Paulo Portinho: “Bolsonaro tem poderes limitados: não consegue nem decidir sobre o Coaf”
O engenheiro e professor de finanças Paulo Portinho, de 46 anos, foi responsável por um texto publicado no seu blog que causou a maior comoção nos meios políticos do País nos últimos dias. Ele disse, em sua mensagem, que o Brasil, sem os conchavos políticos é ingovernável. O texto foi reproduzido pelo presidente Jair Bolsonaro em suas redes sociais e provocou várias interpretações. Nos meios políticos, chegou-se a especular que o presidente estava ameaçando renunciar, como fez Jânio Quadros em 1961, ou que ele dava a entender que era impossível governar com um Congresso anti-republicano, com um STF intervencionista e com corporações que só desejam o atraso do Brasil. Motivou até que os bolsonaristas se mobilizassem para realizar no próximo domingo 26 uma grande manifestação em defesa do governo Bolsonaro.Em entrevista exclusiva à ISTOÉ, Portinho diz que nunca pretendeu fazer um manifesto político e que seu artigo sintetizava “o desabafo de um cidadão comum em sua rede social de baixíssima exposição, mas que infelizmente acabou tomando proporções agigantadas”.
Escritor de vários livros sobre o mercado financeiro, como “Quanto custa ficar rico” e “Investimentos para não especuladores”, Portinho já foi candidato a vereador do Rio de Janeiro pelo Novo em 2016, mas não conseguiu se eleger. Entre outras coisas, ele diz que as corporações, tanto políticas, como empresariais ou até militares, trabalham para “inviabilizar” o País ou mesmo para ter um relacionamento “não transparente e não republicano com o governo”. O economista aponta os erros que o governo Bolsonaro está cometendo, sobretudo na incapacidade de dialogar com o Congresso, mas acha ser possível se governar com transparência. Para ele, o presidente parece pouco interessado em mudar o ritmo de sua maneira de governar. “Estamos há 5 meses nesse embate e o presidente parece continuar o mesmo”. Eis a entrevista que Portinho concedeu à ISTOÉ hoje.
O senhor imaginava que um artigo seu sobre os problemas da governabilidade, em qualquer governo brasileiro que seja, poderia ser o centro das atenções em um momento de crise no relacionamento do Executivo com o Legislativo?
De forma alguma. Quero agradecer a oportunidade que a ISTOÉ me abre para esclarecer alguns pontos. O primeiro deles é que o texto compartilhado nunca pretendeu ser um artigo ou manifesto sobre política. Ele nasceu como desabafo de um cidadão comum em uma rede social de baixíssima exposição. Deveria ter continuado assim, mas, infelizmente, acabou tomando proporções agigantadas.
O senhor diz que o governo não aprovou nada até agora e tudo que tentou fracassou? O Brasil corre o risco de voltarmos a ter um impeachment?
Impeachment requer crime de responsabilidade e é um julgamento parte técnico, parte político. Parece-me que ambas as partes estão faltando, tanto a parte técnica, com a tipificação de um crime de responsabilidade, quanto a política, com a imprudência de tentar o impeachment de quem venceu uma eleição há pouco mais de seis meses, com 57 milhões de votos. Pode-se não gostar de Bolsonaro, mas sua agenda continua a mesma, e foi ela a vitoriosa nas urnas. [o nosso presidente foi eleito para, com as bênçãos de Deus, governar o Brasil até 31 de dezembro de 2022 - os que não gostarem, estejam à vontade para ir embora da Pátria Amada.] É um risco exagerado, com benefício praticamente nulo. Não me parece um caminho que faça sentido.
(...)
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