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sexta-feira, 27 de maio de 2022

De 'Polícia das Estradas' a 'câmara de gás': como a PRF passou a atuar em ações que terminam em morte - O Globo

A morte de Genivaldo de Jesus Santos, de 38 anos, em uma abordagem da Polícia Rodoviária Federal, anteontem, em Umbaúba (SE), provocou uma onda de indignação que levou ao questionamento dos limites de atuação da força, originariamente criada apenas para a patrulha de rodovias federais. Genivaldo dirigia a moto da irmã quando foi parado em uma blitz no município, que fica a 100 quilômetros de Aracaju. Imagens gravadas por populares mostram o homem sendo imobilizado e algemado no chão por três policiais.

Na sequência, eles o atiraram na parte de trás da viatura, detonaram uma bomba de gás lacrimogêneo e trancam o porta-malas. Genivaldo morreu em seguida. Os mesmos vídeos da abordagem revelam o homem agitado, gritando dentro do veículo, e o som ambiente com a estupefação de quem acompanhava a cena.

O laudo da Secretaria de Segurança Pública de Sergipe indicou que Genivaldo morreu por insuficiência respiratória aguda provocada por asfixia mecânica. A Polícia Rodoviária Federal, porém, deu outra versão para o incidente, no primeiro comunicado sobre o caso: “possivelmente foi por mal súbito”. Segundo a polícia, Santos foi parado por pilotar sem capacete. Segundo parentes, ele tinha transtornos mentais e ficou nervoso porque carregava cartelas de remédio no bolso.

O presidente Jair Bolsonaro foi questionado sobre o caso, quando os vídeos já haviam sido amplamente divulgados pela imprensa, mas disse que ia se informar antes de opinar e aproveitou para fazer referência a uma outra ocorrência, em que dois policiais foram as vítimas: — Vou me inteirar com a PRF. Eu vi há duas semanas aqueles dois policiais executados por um marginal que estava andando lá no Ceará. Foram negociar com ele, o cara tomou a arma dele e matou os dois. Talvez isso, nesse caso, não tomei conhecimento, o que tinha na cabeça dele.

Mudança na lei
O caso de Sergipe é mais um em que a PRF esteve à frente de uma abordagem que terminou em morte. Na terça-feira, a corporação participou de uma operação, ao lado da Polícia Militar, na Vila Cruzeiro, no Rio, que acabou com 23 mortos. Em fevereiro, o Bope e a PRF já haviam feito uma investida na mesma favela, quando oito pessoas morreram. Em outubro de 2021, numa ação da PRF com a PM de Minas Gerais, houve 25 mortes. [lembramos que bandidos morrerem operações policiais é normal e são os bandidos que provocam as mortes quando reagem à ação da polícia - antes um bandido morto do que um policial ou um civil, do bem, morto por ação de um bandido. 
A polícia que mata bandido não pode ser considerada ineficiente e sim o contrário. 
O erro da PRF foi em Sergipe pela ação tresloucada da guarnição daquela viatura e que merecem ser punidos de forma exemplar e com todo o rigor da lei.] Casos como esses expõem uma guinada na atuação da corporação.
Hoje sob o guarda-chuva do Ministério da Justiça, a PRF nasceu no governo de Washington Luiz com o nome de “Polícia das Estradas”, período em que esteve vinculada ao antigo Ministério do Transporte. Atualmente, tem atribuições que extrapolam os limites das estradas e vão desde operações contra contrabando, narcotráfico e prostituição, à atuação em grandes eventos, como as eleições, a Copa do Mundo e as Olimpíadas.[na imensidão do Brasil tem extensas áreas nas quais  a PRF é a única autoridade presente - o que torna aceitável o aumento de suas atribuições e competências, partindo do principio que é DEVER de qualquer autoridade policial combater o crime, em qualquer local, dia e horário.
A presença da PRF não pode ser dispensada por um excesso cometido por dois ou três dos seus agentes.]

Uma lei de 1997 ampliou a competência para “planejamento, coordenação e execução de policiamento, prevenção e repressão de crimes nas rodovias federais a áreas de interesse da União”. A corporação passou a ser acionada para atuar também em cooperação com ações do Ministério Público e da Receita Federal, por exemplo.

