi condenado por homicídio em 2005. Mesmo assim, na Câmara, o então deputado federal Jair Bolsonaro discursou em sua defesa. E a Assembleia Legislativa do Rio concedeu a Adriano a Medalha Tiradentes, sua mais alta honraria, por iniciativa de Flávio. À época, Adriano já era ligado ["ligado"]  aos milicianos. Chefe de gabinete de Flávio na Assembleia, Queiroz empregou a filha e a ex-mulher de Adriano, que são acusadas pelo Ministério Público de terem devolvido a Queiroz R$ 203 mil, parte dos seus salários. Queiroz e Flávio são investigados por envolvimento com a chamada “rachadinha” da Alerj. [causa surpresa que a filha e a ex-mulher de Adriano, estejam sendo acusadas de devolver ao Queiroz, parte de seus salários.

Vamos supor que existisse o suposto esquema de 'rachadinha' envolvendo Queiroz e que ele fosse o coletor das devoluções - que podem ser consideradas extorsões.

Queiroz, concretizada esta hipótese, estaria cometendo o crime de extorsão, mas, quem devolve seria a vítima.
Uma vítima não costuma ser denunciada, exceto em situações excepcionais em que durante o crime praticado contra tenha tido alguma conduta criminosa - mas, no caso da rachadinha os que devolvem não podem ser acusados de extorsão.]

Nas Entrelinhas  - Luiz Carlos Azedo - Corrreio Braziliense

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Lições para Maduro: o fim de dois ditadores comunistas

O desfecho foi amargo para o homem do Muro de Berlim e o Gênio dos Cárpatos, mas o tirano da Romênia teve menos tempo para refletir


Nenhum deles teve um fim tranquilo, mas um morreu na cama e o outro foi metralhado. Ambos viraram símbolos do fim da era comunista na Europa Oriental.
Derrubado pelo próprio partido único quando já era tarde demais, Erich Honecker se refugiou na casa de um pastor – uma ironia, considerando-se o tratamento reservado à religião na Alemanha Oriental. Depois, em outra ironia, pediu ajuda a Mikhail Gorbachev, o homem que havia recusado seus apelos para que descesse a tropa soviética e salvasse o comunista agonizante.

A fuga secreta para Moscou não resolveu seus problemas. Devido aos pedidos de extradição da Alemanha reunificada, Honecker e a mulher, Margot, pediram asilo na embaixada do Chile.  Um pedido irrecusável: o embaixador era Clodomiro Almeyda, o líder do Partido Socialista chileno recém-reabilitado, ele próprio asilado na Alemanha Oriental durante o regime militar.

Nem assim Honecker se livrou da extradição. Recebido em Berlim aos gritos de “Assassino”, Honecker foi submetido a um confuso julgamento, encerrado a pretexto de que ele estava muito doente. Viajou para o Chile e morreu um ano depois, de câncer no rim. Evitou-se, assim, que fosse revirado a fundo o envolvimento de muitos convertidos às virtudes da democracia. E a Alemanha pode celebrar até hoje o milagre do Muro de Berlim, o fim pacífico de um regime que parecia inexpugnável.

O Muro, cuja construção foi comandada por Honecker e duraria “mais cem anos”, simbolizou a derrocada em série dos regimes vassalos na Polônia, Checoslováquia, Hungria e demais satélites soviéticos, culminando com o fim da própria União Soviética.  A única exceção no dominó do extraordinário ano de 1989 foi a Romênia, onde Nicolae

VAIAS, VAIAS
Ceausescu acreditava que poderia reprimir à bala a onda de manifestações de protesto que havia começado pela cidade de Timisoara.  O mundo construído por Ceausescu e sua mulher, a implacável Elena, secretária-geral do Partido Comunista Romeno e vice-primeira-ministra, parecia tão invulnerável que ele vivia à parte até da União Soviética.

Para reafirmar a própria autonomia, Ceausescu, que se brindou com o título de Gênio dos Cárpatos e Condutor, queria zerar a dívida do país. Praticamente toda a produção agrícola e industrial da Romênia era exportada.  Os romenos viviam em privação, passavam fome, a eletricidade e a calefação eram cruelmente racionadas em pleno inverno. Um diplomata americano conta ter chegado ao país em 1988 e verificado que nas prateleiras dos mercados havia “pouco mais que latas de sardinha da China e repolho”.

Crente no próprio poder, na doutrinação incessante do povo e no regime ultrarrepressivo onde a Securitate, a polícia política, controlava tudo, Ceausescu ignorou o vento de mudança e apareceu na sacada do hediondo palácio no centro de Bucareste.  Achava que tinha um público seguro, transportado em massa numa armada de ônibus, e habituado às arengas autoelogiosas. De repente, começaram as vaias. E mais vaias. E gritos deTimisoara! Timisoara!”.

Comparado a Nicolás Maduro, o motivo dessas rememorações todas, Ceausescu era de uma austeridade sepulcral. A expressão de incredulidade no rosto severo do déspota, tentando bater palmas para controlar a massa que o vaiava, entrou para a história. Os mais espertos perceberam que a coisa tinha acabado ali e trataram de mudar rapidamente de lado. A onda de deserções começou pela base e chegou rapidamente aos generais.
O ministro da Defesa apareceu com um tiro na cabeça – suicidou-se ou foi suicidado, supostamente por se recusar a mandar massacrar os rebelados. Um mar de velas surgia nos lugares onde agentes da polícia política matavam cidadãos desarmados. Num deles, a elegante pichação “Vox Populi, Vox Dei!”.

Protegidos pelos leais até o fim, os Ceausescu estavam na casa de campo quando viram que tinham que fugir. Elena fez uma mala incongruente, cheia de joias e roupões de banho. Pegaram um helicóptero e depois um carro. Acabaram, inevitavelmente, presos numa base militar. Era fim de dezembro e fazia muito frio. Elena usava um tailleur de lã bege, casaco igual com uma grande gola de pele e lenço estampado. Ceausescu ia de sobretudo preto, cachecol e gorro de astracã.
Submetidos a julgamento sumário por um tribunal militar, saíram revoltados. Até hoje são impressionantes as cenas de Elena retorcendo-se e tentando morder o soldado encarregado de amarrar suas mãos.

MATÉRIA COMPLETA em Mundialista - Vilma Grizinsky - Veja