Gazeta do Povo - Alexandre Garcia
Ex-presidente Lula poderá disputar as eleições de 2022, já que deixou de ser ficha suja por decisão de Edson Fachin, do STF.
Em
uma decisão monocrática, o ministro do STF e relator da Lava Jato Edson
Fachin causou surpresa e espanto ao determinar a anulação das
condenações do ex-presidente Lula proferidas pela Lava Jato de Curitiba. A
justificativa é que a 13ª Vara Federal de Curitiba não tinha
competência para julgar os casos de Lula porque não havia relação com a
Petrobras. Isso porque uma decisão anterior do STF determinou que casos
não ligados à Petrobras não estão na alçada da Justiça Federal de
Curitiba e sim na do Distrito Federal.
O
estranho desse caso é que o ministro Fachin, enquanto relator da
operação, acompanhou o julgamento do ex-presidente desde o início e só
manifestou esse entendimento agora, cinco anos depois. É tudo muito
estranho. [tudo indica ser um hábito do ministro só dar o alarme de algumas posições que adota, quando o impacto é grande, rende holofotes e tumultua.
Lembram do caso dos twitter de alerta do general Villas Bôas? - o ministro só expressou seu protesto, quase três anos após o fato = época de tensão latente e que quase gera uma crise entre o STF e a Câmara dos Deputados.
Agora atraiu atenção de milhões de brasileiros, derrubou a Bolsa e elevou o dólar - provavelmente satisfez o seu ego ao exibir o 'eu posso'.]
No
domingo (7) à noite, o senador Humberto Costa (PT-PE), que é muito
amigo de Lula, compartilhou no twitter um vídeo do ex-presidente
malhando com a música “tô voltando” de Chico Buarque. Isso é estranho,
porque foi na véspera da decisão de Fachin. Talvez
o ministro não tenha se contido, já que ele sempre foi ligado à CUT e
ao MST, fez campanha para Dilma Rousseff e foi indicado à cadeira no STF
pela ex-presidente.
É
bom lembrar que a condenação de Lula não foi decidida somente pela 13ª
Vara Federal.
O Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre,
também confirmou a sentença. Outras instâncias também. A impressão que
passa com isso é que é uma anulação da Lava Jato.
Obstáculo para reeleição de Bolsonaro
Os
partidos políticos também estão perplexos com a decisão. Principalmente
a esquerda, que acreditava ser possível emplacar uma candidatura com
Ciro Gomes (PDT) ou Guilherme Boulos (Psol). Além deles, isso também
atrapalha as possíveis candidaturas de Sergio Moro e João Doria.
Mas
agora com a anulação, Lula deixa de ser inelegível e provavelmente irá
concorrer à Presidência em 2022, o que muda o cenário político para o
ano que vem. Isso acaba com as chances de Fernando Haddad. Pelo
menos isso deu mais cor ao pleito de 2022, porque antes era visível que
Jair Bolsonaro iria ganhar. Agora ele terá um obstáculo, porque Lula
ainda tem o voto popular. Será que Bolsonaro já ocupou o lugar que Lula
tinha entre o povão? [certamente que sim e com o fim da pandemia, teremos doze meses de bonança para Bolsonaro começar a governar e mostrar que precisa de mais quatro anos - sem pandemia.]
Será
que era o momento para anunciar isso?
Bem no Dia Internacional da
Mulher.
O anúncio deixou tanta mulher triste, logo no dia em que elas
tinham que festejar. Na verdade, anunciar isso durante uma pandemia não é
legal, já há muito sofrimento com as mortes e o desemprego. Agora há
mais uma notícia infeliz.
Bem
na hora que o brasileiro achou que a Justiça iria voltar a funcionar, a
impunidade iria terminar e os corruptos iriam para a cadeia. Agora está
feita a soltura geral.
MATÉRIA COMPLETA - Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo
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