Que outras
fichas tem o ministro para pôr sobre a mesa? Os colegas do Pleno.
Irão
cobrir a aposta dele e ordenar o comparecimento do presidente a uma
delegacia?
Há alguns
meses, isso não surpreenderia. Hoje, não sei não. Esse é um jogo que
roda sob os olhos da sociedade e esta já percebeu o empenho com que o
ministro e a maior parte de seus colegas dão curso à tarefa de destruir a
harmonia entre os poderes e desestabilizar o governo.
“Tanto vai o
cântaro à fonte que um dia lá se quebra”, diz um bem aplicável
provérbio. A fúria persecutória contra o presidente da República e seus
apoiadores se tornou tão evidente que ele, tudo indica, resolveu dar um
basta.
De fato, quando se pensa em todas as violações do sistema
acusatório que vigem em inquéritos abertos dentro do STF e se percebe o
quanto esses inquéritos são pernetas, puxando sempre para o mesmo lado,
não há como a sociedade não se escandalizar.
Enquanto os
dias passam, olho para o Senado e percebo que o Senado não olha para
mim. Nem para você, leitor. O Senado olha para os senadores e estes só
atentam para si mesmos. Com a mais generosa boa vontade, as exceções a
esse quadro egocêntrico não chegam a vinte.
Eis uma das
grandes missões da ação política em favor do Brasil ao longo deste ano
eleitoral.
Vinte e sete senadores serão escolhidos pelos eleitores no
primeiro domingo de outubro.
Cada estado deve passar um pente fino na
atuação dos que se apresentarem buscando renovar os mandatos.
É preciso
conhecer e tornar conhecidas, entre outras, as respectivas posições em
relação à CPI da Lava Toga, à CPI da Covid, à prisão após condenação em
segunda instância, à governabilidade do país, ao pacote anticrime.
A rigor,
toda a insegurança jurídica causada por excessos monocráticos e
colegiados do STF, apontados por Marco Aurélio Mello quando ministro,
podem ser atribuídos ao desequilíbrio causado pelas décadas em que coube
à esquerda política (mais precisamente a José Dirceu) apontar ao Senado
os ocupantes dessas cadeiras. Agora, é o que temos, um poder de estado
fazendo política sem voto.
Deveria ser tarefa de gincana encontrar um esquerdista, investido de autoridade, que se mantenha dentro de seu quadrado.
Para o
Senado, diferentemente do Supremo, a vida segue outro curso. Nossa
Câmara Alta é um poder cujos membros se submetem à manifestação
periódica de seus eleitores.
Então, em outubro, sela-se o destino de 27
senadores.
Salvem-se os raros bons e renovação já!
Os restantes 54
entram na contagem regressiva para 2026.
Também a estes deve ir o recado
dos cidadãos de seus Estados.
É a hora da cobrança, da revisão de vida,
do respeito ao eleitor, da transparência das condutas.
Hora de
compreender que dirigir é servir.
Percival Puggina (77), membro da Academia Rio-Grandense de Letras, é arquiteto,
empresário e escritor e titular do site www.puggina.org, colunista de
dezenas de jornais e sites no país. Autor de Crônicas contra o
totalitarismo; Cuba, a tragédia da utopia; Pombas e Gaviões; A Tomada do
Brasil. Integrante do grupo Pensar+.
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