Ex-comandante da Polícia Militar do Rio, o Coronel Ubiratan Angelo critica a metamorfose da PRF.— A PRF, além do patrulhamento e prevenção de crimes na rodovia, agora atua também em parceria com outras forças de segurança, sob a bandeira de estar em investigações que não são da sua competência — diz o militar.

Duas portarias baixadas durante o governo Bolsonaro aumentaram ainda mais esse escopo, permitindo que a PRF atuasse em operações como a da Vila Cruzeiro
A primeira delas foi baixada em 2019 pelo então ministro da Justiça, Sergio Moro. 
Ela previa que a entidade fosse usada “em operações de natureza ostensiva, investigativa, inteligência ou mista”. Dois anos depois, acabou revogada por seu substituto, André Mendonça. Ele manteve, entretanto, as outras duas, que garantem a PRF o poder para integrar operações conjuntas, lavrar termos circunstanciados e ingressar em locais que são alvo de mandados de busca e apreensão.

Trunfo para o governo
Muitas vezes à frente de operações que terminam com grande volume de drogas e armas apreendidas, a PRF é vista pelos ocupantes do Palácio do Planalto como uma fonte de notícias positivas, com uma diferença para a Polícia Federal, outro braço armado da esfera federal: não conduz investigações que podem fustigar o chefe, como inquéritos que miram em suspeitas de corrupção e detentores de foro privilegiado. No caso de Bolsonaro, a PRF é considerada ainda mais estratégica, em virtude do perfil do presidente, declarado entusiasta de ações ostensivas, com uso de arma de fogos contra suspeitos de cometimento de crimes.[importante: o trecho acima, destacado em itálico não é uma notícia, o autor da matéria deixou de ser jornalista - apresentar o fato - e se transformou em comentarista = expedindo comentário padrão seguindo os ditames da mídia militante. Este alerta é para evitar que desavisados considerem uma opinião parcial, pautada, do articulista como fato.]
 

Brasil - O Globo

 

quarta-feira, 4 de dezembro de 2019

O mundo irreal de Doria e Guedes - Elio Gaspari


 Doria e Guedes estão em outro mundo ao falar de violência

Ministro teme gente quebrando tudo, mas, até agora, quem apareceu quebrando os outros foram policiais

Exatamente uma semana depois de a PM de Wilson Witzel ter sujado a festa do Flamengo, o governador João Doria disse no domingo que São Paulo tem uma polícia preparada, equipada e bem informada.” Naquela hora, os corpos de nove jovens estavam no necrotério, pisoteados depois de uma entrada truculenta de sua PM num pancadão de Paraisópolis. Nas bancas e na rede, nesse mesmo domingo, estava também a entrevista do ministro Paulo Guedes à repórter Ana Clara Costa, na qual ele explicava o “timing” de suas reformas:
“Você dá pretexto para os outros fazerem bagunça. (...) Chamar pra rua manifestação ordeira e pacífica, como a que fazem quase todo fim de semana, problema nenhum. Agora, chamar para a rua para fazer igual no Chile e quebrar tudo foi uma insanidade, irresponsabilidade.”  [causa estranheza é a pressa com que todos acusam  a Polícia Militar.
Todas as vitimas, fatais e feridas, sofreram ferimentos causados pelo pisoteamento. Depoimentos anônimos, informais, - sem credibilidade e imparcialidade - relatam a ocorrência de tiros - nenhuma vítima, ferida ou morta, foi ferida por arma de fogo.

O grande responsável pelo tumulto - gerado  quando mais policiais tiveram que ingressar no recinto da bagunça (bailes Funk precisam ser proibidos - além de representarem atentado a MORAL, BONS COSTUMES, são realizados em locais SEM A MÍNIMA ESTRUTURA para o caso de incêndios, tumultos) atender ao solicitado por policiais que estavam cercados pela multidão - é o responsável pelo realização do que chamam de 'baile'.

Quem promove qualquer atividade com grande concentração de multidão é o responsável por qualquer tragédia que venha a ocorrer - não vale argumentar que é favela e lá tudo vale, o local tem certamente um proprietário e este tem ser responsabilizado se não existir (o que é improvável) um responsável pelo evento.

O correto é responsabilizar os promotores do evento. Na boate KISS foram responsabilizados os proprietários da boate e autoridades que foram coniventes em liberar o local sem prévio atendimento das condições de segurança.]

