Quem são os brasileiros em guerra
Atraídos por questões ideológicas ou pela excitação de estar em uma zona de conflito, PMs, motoboys, estudantes e ativistas políticos se transformam em combatentes na distante Ucrânia
Rafael Miranda não sabe ao certo se foram dois, quatro ou seis metros. Só tem certeza de que voou. O deslocamento de ar provocado pelo morteiro que explodiu a poucos metros de onde ele estava arremessou seu corpo com violência. Rafael caiu batendo com a cabeça sobre o cabo do rifle AK-74. “Não desmaiei, não senti dor, não ouvi nada”, conta ele. “Só percebi que algo estava errado quando tentei correr para me jogar na trincheira”. Apesar do esforço, ele não conseguia se movimentar. Não sentia qualquer coisa da cintura para baixo. “Achei que os estilhaços do morteiro tinham me partido ao meio, que eu estava sem as pernas”. Rafael já havia visto cenas semelhantes: pessoas com ferimentos graves, estraçalhadas, mas sem dor por conta da brutal descarga de adrenalina. “Fiquei com medo de olhar para minhas pernas”, diz. “Coloquei a cabeça sobre o rifle, fechei os olhos e esperei que uma bomba me acertasse. Tinha certeza que ia morrer ali”.
Planos de trair o Brasil - ser um guerrilheiro de esquerda. Tão aloprado que pretende ser guerrilheiro participando de combates nos quais a artilharia predomina
A Guerra da Ucrânia é um conflito local com
implicações mundiais e tem atraído uma miríade de combatentes de todo o
mundo. A despeito dos detalhes regionais, para muitos, este é um
combate entre Leste e Oeste. Uma espécie de batalha final da Guerra Fria
que foi prorrogada por três décadas. “A Rússia ainda é um elemento
importante no equilíbrio geopolítico mundial e os Estados Unidos e a
União Europeia querem enfraquecê-la o máximo possível para serem
hegemônicos”, diz o soldado da Polícia Militar do Amazonas que também
luta ao lado dos rebeldes e não quer se identificar. Pede apenas para
ser chamado de Al Hassan. [atenção PM do Amazonas... CUIDADO... identifiquem o Al Hassam, ele pode ser o 'lamarca', traidor nojento, a traí-los.]
Ex-estudante de história, vivendo na
Ucrânia há pouco mais de um mês, Hassan tem um perfil distinto do
tradicional PM brasileiro. “É difícil ser policial militar, a PM é uma
instituição reacionária, mas é um emprego”, diz. Ele foi para a Ucrânia
em busca de experiência em combate militar. Acredita que, em algum
momento, grupos armados de extrema esquerda possam ressurgir no Brasil e
na América Latina em face à guinada à direita que muitos países ameaçam
tomar. “Quero estar preparado para fazer parte deles”. Mas Hassan,
assim como outros brasileiros do grupo na Ucrânia, está decepcionado.
“Não há combate direto, é só artilharia. Você raramente vê o inimigo”,
reclama.
Quando começou, a Guerra da Ucrânia parecia
destinada a seguir as características dos conflitos atuais, como ocorre
na Síria e no Iraque: forças assimétricas combatendo em ambiente
urbano, utilizando táticas de guerrilha. No entanto, o farto equipamento
militar disponível tanto para as forças armadas ucranianas quanto para
os rebeldes fez com que rapidamente as batalhas ganhassem cores muito
semelhantes às da 1º Guerra Mundial, com front definido e batalhas
travadas basicamente por artilharia.
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