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quinta-feira, 1 de outubro de 2015

A terceira morte de Dilma


Dilma morreu três vezes.

A primeira depois de proceder durante um ano como “a faxineira ética”. Foi no começo do seu primeiro governo. No total, Dilma abateu seis ministros de Estado pelo menos cinco deles enlameados por suspeitas de corrupção. Que não contassem com ela para contemporizar com desvios de conduta. Dilma, o gatilho mais rápido do cerrado, não discutia,  atirava para matar.

Frase do dia
Quando chegamos aqui, o Senhor (Deus) já estava. E, agora, com a presença do presidente da Casa, estamos nós e o Senhor. Ele (Deus) tem um propósito e ele (Cunha) também. Pedimos a bênção para que ele, o presidente da Casa, tenha discernimento
Deputada Benedita da Silva (PT-RJ), ao saudar a presença do seu colega Eduardo Cunha em reunião da bancada evangélica 
Transcrita do Blog do Noblat 
[Local onde foi proferida: velório da terceira morte da Dilma]

A “faxineira ética” acabou sepultada depois que alguns dos ministros varridos por ela voltaram a ser influentes dentro do governo. Dilma morreu pela segunda vez depois de reeleita. Só então ficou claro para a maioria apertada responsável por sua vitória que o país fora empurrado para o buraco que hoje se encontra. Então a “gestora exemplar”, superior a Lula segundo Lula, não passara de uma invenção dele e do marketing do PT?

Ela mentiu ao jurar que o país ia bem, obrigado? E reelegeu-se vendendo algo que deixara de existir? Amaldiçoada seja, portanto! Pela crise que o governo maquiou o quando pôde. Mas acima de tudo, pelas mentiras. A terceira morte de Dilma ocorreu, anteontem, depois de ela ter expirado nos braços de Lula. Deixou de existir a presidente da República ciosa dos seus poderes. A dona do pedaço. A chefona impiedosa.

O corpo dela, ainda quente, está sendo velado no Palácio da Alvorada.  Ao suceder Lula, Dilma planejara livrar-se da sombra malévola do PMDB. Deu vários passos nesse sentido. Um deles, ao convocar para seu lado o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
Kassab montara um partido, o PSD, para acolher políticos do PMDB e de outros partidos dispostos a apoiar Dilma.

E com esse mesmo objetivo, ocupava-se com a montagem de outro – o Partido Liberal. O PSD decolou, mas não tanto. O PL, nem isso. Em fevereiro último, Dilma apostou na derrota de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) a presidente da Câmara dos Deputados. Perdeu feio.  À crise econômica somou-se a crise política. A Operação Lava Jato tocou barata voa dentro do PT e em suas imediações.

Diante do risco do impeachment, Dilma rendeu-se à pressão de Lula e do PMDB, entregando-se a eles sem condições. Havia anunciado uma reforma ministerial para extinguir e fundir ministérios, economizando algum. No curto prazo, a reforma poderá servir à única coisa que, a essa altura, interessa a Dilma: barrar qualquer tentativa de impeachment contra ela.

Porque, no mais, para melhorar o governo, não servirá.  Para reunir ministros competentes, também não.  Para resgatar parte da popularidade perdida por Dilma, nem pensar.

O segundo governo Dilma terminou sem ter sequer começado. Resta um projeto de poder, não mais do que isso, ao qual se agarram o PMDB, Lula e seus aloprados.  A turma de Lula não é todo o PT. Há um pedaço dele acamado, febril, que procura para aonde ir com a ajuda de uma lupa.

Fonte: Blog do Noblat - Ricardo Noblat

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