Há algumas semanas, o general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional, acompanhando uma ameaça vinda de um filho do presidente, havia cantado a pedra do perigo chileno como justificativa para um surto ditatorial: “Acho que, se houver uma coisa no padrão do Chile, é lógico que tem de fazer alguma coisa para conter.”  [o comentário do general merece apoio de qualquer pessoa sensata - ou a regra é permitir que o Brasil se transforme em uma Nação com ocorrência de tumultos, manifestações violentas e coisas do gênero?
quanto às críticas à Polícia Militar, pelo uso de bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo, é uma obrigação de tropa responsável pelo controle de tumultos, optar, sempre que possível pela utilização de meios não letais. ]

É irresponsabilidade (ou desejo) trazer o espantalho chileno para a situação brasileira, e a tragédia de Paraisópolis, bem como a pancadaria da festa do Flamengo, mostra que nos dois casos a insanidade saiu da PM. Não é de hoje que isso acontece.
Em outubro do ano passado, durante a gestão do governador Márcio França, a PM entrou num pancadão de Guarulhos, e três pessoas morreram em situação semelhante à de Paraisópolis. Doutor Doria poderia examinar a investigação do episódio de Guarulhos. Com uma polícia “preparada, equipada e bem informada”, deu em nada. 

Um morador de Paraisópolis contou que a PM “chegou jogando bombas de efeito moral”. Pode ser que não tenha sido assim, mas na noite de 13 de junho de 2013, a PM paulista bloqueou uma passeata que protestava contra o reajuste dos ônibus na esquina da Rua da Consolação com a Maria Antônia. Quem estava lá viu que uns 20 policiais vieram do nada, jogando bombas de efeito moral. Aquela passeata era ordeira, convocada pelo Movimento Passe Livre e povoada por gente de tênis baratos e camisetas.

Começavam as jornadas de 2013. Anos depois, as manifestações transmutaram-se, e a presidente Dilma Rousseff foi deposta. (Vale lembrar que o governador tucano Geraldo Alckmin e o prefeito petista Fernando Haddad, do PT, que haviam reajustado as tarifas, estavam num evento em Paris, onde cantaram “Trem das onze” durante um jantar.)
Guedes teme que apareça gente “quebrando tudo”, mas, até agora, quem apareceu quebrando os outros foram policiais, em São Paulo e no Rio. Esse comportamento persiste pela garantia da impunidade. 

Nas divagações chilenas de Guedes e do general Heleno insinuam-se paralelos de incitação política. Já que é assim, pode-se temer também que a incitação política venha de outro lado. Em 1968, ela vinha de um maluco chamado Aladino Félix. Antes que terroristas de esquerda começassem a assaltar bancos e a matar gente (naquele ano), ele roubava dinamite e armas. Assaltou pelo menos um banco, explodiu uma bomba na Bolsa e outra num oleoduto. Como era doido, não se pode acreditar na sua palavra quando dizia que estava ligado a um general da reserva que, por sua vez, teria conexões com o governo. Uma coisa é certa: no seu grupo estavam 14 soldados e sargentos da Força Pública de São Paulo, mais tarde transformada numa Polícia Militar.
Naqueles dias o governador de São Paulo, Abreu Sodré, denunciava uma conspiração nos “subúrbios do poder”.

Folha de S.Paulo e O Globo - Elio Gaspari, colunista

 

sábado, 6 de abril de 2019

Setenta palestinos são feridos pelas forças israelenses em Gaza

Soldados usam munição real para dispersar manifestantes; em um ano de marchas, 271 foram mortos e 30.000 sofreram ferimentos


 Estilingue: arma mais poderosa disponível aos civis palestinos para enfrentar os aviões da Força Aérea de Israel e os tanques do Exército israelense

Pelo menos 70 pessoas foram feridas por disparos de soldados israelenses na Grande Marcha do Retorno desta sexta-feira, 5, informaram fontes do Ministério de Saúde do território palestino.

