Dilma morreu três vezes.
A primeira depois de proceder durante um ano como “a faxineira ética”. Foi no começo do seu primeiro governo. No total, Dilma abateu seis ministros de Estado – pelo menos cinco deles enlameados por suspeitas de corrupção. Que não contassem com ela para contemporizar com desvios de conduta. Dilma, o gatilho mais rápido do cerrado, não discutia, atirava para matar.
Frase do dia
Quando chegamos aqui, o Senhor (Deus) já
estava. E, agora, com a presença do presidente da Casa, estamos nós e o
Senhor. Ele (Deus) tem um propósito e ele (Cunha) também. Pedimos a
bênção para que ele, o presidente da Casa, tenha discernimento
Ela mentiu ao jurar que o país ia bem, obrigado? E reelegeu-se vendendo algo que deixara de existir? Amaldiçoada seja, portanto! Pela crise que o governo maquiou o quando pôde. Mas acima de tudo, pelas mentiras. A terceira morte de Dilma ocorreu, anteontem, depois de ela ter expirado nos braços de Lula. Deixou de existir a presidente da República ciosa dos seus poderes. A dona do pedaço. A chefona impiedosa.
O corpo dela, ainda quente, está sendo velado no Palácio da Alvorada. Ao suceder Lula, Dilma planejara livrar-se da sombra malévola do PMDB. Deu vários passos nesse sentido. Um deles, ao convocar para seu lado o ex-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab.
Kassab montara um partido, o PSD, para acolher políticos do PMDB e de outros partidos dispostos a apoiar Dilma.
E com esse mesmo objetivo, ocupava-se com a montagem de outro – o Partido Liberal. O PSD decolou, mas não tanto. O PL, nem isso. Em fevereiro último, Dilma apostou na derrota de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) a presidente da Câmara dos Deputados. Perdeu feio. À crise econômica somou-se a crise política. A Operação Lava Jato tocou barata voa dentro do PT e em suas imediações.
Diante do risco do impeachment, Dilma rendeu-se à pressão de Lula e do PMDB, entregando-se a eles sem condições. Havia anunciado uma reforma ministerial para extinguir e fundir ministérios, economizando algum. No curto prazo, a reforma poderá servir à única coisa que, a essa altura, interessa a Dilma: barrar qualquer tentativa de impeachment contra ela.
Porque, no mais, para melhorar o governo, não servirá. Para reunir ministros competentes, também não. Para resgatar parte da popularidade perdida por Dilma, nem pensar.
O segundo governo Dilma terminou sem ter sequer começado. Resta um projeto de poder, não mais do que isso, ao qual se agarram o PMDB, Lula e seus aloprados. A turma de Lula não é todo o PT. Há um pedaço dele acamado, febril, que procura para aonde ir com a ajuda de uma lupa.
Fonte: Blog do Noblat - Ricardo Noblat
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