Este espaço é primeiramente dedicado à DEUS, à PÁTRIA, à FAMÍLIA e à LIBERDADE. Vamos contar VERDADES e impedir que a esquerda, pela repetição exaustiva de uma mentira, transforme mentiras em VERDADES. Escrevemos para dois leitores: “Ninguém” e “Todo Mundo” * BRASIL Acima de todos! DEUS Acima de tudo!
A
vida me permitiu que um dia, no ano de 2001,eu fosse a Cuba ver de
perto aquilo que era vendido no mercado brasileiro como evidência do
sucesso social, político e econômico do comunismo.
Antes de viajar,
devorei vários livros proporcionados pelo amigo Flávio Del Mese,
publicados nos primeiros anos da ditadura Castro, e pesquisei imagens,
entre as quais essa clássica em que Fidel declara aos miseráveis
cubanos: “Vamos bien!”.
Ao voltar e relatar o que observei, as pessoas
me pediam que reproduzisse em livro aquelas observações.
Para fazê-lo,
retornei à ilha em 2002. Minha inexperiência em lidar com as restrições
impostas por uma ditadura comunista fizeram com que ficasse exposto à
observação do sistema de inteligência do estado cubano.
Eu fizera
contato telefônico com líderes dissidentes que estavam grampeados e,
depois, os contatara pessoalmente. Eu conto tudo isso no livro “A
tragédia da Utopia”.
O ponto a que quero chegar é o seguinte: nessas
viagens e na que fiz em 2011, quando entrava no avião para retornar ao
Brasil, experimentava gratificante sentimento de alívio: “Felizmente, volto a meu país, onde as coisas não são assim!”.
Pois agora,
também aqui, as coisas são assim!
Já temos um presidente que se diz
comunista e é parceiro de seus ditadores.
No Congresso Nacional, uma
centena de bravos enfrenta quinhentos deputados e senadores que querem
viver de “bolsa governista”.
Uma Suprema Corte política, onde ministros
usam amplamente o vocabulário de um dos lados em antagonismo e se
comprazem em relatar seus sucessos nesse campo.
Já temos todo o ambiente
cultural tomado e expelindo o contraditório.
A cadeia produtiva da
educação está aparelhada, o jornalismo foi amestrado e quem se recusou,
expurgado.
As instituições religiosas estão infiltradas.
Há censura,
repressão, exílio e até poucos dias tínhamos mais presos políticos do
que Cuba.
Se incluir os de tornozeleira, há muito mais desses infelizes
aqui do que lá. As plataformas de redes sociais estão garroteadas por
monocrática determinação do ministro da Justiça que disse:
“Esse tempo
da autorregulação, da ausência da regulação, da liberdade de expressão
como valor absoluto, que é uma fraude, que é uma falcatrua, esse tempo
acabou no Brasil, tenham clareza definitiva disso. (...) Os senhores e
as senhoras viveram o processo eleitoral de 2022 no Brasil. Adotem isso
como referência. É o que nós faremos com os senhores.”
A palavra ídiche “pogrom”,
nascida na perseguição aos judeus russos no final do século XIX e
estendida ao acossamento de grupos sociais inteiros, é agora
perfeitamente aplicável ao que acontece com a direita no Brasil! Ela é
acusada de todos os males por defender a liberdade e os valores de
grande estima na cultura ocidental.
Quem a ataca, estranhamente diz
combater o discurso de ódio mostrando os dentes, se declara
contramajoritário dependendo de quem ganha a eleição, é imoderado e
cobra moderação, ouve Lula falar e não percebe as fissuras se abrindo
rancorosas na sociedade.
Asliberdades
são malvistas, odireito à propriedade privada é relativizado; o direito de herança é exorcizado; oEstado cresce e encarece; adívida
pública é culpa de quem empresta e não de quem gasta mais do que
arrecada, pede emprestado e não pode pagar; asociedade empobrece, a
economia patinae a indústria perde competitividade.
Enquanto isso,o
governo itinerante, vagando de um para outro entre os mais luxuosos
hotéis internacionais, quer financiar os camaradas de sua pátria grande.Comunismo é assim, testemunho de vida... Me poupem!
Percival Puggina (78) é arquiteto, empresário, escritor, titular do site Liberais e Conservadores (www.puggina.org),
colunista de dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas
contra o totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A
Tomada do Brasil. Integrante do grupo Pensar+. Membro da Academia
Rio-Grandense de Letras.
O que se sabe sobre a relação entre PT e PCC: até onde as siglas se misturaram na história?
Em
6 de agosto de 2019, a Polícia Federal fez uma das mais audaciosas
tentativas de estrangular o núcleo financeiro da maior facção criminosa
do país, o PCC (Primeiro Comando da Capital).
Foram expedidos 30
mandados de prisão em três Estados — São Paulo, Paraná e Mato Grosso do
Sul. Ao assiná-los, o juiz tropeçou numa informação inusitada: oito dos
investigados estavam na cadeia. Uma das tesourarias do PCC funcionava
justamente na Penitenciária Estadual de Piraquara, no Paraná.
