Poupança tem saída de R$ 5,29 bi em setembro, a
maior da história para o mês
No ano
até o mês passado, o total resgatado dessa aplicação foi de R$ 53,79 bilhões, também o maior volume de retirada desde o
início da série histórica, em 1995
O valor de saques da
poupança superou o de depósitos em 5,29 bilhões de reais em setembro, segundo dados divulgados nesta
terça-feira pelo Banco Central (BC). No acumulado do ano até o mês passado, o
total resgatado dessa aplicação foi de 53,79 bilhões de reais. Nos dois casos (para o mês de setembro e no acumulado
do ano), são os maiores volumes de retiradas desde 1995, quando a
instituição começou a compilar as informações disponíveis.
A situação de setembro só não foi pior porque, no último dia do mês, a quantia de aplicações foi 4,16 bilhões de reais maior do que a das retiradas. Até o dia 29, o saldo da caderneta estava no vermelho em 9,45 bilhões de reais. É comum ocorrer um aumento dos depósitos no último dia de cada mês por conta de aplicações programadas já por investidores com seus próprios bancos.
Em janeiro passado, o resultado ficou negativo em 5,5 bilhões de reais e, em fevereiro, em 6,3 bilhões de reais. Em março, os resgates superaram os depósitos em 11,4 bilhões de reais e, em abril, em 5,8 bilhões de reais. Em maio, o saldo ficou no vermelho em 3,2 bilhões de reais e, em junho, em 6,3 bilhões de reais. Em julho, o volume de saques ficou 2,45 bilhões de reais maior do que as aplicações e, em agosto, em 7,50 bilhões de reais. O resultado negativo de março foi o pior para qualquer mês da série histórica do BC iniciada em 1995.
Novos investidores - Na quinta-feira passada, o diretor de Fiscalização do BC, Anthero Meirelles, disse haver evidências de que boa parte dos saques de poupança vistos desde o início do ano é de um grupo considerado como "novos investidores", que tinham escolhido a caderneta no passado como uma forma de aplicação em um momento de maior rentabilidade da poupança. "Os saques recentes da poupança não mudam sua perspectiva de que se trata de um funding bastante estável", afirmou o diretor. "O depósito de poupança é estável tradicionalmente. Mesmo quando há migração, o depósito de poupança - mais a rentabilidade - tem estabilidade grande historicamente, mesmo em momentos de alta de juros. É muito estável", reforçou.
Remuneração - Essa fuga da poupança tem ocorrido, entre outros motivos, porque, com a recessão econômica, sobram menos recursos dos trabalhadores para investimentos. Além disso, com um cenário de juros e dólar altos, outros investimentos tornam-se mais atrativos. A remuneração da poupança é formada por uma taxa fixa de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR) - esse cálculo vale para quando a taxa básica de juros (Selic), atualmente em 14,25% ao ano, está acima de 8,5% ao ano.
Por conta dessa sangria na poupança vista desde o início do ano, o setor imobiliário passou a reclamar de falta de recursos para financiamentos de casas e apartamentos. Para minimizar esse quadro, o BC decidiu, em maio, liberar os bancos para usar 22,5 bilhões de reais dos depósitos da poupança que são obrigados a manter na instituição para desembolsos nas operações de financiamento habitacional e rural.
Fonte: Estadão Conteúdo
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