Alexandre Garcia - VOZES
O
presidente do Congresso já convidou os parlamentares para a posse dos
novos presidente e vice, às 15 horas do próximo dia 1.º.
Faltam 12 dias,
aí incluídas as festas de Natal, para Lula ter o ministério de 37 nomes decidido e anunciado, e resta apenas esta semana para aprovar a decisiva PEC da gastança.
E o eleitor de Lula ainda não foi informado exatamente sobre qual é o
programa de governo. [e nem será; como informar sobre o que não existe?
De concreto, no intestino do presidente eleito - parte do organismo onde ele elabora e guarda suas ideias de governo - só tem uma obsessão: desmanchar, destruir, tudo que foi realizado após o desastre pt = perda total - interrompido com a defenestração da 'engarrafadora de vento'.] Mais de 900 pessoas aparecem como integrantes do
governo de transição, e a transição está acabando. Imagino a cabeça de
Lula nessa acomodação de tanta gente, ministros e cargos de confiança,
na bacia das almas da partilha.
Cada vez que sai um
anúncio, aparece um problema. Queixa dos preteridos ou até sustos, como
com a futura ministra da Cultura, a cantora Margareth Menezes, que dizem
ter sido anunciada. Segundo o TCU, ela tem de pagar por irregularidades
num contrato com o próprio Ministério da Cultura, ao tempo de Lula
presidente, e deve para a Receita Federal e para a Previdência por
impostos e contribuições não recolhidas.
Ou com Aloizio Mercadante, já
anunciado presidente do BNDES,
mas que, saído da Fundação Perseu Abramo, precisava de um “fura-Lei das
Estatais” para ter de esperar só 30 dias antes de assumir o cargo, em
vez dos três anos exigidos pela lei. Só que o projeto, aprovado às
pressas na Câmara, parece que vai ser derrubado pelo calendário no
Senado. Lula dissera que não traria de volta o passado, mas Luiz
Marinho, Alexandre Padilha, Mercadante, Fernando Haddad, José Múcio Monteiro e Mauro Vieira desmentem isso. Parece não haver novos talentos na equipe.
A
cada dia aparece um ministério novo para abrigar o interesse de algum
grupo ou partido. Vai ter
Ministério dos Povos Originários para o PSol,
no país de um índio preso por liberdade de expressão;
Ministério de Portos e Aeroportos, sem explicar por que não vai haver
um ministério só para as rodovias, que são bem mais populares;
voltam os
ministérios da Pesca, dos Esportes, das Cidades, das Mulheres e aparece
o da Igualdade Racial.
O que Paulo Guedes
fazia, na Economia, vai ser feito por três ministros: o da Fazenda, o
do Planejamento e Gestão e o do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior. Para esse último, foi convidado Josué Gomes, filho do ex-vice
de Lula José Alencar, mas ele já pensou e ficou fora da partilha.
A
Educação deve ir para o ex-governador do Ceará Camilo Santana, que é
agrônomo, já tendo sido secretário de Agricultura de
Cid Gomes.
Cada ministério tem sua estrutura de Secretaria-Executiva, Chefia de
Gabinete, assessoria parlamentar, Controladoria, com toda a burocracia
correspondente. Vai ficar bem caro para o contribuinte sustentar toda
essa gente que quer uma carona no poder.
O PT
olha desconfiado para os partidos que vão avançando sobre o novo
governo;
a esquerda raiz olha desconfiada para as concessões que vão ser
feitas ao Centrão; as centrais sindicais e o MST estão cheios de perigosas esperanças; os economistas que apoiaram Lula estão com medo da gastança, desequilíbrio fiscal, inflação,
juros mais altos e dívida pública em elevação; o agro, carro-chefe da
economia, está parado em planos e investimentos, à espera de definições.
O ministro da Agricultura é um dos que ainda não foram escolhidos.
Lula
tem um vice ligadíssimo ao ministro Alexandre de Moraes, que está cheio de poder. Experiente, ele sabe que foi usado para impedir a reeleição de Bolsonaro. Agora está com uma gigantesca esfinge pela frente, a dizer-lhe:
“Decifra-me ou devoro-te”.
Conteúdo editado por:Marcio Antonio Campo
Alexandre Garcia, colunista - Gazeta do Povo - VOZES
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