Foto: Montagem Revista Oeste/Estadão Conteúdo/Divulgação
Uma escuta telefônica de abril daquele ano levantou mais algumas suspeitas sobre um dos grandes mistérios da política brasileira: o PCC tem um braço partidário? Há dezenas de menções nos arquivos policiais sobre o flerte de integrantes do Partido dos Trabalhadores com a bandidagem organizada. Mas é preciso separar o que já foi documentado das teorias conspiratórias.
Num diálogo interceptado pela Polícia Federal,Alexsandro Pereira, conhecido como “Elias” ou “Véio”, reclamava da transferência de presos da facção de Presidente Venceslau, a P2, no interior paulista, presídio usado para isolar os membros da cúpula do PCC. Elias era o responsável pela mensalidade que os criminosos pagam para ajudar os familiares. As chamadas “rifas” são comercializadas em garagens de empresas de ônibus e reuniões de sindicatos. Não existe prêmio de fato. “É a rifa da família”, como dizem seus vendedores.
Na época da investigação, vazada pela imprensa, o ministro da Justiça era Sergio Moro; o presidente, Jair Bolsonaro.
O trecho abaixo foi transcrito literalmente, sem correções nem retoques.
“(sic) Os caras tão no começo do mandato dos cara, você acha que os cara já começou o mandato mexendo com nois irmão. Já mexendo diretamente com a cúpula, irmão. (…) Então, se os cara começou mexendo com quem estava na linha de frente, os caras já entrou falando o quê? ‘Com nois já não tem diálogo, não, mano. Se vocês estava tendo diálogo com outros, que tava na frente, com nois já não vai ter diálogo, não’. Esse Moro aí, esse cara é um fdp*, mano. Ele veio pra atrasar. Ele começou a atrasar quando foi pra cima do PT. Pra você ver, o PT com nois tinha diálogo. O PT tinha diálogo com nois cabuloso, mano, porque… Situação que nem dá pra nois ficar conversado a caminhada aqui pelo telefone, mano”
O pano de fundo desse áudio é uma grande transferência de presos que agitou o sistema carcerário do Estado em 2019. Na lista estava Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, que seria levado para Rondônia. O responsável pela transferência dos criminosos era o promotor Lincoln Gakiya.O despacho havia sido redigido em novembro de 2018, mas foi desautorizado pelo então governador, Márcio França (PSB), sucessor de Geraldo Alckmin. No ano seguinte, a transferência aconteceu, por ordem de João Doria.
O promotor resolveu afastar da chamada P2, em Presidente Venceslau, Marcola e seu braço direito, Gilberto Aparecido dos Santos, o “Fuminho”. Estava em curso um plano de fuga para o grupo montado por Fuminho, que envolvia a compra de aeronaves, muitas armas e explosivos para derrubar a muralha da penitenciária, além do apoio de traficantes de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia. A P2 estava sendo monitorada por drones (veja imagem abaixo).
Um despacho assinado por Gakiya dá mais detalhes do plano: “Segundo relatos adicionais, colhidos pela inteligência das polícias da região, o grupo arregimentado por ‘Fuminho’ seria formado por grande número de homens que estão sendo treinados nas fazendas dele na Bolívia, os quais seriam originários de várias nacionalidades, inclusive soldados africanos com expertise no manuseio de armamento pesado e explosivos, divididos em várias células com funções específicas e compartimentadas”.
O promotor foi jurado de morte pelo PCC. Seu assassinato foi encomendado pelos criminosos e apareceu escrito no lado avesso do bolso da bermuda de um detento. Gakiya contou aOesteque um drone da facção o monitorava enquanto fazia cooper no condomínio em que mora, em Presidente Prudente. Sua família tem escolta e não viaja para o exterior. “Tenho mais seguranças do que o presidente”, disse, cercado por 12 policiais militares armados até os dentes.
— EmbaixadaResistência (@emb_resistencia) July 4, 2022
O fantasma de Celso Daniel São nessas garagens de empresas de ônibus — as mesmas em que são vendidas as “rifas” —que se amparam as teses qualificadas como fantasiosas pelo PT. A novela começou nos anos 1990. Naquela época, empresários do ramo estavam em guerra com os chamados “perueiros” (donos de vans autônomas que chegavam aos pontos de parada na frente dos ônibus oficiais). A rede de transporte clandestino era chefiada pelo PCC na periferia de São Paulo e no ABC Paulista.
Funcionava da seguinte forma: o bando achacava as empresas de ônibus com o aval de prefeitos petistas, como Celso Daniel, em Santo André, e repassava parte do dinheiro para financiar campanhas do PT. Na cidade do ABC Paulista,o esquema era chefiado pelo então supersecretário Klinger Luiz de Oliveira Souza, por Sergio Gomes da Silva, o “Sombra”, guarda-costas do prefeito que virou próspero empresário de transportes no Ceará, e por Ronan Maria Pinto, dono de empresas de transporte coletivo. Em 2005, quando a CPI dos Bingos no Senado investigou o caso,foi descoberta uma lista com nomes de petistas que haviam recebido propinas.
