Olhem aí, senadores, a que humilhação oito ministros do Supremo submetem o Congresso a serviço, queiram ou não, do PT!
Com
todas as vênias, aquilo a que se assistiu no Supremo nesta quinta foi a
consolidação de uma vergonha que começou em 2010, quando a OAB escolheu
Roberto Barroso, então apenas advogado, para ser seu relator de um
projeto de reforma política.
Barroso não se fez de rogado e consolidou
aquela que já era a proposta do PT:
– proibição do financiamento de campanha por empresas;
– financiamento público de campanha; – voto em lista fechada.
– financiamento público de campanha; – voto em lista fechada.
O PT havia
colocado isso no papel já em 2009, no, imaginem vocês, Plano Nacional de
Direitos Humanos — que deveria ser do estado brasileiro, não do
partido. Mas pudor nunca foi o problema dessa gente.
Em 2011, a OAB resolveu, então, entrar com a ADI no Supremo contra a doação de empresas privadas. Como já deixei claro num texto nesta
manhã, a petição da OAB nada mais fazia do que repetir a proposta de
Barroso, que repetia a do… Partido dos Trabalhadores!
Mais
escandaloso: quando o PT, com todas essas colaborações, tentava impedir
os demais partidos de ter acesso ao financiamento legal das empresas,
ele próprio comandava o petrolão, o esquema que arrecadava uma
porcentagem de 1% a 3% de contratos bilionários. Ninguém sabe quanto a
máquina corrupta somou de 2003 para cá. Se um simples gerentezinho, como
Pedro Barusco, aceita devolver quase meio bilhão de reais, vocês podem
imaginar o resto. De novo pergunto: alguém acredita que esse dinheiro
era dele?
Se
prevalecer mesmo essa estupidez — há uma chance de o Senado fazer a
coisa certa —, intuo que só uma legenda não terá dificuldades para se
financiar nas eleições futuras. Acertou quem chutou “PT”. Às outras,
restará ficar à mingua ou apelar ao caixa dois, metendo-se com gente
criminosa. É o que determinaram oito ministros do Supremo.
A Operação
Lava-Jato tem múltiplos aspectos virtuosos e está servindo para
evidenciar que o estado brasileiro está infiltrado por gangues. Mas tem
um lado vicioso: aquele que demoniza empresas privadas — e isso subjazia
ao discurso dos ministros que deram seu voto depois da explosão do
escândalo. É evidente que corruptos ativos e passivos se estreitaram num
abraço insano, mas cumpre indagar: quem tomava as decisões?
Os oito
ministros que se opuseram ao financiamento privado — de resto, baseados
no puro opinionismo, já que nada na Carta o determina; trata-se de uma
aberração — partem do princípio de que o capital naturalmente corrompe.
Sem contar que não há nada mais estúpido do que vetar as doações legais
quando o problema, obviamente, está principalmente nas doações ilegais.
A decisão é
autoritária, vergonhosa e desrespeita a independência entre os Poderes. É
impressionante que sete ministros tenham seguido Roberto Barroso, que,
ainda advogado, recomendou que se fizesse essa mudança pela via do
Judiciário, porque, disse ele, o Parlamento não faria por conta. Eis o
“novo constitucionalismo” de Barroso:
– se o Parlamento não faz o que ele quer, ele se mobiliza, então, para lhe tomar as prerrogativas;
– vota durante o dia em causas que patrocina à noite.
– vota durante o dia em causas que patrocina à noite.
A Câmara, na
legislação infraconstitucional, havia aprovado a doação de empresas até
o limite de R$ 20 milhões, desde que não ultrapassasse 2% do
faturamento. O Senado, ao contrário, opôs-se à doação de pessoas
jurídicas. Os deputados restauraram o que haviam aprovado antes. Agora,
por enquanto, isso está sem efeito.
Ocorre que
os deputados já haviam aprovado uma PEC que torna constitucional a
doação de empresas. Agora o texto está no Senado. Se os senhores
senadores recusarem a proposta, fica valendo a decisão do Supremo, e já
as eleições de 2016, para prefeitos e vereadores, mergulha no escuro.
Ora, entre
outras coisas, será preciso dizer de onde vai sair o dinheiro. Alguém se
lembrará de dizer que tem de ser público. Mas será distribuído segundo
qual critério? Ora, deve obedecer ao número de deputados ou ao número de
votos obtidos na eleição passada.
Ou seja: o
critério vai beneficiar necessariamente o PT, que é um dos
patrocinadores da ideia. Assim, a irresponsabilidade togada está
querendo que se deem mais recursos justamente ao partido que a
esmagadora maioria dos brasileiros gostaria de banir da vida pública.
É um acinte.
Oito ministros do Supremo decidiram fazer pelo PT o que o PT não pode
fazer por si mesmo. Podem anotar! Se prevalecer a decisão do Supremo,
1: o PT será o partido com mais dinheiro para campanha;
2: todas as legendas terão de mergulhar no caixa dois;
3: haverá ainda mais dinheiro do crime organizado nas eleições;
4: empresas serão chantageadas como nunca;
5: a política mergulhará na clandestinidade.
É o presente que oito ministros do Supremo têm para nós.
Nenhum comentário:
Postar um comentário