O ato semanal acontece há pouco mais de um ano na fronteira entre Israel e a Faixa de Gaza e reivindica o regresso dos refugiados palestinos a seus locais de origem, hoje parte de Israel, e o fim do bloqueio israelense a Gaza, imposto desde 2007.
“Os hospitais continuam recebendo feridos atingidos por tiros de munição real das forças de ocupação israelense”, informou o comunicado do ministério. Ainda segundo testemunhas, as forças israelenses também usaram gás lacrimogêneo e balas de borracha para dispersar os manifestantes.

Os organizadores da Grande Marcha do Retorno pediram nesta sexta para que os palestinos continuem se engajando nos protestos, e o chefe político do grupo jihadista Hamas, Ismail Haniye, afirmou durante um rito muçulmano desta sexta-feira, na grande mesquita de Gaza, que o povo não deixará de ir às marchas até que Israel ceda os direitos reivindicados.

Haniye também contou que há “avanços positivos” nos esforços realizados com a mediação egípcia para um acordo entre o Hamas e Israel. Ele defendeu que a causa palestina “não é humanitária, e sim uma questão de libertação nacional.”  A autoridade também mencionou a disputa entre grupos palestinos pelo poder. O Fatah, liderado pelo presidente Mahmoud Abas, governa na Cisjordânia mas é o Hamas quem controla de fato a região de Gaza. Haniye afirmou que a formação de um governo que inclua todas as facções, em uma “reconciliação nacional”, é um “dever” de ambos os lados.

As Grandes Marchas do Retorno começaram em 30 de março de 2018. Os confrontos entre os soldados israelenses e os manifestantes já deixaram 271 palestinos mortos, entre eles 57 menores, e outras 30.000 pessoas feridas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza.

 EFE

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Intervenção militar, o próximo passo?

Após entrega de ajuda à Venezuela fracassar, opção de ação militar pode ressurgir

Por volta de 11 horas de sábado, quatro caminhões, cada um carregado com 20 toneladas de alimentos, suprimentos médicos e produtos de higiene pessoal, chegaram às pontes Simón Bolívar e Francisco de Paula Santander, que ligam a cidade fronteiriça colombiana de Cúcuta com a Venezuela.  

Na passagem Simón Bolívar, no sul da cidade, usada por milhares de pessoas em um dia normal, a polícia colombiana instalou a barricada de metal que havia sido erguida e milhares de venezuelanos passaram, na esperança de liberar uma via para que os suprimentos chegassem à Venezuela. Cantando "liberdade", eles foram em direção à polícia antimotim, que se abrigou atrás de escudos transparentes no lado venezuelano da ponte. Minutos depois, a primeira granada de gás lacrimogêneo caiu sobre os venezuelanos. Eles fugiram. E muitas pessoas 
ficaram feridas. 

A tentativa de entregar ajuda humanitária à Venezuela, orquestrada pelo líder opositor Juan Guaidó, que foi reconhecido como presidente interino do país pelo Legislativo controlado pela oposição e pela maioria das democracias ocidentais e latino-americanas, tinha três objetivos: o primeiro era publicamente envergonhar o regime de Nicolás Maduro. Sua corrupção e incompetência infligiram anos de dificuldades aos venezuelanos; o segundo era aliviar essas dificuldades, entregando cerca de 600 toneladas de ajuda, a maior parte fornecida pelos Estados Unidos; o terceiro e mais importante era derrubar o regime, criando uma barreira entre seus líderes e as várias forças armadas que o mantêm no poder.   

 
A operação teve sucesso em sua primeira meta, mas até agora não conseguiu alcançar os outros dois. O movimento começou no dia anterior com um concerto no estilo Live-Aid em Cúcuta, patrocinado por Richard Branson, um empresário britânico. Maduro contra-atacou com o seu próprio show, pouco frequentado, do outro lado da fronteira. As pessoas na plateia dizem que foram levadas até lá de ônibus e recompensadas com arroz e feijão por aparecerem.  No próprio dia da entrega da ajuda, Guaidó, formalmente impedido de deixar a Venezuela, juntou-se em Cúcuta com os presidentes de Colômbia, Chile e Paraguai (os figurões passaram o dia monitorando os eventos de um prédio perto da ponte Tienditas, sem uso, entre as duas outras passagens). Centenas de jornalistas chegaram para acompanhar os acontecimentos. Um mês depois de assumir o cargo de presidente interino da Venezuela em um comício em Caracas, Guaidó novamente chamava a atenção do mundo.