O trio, apelidado de “Três Mosqueteiros” na cidade, foi condenado por corrupção. Mas não foi esse o crime mais grave que os assombrou. Todos eles orbitavam a gestão de Celso Daniel,quando o prefeito que comandava a campanha de Lula à Presidência foi assassinado à bala, em janeiro de 2002.
Apontado como o mandante da morte pelo Ministério Público, Sombra chegou a ficar sete meses na prisão, mas foi solto por uma canetada de Nelson Jobim, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), durante o recesso do Judiciário. Depois disso, recolheu-se até morrer, em 2016, vítima de câncer.Klinger abandonou a política e desapareceu.Ronan Maria Pinto foi preso pela 27ª fase da Lava Jato, em abril de 2016.
A operação da PF foi batizada de “Carbono 14”, referência ao procedimento científico para datar fósseis. A escolha do nome se deu pela união do Petrolão ao caso Celso Daniel.A informação partiu de Marcos Valério de Souza, o lobista e operador do Mensalão.
Desde 2018, quando negociou sua delação premiada, Valério repetiu algumas histórias. O lobista pegou a pena mais pesada, de 37 anos de reclusão. Espancado diversas vezes na cadeia, numa delas foi parar na enfermaria com poucos dentes na boca.
Valério contou que foi procurado em 2005 por Silvio Pereira, ex-secretário-geral do PT. Tratava-se de um pedido de ajuda para pagar R$ 6 milhões a Ronan Maria Pinto, que estava chantageando Lula e o ex-ministro José Dirceu.
O empresário ameaçava contar às autoridades que o PT encomendou o assassinato de Celso Daniel.
O prefeito estava descontente porque aliados estariam roubando o caixa dois do próprio partido. O relato nunca foi provado.
O lobista disse que tinha R$ 100 milhões escondidos, mas se negou a conversar com Ronan. O motivo: tinha medo de morrer também. O caso é antigo — Ronan inclusive usou tornozeleira eletrônica durante anos por causa do dinheiro de propina —, mas ressurgiu nesta semana em um vídeo publicado pela revista Veja. Há dez anos, Valério tenta fazer acordo com as autoridades para diminuir suas penas.
Segundo o operador do Mensalão, o PT afastou políticos ligados ao PCC para evitar que o lamaçal respingasse em Lula. Valério disse que chegou a ser ameaçado por Paulo Okamotto, diretor do Instituto Lula. O diálogo aconteceu num antigo hotel em Brasília, durante a CPI dos Correios, que investigou o Mensalão. Okamotto afirmou que Valério teria o mesmo destino de Celso Daniel se revelasse os esquemas de corrupção.
De Celso Daniel a Palocci A conexão do PT com o crime organizado também foi relatada pelo ex-ministro Antonio Palocci Filho em acordo de delação. Preso, ele contou que o partido usou a facção para lavar dinheiro roubado de Brasília. O esquema envolvia postos de gasolina e compra de imóveis por meio da rede do doleiro Alberto Yousseff. Um dos braços políticos era o ex-deputado André Vargas, preso no começo da Lava Jato.
Palocci admitiu que o apartamento onde morava no bairro de Moema pertencia a um integrante da facção. Praticamente todas as provas citadas por Palocci foram anuladas pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) e pelo Supremo Tribunal Federal (STF). O PT continua recitando que a Lava Jato tentou destruir o partido.
Os irmãos Moura Outra evidência robusta dos vínculos entre o partido e a facção foi descoberta na periferia leste de São Paulo, reduto político do vereador petista Senival Moura. Fazem parte do grupo o irmão dele, Luiz, que foi deputado na Assembleia Legislativa paulista, e Vavá dos Transportes, ex-vereador.
Mais uma vez, a história envolve empresas de ônibus e um cadáver. Adauto Soares Jorge, que dirigia uma delas, a Transunião, foi assassinado. Uma testemunha protegida por sigilo na investigação da Polícia Civil afirmou que o vereador Senival Moura foi o mandante do crime e que tem forte ligação com o PCC.
O roteiro é essencialmente o mesmo. Segundo a testemunha, a facção usava o transporte público para lavar dinheiro e financiava campanhas do grupo de Senival. No entanto, o PCC descobriu que o petista operava um caixa paralelo. Sua morte chegou a ser acertada, mas ele conseguiu negociar a sobrevivência em troca dos ônibus que tinha. A investigação policial é farta de documentos, inclusive com imagens de câmeras de segurança e cheques. Tudo se baseia em provas.
