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quarta-feira, 8 de abril de 2015

O sofá com plástico da segurança pública brasileira



Quantos ministros da Justiça, governadores, secretários de segurança já ouvimos prometer mudanças, prioridade e mais investimentos para a Segurança Pública?
Nos antigamente, algumas famílias tinham o hábito de manter sofás e poltronas cobertos de plásticos, que só eram retirados para receber visitas ilustres.  No dia a dia, a família e os chegados eram obrigados a conviver com o desconforto do plástico.

O Brasil tem feito isso. Fazemos impecáveis eventos internacionais – Copa do Mundo, das Confederações, visita do Papa, etc. Passados os supereventos, voltamos para o sofá com plástico.

O exemplo mais gritante desse mau hábito é a pacificação do Rio de Janeiro. Nem um ano depois da Copa e volta tudo ao normal – polícia violenta, despreparada, gente morrendo de bala perdida ou muito bem endereçada, nos lugares de sempre, onde vivem os menos ricos. O de sempre. Como sempre. [a análise omite um dos aspectos que elimina qualquer perspectiva de êxito da política das UPPs.
Enquanto não for eliminado o hábito estúpido de divulgar com meses de antecedência o dia e hora da ocupação de determinada favela ou mesmo complexo de favelas e o efetivo a ser utilizado, a política de implantação de Unidade de Polícia Pacificadora está fadada ao fracasso. A unidade é instalada, ocorrem comemorações, a favela fica tranquila – os bandidos foram avisados e providenciaram uma mudança temporária e tudo fica uma maravilha.
Passado algum tempo, meses no máximo os bandidos começam a voltar e impõe o reinado do terror, inclusive jogando a população contra os policiais.
O pretexto para a expedição do ‘aviso prévio’ é evitar confronto. Esquecem os autores da política do ‘aviso prévio’ que havendo o confronto em um momento escolhido pela polícia, encontrando os bandidos um pouco desprevenidos, o efeito dissuasório de um eventual retorno da bandidagem prevalece.
Mortes são, infelizmente, necessárias para que a paz se consolide.]

“A polícia sempre agiu de forma truculenta no Alemão.... São soldados destreinados. Saem atirando em quem estiver pela frente, sem perguntar”, relatou o pai o menino Eduardo de Jesus, de 10 anos, assassinado na porta de casa. [a dor de perder um filho é uma sensação horrenda e que só é avaliada na plenitude por quem perdeu. Mais ainda, se o filho perdido é um garoto de apenas dez anos. Com certeza devido a dor fica praticamente impossível para o pai do menino Eduardo de Jesus entender que em uma situação de confronto, em um tiroteio, balas se cruzando, não é possível ao policial efetuar perguntas antes de atirar – o tempo despendido em uma pergunta pode representar a oportunidade do bandido atirar primeiro e o policial ‘curioso’ ser abatido.]  

Alguma novidade no desabafo dolorido do pai José Maria? Cada um de nós sabe que é assim e não só no Rio de Janeiro, mas país afora. No domingo, ouvi o governador do Rio declarando: “Nesses três meses de governo, já formamos mais de 1.100 PMs e vamos intensificar a ocupação no Alemão". Um pouquinho antes, na mesma matéria, um policial dizia: “O policial forma hoje, coloca na UPP. ... Ta aqui a pistola. É ali que vai trabalhar”. [três meses para formar policiais para uma situação de guerra em que o inimigo é mais bem treinado, melhor armado e escolhe o momento do combate].
Pela ótica dos defensores dos bandidos o policial nunca pode dar o primeiro tiro. Quando os bandidos começam a atirar o policial antes de revidas tem que perguntar a o possível alvo se atirou ou não.]

Os policiais também relataram que “não há fuzil para todo mundo”. As comunidades onde atuam são populosas zonas de guerra. Pistolas e homens despreparados não dão conta. Matam quem não deve. Morrem por armas melhores e mais eficientes.
A matéria mostrou ainda o estado precário dos alojamentos onde os policiais trabalham, as UPPscontêineres destroçados, sem banheiros, sem colchões, onde água e lâmpadas têm de ser compradas pelos próprios policiais, com dinheiro de seus parcos salários.

Alguma novidade nessas informações?
Contêineres são usados em situações emergenciais. Qualquer tontinho sabe que têm vida curta. Deveriam ser, claro, substituídos por construções sólidas, duradouras. Foram? São 38 as UPPs no Rio. Quantas ainda de zinco, sem banheiros, água, colchões?
Já vimos todos esses “filmes” antes - violência, truculência, formação precária (três meses para formar soldados para guerra urbana?), sórdidas condições de trabalho, o provisório e precário tornado permanente. 


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