Em primeiro lugar, os três filhos do presidente são os que mais atrapalham
É muito oportuna a manifestação convocada em favor do governo Bolsonaro.
A palavra de ordem é ainda mais premente. Deixem o presidente governar.
É evidente que há pessoas fazendo o que podem para impedir Bolsonaro de
governar. E quem são essas pessoas? Em primeiro lugar, os três filhos
do presidente, os que mais atrapalham e deveriam ser os primeiros a
obedecer ao comando das ruas. Flávio, Eduardo e Carlos são os maiores
estorvos, que imobilizam o governo desde o seu primeiro dia.
Flávio se viu envolvido em escândalo antes mesmo da posse. Por ser o
mais diplomático dos três, era nele que estavam depositadas as poucas
esperanças de entendimento do pai com o Congresso. A partir do episódio
de desvio de dinheiro de funcionários de seu gabinete na Assembleia
Legislativa e depois de conhecidas suas extraordinárias negociações
imobiliárias, Flávio virou um problema, sumiu do plenário, e sua
capacidade de interlocução desapareceu. Carlos, o encrenqueiro da família, já no começo do governo implicou com
um ministro e o demitiu. Era Gustavo Bebianno, o ministro de melhor
trânsito com deputados e senadores, aliado do presidente da Câmara,
Rodrigo Maia. Não poderia ter atrapalhado mais. Bolsonaro, que já tinha
perdido a interlocução do filho Flávio, sem Bebianno ficou a pé no
Congresso. E Carlos continua implicando com gente do governo. Basta
fazer alguma sombra sobre o pai para atrair sua ira explícita.
Eduardo, o evangelista da turma, é o principal seguidor na família do
eremita Olavo de Carvalho. Ambos também deveriam prestar atenção no
brado dos manifestantes de domingo. Olavo é um elemento tão desagregador
que conseguiu causar mal-estar até mesmo entre os primeiros aliados de
Bolsonaro, os militares. É sua também a obra dupla no Ministério da
Educação. Nomeou um colombiano, que chamou os brasileiros de ladrões
canibais, e o seu sucessor, que em duas semanas de gestão já comprou
briga com os principais agentes da área.
Olavo não deixa Bolsonaro governar. Os filhos do presidente não deixam o
pai governar. Infernizam a vida do presidente, tiram seu foco, subtraem
sua atenção, impedem que ele se movimente. E há outros. Parlamentares
que deveriam ajudar a construir pontes para o Planalto se comportam como
homens-bomba. O líder do governo, deputado Major Vitor Hugo, conseguiu
ser excluído do grupo de interlocutores do presidente da Câmara ao
sugerir que diálogo com Congresso se compra com sacos de dinheiro.
O pior é que eles não estão sozinhos. Quem mais atrapalha Bolsonaro é
Jair Bolsonaro. No fundo, ele não governa porque não sabe governar. O
resto é bobagem, discurso pobre que alimenta a militância radical. O
Congresso quer afastar o presidente para continuar mamando nas tetas do
governo; o Supremo não liga para o Brasil, e seus ministros só querem
comer lagosta e beber champanhe; [convenhamos que em tempos de crise não pega bem as preferências gastronômicas das 'supremas' excelências, visto que são bancadas com recursos públicos.] a imprensa trabalha contra porque é de
esquerda. Nada mais do que retórica insana e esquizofrênica.
Ao contrário do enunciado, o Congresso vem convocando o presidente ao
trabalho desde que as reformas foram enviadas para a apreciação dos
parlamentares, no início do ano. Bolsonaro preferiu atacar. Acabou a
velha política, sentenciou. Não disse como seria a nova, mas se negou a
negociar. O resultado é uma magnífica desarticulação. A reforma da
Previdência sairá, talvez menor, mas por obra e força do Congresso. No caso do Supremo, pode-se eventualmente discordar de algumas decisões
de ministros que, mesmo atendendo à lei, atropelam o senso comum. [algumas decisões do STF contrariam ostensivamente não só as leis comuns, quanto a Leo Maior, a Constituição Federal, da qual ele é, ou deveria ser, o guardião.
Apenas um exemplo: por maior que seja a flexibilidade na interpretação do art.226, especialmente o $ 3º, da CF, se nota que é impossível que o casamento gay seja uma concepção de família e possa ser legal, sendo sua realização imposta aos cartórios.] Mas não se pode negar sua essencialidade. Atacar o STF por causa de uma licitação de bebidas e comidas para serem servidas a convidados oficiais é ridículo e apequena o debate. Ou alguém acha que o cardápio é diferente no Palácio do Planalto ou no Itamaraty?
Apenas um exemplo: por maior que seja a flexibilidade na interpretação do art.226, especialmente o $ 3º, da CF, se nota que é impossível que o casamento gay seja uma concepção de família e possa ser legal, sendo sua realização imposta aos cartórios.] Mas não se pode negar sua essencialidade. Atacar o STF por causa de uma licitação de bebidas e comidas para serem servidas a convidados oficiais é ridículo e apequena o debate. Ou alguém acha que o cardápio é diferente no Palácio do Planalto ou no Itamaraty?
A imprensa, acusada de atrapalhar o governo por ter uma agenda de
esquerda, é a mesma que foi chamada de golpista e fascista ao longo dos
anos petistas. O papel da imprensa é informar. Diferentemente das redes
sociais, informar sem viés. Por isso, aqueles que só querem notícias
boas não se conformam com a avalanche de más notícias do governo
Bolsonaro. A culpa não é de quem divulga, mas de quem produz as más
notícias. A estes deve ser dirigido o grito de domingo.
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