Senival continua frequentando normalmente a Câmara Municipal de São Paulo. Mas seu irmão, Luiz, deixou a política pela porta dos fundos. Ele era deputado estadual quando veio à tona uma investigação do Ministério Público sobre participação em ataques a ônibus na cidade. Luiz foi flagrado numa garagem com integrantes da facção, reunidos para tratar da logística dos incêndios.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) afirmou que Senival e Luiz “são irmãos de sangue do PCC” na zona leste da capital. Eles são próximos de Jilmar Tatto, ex-secretário de Transportes, e do ex-ministro Alexandre Padilha.
Luiz Moura ainda tem no currículo duas prisões. A primeira ocorreu em 1991, no Paraná, por assalto à mão armada. Ele fugiu da cadeia depois de um ano e meio e ficou foragido por uma década, até a prescrição da pena. Depois comprou linhas de ônibus e postos de gasolina e se elegeu deputado estadual pelo PT, em 2010. A segunda foi em 2016, por tentar impedir uma ação da Polícia Federal num posto de gasolina na Lapa, zona oeste da capital paulista.
Todos esses episódios estão documentados em inquéritos que, com perturbadora frequência, dominam o noticiário político-policial. Os relatos noticiados nesta edição aparentemente compõem apenas um braço do monstro. É essencial exumar todo o cadáver para impedir que o Brasil repita a saga vivida no fim do século passado pela Colômbia.
Durante dois anos li e assisti importantes meios de comunicação, cientes
de sua influência junto à opinião pública,defenderem com unhas e
dentes o “Fique em casa!” e suas consequências, como o “lockdown” e o
“Para tudo!”. A economia (e a fome da população mais pobre) a gente
veria depois. O Brasil precisava estacionar para o vírus não circular.
Qualquer
contestação a essas práticas era tratada como conduta “anticiência”,
desumana, criminosa, dinheirista e genocida.
Sob tais conceitos e
determinações, idosos eram presos sentados em banco de praça.
Sumiram os
pipoqueiros, os ambulantes, as bancas de jornal, os catadores.
Despovoaram-se os canteiros de obras. Empresas foram constrangidas a
demitir. A produção caiu e o PIB despencou.
Por isso
pergunto: como ocultar a indignação, quando vejo noticiário de ontem e
jornais de hoje produzirem matérias sobre o aumento da fome a patamares
dos anos 1990 nos quais a causa é a pandemia “e as políticas dos
governos”, sem qualquer menção ao modo desumano e ineficaz com que a
pandemia foi enfrentada?
Sem explicitar a principal relação entre a
causa e seu efeito?
Sem baterem no próprio peito?
Tenho bem
presente o empenho do governo federal em prover recursos para atender as
necessidades básicas da população.
E tenho bem presente as acusações
sobre o caráter eleitoreiro de tais medidas!
Tenho bem presente os
adjetivos, as etiquetas e o peso da militância midiática que jogava
sobre o presidente da República os males do vírus, as dificuldades da
economia, o “mau exemplo” de sua presença nas ruas e a cotidiana
reprovação de seus clamores pelo retorno à normalidade das atividades
produtivas.
Com esse
jornalismo de subsolo, militante, a “mídia tradicional”, que tanto
agrado causa ao ministro Alexandre de Moraes,vê e analisa a realidade
nacional.
Em
16 de março de 1990, quando a ministra Zélia Cardoso de Mello anunciou à
imprensa e a um seleto público as medidas de contenção da inflação do
Plano Collor, no fundo do salão, entre xícaras e cafeteiras, um garçom
do palácio antecipou-se à plêiade de economistas presentes, exclamou e
foi ouvido: “Não vai dar certo!”.
O mesmo
puderam dizer da Constituição de 1988 os mais sábios constitucionalistas
do país.
Não, o Brasil não precisa que ministros do STF profiram
tolices para viver suas crises.
Nossas crises estão
constitucionalizadas. Basta ler os artigos da CF de 1988 que tratam dos
poderes de Estado para saber que as exigências de Sarney, introduzidas
sabe-se lá de que jeito pelo Centrão, provocariam as crises
institucionais e morais com que desde então convivemos.
Elas são
inevitáveis! Nenhum presidente se elege com maioria parlamentar,
mormente numa realidade partidária em que dezenas de partidos cercam
todo governo como hienas cercam sua caça. Então, ou se instala a crise
moral com permanente compra e recompra da base de apoio, ou se instala a
crise institucional e o governante não governa, ou não conclui o
mandato. A crise, contudo, é certa.
Durante
muitos anos sob essa Constituição, o STF se manteve equidistante dos
embates políticos. Afinal, tucanos e petistas, primos-irmãos para quem
conhece os avós comuns, têm rusgas, mas se entendem como bem demonstram
as cenas de carinho entre FHC e Lula e a recente tentativa de namoro
entre o petista e Geraldo Alckmin.No entanto, ao se tornar
eminentemente petista, o STF resolveu assumir um protagonismo jamais
visto. Tornou-se a principal fonte dos noticiários, o poder político
proativo.
Emissora de TV que queira ter audiência precisa ligar-se ao
canal do Supremo. Bye, bye Congresso!
