O que acontece na vida real dos
desempregados não entra nas cogitações de sindicatos e centrais sindicais,
partidos de esquerda e, tudo indica, Justiça do Trabalho.
Sou um leitor interessado no que
escrevem colunistas, articulistas e editorialistas.
Interessa-me menos o que as
pessoas falam do que aquilo que escrevem. Verba
volant, scripta manent, diziam os latinos.
As palavras voam, o que se escreve fica.
Por experiência sei, também, que quem escreve, pensa cada palavra, pesa seu
efeito, verifica sua adequação ao conteúdo e à forma do texto.
Tenho lido muito sobre os meses
por vir. Há
autores aparentemente convencidos de que o Brasil deve resolver seus problemas
mantendo o que está em curso, sem retificar estratégias. Sair da crise, contanto que nada mude. Mudar o destino mantendo a rota.
Mais, se Temer alterar políticas sociais, desabarão
sobre ele não apenas as sete pragas do Egito.
Também seus dentes
cairão, a artrite o deformará e se fará merecedor da malquerença divina no
Juízo Final. Estará ferrado aqui e na eternidade.
Escrevo este artigo no Dia do
Trabalho. De
alguns textos que li se deduz que se Temer promover
flexibilizações na legislação trabalhista, em vez de facilidades, estará criando dificuldades para os 11
milhões oficialmente desempregados do país!
Até parece que essa multidão
não está amargando a fila do SINE, mas olhando as páginas de economia dos
jornais, selecionando seu futuro emprego segundo o desempenho, no mercado
acionário, das empresas que oferecem vagas. Afinal, aquelas cujas ações estão bem cotadas provavelmente proporcionam bons
planos de saúde, aposentadoria complementar e participação nos resultados. "Mamãe me
acode!", como diria o senador
Magno Malta.
Na
Constituição de 1988, o Brasil decidiu constituir um Estado de Bem Estar Social
onde, "passar desta para uma
melhor" significa, principalmente,
elevar o padrão de vida por conta do Erário, com o mínimo ou nenhum esforço
pessoal. É claro que há um custo, mas como é um
custo do Estado, supõe-se que ele não tenha um pagador efetivo, ao menos nesta
vida. É o que se chama "pedalar
a conta de uma geração para a próxima", com reembolso a juros simples,
claro, que sai mais barato, segundo os entendidos.
Por
incrível que pareça, o que acontece na vida real dos desempregados não entra
nas cogitações de sindicatos e centrais sindicais, partidos de esquerda e, tudo
indica, Justiça do Trabalho. Ninguém é
mais realista do que quem está na pior. Ninguém é mais
idealista do que quem se sente seguro.
Aquele que bate calçada no olho da rua atrás de vaga, com família para
sustentar, está mais interessado no trabalho do que nas férias, no salário do
que no horário, no prato do que no sindicato, na hortaliça e no pirão do que na justiça e na convenção. Pode doer, mas é verdade. E foi o governo
que criou essa situação.
A pantomima fica ainda maior quando
se compreende que o Estado de Bem Estar Social - se isso existir e se sustentar - só pode
ocorrer onde riqueza, investimento e poupança sejam gerados de modo permanente.
Antes disso produz endividamento,
inflação e desemprego. Em horas de crise, insistir em formalidades
relativas às relações de trabalho muito dificulta a vida de quem está sob a
regra da urgência, atrás de uma ocupação em que possa ganhar sustento.
Fonte: http://puggina.org
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