Qualquer
cidadão de bom senso sabe que nada vai ser fácil num hipotético governo Temer. Mas, diante das dificuldades
que temos hoje com Dilma no poder, o simples fato de interromper a hemorragia
já vai ajudar muito
Nada vai ser
fácil neste governo de Michel Temer, que em breve estará aí, caso a Constituição
brasileira seja cumprida e a presidente Dilma Rousseff se transforme, como ela
mesma disse, em carta fora do baralho. Se existe um superávit indiscutível no Brasil de hoje, é
o dos prognósticos de dificuldades para os novos gerentes — eis aí algo que
temos em plena abundância, ao contrário de produção, crescimento, emprego,
arrecadação, investimento e tudo o mais que deveria haver e não há. Isso dito,
a pergunta é: e as dificuldades de hoje,
apontadas na frase anterior? Por acaso seriam menores?
Nada vai ser fácil,
claro, e qualquer cidadão de razoável bom senso sabe muito bem disso, mas nada
está sendo fácil com Dilma e o sistema
integral de calamidades criado por ela na vida econômica e política do
Brasil. E aí está, justamente, a primeira
vantagem de um novo governo: vai parar de piorar. É pouco, pensam os mais exigentes ou os mais cansados
da obsessão da presidente em governar mal. Mas a verdade, na esfera das
realidades práticas, é que o simples
fato de interromper a hemorragia já ajuda muito.
É
mais ou menos como na clássica providência que tem de ser tomada, antes de
qualquer outra, com o jogador que perdeu o controle e está se arruinando cada
vez mais depressa na mesa da roleta: a primeira coisa a fazer é tirar o sujeito dali, pois assim
fica garantido que ele vai parar de perder. Depois
se vê como fica — mas ninguém discute que perder 100 é
melhor do que perder 200. Eis aí, precisamente, o nosso caso.
O ex-presidente, com certeza, tem outros problemas sérios para resolver, a começar pelas investigações da Operação Lava Jato — que, a propósito, não vão parar, com Dilma ou sem Dilma. Mas também sabe perfeitamente, com ou sem Lava Jato, que sua carreira estaria morta se ela continuasse governando o país.
Quanto à atuação concreta, em si, do anunciado governo de Michel Temer, a experiência aconselha o mais eloquente silêncio em matéria de previsões. Prognóstico, aí, só depois dos fatos — e, ainda assim, com prudência. Algumas realidades, em todo caso, já estão desenhadas; o mercado tem tomado nota delas, e os sinais que emite são positivos. É pouco provável, por exemplo, que a política externa insana dos governos Lula-Dilma continue como está, prejudicando diretamente os interesses nacionais do Brasil em favor das Venezuelas e Bolívias da vida.
Há possibilidades de que o governo consiga investir sem gastar o dinheiro que o Tesouro não tem, gerando atividade econômica, empregos e arrecadação com concessões de obras públicas — algo que é simplesmente impossível enquanto Dilma e o PT estiverem mandando. É de esperar, por um mínimo de lógica, que Michel Temer e seus ministros não queiram nem ouvir falar a palavra “pedalada”. Pode haver ministros ruins, mas é preciso um esforço sobre-humano de imaginação para achar que o novo presidente tenha a capacidade de montar um ministério de nulidades tão excepcionais como todos esses que Dilma arrumou.
É o que temos no momento.
Fonte: Revista Exame – J. R. Guzzo
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