Bolsonaro aninhou-se nas redes
sociais. Partidos de esquerda, de diversos portes abandonam o plenário e
levam suas pautas direto para quem manda. E os conservadores,
vitoriosos na eleição de 2018? Bem, para nós ameaças, dentes à mostra,
censura, mordaça, cadeia.
Toffoli, em
seu sincericídio lisboeta, explicitou o que tantas vezes escrevi e a
maior parte do jornalismo brasileiro ocultava da sociedade: o STF, pela
imensa maioria de seus pares, usurpa uma função constitucional
inexistente,assumindo-se como pai da pátria, poder moderador da
República, palavra final na Política e no Direito.
Assim como
em Cuba tive medo do Estado, hoje tenho medo do STF e desse poder
moderador ilegítimo, não coroado nem eleito, a que se refere Toffoli.
Medo de também nos tomarem a esperança. Sinto em muitos a dormência
dessa perda e me lembro das palavras lidas por Dante no sinistro portal
do Inferno: “Por mim se vai a cidade dolente; por mim se vai a eterna
dor; por mim se vai a perdida gente...”.
E, ao fim do verso, a sentença
terrível que, há sete séculos, ecoa com letras escuras nas horas
sombrias: “Lasciate cognição speranza voi ch’entrate” (Deixai toda esperança, vós que entrais).
Todavia,
não! Este é o país de Bonifácio, de Pedro II, de Isabel, de Nabuco, de
Caxias!
Esse STF fala por si e haverá de passar!Os corruptos de ficha
lavada não nos convencem nem nos vencem. Trouxeram-nos aos umbrais do
Inferno. Exibiram-nos o portal de Dante. Que entrem sozinhos.
Perseveraremos.
Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de
dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o
totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do
Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
"Blogueiro bolsonarista investigado pelo STF usou estagiária de Lewandowski como informante", diz manchete em destaque na Folha de SP hoje. O jornal conseguiu acesso às conversas trocadas entre o jornalista e a funcionária do ministro, usando alguma fonte. Mas eis o interessante: só quem tem fonte é jornalista de esquerda! A tática da velha imprensa é tão manjada que falta sutileza. Todos percebem o truque. Para começo de conversa, o uso do rótulo blogueiro, que os militantes disfarçados de jornalistas usam para se referir a qualquer jornalista que não seja de esquerda.
Mesmo alguém que atua e atuou nos principais veículos de comunicação do país, como no meu caso, continua chamado de blogueiro se não for da patota corporativista, dominada pelo esquerdismo. Jornalista é termo reservado só para quem é do clubinho,gente que leva a sério Renan Calheiros.
É a mesma tática do uso da expressão "empresário bolsonarista". Ora, nunca vimos a imprensa falar em empresário tucano ou empresário lulista, mesmo quando o empresário em questão é ligado umbilicalmente ao PT ou ao PSDB. Mas bastou enxergar virtudes no presidente ou em seu governo para virar um empresário bolsonarista, em tom depreciativo.
Voltando ao caso de Allan dos Santos, do Terça Livre, eu poderia jurar que a mídia chamasse esse tipo de contato de"fonte". Algo inclusive preservado pela Constituição Federal, com direito ao sigilo e tudo. Mas como se trata de um "blogueiro bolsonarista", a fonte virou "informante", e o panfleto esquerdista disfarçado de jornal faz de tudo para criar ares golpistas e criminosos na relação entre fonte e jornalista.
A ponto de passar batido pelo que realmente importa nessas trocas de mensagens! "O que vi de mais espantoso é que realmente eles decidem como querem e o que querem. Algumas decisões são modificadas porque alguém importante liga para o ministro", diz a funcionária do ministro Lewandowski. Barbara, a mineira do popular canal TeAtualizei, comentou sobre isso:"Invés da galera comentar o absurdo da informação dada pela estagiária do Lewandowski, d q as coisas mudavam qdo alguém importante ligava, os jornalistis estão chocados pq ela foi a fonte de alguém. Ninguém tá ligando para a gravidade da informação sobre a justiSSa desse país!"
O jornalismo morreu?Esses militantes perderam a capacidade de identificar o essencial numa notícia?
Vale tudo para atingir jornalistas independentes ou simpáticos ao governo Bolsonaro?
Carolina Brígido, colunista do UOL e que escreve sobre o STF, tirou disso tudo que Allan dos Santos tentou "espionar o Supremo".Leandro Ruschel rebateu:
Quando você recebe uma informação das suas fontes no Supremo é "jornalismo", e quando o Allan faz o mesmo é "espionagem"? Alem disso, sobre a grave acusação de mudança de sentenças a pedido de autoridades, é mentira? Fake news? Nunca aconteceu?
Essa postura da velha imprensa tem sido responsável por sua acelerada perda de credibilidade.
