Um espetáculo
deprimente e lamentável tenta armar o Governo para obstruir a todo custo o
andamento do processo
por suas
evidentes pedaladas fiscais, truques e manipulações que quebraram o caixa da
União. O Governo busca ganhar tempo e aliados no tapetão. Só lhe resta esse recurso.
Não há argumentos concretos para
negar a sua irresponsabilidade. Nem defesa legal plausível para afastar a acusação fundamentada de crime fiscal,
previsto no código penal. O Governo Dilma praticou
manobras contábeis monstruosas, ao arrepio da lei. E prejudicou assim cada um
dos brasileiros. Está no poder à custa de movimentações que ferem diretamente a
Constituição e deve, pelo primado do decoro
e da ordem pública, ser apeado dele.
É fato, já amplamente percebido pela sociedade, que a presidente não mediu
esforços, nem consequências – fez “o diabo”, como
ela mesma admitiu –, para levar adiante seu objetivo de continuidade no
poder, mesmo que amparado em atos imorais e ilegais.
Desviou dinheiro público das estatais para financiar projetos de seu interesse, abusou do uso de receitas não autorizadas para pagar compromissos do Tesouro, buscou mascarar o rombo que só crescia, adiou desembolsos, comprometeu o caixa de empresas públicas, sucumbiu a inúmeros expedientes deploráveis.
Desviou dinheiro público das estatais para financiar projetos de seu interesse, abusou do uso de receitas não autorizadas para pagar compromissos do Tesouro, buscou mascarar o rombo que só crescia, adiou desembolsos, comprometeu o caixa de empresas públicas, sucumbiu a inúmeros expedientes deploráveis.
E é isso
que está mostrando o Tribunal de Contas da União através da ampla e detalhada
exposição de motivos para condenar as contas federais. Provas não faltam. A própria Caixa Econômica resolveu processar a União
para ser ressarcida, com juros e multas, das operações que macularam seu
balanço. Na
chicana melancólica para evitar o impeachment, Dilma comete aberrações. Planeja chegar
no limite da intimidação ao Judiciário para rever decisões contrárias a
seus interesses, mesmo que tecnicamente embasadas. A ideia é apontar, diante do
acumulo de acusações e evidências, a existência de um golpe em andamento. Estratégia risível. Parece não haver
mais nada a fazer ou a dizer, nenhuma defesa a lançar, enquanto o cerco se
fecha. Além do processo do TCU, o
Tribunal Superior Eleitoral (TSE) decidiu na semana
passada abrir investigação contra a campanha da presidente que,
entre outras suspeitas, teria sido realizada com recursos de caixa dois.
No
terreno do Congresso ainda devem ser avaliados
pareceres de renomados juristas, como Hélio Bicudo, a favor do afastamento.
São tantas e de tão distintas frentes as denúncias de práticas fora do
regimento que será uma surpresa, quase um desaforo ao
País, a presidente Dilma driblar todas elas. A tática agora é abusar de manobras protelatórias. Existe até uma
tropa de governistas preparada para contestar as decisões, como se dessa forma
a mandatária pudesse continuar a ditar os rumos da Nação. Dilma já abriu a
temporada de apelação nas várias instâncias da justiça e levantou acusações
descabidas, como a que mirou o relator do TCU, Augusto Nardes.
Quis destituí-lo do posto,
alegando suspeição por ele
ter manifestado posição antes de concluído o relatório. Esqueceu-se a presidente que o TCU é apenas um tribunal administrativo, de
auxílio ao Parlamento, que não segue os mesmos ritos de tribunais
judiciais. O ex-ministro do Supremo,
Carlos Velloso, disse que a acusação do Planalto “beira as raias do absurdo”. Um oportunismo sem tamanho. O TCU deu um eloquente recado: condenou por
oito a zero as contas federais. No
plano político Dilma diminui aceleradamente. Partiu
para o fisiologismo rasteiro, na base do chute na canela e golpes abaixo
da cintura. Faz o jogo da chantagem aberta, sem êxito.
E empenha o futuro do País nas mãos de ministros
despreparados e sem vocação. Expõe-se ao ridículo com sucessivas derrotas. E, dia a dia, vai deixando de governar.
Fonte: IstoÉ On Line - Carlos José Marques, diretor editorial 14
out 2015
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