Representantes
dos movimentos que defendem saída da presidente cobraram pressa na resposta do
presidente da Câmara
Ladeados por líderes da oposição e alguns deputados
de partidos da base aliada, o jurista Miguel Reale e Maria Lúcia Bicudo,
entregaram ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ),
informações adicionais ao pedido de
impeachment feito pelo jurista Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT.
Também fizeram questão de participar do ato representantes de movimentos como o
Nas Ruas, o Vem para a Rua e o Movimento Brasil Livre, que pediram a Cunha
pressa na análise do pedido. Todos foram recebidos pelo presidente na sala de
reuniões da Presidência da Câmara.
Cunha avisou que fará a análise
na forma adequada, que
antes de decidir sobre os pedidos presentes, responderá primeiro a questão de
ordem feita pela oposição sobre os trâmites regimentais dos pedidos. — Nunca se pode pedir a um juiz o momento em
que ele vai dar sua sentença. Não tenho prazo, mas é óbvio que não vou ficar a
vida inteira para responder. Não o farei de forma leviana — disse Cunha.Na entrega do aditamento, Reale disse que foram incluídas informações sobre as pedaladas fiscais e decretos
do governo Dilma Rousseff sem
suplementação de recursos que demonstram o crime de responsabilidade.
Segundo Reale, são fatos graves que ocorrerão no primeiro mandato de Dilma, mas
também neste mandato. O jurista fez questão de dizer que ele e Hélio Bicudo
lutaram juntos contra a ditadura e estão novamente unidos contra o que chamou
de “ditadura das propinas”. — Eu e Bicudo
somos lutadores antigos em prol dos direitos humanos. Lutamos juntos contra a
ditadura dos fuzis e agora lutamos agora contra a ditadura das propinas. A
ditadura da propina é mais insidiosa que a dos fuzis porque corrói a democracia
por dentro e precisa ser descoberta. O país está destroçado moralmente e
financeiramente. Essas mudanças que gritam nas ruas agora entram seu agasalho neste
pedido — disse Reale.
— Estou aqui representando meu
pai. É preciso renovar. Vamos mudar esse Brasil e trazer a integridade, a
coerência e a ética de volta. Basta de mentiras — acrescentou a filha de Bicudo,
Maria Lúcia.
DEPUTADOS:
ESFORÇO PARA SAIR NA FOTO
Dentro do
gabinete de Cunha muitos deputados se esforçavam para aparecer no registro
fotográfico e das câmeras de TV e celular do ato de entrega. O deputado Paulo
Pereira da Silva gritou “Fora Dilma”
e afirmou que estava tendo início a "derrocada"
do governo.
— Começa hoje a nossa luta — acrescentou o representante do
MBL, Fernando Holiday. Depois da entrega
do documento, Reale, Maria Lúcia e representantes dos movimentos de rua
pró-impeachment fizeram discursos no Salão Verde da Casa, cobrando pressa na resposta de Cunha. A oposição trouxe bonecos
pixulecos para o evento. Líderes e deputados estavam ao lado do jurista e dos
representantes dos movimentos, mas não discursaram. — Em recado para a presidência da Câmara: o melhor momento é o mais
rápido possível. O Brasil não aguenta sangrar mais — disse Carla Zambelli.
Rogério
Chequer, do movimento Vem Pra Rua afirmou que o pedido de impeachment é constitucional e republicano e caracterizar o movimento e pedido de impeachment como golpe
é "mentira". Ele
também cobrou que os deputados estejam atentos e apoiem o impeachment. — Já
temos centenas de deputados a favor do nosso movimento. Quem não está, coloque
a mão na consciência podem entrar para a história como pessoas não éticas —
disse Chequer. — Quero deixar aqui um recado aos deputados que não estão presentes
neste ato. Se envergonhem. A história haverá de cobrar essa covardia —
acrescentou Fernando Holiday, do MBL.
Fonte: O Globo
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