Enquanto os jornalistas deveriam estar debruçados sobre os esquemas absurdos que existem em nosso Poder Judiciário e ameaçam nosso Estado de Direito, preferem fazer picuinha e atacar "blogueiros bolsonaristas", gente que, aliás, costuma ter muito mais engajamento do que esses jornalistas.
A prioridade dessa turma é lutar com unhas e dentes para resgatar uma era de hegemonia e monopólio das narrativas, uma época que não volta mais após o advento das redes sociais.
Não há mais espírito público, compromisso com os fatos, a busca da verdade.
Restou apenas a militância ideológica e a tentativa de assassinato de reputação dos novos concorrentes.
São os blogueiros socialistas, que comandam o espetáculo da velha imprensa decadente...
Porque
nos deixamos demitir durante tanto tempo da vida pública brasileira,
hoje recolhemos adjetivos cuja síntese é a seguinte: “Vocês,
conservadores e liberais, são invasores intrometidos num compartimento
da vida social do qual nós, ‘progressistas’, legítimos proprietários, os
dispensamos com um abano de nossos lencinhos perfumados”.
É o que
deduzo do noticiário destas horas que sucedem à longa exposição feita
pelo presidente da República na noite do dia 29 de julho. Só essa
usurpação explica a arrogância explícita daqueles que nos falam com
inconcebível non sense desde o alto de sua fragmentada torre de marfim. O
que dizem e escrevem tem o mesmo tom repressivodas providências
adotadas pelo senhor Barroso nos altiplanos do TSE. Sai para o corpo a
corpo da comunicação, como dono da eleição,dono das urnas e de cada
urna,em defesa de um obscuro processo de votação e apuração.
É o mesmo
tom presunçoso que ouvi no discurso de Diaz Canel,presidente cubano, no
dia 11 de julho. Ele falou como dono das ruas,sem apresentar
credenciais para essa posse;
Barroso fala como senhor da eleição, sem
apresentar credenciais para se postar entre ela e os olhos do eleitor.
Todos os
jornalistas e meios de comunicação queadestradamente reproduzem as
manifestações do ministro ao Brasil e ao mundo usam artifícios muito
rasos de linguagem para contornar as seguintes obviedades e dificuldades:
- nossas
eleições não infundem certezas e exigem sucessivos atos de fé cuja
natureza é tecnológica e, portanto, de um catecismo incomum entre os
cidadãos;
- embora o
sistema pelo qual se bate o TSE seja tão divinamente perfeito, de 178
países,apenas 16 usam algum tipo de urna eletrônica de votação e
nenhuma grande democracia realiza - - eleições nacionais com artefatos
como os usados no Brasil (1);
- sessões de
votação fiscalizadas por partidos e candidatos, juntas escrutinadoras
sob os olhos do juiz eleitoral, dos partidos, dos candidatos e da
imprensa, boletins de urna acompanhados e conferidos por todos os
interessados inspiram muito maior credibilidade do que uma urna
incineradora que dá sumiço nos votos do eleitor;
- a impressão
de votos pela urna, sua conferência visual pelo eleitor, o recolhimento
mecânico desse sufrágio para uma outra urna com cujo conteúdo o BU
eletrônico possa ser auditado,não é um retorno ao velho voto em papel
como falsamente informa o TSE;
- não há como comprovar fraude num sistema em que os votos não podem ser contados aos olhos de todos;
- há algo
muito misterioso na atmosfera política quando mero aperfeiçoamento do
sistema para atender à transparência e à publicidade exigida dos atos
eleitorais suscita súbitas mudanças de opinião dentro do Congresso
Nacional,após inusitada visita do ministro presidente do TSE...
Negar tudo
isso exige a mesma dificuldade de visão e de percepção requerida para
não notar que os indícios trazidos pelo presidente têm vício de origem. É
contra ele que se faz toda essa mobilização de bastidores.E você,
eleitor, não conta. Você também foi demitido do processo; vota e não
bufa.
Nem uma palavra é dita a seu respeito por aqueles que, com unhas e
dentes se aferram a essa velharia eletrônica em que votamos..
Percival Puggina (76), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de
dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o
totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do
Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
Homem de 41 anos foi encontrado em apartamento de Haninge, na
Suécia, em meio a lixo, urina e fezes.
Ele praticamente não tinha
dentes, além de apresentar desnutrição e úlceras nas pernas. Idosa está
presa e responderá por privação ilegal de liberdade
O apartamento, na cidade de Haninge (Suécia), a 20km de Estocolmo,
estava escuro e fétido — tomado por fezes, urina e lixo. Sentado sobre
uma poltrona no canto da cozinha, o homem de 41 anos parecia assustado.