Mas pouca ou nenhuma ajuda passou. Houve relatos de que alguns suprimentos chegaram à Venezuela pela fronteira sul com o Brasil, onde a ajuda também estava armazenada. A maior parte sequer avançou até um posto de controle aduaneiro no lado venezuelano. Na fronteira colombiana, as forças venezuelanas repeliram as entregas. Dois caminhões conseguiram entrar na Venezuela através da ponte Francisco de Paula Santander, mas foram detidos no lado venezuelano. Algo, talvez uma granada de gás lacrimogêneo, os incendiou. Os defensores do governo afirmam que os manifestantes foram responsáveis. Depois que os primeiros cartuchos de gás lacrimogêneo foram disparados pelos guardas na fronteira, alguns manifestantes correram em direção ao Rio Táchira, seco em grande parte, e arremessaram pedras contra eles. Mais gás lacrimogêneo foi lançado. A maioria dos manifestantes recuou, mas algumas centenas continuaram a atirar pedras contra os guardas venezuelanos, que foram posteriormente substituídos pela polícia nacional.

Logo após o recuo dos manifestantes, as forças venezuelanas começaram a atirar gás lacrimogêneo contra o território colombiano, atacando manifestantes, jornalistas e observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA), que pensavam estar em segurança. Os manifestantes que mais se aproximaram da Venezuela foram recebidos com balas de borracha e munição real. Eles dizem que foram atacados por grupos paramilitares leais ao regime (conhecidos como coletivos), e não pela polícia antimotim, que não carregava armas.
A polícia colombiana, os paramédicos e os médicos cuidavam das vítimas na ponte Simón Bolívar e nas tendas médicas bem atrás dela. Os médicos confirmaram que alguns foram baleados com munição real. Os mais gravemente feridos foram transferidos para hospitais. Ao todo, quase 300 pessoas ficaram feridas nas travessias de Cúcuta. Quatro pessoas teriam morrido na fronteira da Venezuela com o Brasil.

The Economist viu quatro membros das forças armadas venezuelanas cruzando a ponte Simón Bolívar e o próprio rio para se unir ao governo interino de Guaidó. Eles foram saudados como heróis e correram para a segurança da polícia. Até o final do dia, mais de 60 membros das forças armadas e da polícia haviam desertado, de acordo com o serviço de migração da Colômbia. Mas eram exceções. A maioria permaneceu fiel ao regime de Maduro. Os coletivos parecem ser os mais comprometidos e os mais perigosos. Victor Navas, um participante, disse que quando os manifestantes desafiaram a polícia de choque, os coletivos estacionados no lado venezuelano do rio dispararam gás lacrimogêneo e tiros. Um desertor cruzando a ponte Francisco de Paula Santander disse que o governo havia ordenado que os paramilitares "massacrassem as pessoas". Habitantes de San Antonio del Táchira, no lado venezuelano do rio, dizem que esses grupos atacaram os manifestantes e invadiram apartamentos. Há relatos não confirmados de que eles fizeram reféns entre as famílias de alguns desertores.


Em  Caracas, capital da Venezuela, Maduro não deu qualquer sinal de rendição. Em uma manifestação pró-regime no sábado, ele dançou com a muçher, Cilia Flores, e insistiu repetidamente que continua como o presidente legítimo da Venezuela. A maioria dos observadores independentes acha que sua reeleição em maio passado foi fraudulenta. A única pista de que ele poderia ter alguma preocupação era o colete à prova de balas, que parecia estar usando sob sua camisa vermelho escura. A Venezuela agora rompeu relações diplomáticas com a Colômbia. Fechou suas fronteiras com a Colômbia e o Brasil e sua fronteira marítima com três ilhas do Caribe, incluindo Curaçau, onde está localizado outro estoque de ajuda. A Venezuela, portanto, cortou suas principais conexões de transporte de superfície com seus vizinhos.

