“Acelera para Cristo” vai de São Paulo até a cidade de Jundiaí, retornará à capital e será encerrada em frente ao Obelisco, nas imediações do Ibirapuera
O grupo saiu das imediações do Sambódromo do Anhembi, na marginal Tietê, Zona Norte da capital paulista, onde o trânsito foi afetado, e seguiu pela Rodovia dos Bandeirantes até Jundiaí, de onde retornará a São Paulo. A via está fechada no trecho entre as cidades, cerca de 160 quilômetros, para a passagem do ato. Na chegada à cidade do interior, no trevo de onde o comboio partiria de volta à capital, o presidente desceu da moto e houve aglomeração em torno dele. O retorno começou por volta das 12h.
No comunicado, o governo diz que foi encaminhado aos três um documento que “pontua a necessidade da manutenção das medidas preventivas já conhecidas e preconizadas pelas autoridades sanitárias internacionais, como uso de máscara e distanciamento”. O uso de máscaras é obrigatório no estado de São Paulo desde maio de 2020.
O primeiro trajeto divulgado era mais curto: ia apenas do sambódromo até a Avenida Paulista, mas Bolsonaro considerou curto. “Eles falaram quarenta quilômetros. Quarenta quilômetros para 100 mil motos? O cara vai ligar o motor e ficar parado”, ironizou em conversa com apoiadores em frente ao Palácio do Alvorada na quarta-feira, 9. A expectativa daqueles que se apresentam como organizadores do evento é maior que a do próprio presidente – falam em 1 milhão de motos. Segundo o empresário Jackson Villar, que esteve na reunião com a PM, há 400 mil veículos inscritos no site da Embaixada do Comércio, entidade que preside. Segundo ele, um dia antes esse número era de 275 mil.
A organização do evento é um grande mistério. Batizada de “Acelera para Cristo” pelo próprio Villar, chegou a ser divulgado que o passeio teria a organização de lideranças evangélicas ligadas ao Conselho de Pastores de São Paulo, que, no entanto, não tem nenhuma menção ao evento em suas páginas. Jackson Villar – cujo verdadeiro nome é Jarkson Vilar da Silva – tem 41 anos de idade e é um personagem polêmico. Em 12 de março deste ano, organizou um protesto no Terminal João Dias contra o governador João Doria (PSDB) e as medidas de restrições adotadas para conter o coronavírus. Uma semana depois, também liderou uma carreata até as proximidades da residência do tucano, nos Jardins.
Antes, no dia 6 de março, divulgou vídeos em redes sociais desafiando agentes da Vigilância Sanitária e dizendo que manteria o seu comércio aberto apesar das restrições impostas pelo governo. Chegou a ser levado a um distrito policial pela Guarda Civil Municipal em razão do post. Em 2018, foi candidato a deputado federal pelo Pros, mas obteve apenas 1.824 votos e não se elegeu. Em seu nome consta uma empresa de armarinhos no Jardim São Luís, zona sul de São Paulo. Ele também já teve uma revenda de veículos em Itajaí (SC). Seu endereço residencial é de Campinas.
Presidente participou de ‘motosseata’ que reuniu milhares de apoiadores neste sábado, 12 Reprodução/Facebook
Questionado por VEJA sobre como tratou da organização do ato com Bolsonaro, disse apenas que enviou e-mails para o endereço eletrônico da agenda do presidente e que tudo foi combinado por esse canal. Ele também afirmou ter convidado a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), que compartilha conteúdos divulgados pela Embaixada do Comércio.
ManifestaçõesO passeio em São Paulo será o terceiro de Bolsonaro com simpatizantes motociclistas — ele já fez eventos semelhantes em Brasília, no dia 9, e no Rio de Janeiro, no dia 23 de maio. A organização dos atos obedece sempre à mesma lógica: o presidente diz que participa se for convidado, depois diz que surgiu um convite, confirma a participação e a divulgação do evento viraliza nos perfis bolsonaristas nas redes sociais. A realização desses atos acabou provocando uma contraofensiva da oposição, que voltou a realizar protestos de rua no dia 29, após um longo hiato, e programa outro para o próximo dia 19 de junho. [nos protestos da oposição falta público; até as imagens veiculadas pela mídia militante, são de 'panelaços' passados e passeatas com imagens antigas.
Política - VEJA
Nenhum comentário:
Postar um comentário