Com apenas dois dentes escuros na mandíbula inferior e desnutrido, tinha
úlceras imensas nas panturrilhas, que fizeram acumular poças de sangue
no chão. Durante os últimos 28 anos, foi mantido trancado no imóvel pela
própria mãe, depois de retirar o filho da escola quando tinha 12. A
idosa, de 70 anos, foi detida e responderá a acusações de privação
ilegal de liberdade e de provocar lesões físicas. Quem descobriu a cena
de terror foi a irmã, que não tinha notícias dele havia duas décadas,
impedida de ter contato. “Era como pisar dentro de um pesadelo”, resumiu
a mulher ao jornal Expressen, sobre a ida ao apartamento, na
noite de domingo. O fato de a mãe ter passado mal e sido internada fez com que a filha fosse até o local. “Era um imóvel escuro. Havia apenas uma televisão ligada na sala de estar. Havia lixo por toda a parte e cheirava muito mal. Simplesmente, uma miséria total. Apenas entrei e gritei suavemente ‘olá’. À luz de um poste da rua, vi suas pernas na outra extremidade da cozinha”, relatou a irmã à publicação local. Depois de a mulher acender uma vela, o homem começou a sussurrar e a chamá-la pelo nome. “Ele estava estressado e ansioso. Um pouco assustado, mas feliz por me ver. Sua condição física era horrível”, afirmou a irmã, que chamou a polícia e pediu uma ambulância. O homem foi submetido a cirurgia por conta da gravidade das lesões. Segundo a agência France-Presse, o apartamento foi isolado para investigação e análise de peritos.
De acordo com o jornal Aftonbladet, a irmã tinha alertado as autoridades havia 20 anos, mas foi ignorada. “Estou tão chateada por ninguém nunca ter acreditado em mim”, desabafou. “Estou surpresa, chateada, mas ao mesmo tempo aliviada. Há 20 anos que espero por este dia, porque percebi que ela tinha o controle total da vida dele, mas nunca teria imaginado algo desta magnitude”, disse também ao Expressen. “Ela roubou a vida dele e manipulou as pessoas ao redor para manter seu segredo.”
Decisão do STF na quarta é sobre impunidade e equilíbrio entre Poderes
O
julgamento do Supremo na próxima quarta-feira, dia 11, vai muito além
de definir se pode isso ou aquilo contra o senador tucano Aécio Neves
porque estabelecerá limites para punições impostas pela alta corte a
políticos com mandato e limites para a reação do Congresso. O que está
em jogo é, de um lado, a impunidade dos políticos; de outro, o
equilíbrio entre Poderes diante da corrupção.
Em três anos e
meio, a Lava Jato jogou atrás das grades empreiteiros, executivos da
Petrobrás, doleiros, políticos sem mandato e, agora, os maiores
produtores de carnes do mundo. Quem falta? Deputados e senadores alvos
de inquérito, inclusive os campeões Renan Calheiros, Romero Jucá e o
próprio Aécio Neves. Critica-se a PGR e a Lava Jato, bloqueiam-se
valores e bens de Joesley e Wesley Batista, toma-se partido na crise
entre STF e Senado, mas decidir sobre esses processos, nada...
As
exceções foram Eduardo Cunha e Delcídio do Amaral. O Supremo retirou a
presidência e o mandato de Cunha por atrapalhar as investigações, e a
Câmara ratificou a decisão. Delcídio, primeiro senador preso desde a
redemocratização, foi gravado acertando R$ 50 mil e rotas de fuga para
evitar uma delação e caiu com base na Constituição, que só prevê prisão
para senadores por flagrante delito inafiançável.
Ficou nisso. E é
assim que a decisão de quarta tem um peso enorme e divide corações,
mentes e leituras dos onze ministros do STF, ao definir regras e ritmo
para as punições a deputados e senadores. Em pauta, uma Ação Direta de
Inconstitucionalidade sobre a possibilidade de o Congresso rever, em até
24 horas, qualquer medida liminar contra congressistas que não seja
prisão.
Pela Constituição, os plenários da Câmara e Senado
precisam autorizar a prisão de um de seus membros decretada pela
Justiça.E as medidas que não sejam prisão, como o afastamento do
mandato e o “recolhimento noturno”, que foram aplicados a Aécio pela
Primeira Turma do STF, estão previstas no Código do Processo Penal?
O
Senado está armado até os dentes, mas adiou o confronto com o Supremo
para depois da decisão, enquanto os presidentes Eunício Oliveira e
Cármen Lúcia atuam diplomaticamente para evitar a guerra. Prever
julgamentos no Supremo é temerário, porque, por trás das lentes que
interpretam a letra fria da lei, há homens e mulheres de carne e osso,
com suas ideologias, crenças, escolas de Direito, mas vale projetar
resultados.
Os três da Primeira Turma que impuseram o afastamento
e a prisão domiciliar noturna de Aécio – Luis Roberto Barroso, Rosa
Weber e Luiz Fux – votarão, pelo óbvio, contra a Adin e o poder dos
plenários da Câmara e do Senado de derrubarem medidas cautelares
diversas da prisão. Eles devem ter o reforço de Edson Fachin. [com o reforço de Fachin teremos o Quarteto do Barulho do STF, votando contra a Constituição Federal.] No
lado oposto estão Marco Aurélio e Gilmar Mendes, que já deram
declarações públicas, e Alexandre de Moraes, que votou contra as penas
de Aécio na Primeira Turma. Pelo alinhamento no STF, a eles podem se
somar Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli.
