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sexta-feira, 25 de dezembro de 2020

Na véspera de Natal, Bolsonaro chama Doria de 'calcinha apertada' e diz que não se responsabiliza por reações a vacina - O Globo

Leandro Prazeres

Em transmissão ao vivo nas redes sociais, presidente voltou a defender políticas armamentistas

Na véspera do Natal, o presidente Jair Bolsonaro dedicou sua transmissão ao vivo em redes sociais para atacar o governador de São Paulo, João Doria, defender o armamentismo e para dizer que não se responsabilizará por efeitos colaterais de vacinas contra a Covid-19 distribuídas pelo governo.

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Eu não me responsabilizo por ninguém. Afinal, quem tem que se se responsabilizar por medicamento não sou eu — afirmou Bolsonaro.

Durante a transmissão que durou aproximadamente uma hora e 20 minutos, Doria foi o alvo preferencial do presidente, mesmo sem mencionar o governador de São Paulo pelo nome.

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[Vale lembrar que a definição 'cometeram crimes' é parcial e indevida. 
1) Os  beneficiados são policiais que no estrito cumprimento do DEVER LEGAL agiram contra bandidos, houve confronto e os bandidos tombaram. 2)Também foram indultados policiais que mesmo de folga, reagiram contra bandidos - em defesa própria ou de terceiros - e os bandidos levaram a pior.
Seja no 1 ou no 2, não ocorreu crime.]

— Eu quero o cidadão de bem armado. Com o povo de bem armado, acaba essa brincadeirinha de “vai ficar todo mundo em casa que eu vou passear em Miami". Pelo amor de Deus. Oh… calcinha apertada! Isso não é coisa de homem. Fecha São Paulo e vai passear em Miami. É coisa de quem tem calcinha apertada. Isso é um crime — disse Bolsonaro.

A declaração foi uma menção à viagem que João Doria fez a Miami na véspera de Natal, onde foi flagrado frequentando uma loja sem usar máscaras, numa contradição em relação à recomendação que o governador de São Paulo vem fazendo desde o início da epidemia de Covid-19.

O caso veio à tona e fez com que Doria divulgasse um vídeo pedindo desculpas à população de São Paulo. Segundo ele, a viagem à Flórida foi para atender a duas conferências para as quais ele havia sido convidado.

Bolsonaro usou a transmissão para, novamente, colocar em dúvida a segurança das vacinas que estão sendo desenvolvidas contra a Covid-19. Ele disse que vai insistir na necessidade de que as pessoas que optarem por tomá-la assinem um termo de responsabilidade.— Não vou aceitar uma vacina que não está devidamente comprovada, que está em fase, experimental. Não vou me responsabilizar. Pode ser que não aconteça nada. Pode ser que a vacina atinja seus objetivos. Eu não posso me responsabilizar — afirmou o presidente.

Atualmente, nenhum laboratório que desenvolve vacinas contra a Covid-19 fez o pedido de registro do produto junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O governo federal se comprometeu a adquirir pelo menos 254 milhões de doses de vacina desde que sejam aprovadas pela agência.

Enquanto isso, países como o Reino Unido e Estados Unidos já iniciaram a vacinação da sua população. Na América Latina, México, Argentina e Chile deverão ser os primeiros a imunização contra a doença.

Mais tarde, em pronunciamento em cadeia de rádio e televisão, em tom mais ameno, o presidente disse se solidarizar com familiares de vítimas da Covid-19. — Nessa ocasião, solidarizo-me, particularmente, com as famílias que perderam seus entes queridos neste ano. Externo meus sentimentos, pedindo a Deus que conforte os corações de todos — afirmou.

Bolsonaro também aproveitou a transmissão em suas redes sociais para defender o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Kássio Nunes Marques, o primeiro indicado por ele a ocupar uma vaga na Corte. Bolsonaro defendeu decisões tomadas pelo ministro que foram alvo de polêmica nas últimas semanas como a que suspendeu um trecho da Lei da Ficha Limpa que determina que o prazo de oito anos de inelegibilidade para condenados por órgãos colegiados tem efeitos após o cumprimento da pena. A decisão foi vista por críticos como uma flexibilização que favoreceria políticos “ficha suja”.

Lei demais atrapalha. Mas ele (Kássio) não acabou com a lei da Ficha Limpa. Sem querer defender o ministro do STF, Kassio Nunes, mas ele definiu apenas início da contagem do tempo (para a inelegibilidade). Em função disso, se disserem: “Ah...não voto mais no Bolsonaro. Olha quem ele botou (no STF)”. Paciência. Lamento. Não posso obrigar você a votar a mim. Você é dono do seu voto — afirmou.