Guaidó e a oposição dizem que continuarão buscando meios de obter ajuda. Quantas sanções ainda serão necessárias, além das impostas pelos Estados Unidos ao petróleo da Venezuela, para que sua principal fonte de divisas estrangeiras comece a causar problemas? Guaidó apoia as sanções como forma de forçar o fim do regime. Até agora, eles tiveram pouco efeito visível. Mas espera-se que agravem uma situação já desesperada. "Se essas sanções forem implementadas em sua forma atual, estamos olhando para a inanição", disse Francisco Rodríguez, do Torino Capital, um banco de investimentos, ao New York Times.
Com poucos sinais de que o regime esteja preparado para ceder, crescem especulações de que a oposição da Venezuela e os Estados Unidos adotarão medidas mais drásticas. Guaidó tuitou que, depois dos acontecimentos de sábado, ele "proporá formalmente à comunidade internacional que mantenha todas as opções em aberto" para libertar a Venezuela. Marco Rubio, senador americano influente na formulação da política dos Estados Unidos em relação à Venezuela, afirmou que "os graves crimes cometidos hoje pelo regime de Maduro abriram as portas para várias potenciais ações multilaterais que não estavam na mesa antes. 

Estas soam como ameaças para dar apoio a algum tipo de intervenção militar na Venezuela, opção que o presidente Donald Trump descartou repetidamente. A hashtag #IntervencionMilitarYA (intervenção militar agora, em tradução livre) ficou em destaque no Twitter, mas seria uma medida extremamente arriscada. Muitos venezuelanos podem encarar como libertadores soldados estrangeiros com a ajuda e a promessa de uma democracia restaurada. Mas muitos outros certamente consideram a sua chegada como uma confirmação das declarações de Maduro de que a oferta de ajuda é um disfarce para uma conspiração "imperialista" contra o país. A crise da Venezuela está longe de terminar.

The Economist - Tradução de Claudia Bozzo  - O Estado de São Paulo

quinta-feira, 9 de agosto de 2018

Senado da Argentina rejeita legalização do aborto; PARABÉNS !!!

Após horas de debate, o Senado da Argentina rejeitou nesta madrugada (9), por 38 votos a 31, o projeto de lei que propunha a legalização do aborto no país.  Os senadores começaram a debater o tema às 9h30 de ontem e deliberaram apenas às 2h44 da madrugada de hoje. Foram registradas uma ausência e duas abstenções.  Para ser aprovado, o projeto precisava do apoio da maioria simples, ou seja, 37 dos 72 senadores. O texto já tinha sido aprovado na Câmara dos Deputados do país, em 14 e junho, com 129 votos a favor e 125 contrários.

A votação no Senado foi apertada e marcada por uma série de protestos pelas ruas da Argentina, com manifestantes fazendo campanha pró e contra o aborto. Com a decisão do Senado, a legislação sobre o aborto permanece a mesma na Argentina: o aborto ainda é crime e pode ser punido com até quatro nos de prisão. As exceções são os casos de gravidez decorrente de estupro ou quando há riscos para a mãe. O tema só poderá ser apresentado novamente ao Congresso daqui um ano. Mas os senadores que defendem a legalização tentam uma manobra, trazendo para a Casa um projeto da parlamentar Lucila Crexell (MPN), que prevê a despenalização do aborto até a 12ª semana de gravidez.

Debate – O assunto gerou uma série de debates na Argentina.
Líderes da Igreja Católica, como o próprio papa Francisco, originário de Buenos Aires, pronunciaram-se contrários à legalização do aborto.  Na América Latina, apenas Cuba e Uruguai autorizam a interrupção da gravidez sem restrições. Em outros países, como o Brasil, o aborto é permitido em caso de risco para a mulher, estupro ou má-formação do feto. Ao fim da votação no Senado, foram registrados confrontos e protestos violentos na Avenida Rivadaria, em Buenos Aires, entre apoiadores do aborto e manifestantes pró-vida. A polícia usou gás lacrimogêneo contra cerca de 30 pessoas e uma ficou ferida.

IstoÉ

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Agentes penitenciários invadem comissão da reforma da Previdência e adiam votação

Um grupo de agentes penitenciários invadiu algumas áreas do Congresso Nacional, entre elas, a comissão especial que votava a reforma da Previdência na noite desta quarta-feira (3). A sessão foi interrompida e só deve ser retomada na terça-feira (9). Antes, o presidente da comissão, Carlos Marun (PMDB-MS), quer discutir a questão de segurança da Casa. "Esse tipo de situação não pode ser considerada uma coisa comum. Quero discutir a questão de segurança do Parlamento e temos que estudar em termos de legalidade o que aconteceu", disse Marun. 

