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sábado, 12 de junho de 2021

Debate sobre voto impresso avança no Congresso

Debater no Congresso Nacional uma mudança na legislação eleitoral é Conspiração das urnas?

Medida é fruto de uma obsessão bolsonarista que só serve a quem deseja tumultuar o processo eleitoral de 2022  

[tudo que interessa ao governo Bolsonaro, eleito com mais de 57.000.000 de votos é considerado conspiração, tumulto, atentado à democracia - tanto usam a pobre democracia como pretexto para retirarem dos apoiadores do presidente da República o direito ao exercício das liberdades democráticas, que já está dando na vista. Em outras palavras:  tudo que interesse ao Brasil, aos brasileiros, se contar com o apoio e simpatia do presidente Bolsonaro, se torna um  atentado à democracia, à Constituição Federal. 
Inimigos do Brasil: tenham em conta que grande parte dos brasileiros sabe ler, pensar e são capazes de deduzir o que realmente vocês desejam. Começam a concluir que a Constituição Federal e a democracia estão sendo usadas por vocês,para retirar direitos que elas asseguram.]
Para justificar seu medo de voar, Tom Jobim dizia que o avião, além de ser mais pesado que o ar, havia sido inventado por um brasileiro. A piada do compositor funciona pelo seguinte motivo: por força das limitações do país e mesmo de alguns preconceitos, inovações desenvolvidas ou adotadas em larga escala por aqui com um certo pioneirismo carregam algum tipo de desconfiança. Esse mecanismo de negação costuma servir de combustível a teorias conspiratórias e lançar sombras de dúvida até sobre ferramentas consagradas. É o que acontece agora com as urnas eletrônicas, colocadas injustamente na posição de alvos em esforço para questionar sua confiabilidade. A “solução” apresentada pelos críticos é uma volta ao passado, com a exigência da impressão do voto dado pelo sistema atual. Tal movimento faz vistas grossas ao fato de que as eleições digitais resolveram justamente o problema crônico de fraudes dos tempos das velhas cédulas em papel. [resolveram o problema causado aos fraudadores naqueles tempos: as fraudes eram facilmernte detectáveis;
Porém, nos tempos atuais, o sistema digital impede a pronta detecção de fraudes. Sendo usado o voto impresso - que não atrapalha em nada o funcionamento das urnas eletrônicas, eventuais cambalachos podem ser detectados.
Vale lembrar, que há alguns dias hackers conseguiram interromper o fornecimento de petróleo por umoleoduto dos Estados Unidos - simplesmente invadiram o sistema de controle eletrônico do oleoduto.] Enquanto nessa época os cambalachos eram comuns, nos 25 anos de experiência com as urnas eletrônicas nunca houve uma denúncia séria sobre qualquer falcatrua. [sem o voto impresso a detecção de fraudes é impossível.] Com isso, por incrível que pareça, o Brasil virou um exemplo de eficácia, rapidez e transparência na apuração de eleições.

Agora, com sérias possibilidades de um retrocesso via Congresso Nacional, é quase certo que os tempos de confusão estarão de volta no pleito de 2022. Com firme apoio da base política do governo federal, há boas chances de vitória de um projeto para obrigar a impressão dos votos feitos nas urnas eletrônicas. Na teoria, isso serviria para garantir a possibilidade de checagem em caso de qualquer desconfiança. Na prática, vai demandar um investimento de 2 bilhões de reais e ajudar a judicializar o resultado, com hordas de derrotados pedindo recontagem de votos nos tribunais. Não bastassem os custos e o tempo escasso para a execução, dependendo do formato final do projeto (discute-se a possibilidade de recontagem de um universo entre 15% e 20% das urnas eletrônicas a partir dos votos impressos), a iniciativa sempre dará margem a dúvidas daqueles com interesse em colocar o resultado sob suspeita.

Com reportagem de Gabriel Mascarenhas, Edoardo Ghirotto e Caíque Alencar

MATÉRIA COMPLETA - Publicado em VEJA,edição nº 2742, de 16 de junho de 2021

 


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