Bolsonaro disse ainda que o próximo indicado a uma vaga no STF seguirá o mesmo “padrão” de Kássio Nunes Marques. No fim da transmissão, Bolsonaro recebeu a visita do artista brasileiro Romero Brito, conhecido internacionalmente pelos quadros pintados com cores fortes e uso de formas geométricas na composição de rostos e paisagens.

Brasil - Jornal O Globo 

 

quarta-feira, 16 de dezembro de 2020

"Assistimos agora a escaramuças, de novo, em torno de uma vacina" - Alexandre Garcia

"A Anvisa tem por obrigação a defesa da saúde da população, assumindo a responsabilidade pela segurança de vacinas. Se liberar uma vacina que cause danos à saúde das pessoas, será responsabilizada"

Passados 116 anos da Revolta da Vacina, que teve 30 mortes, 110 feridos e 12.400 prisões no Rio de Janeiro e fez o governo recuar da obrigatoriedade da imunização contra a varíola, assistimos, agora, a escaramuças, de novo, em torno de uma vacina. De um lado, o governo federal e, de outro, o governo de São Paulo. O secretário-executivo do Ministério da Saúde, como porta-voz do Executivo, disse que, quando houver vacina licenciada, a estrutura habitual do governo, que aplica 300 milhões de doses anuais de 19 vacinas, será acionada via SUS, em seus 38 mil postos. E acusou Doria de vender sonhos e se aproveitar da esperança do povo. Em meio à pandemia, a população divide-se entre os que esperam salvação na vacina e os que preferem esperar, diante de vacinas tão pouco testadas em tão pouco tempo. E ainda temos as de engenharia genética, que nunca tomamos. A produtora alega, no contrato, que não se responsabiliza por efeitos colaterais.

[Importante lembrar: além de responsabilizarem (responsabilização merecida,  caso a liberação indevida  pela Agência, ocorra  por incompetência, medo de algum partideco ou por qualquer tipo de pressão política, venha de onde vier) a Anvisa, vão tentar encontrar um meio de atribuir responsabilidade ao presidente Jair Bolsonaro. 

A Anvisa deve denunciar qualquer pressão que sofra para liberar vacina da preferência de algum governante;  não pode,  não deve liberar nenhuma vacina que não atenda aos requisitos estabelecidos  por órgãos competentes, isentos, responsáveis, sérios, possuidores de credibilidade mundial.  Vacina que tenha aprovação apenas no país de origem, sem ter sido validada em nenhum outro país, que só é defendida pelo país fabricante, tem que ser recusada.

A aprovação da segurança e eficácia da vacina, ou vacinas, tem que ser baseada na ciência. Tudo tem  que ser provado e comprovado - na dúvida, deve ser rejeitado.]

Sempre citada, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária, que é autônoma, não está submetida a governos e muito menos à política, como salientou seu diretor-geral. Os funcionários da Anvisa fizeram uma nota reiterando isso. A agência tem por obrigação a defesa da saúde da população, assumindo a responsabilidade pela segurança de vacinas. Se liberar uma vacina que cause danos à saúde das pessoas, será responsabilizada. Se permitir que o governador Doria aplique a vacina chinesa sem que ela esteja licenciada na China e aqui, também será responsabilizada.  
E se as pessoas a serem vacinadas assinarem um termo de responsabilidade, como fazem antes de cirurgias?
 

A lei da pandemia prevê autorização emergencial, que não é a vacinação em massa. Assim, não se pode atropelar, por ânsia política, o rito científico que visa à segurança da vacina. O próprio governador de São Paulo, que havia prometido entregar dados da fase III da vacina chinesa, adiou o prazo, embora já tenha anunciado início da vacinação para 25 de janeiro, o que é uma precipitação ou desejo de apressar a Anvisa. Enquanto isso, há resultados marcantes nos tratamentos preventivo e precoce. 

Nenhum laboratório, até agora, entrou na agência pedindo registro para uso emergencial e experimental. No entanto, o relator de ações no Supremo, ministro Lewandowski, deu 48 horas para o governo marcar data de início e fim da vacinação. Parece que vivemos no país do faz de conta.  
Faz de conta que temos a vacina, faz de conta que ela é segura, faz de conta que está aprovada, faz de conta que até sabemos quando a vacinação vai começar e terminar.  
Brinca-se com a saúde e a esperança do povo, como se fôssemos cordeirinhos descerebrados.

Alexandre Garcia, jornalista - Coluna no Correio Braziliense