Representantes dos agentes já estavam dentro do plenário da comissão especial quando o governo fechou um acordo para que a emenda que os equiparava às regras de policiais federais na reforma da Previdência fosse retirada e apresentada apenas na votação no plenário principal. Deputados da oposição ironizavam os colegas governistas dizendo que eles deveriam ir ao lado de fora falar com os manifestantes, que estavam nas imediações do Congresso desde a manhã. 
Agente legislativo mostra embalagem de gás lacrimogêneo usada pelos policiais durante invasão da comissão da reforma da Previdência...
 
A Folha ouviu um representante dos agentes que estava na comissão que não seria preciso ir lá fora porque eles invadiriam o prédio, o que aconteceu instantes depois.
Na terça-feira (2), um policial legislativo comentou com a reportagem que já havia informação de que os agentes penitenciários fariam manifestação no Parlamento. Nesse dia, eles já haviam invadido o Ministério da Justiça. Agentes penitenciários estavam na saída da Câmara do anexo 2, a mais próxima à sala onde ocorria a reunião da comissão, desde o início da manhã. Pouco antes das 23h, um integrante do grupo comunicou aos colegas que a comissão havia feito o acordo que os prejudicava e os agentes penitenciários se exaltaram. 

Impedidos por uma grade de entrar no prédio, os agentes começaram a chacoalhar a estrutura e conseguiram, com facilidade, derrubá-la. Apenas dois policiais legislativos, com máscaras, faziam a proteção daquela entrada do Congresso Nacional no momento. Eles usaram gás lacrimogêneo, mas não foi suficiente para barrar a entrada dos manifestantes.
Os agentes penitenciários invadiram o prédio e derrubaram a estrutura do detector de metais. Em seguida, chegaram, sem dificuldades, à sala da comissão, que fica a poucos metros da entrada. 

Do lado de dentro da comissão, primeiro ouviu-se uma bomba. Depois começaram os gritos de "invadiram, invadiram!". Agentes invadiram a sala pelas duas portas. Alguns estavam mascarados. Deputados e assessores ficaram acuados com manifestantes gritando com dedo em riste. Os jornalistas ficaram encurralados no fundo da comissão.
Houve discussão entre agentes e policiais legislativos, que usaram gás lacrimogêneo. Deputados da chamada "bancada da bala" tentaram acalmar os ânimos. 

Depois de cerca de 30 minutos, os agentes penitenciários saíram pacificamente gritando que voltarão no momento da discussão em plenário "com muito mais". A reportagem da Folha ficou trancada com Arthur Maia, o presidente da comissão, Carlos Marun (PMDB-MS), e o líder do governo Aguinaldo Ribeiro (PP-PB) em uma sala da Câmara durante o tumulto. Os três deixaram o prédio por uma saída lateral. O relator pediu apoio da Polícia Federal para retirar os agentes do prédio. 

Mais cedo, o texto apresentado por Arthur Maia abria a possibilidade para que os agentes penitenciários tivessem regras mais benéficas de aposentadoria, com normas iguais à de policiais federais e legislativos no futuro. Sem a previsão de uma regra diferenciada, os agentes penitenciários ficam enquadrados nas mesmas regras gerais dos servidores públicos, que prevê aposentadoria a partir de 62 anos (mulheres) e 65 anos (homens), além de 25 anos de contribuição. 

Fonte: UOL/Notícias 
 
Após invasão de agentes penitenciários à Câmara, a sessão da Comissão da Reforma da Previdência foi oficialmente encerrada na noite desta quarta-feira pelo presidente, Carlos Marun (PMDB-MS), que não chegou a voltar ao plenário. ... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2017/05/03/agentes-penitenciarios-invadem-comissao-especial-da-previdencia.htm?cmpid=copiaecola


Após invasão de agentes penitenciários à Câmara, a sessão da Comissão da Reforma da Previdência foi oficialmente encerrada na noite desta quarta-feira pelo presidente, Carlos Marun (PMDB-MS), que não chegou a voltar ao plenário. ... - Veja mais em https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2017/05/03/agentes-penitenciarios-invadem-comissao-especial-da-previdencia.htm?cmpid=copiaecola