A operação Acarajé, deflagrada nesta segunda-feira 22 pela Polícia
Federal, tem ingredientes para transforma-la na mais explosiva das 23
fases da Lava Jato. Os personagens envolvidos já frequentavam, ainda que
de forma periférica, as dezenas de processos instaurados pelo juiz
Sérgio Moro e sua equipe. E muitas das suspeitas agora levantadas não
são exatamente surpreendentes.
O que torna esse acarajé tão apimentado são os documentos que a PF
diz ter recolhido e, sobretudo, o momento em que eles vêm à tona. Ao
pedir a prisão do marqueteiro das últimas campanhas presidenciais do PT,
sob a acusação de ter recebido recursos no exterior, de forma ilegal, a
Justiça Federal de Curitiba aponta diretamente para a legalidade do
mandato da presidente Dilma Rousseff no exato instante em que o Brasil
aguarda uma decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em um processo
que contesta os meios usados pelo PT para eleger sua candidata em 2014.
Se ainda não tiverem sido incluídas pelo juiz Moro no dossiê enviado
ao TSE, dificilmente as novas evidências poderão ser acolhidas no
julgamento já em curso. Mesmo assim, pela sua gravidade, podem
influenciar em um processo que, mais do técnico, tem um enorme
componente político.
Ao afirmar que Santana recebeu dinheiro direto de empresas em uma
conta secreta no exterior, a Lava Jato desmonta a tese até agora
utilizada em todos os argumentos de defesa dos petistas: que os recursos
provenientes de empreiteiras e outros fornecedores da Petrobras, ainda
que provenientes de acordos lesivos ao patrimônio público, teriam sido
doados para a campanha seguindo os trâmites legais.
Agora, o financiamento por vias obscuras lança João Santana em um
processo semelhante ao que resultou em condenação para outro
ex-marqueteiro petista, o publicitário Duda Mendonça, no processo do
Mensalão. Duda admitiu ter usado uma conta secreta para receber, por
fora, parte do pagamento por seus serviços. Santana fará o mesmo?
Fonte: Estadão Conteúdo
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