Dá quatro a cinco e a
expectativa é de que a decisão caia no colo do decano Celso de Mello, um
“garantista” que não demonstra preferências ideológicas e tem votos
muito técnicos, e de Cármen Lúcia, que agrega ao papel de juíza uma
enorme responsabilidade institucional. Se o STF decidir que pode
usar o Código do Processo Penal para afastar e decretar prisão
domiciliar de senadores e deputados,o Congresso vai reagir à bala. Se
decidir que não, que está mantido princípio de prisão só por crime
inafiançável e flagrante delito, o Congresso recolhe as armas, mas a
opinião pública vai à luta: até quando os campeões Renan, Jucá e Aécio
continuarão impunes? A guerra, portanto, continua. [deve se ter presente que mais do que a vontade da opinião pública - sempre maleável, portanto, sujeita a manobras - , do que a vontade de grande parte da imprensa sem esquecer o desejo de alguns ministros que se consideram SUPREMOS MINISTROS está o texto constitucional e este só permite a prisão de parlamentares por crime inafiançável e flagrante delito e, mesmo nessa condição, a prisão deve ser submetida ao crivo da Casa Legislativa competente para ser mantida ou revogada. Ou se respeita a Constituição ou se rasga - o STF é guardião da Constituição, não lhe cabendo adaptar sua interpretação às conveniências do momento.]
O que acontece na vida real dos
desempregados não entra nas cogitações de sindicatos e centrais sindicais,
partidos de esquerda e, tudo indica, Justiça do Trabalho.
Sou um leitor interessado no que
escrevem colunistas, articulistas e editorialistas.
Interessa-me menos o que as
pessoas falam do que aquilo que escrevem. Verba
volant, scripta manent, diziam os latinos.
As palavras voam, o que se escreve fica.
Por experiência sei, também, que quem escreve, pensa cada palavra, pesa seu
efeito, verifica sua adequação ao conteúdo e à forma do texto.
Tenho lido muito sobre os meses
por vir. Há
autores aparentemente convencidos de que o Brasil deve resolver seus problemas
mantendo o que está em curso, sem retificar estratégias. Sair da crise, contanto que nada mude. Mudar o destino mantendo a rota.
Mais, se Temer alterar políticas sociais, desabarão
sobre ele não apenas as sete pragas do Egito.
Também seus dentes
cairão, a artrite o deformará e se fará merecedor da malquerença divina no
Juízo Final. Estará ferrado aqui e na eternidade.
Escrevo este artigo no Dia do
Trabalho. De
alguns textos que li se deduz que se Temer promover
flexibilizações na legislação trabalhista, em vez de facilidades, estará criando dificuldades para os 11
milhões oficialmente desempregados do país!
Até parece que essa multidão
não está amargando a fila do SINE, mas olhando as páginas de economia dos
jornais, selecionando seu futuro emprego segundo o desempenho, no mercado
acionário, das empresas que oferecem vagas. Afinal, aquelas cujas ações estão bem cotadas provavelmente proporcionam bons
planos de saúde, aposentadoria complementar e participação nos resultados. "Mamãe me
acode!",como diria o senador
Magno Malta.
Na
Constituição de 1988, o Brasil decidiu constituir um Estado de Bem Estar Social
onde, "passar desta para uma
melhor" significa, principalmente,
elevar o padrão de vida por conta do Erário, com o mínimo ou nenhum esforço
pessoal.É claro que há um custo, mas como é um
custo do Estado, supõe-se que ele não tenha um pagador efetivo, ao menos nesta
vida. É o que se chama "pedalar
a conta de uma geração para a próxima", com reembolso a juros simples,
claro, que sai mais barato, segundo os entendidos.
Por
incrível que pareça, o que acontece na vida real dos desempregados não entra
nas cogitações de sindicatos e centrais sindicais, partidos de esquerda e, tudo
indica, Justiça do Trabalho. Ninguém é
mais realista do que quem está na pior. Ninguém é mais
idealista do que quem se sente seguro.
Aquele que bate calçada no olho da rua atrás de vaga, com família para
sustentar, está mais interessado no trabalho do que nas férias, no salário do
que no horário, no prato do que no sindicato, na hortaliça e no pirão do que na justiça e na convenção. Pode doer, mas é verdade. E foi o governo
que criou essa situação.
A pantomima fica ainda maior quando
se compreende que o Estado de Bem Estar Social- se isso existir e se sustentar- só pode
ocorrer onde riqueza, investimento e poupança sejam gerados de modo permanente.
Antes disso produz endividamento,
inflação e desemprego. Em horas de crise, insistir em formalidades
relativas às relações de trabalho muito dificulta a vida de quem está sob a
regra da urgência, atrás de uma ocupação em que possa ganhar sustento.